Hellen Mikaelson

Já era noite e Kol ainda não havia dado as caras em casa. Passei o dia com as garotas, fizemos Cami sair mais cedo do Rousseau's e fomos direto para o shopping. Foi uma longa tarde de compras, Rebekah nos abrigou a provar cada peça daquelas lojas e acabamos saindo cheias de sacolas nos braços.

Tirei as roupas das sacolas e comecei a organizar. Dobrei algumas blusas e calças, empilhando separadamente, e fui para a sacola da loja de lingeries.

Que ridículo, não acredito que deixei Rebekah me convencer a comprar todas essas roupas!

Ri comigo mesma enquanto separava os conjuntos de renda. Bekah me fez comprar um preto, um vermelho, um branco e, pra fechar com chave de ouro, um verde escuro.

—Sinceramente? Ficaria ótima em todas.—Ouvi Kol dizer e me virei sorridente o vendo se desencostar do batente da porta com um sorriso lateral.—Mas ainda assim prefiro você nessa babydoll vermelha.

—Olha só, você tá vivo!—Soltei ironicamente surpresa.—Não te vi o dia todo.

—Pensei que já havia se acostumado, querida.—Ele brincou já arrancando a camiseta e desabotoando a calça enquanto ia em direção ao banheiro.

—Eu sei, que agora que Klaus e Marcel dividem o reino, seu trabalho com as bruxas aumentou.—Disse dobrando o último conjunto e os guardei no guarda-roupa.

Ouvi o barulho do chuveiro ser aberto e me joguei na cama fechando os olhos, sentindo o cansaço pesar em meu corpo.

—É claro que eu preferia ficar com você, mas sabe como é, quando Nik decide algo o melhor é aceitar.—Kol disse com contrariação na voz.

—É, tem razão...—Resmunguei me ajeitando na cama ainda de olhos fechados.

—Juro que na primeira oportunidade cairia fora dessa cidade!—Senti a presença de Kol e abri meus olhos o vendo parado em minha frente.

—Eu já disse que quero a família toda junta.—Suspirei e ele se jogou ao meu lado soltando o ar de seus pulmões pesadamente.

—Ainda acho que deveríamos tirar um pouco de férias da loucura Mikaelson...—Kol murmurou de ajeitando na cama com uma expressão cansada.

—Um dia, amor, um dia.—Soltei um riso anasalado e me aproximei aos poucos deixando nossos rostos bem próximos.—Kol...

—Sim?—Ele respondeu olhando perdidamente em meus olhos.

Não o respondi, apenas iniciei um beijo lento, enquanto aproveitava a companhia do meu namorado depois de dias apenas nos vendo por algumas horas e desmaiando de sono logo em seguida, estava na hora de tirar o atraso.

Klaus Mikaelson

Conferi minha aparência em frente ao espelho uma última vez antes de sair de meu quarto, ignorando os barulhos vindos do quarto ao lado, tentando pensar em outra coisa para esquecer minha audição vampírica.

Desci as escadas e Elijah se encontrava na sala sentado no sofá e lendo um livro.

—Irmão, vou sair. Se qualquer coisa acontecer não hesite em me ligar!—Soltei já andando rapidamente até a porta.

—É claro Niklaus, tenha um bom encontro...—Ele disse sem tirar os olhos de sua leitura e o encarei surpreso.—Não quer deixar Camille esperando, quer?

—Até logo, Elijah.—Segurei o riso e saí em velocidade vampírica.

Adentrei o Rousseau's e meus olhos focalizaram na loira sorridente que me encarava de uma forma madura e angelical ao mesmo tempo.

—Me desculpe pelo atraso, me disseram que eu deveria te impressionar.—Brinquei me aproximando da mesa no centro do salão com um sorriso irônico nos lábios. Encarei a mesa posta e levantei meu olhar para a mulher em minha frente.—Está linda.

Vi as bochechas de Camille se avermelharem e um sorriso tímido surgiu em seus lábios.

—Obrigada, você também não está nada mal.—Ela disse me fazendo sorrir sem graça.—Sophie Deveraux fez a comida, mas Hellen e Rebekah escolheram bem o vinho...eu acho.

Ri puxando a cadeira para que ela se sentasse e voltei para o outro lado da mesa me sentando também.

—Tenho certeza que é um dos melhores, reconheceria essa garrafa a quilômetros!—Soltei abrindo a garrafa e despejando um pouco da bebida na taça da mulher em minha frente.

—Elas gostam de exagerar...—A loira resmungou e entreguei a taça para ela fazendo o mesmo com a minha.

—Não acho, a vida é muito curta para não se aproveitar por completo...até mesmo para um imortal como eu.—Tomei um gole do meu vinho enquanto Cami fazia o mesmo sorrindo.

—Vinhos caros, palavras bonitas...ótima maneira de dizer que sente muito por controlar minha mente.—Ela soltou ironicamente e sorriu.—Pra sua sorte não guardo rancor.

Cami brincou piscando para mim e ri abaixando meu olhar.

—Está bem, eu admito...te devo um pedido de desculpas digno.—A encarei com um sorriso.—Apenas me deixe fazer isso!

—Olha, se isso incluir você me convidando para jantares chiques e me enchendo de presentes...—Cami riu deixando a taça vazia sobre a mesa.—Podemos tentar.

Elijah Mikaelson

Fechei o livro de Romeu e Julieta o deixando sobre a mesa de centro da sala. Já era tarde e o que me restava era me recolher para meus aposentos.

Tantas coisas aconteceram, mas nada parece ter sentido sem ela aqui. Meu equilíbrio é mantido quando ela está por perto, nada me faz tão humano.

Me levantei do sofá e me virei em direção à porta dando de cara com ela, Hayley, a mulher que tomava meus pensamentos a poucos instantes.

—Hayley...—Murmurei incrédulo.—O que faz aqui?

—Elijah...—Ela se aproximou numa expressão chorosa.—Me perdoe!

—Não devo o perdão a você, não é a mim que deve temer...—Disse com certa frieza.—Mas sim meu irmão. Se ele descobrir que está em Nova Orleans, que está no complexo...será morta pelas próprias mãos dele!

—Klaus sabe que estou aqui, ele me disse que poderia voltar.—A loba fungou enxugando algumas lágrimas em seu rosto.

—Como é que o convenceu?—Soltei espantado.—Niklaus não há momentos de compaixão por simples bondade.

—Quando Hellen fez o feitiço para salvar meu bebê, realmente funcionou...o acônito não o atingiu.—Hayley disse abrindo um pequeno sorriso.—Hellen salvou meu filho, eu tenho uma segunda chance Elijah!

—Isso...é maravilhoso.—Soltei perplexo.

Como eu poderia reagir? Isso é chocante!

—Eu sei, você está chateado comigo.—Ela cruzou os braços desviando o olhar sem jeito.—Eu fui egoísta e não pensei em nada, menti pra você.

—É, mentiu.—Suspirei.—E eu não suporto mentiras.

—Por favor, Elijah! Você, como ninguém, sabe que todos somos falhos.—Hayley ergueu seu olhar culpado em minha direção.—Como você me disse uma vez "todos merecem uma segunda chance, as vezes uma segunda e até uma terceira". Não me negue o direito de errar.

Oh céus, como eu poderia?

Tudo o que Hayley fez não passa da inconsequência de um ato de medo, ela não se sentiu segura o suficiente e tomou medidas extremas.

—Por mais que eu não concorde com suas atitudes e ache elas extremamente decepcionantes, você é apenas uma garota com medo...—Me aproximei dela colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.—Com todos os meus erros, eu sou a última pessoa que poderia te negar uma segunda chance.

—Isso significa que me aceita de volta pra recomeçar? Esquecer o passado?—Ela questionou e suspirei abrindo um sorriso.

—Significa que podemos tentar recuperar nossa relação, superar nossos conflitos, mas esquecer o passado é algo que nunca devemos fazer.—Acariciei seu rosto passando meu polegar por sua bochecha manchada por lágrimas secas.—O passado faz de nós quem somos no presente, mesmo que isso nos atormente, devemos nos lembrar e perceber que podemos fazer tudo diferente dessa vez.

—Eu sinto muito por ter te decepcionado, Elijah.—Hayley me abraçou afundando seu rosto em meu peito e a envolvi em meus braços.

—Todos erramos, mas merecemos o benefício da dúvida.—Afaguei os cabelos dela.—Não se preocupe, tudo será diferente...

Ela afastou-se de mim para olhar em meus olhos.

—Eu te amo, Elijah!—Hayley exclamou quase num sussurro.

—Eu também te amo.—Falei de volta e Hayley veio em minha direção tomando meus lábios com um beijo ardendo em paixão.