Hellen Mikaelson

Alguns minutos antes

Todos nos espalhamos nas mesas, Elijah e Cami já haviam voltado, Davina subiu no palco em frente ao microfone e Sebastian se manteve de pé ao lado dela.

—Bem...—Dav testou o microfone e todos ficaram em silêncio esperando ansiosos pelo pedido.—Boa noite, pessoal!

—Boa noite!—Todos falaram unissono e ergueram suas taças.

—Gostaria de começar agradecendo ao pessoal que está proporcionando essa festa, todos que estão trabalhando aqui hoje a noite.—Ela sorriu.—Gostaria de agradecer também a pessoa que fez tudo isso acontecer, pois, sem ele eu não estaria aqui nesse momento.—Davina se virou para Sebastian e ele a beijou apaixonadamente nos fazendo vibrar e até alguns assovios entre palmas.—Obrigado amor.

—Eu te amo.—Ele murmurou sorrindo e ela logo se voltou para os convidados novamente.

—Queria chamar a atenção para Hellen Mikaelson.—Ela disse e uma luz foi apontada para mim.—Obrigada por me entender, você foi a primeira pessoa a acreditar em mim depois da burrada em que me meti.

Apenas sorri sentindo as lágrimas preencherem meus olhos e ela sorriu de volta.

—Eu tive muitas amigas.—A bruxa Claire suspirou continuando seu discurso.—Rebekah, Hayley, Camille, Katherine, mas nada comparado a minha amizade com Hellen. Alguém que eu tenho como exemplo, uma irmã mais velha, alguém que me ajudou a enxergar a verdade.

—Okay, admito que ela sabe ser sentimental quando quer.—Kol sussurrou no meu ouvido.

—Presta atenção.—O cutuquei voltando a dar atenção para a garota no palco.

—Marcel não para de te olhar.—Kol resmungou.

—Foco Kol.—Entrelacei nossas mãos.

—Por favor, acredite em mim quando digo que Marcel Gerard está dando em cima de você!Por favor, acredite em mim quando digo que Marcel Gerard está dando em cima de você!

—Hellen, eu espero que meu relacionamento dê certo assim como o seu com o Kol.—Ela deu um gole no champanhe.—Obrigada Hellen por ser minha amiga, irmã, conselheira e...a vadia mais burra que já pisou em Nova Orleans.

Franzi meu cenho automaticamente e um burburinho começou pelo salão, não houve tempo para que alguém dissesse algo.

—Praemium!—Davina recitou erguendo os braços.

FLASHBACK
algumas semanas atrás

Katherine Pierce

Adentrei a Jardim Cinza procurando por Davina.

—Você entendeu o que tem que fazer?—Escutei a voz da bruxinha.

—É claro, Davina Claire.—Sebastian respondeu e de repente um barulho de coisas se espalhando soou.

Adentrei calmamente a sala por trás das cortinas onde os dois pombinhos estavam se agarrando.

—Que lindo!—Soltei sarcástica fazendo eles se separarem.—Posso me juntar aos dois?

—Ridículo.—Davina revirou os olhos.—Pode nos dar licença amor?

—Claro.—Sebastian roubou um beijo da bruxa e saiu.

Ela foi até a porta conferindo se estávamos sozinhas e colocou a sálvia para queimar.

—Tudo bem, o que queria me dizer?—Ela cruzou os braços impaciente.

—Beleza, vou ser direta.—Engoli seco.—EstouinteressadanoKol.

—O quê?—Ela soltou confusa.

—Agora que você e Sebastian estão juntos acho que não tem problema...—Respirei fundo.—Eu quero o Kol.

Davina passou de séria a gargalhadas.

—Que brincadeira ridícula é essa?

—Qual é! Eu tô sozinha.—Reclamei.—Klaus é capaz de me matar, Elijah não seria desonrado com Camille, Rebekah me deixaria sem pele se tentasse com o Marcel e Kol é um gostoso.

—É, ele é.—Ela soltou entredentes.—Mas não é pra você.

—Ah, peraí...—Ri desacreditada.—Você ainda quer ele?

—Se abrir sua boca pra alguém eu arranco sua língua!—Ela ameaçou.—E é melhor manter sua patas bem longe dele, me entendeu?!

—Vamos ver quem ele vai preferir, criança.—Provoquei e ela me fez cair com um feitiço saindo rapidamente dali.

Que cobrinha traiçoeira!

—Kath?—Sebastian adentrou novamente a sala.—Por que a Dav saiu tão irritada?

—Não queira saber fofinho.—Me apoiei no balcão me recompondo.—Ei...—Me aproximei dele perigosamente.—Eu tenho me sentido tão sozinha ultimamente...

—E eu posso fazer alguma coisa pra te ajudar?—As mãos de Sebastian foram parar em minha bunda.

—Uh, é claro.—Aproximei nossos lábios quase os tocando.—Por que não me ajuda a lembrar como amar?

—É uma ordem.—Ele sussurrou rouco e tomou meus lábios fervorosamente.

Momento atual

Rebekah Mikaelson

Me levantei com dificuldade, por alguma razão minha cura estava mais lenta.

—Hellen!—Fui na direção da morena a puxando do chão, ela estava quase totalmente inconsciente.

Que o bebê esteja bem!

Escutei um grunido conhecido e avistei Hayley dentre aquela bagunça toda.

—Rebekah!—Ela gruniu arrancando um pedaço de vidro de seu abdómen.

—Vem.—Estendi minha outra mão, que estava livre, para apoiar a híbrida.

As retirei dali em velocidade vampírica e parei do outro lado da rua.

—Você está bem?—Questionei para Hayley que havia se apoiado em um carro.

—Sim.—Ela gemeu de dor.—O foco é a Hellen nesse momento.

—Você viu onde estavam meus irmãos?—Questionei enquanto colocava minha bolsa abaixo da cabeça de Hellen na calçada.

—Não, eu não os vi.—Ela soltou em pesar.

—Droga, aquela filha da puta enganou a nós todos!—Praguejei e me assustei quando, de repente, Hellen puxou o ar acordando.—Ei, calma.—A auxiliei para se sentar.—Hellen, como você está? E o...bebê?

—E-eu...—Os olhos dela marejaram.—Rebekah eu não quero ver, acabei de sentir algo escorrer pelas minhas pernas.

Droga!

A olhei com pena.

—Calma.—Afaguei o cabelo dela enquanto Hellen chorava e ergui seu vestido até uma parte considerável para conferir se meu sobrinho havia ido oficialmente.—Hellen...

—O que?—Ela soltou entre soluços.

—Você não perdeu seu filho.—Falei fazendo ela arregalar os olhos e sorri.—Você está entrando em trabalho de parto, a bolsa estourou!

—O-o que?—Ela me olhou assustada e fez uma careta se contorcendo.—AAAAH!!! OKAY, ISSO DÓI!

Hellen Mikaelson

Meus olhos rolaram enquanto um urro esganiçado saía da minha garganta.

—Okay, fica calma.—Bekah pediu enquanto Hayley se colocou atrás de mim me dando apoio.—Você sabe o que tem que fazer, não é?

—Sei.—Gruni apertando as unhas contra as palmas das minhas mãos.—Empurrar!—Soltei junto a um grito.

—Então empurra, Hellen!—Ela disse arrumando meu vestido para ter a visão certa.

—Tá doendo!!—Choraminguei enquanto tentava empurrar a criança para fora e sentia as contrações cada vez mais fortes.

—Tem certeza que sabe o que tá fazendo?—Hayley indagou preocupada para a loira.

—No século 19 trabalhei num hospital, eu tenho um diploma mamãe-loba!—A original rebateu e voltou a olhar para mim.—Vamos, respire fundo.

Fiz o que Bekah mandou tentando controlar minha respiração enquanto continuava empurrando.

—HMPF...AAAAAH!—Empurrei mais mordendo o lábio para abafar meus gritos e senti o sangue em meu paladar.

—Vamos lá, já está com seis centímetros. Vai mais um pouco.—Bekah incentivou enquanto eu fazia a respiração cachorrinho para descansar uns milésimos de segundos.

—Tudo bem, continua. Você tá indo bem.—Hayley murmurou afagando meu cabelo.

—AAAAAAH!—Empurrei mais uma vez ajudando com as mãos em minha barriga.

—Isso, continua.—Rebekah soltou com um sorriso.

—Eu não vou conseguir...—Choraminguei sentindo o suor escorrer e os fios de cabelo grudarem em meu rosto.—Não sem saber onde é que o Kol está...—Deixei escapar algumas lágrimas, não só pelo fato da dor brutal que sentia no momento.—Se ele está vivo.

—Se concentra no sua filho.—Ela ordenou com toda a calma possível.—Nós não deixamos ninguém pra trás. Elijah e Nik nunca vão deixar Kol e você vai ter meu irmão, mas agora o importante é ter essa criança!

—AAAAAI!—Eu tentava empurrar a criança o máximo possível, mas a cada vez meu rosto se molhava mais com as lágrimas e o suor.

—Está em oito, mais dois centímetros e seu sofrimento vai acabar.—Bekah segurou minha mão enquanto eu fazia força.

—É insuportável, eu não vou conseguir sem o Kol...—Comecei a chorar desesperadamente.

—Se acalma, sweetheart!—A voz de Klaus soou chamando nossa atenção, ele se abaixou ao meu lado segurando minha outra mão e afagou meu cabelo.—Vai dar tudo certo.

—Me diz que encontrou o Kol, por favor.—Supliquei enquanto empurrava mais uma vez.—AAAAAAH!

—Infelizmente não, não encontrei nem Kol nem Elijah.—Ele suspirou com pesar.—Mas eles estão vivos a mil anos e não é uma explosão de nada que vai os atingir, seu filho não vai ficar sem pai.

—AAAAAAAAH!—Empurrei de novo apertando a mão de Klaus e pude sentir alguns de seus dedos se quebrarem.

Davina Claire

Coloquei Elijah de joelhos com um feitiço e o machuquei com outro, mas o corte em seu peito se curou rapidamente.

—Por que está fazendo isso? Pensei que realmente tivesse tido uma mudança, depois de todo esse tempo deveria ter aprendido algo!—Ele soltou ainda com compreensão na voz.

—Mudança? Sério, Elijah?—Disse sarcástica.—Pensei que já tivesse passado sua fase de sempre acreditar no melhor das pessoas. Os séculos com o Klaus não foram suficientes pra te mostrar que nem todos podem se tornar melhores?

—Hellen confiou em você.—Ele acusou balançando a cabeça negativamente.—Confiou a segurança do próprio filho!

—Esse é o problema dela, Elijah.—Dei alguns passos me aproximando do original, ainda sendo segurado pelo feitiço.—Hellen confia e perdoa fácil demais, ela seguiu seus passos e em algum momento traria uma situação ruim. Ela me perdoou tão fácil que pensei que algo estava errado, mas ela só era burra mesmo.

—Não, você não pode ser assim. Você tem amigos, Sebastian te ama!—Ele insistiu me causando náuseas.

—Sinceramente, Elijah!—Revirei os olhos.—Você acreditou mesmo que eu amava o Sebastian? Eu NUNCA sequer namoraria um idiota como aquele se não me desse vantagem no meu plano.

—Como consegue ser tão fria?—Ele indagou horrorizado.—Você é apenas uma garota.

—Quem não cai no papo da garotinha de dezesseis?—Fiz um biquinho falso.

—Marcel estaria decepcionado com voc...—No mesmo instante a cabeça de Elijah foi arrancada e dei um passo para trás com o susto repentino.

—Olá, amor.—Sebastian tinha um sorriso sádico em seu rosto e puxou um lenço para limpar sua mão.—Desculpe acabar com sua diversão, mas estava demorando muito.

—O-oi meu bem, o que v...—Fui interrompida por um vulto que veio seguido de uma lufada de vento.

—NÃO, ELIJAH! NÃO!—Katherine se debruçou sobre o corpo sem vida do original chorando deliberadamente.

—Ta, levanta Katherine! Não precisa mais fazer a santa.—Ri e a duplicata se virou em minha direção com os olhos ainda cheios e uma expressão raivosa.

—Vocês não precisavam machucar ele! NÃO PRECISAVAM!—Ela gritou deixando as lágrimas caírem.—Elijah era um homem bom...ele era...

—Supera, Katherine.—Revirei os olhos.—Acha mesmo que ele ficaria ao seu lado? Choraria por você?

—Eu vou matar vocês!—A Petrova vociferou antes de vir em minha direção, mas a parei com o mesmo feitiço que usei em Elijah.

—Quer saber? Cansei de bancar a boazinha!—Estendi uma mão erguendo uma peça de madeira com magia e a direcionei para a duplicata.—Tenha uma boa morte, Katherine!

Mandei o pedaço de madeira no coração da vampira com magia e a mesma caiu com a pele acinzentada e veias se espalhando por seu corpo esvaído de vida.

Engoli seco e desviei meu olhar para Sebastian que assistia tudo com seriedade no olhar.

—Amor, tudo bem. Assim que sairmos daqui vamos ser felizes.—Abri um sorriso tentando convencê-lo e me aproximei colocando seu rosto entre minhas mãos.

Sebastian

—Sabe, desde a primeira vez em que meus olhos pousaram em você, Davina Claire, eu sabia que seu coração seria meu.—Sorri e a abracei a fazendo ficar aliviada.—Pena que não vai ser do jeito que planejamos...—Enfiei minha mão em seu peito sentindo o órgão pulsar entre meus dedos.

—Ah...Seb...Sebastian...—Ela engasgava com as próprias palavras enquanto eu puxava seu coração lentamente para fora da cavidade.

—Nos vemos no inferno, amor.—Murmurei ao retirar totalmente o órgão e o corpo da bruxa cair para o lado.

Segurei o tecido gelatinoso ainda quente em minha mão e o esmaguei, assim como Davina fez com meus sentimentos, o jogando para o lado.

Minhas pendências eram com Davina Claire, agora ela está morta e não há porque continuar aqui.

Passei pela trilha de corpos calmamente saindo do local.

Hellen Mikaelson

—AAAAAAAAH!—Empurrei mais uma vez sentindo as forças se esvairem de mim.

—Vamos, está quase lá!!—Rebekah disse desesperada.—Eu já posso ver a cabeça!

—AAAAARGH!—Fiz toda a força que podia e senti a cabeça e os ombrinhos passarem.

—Uma última vez!—Bekah implorou.

—ARRRGH!—Me forcei mais uma vez e o resto do corpo se esvaiu de mim seguido da placenta.

Minha visão já estava embaçada depois de tantas lágrimas, mas pude visualizar Bekah com meu bebê todo sujo em seu colo. Depois de alguns segundos o chorinho dele soou em meus ouvidos me fazendo suspirar aliviada.

—Parabéns, Hellen!—Bekah colocou o bebê em meus braços.—É um menininho.

Sorri com lágrimas nos olhos enquanto ele chorava. Encostei seu rostinho no meu enquanto acariciava suas costinhas.

—Shh...calma bebê, mamãe tá aqui. Mamãe tá aqui...—Sem me importar com meu estado beijei a testa do meu filho e ele parou de chorar no mesmo instante.

—Pronto.—Bekah colocou o prendedor e cortou o cordão umbilical com uma tesoura do Kit médico que havia em sua bolsa.

—Como ele irá se chamar?—Klaus perguntou maravilhado com o bebê em meus braços.

—Elijah, ele...—A voz embargada de Kol soou e todos se viraram para encará-lo.—Ele está morto.

Kol caiu de joelhos em minha frente com os olhos marejados e me abraçou junto ao nosso filho.

Elijah...

Assim como todos ali deixei as lágrimas tomarem conta de meus olhos.

Marcel apareceu trazendo Camille em seus braços. Ela estava desacordada, mas ainda viva.

Ela vai ficar arrasada.

Klaus abraçou Hayley, Marcel colocou Cami no banco do carro e abraçou Rebekah que, assim como todos, estava em prantos.

(Recomendo dar play em Never Say Never)

Foi uma jornada gloriosa ao lado de nossa família.

Sempre e para sempre, foi o que ele prometeu.

E sei que Elijah cumprirá.

Esteja onde estiver ele estará ao nosso lado.

E seu legado jamais será esquecido...

Porque somos uma família

E família é poder.

Esse não é o fim da história, está longe de ser, mas é o fim de um capítulo de nossas vidas. Alguém nos deixou cedo demais, mas nos deixou todos os seus sorrisos para que pudéssemos sorrir novamente.

Elijah Mikaelson, um homem de honra, com atitudes nobres, foi um herói e estará vivo em nossos corações sempre e para sempre.