Hellen

Já estava de noite. Bekah havia ido a seu apartamento para falar com Stefan sobre uma tal lápide estranha,  eu estava na sala da mansão jogada no sofá enquanto bebia uma garrafa de champanhe e encarava um ponto fixo aleatório.

—Entediada?―Klaus se sentou no outro sofá ao meu lado.

―Muito.―Direcionei meu olhar para ele.―Rebekah me largou aqui pra ver Stefan e eu fiquei sem nada pra fazer.

―Minha irmãzinha e suas escapadas pra ver algum homem, nenhuma novidade.―Ele tirou a garrafa de champanhe da minha mão e virou na boca.―Então...―Começou tomando um olhar distante.―Aprendeu a tocar piano?

―Como?―Questionei confusa.

―Você sempre disse que gostaria de tocar como Elijah, você conseguiu?―Klaus questionou com um sorriso quase imperceptível no canto da boca.

―É...bem, sim.―Falei abaixando meu olhar.

Ele ainda se lembra...

―Algum dia quero te ver tocar, tenho certeza que deixa Mozart no chinelo.―Ele abriu um sorriso me fazendo rir sem graça.

―Que exagero!―Exclamei me sentando e colocando minha cabeça entre minhas mãos.

—Me desculpe.—Klaus pediu num tom baixo me fazendo encará-lo atônita.—Eu sei que nunca vamos voltar a sermos como era antes, mas isso já é alguma coisa.

—Sabe, eu me senti a pior pessoa do mundo quando fui exposta.—Olhei para minhas mãos inquietas.—Eu tive ódio, não vou negar, mas isso aconteceu a trezentos anos!

Nem tudo é mentira, não sou rancorosa a ponto de viver para odiar os Mikaelson.

—Eu juro que faria de tudo para recompensar seu sofrimento, eu admito que estava fora de controle.—Ele abaixou seu olhar me fazendo sentir pena.

Por que eu sou assim?!

—Não importa mais, eu não quero ficar revivendo o passado e pensando nas partes ruins.—Abri um sorriso me levantando enquanto dava um longo suspiro.—Bem...odeio interromper nossa conversa, mas tenho alguns assuntos inacabados com Elena Gilbert.

—O que quer com ela?—Klaus ficou em alerta e arqueei uma sobrancelha.

—Espero que também não esteja apaixonado pela Petrova, isso seria demais pra mim!—Soltei fazendo uma careta e Klaus riu.

—Muito obrigada, não quero problemas com os irmãos Salvatore.—Ele disse num tom sarcástico me fazendo rir.

—Até mais tarde, Boa noite Klaus!—Passei por ele tocando em seu ombro e recebi um sorriso amoroso como resposta.

—Boa noite, sweetheart.—Ele disse e abri um sorriso antes de me direcionar para a porta.—E não se meta em encrenca!

Klaus exclamou e balancei minha cabeça rindo enquanto saía de casa.

Caminhava em direção à casa da família Gilbert distraída, com os fones no ouvido e uma música aleatória tocando.

Em uma outra vida, eu seria sua garota
Nós manteríamos todas as nossas promessas, seríamos nós contra o mundo
Em uma outra vida, eu faria você ficar
Para eu não ter que dizer que você foi aquele que foi embora

Arranquei meus fones ao ver Kol se aproximar da casa branca com um olhar que bem conhecia.

Alguém vai morrer.

Ele chutou a porta que foi fechada em sua cara com raiva fazendo a madeira se quebrar em pedacinhos.

—Me desculpe, mas eu já fui convidado para entrar!—Ele rosnou adentrando a casa e apressei meu passo para chegar mais perto.—É pique-esconde? Por mim tudo bem!

—Você sabia que sua querida ex bolsa de sangue e o irmão dela estão tentando me matar?—Kol reclamou no telefone, com quem penso ser Klaus.

—O quê?!—Klaus soltou num tom surpreso.

—Não finja que não tá nisso, sua obsessão que tem pra achar a cura é maior que a lealdade que tem com seus irmãos!—Kol acusou enquanto andava pela casa.

—Eu não sei do que tá falando.—Klaus vociferou.

—Eu vou arrancar o braço do Jeremy e vou matar Elena só por diversão, depois eu vou atrás de você.—Kol disse em ameaça e desligou antes que Klaus pudesse responder.

Kol olhou para o topo da escada e Elena tinha uma besta apontada para ele. A duplicata disparou a flecha na perna do original e correu em velocidade vampírica para o andar de cima.

Kol a seguiu no mesmo ritmo e eu só pude ouvir o barulho de móveis sendo arrastados e portas sendo batidas.

Maldito selo anti-vampiros!

Ouvi tiros e logo em seguida grunidos que pareciam ser de Kol. Elena gritou para que Jeremy corresse e ouvi os passos desesperados. Uma parte da escada foi quebrada por Kol e Elena gruniu.

Com certeza ele a golpeou. Por Deus, que não seja no coração ou Klaus vai ficar furioso!

Vi Jeremy ser arremessado pelas escadas e comecei a me bater contra a parede invisível numa tentativa falha de entrar na casa Gilbert.

Eu tenho que impedir essa merda toda!

—Agora, tá na hora do braço.—Kol disse calmamente e começou a puxar o pequeno Gilbert escada a baixo.

Kol havia prendido Jeremy sobre a ilha na cozinha, amarrando os braços do garoto bem abertos. Ele pegou um cutelo e se virou novamente para o Gilbert.

—Pois é, como eu disse eu não gosto da maldição do caçador então vou ter que arrancar seu braço.—O original disse com naturalidade e se aproximou da ilha segurando a cabeça do garoto.—Mas não esquenta não, depois vou te curar com um pouquinho de sangue.—Kol mirou bem onde acertar.—Vai doer um pouco.

—Kol, não!—Gritei chamando sua atenção, mas ele apenas bufou e voltou a Jeremy.

—Mas espera aí, qual braço é? Direito ou esquerdo?—Kol questionou.—Quer saber, eu vou arrancar os dois!

Ele estava pronto para cortar o braço do caçador Gilbert, mas Elena veio em velocidade vampírica o empurrando para longe de seu irmão. Ela direcionou o cutelo nas mãos de Kol para o ombro dele e ele grasnou em dor.

Continuei forçando a barreira desesperada e já sentindo o pavor me invadir.

—Jeremy, me convida pra entrar!—Ordenei desesperada fazendo de tudo para romper a barreira.

O pequeno Gilbert pegou a torneira esguichando água com verbena em direção à Kol que gritou de dor enquanto sua pele queimava.

—Jeremy, agora!—Elena ergueu a estaca de carvalho branco para que o irmão conseguisse cravá-la no peito de Kol.

—NÃO!—Berrei e no mesmo instante consegui ultrapassar a entrada da maldita casa.

Kol empurrou Jeremy com toda a sua força e olhei para Elena desejando a morte dela.

No mesmo instante a estaca começou a pegar fogo e subiu pelo braço da duplicata.

O que diabos tá acontecendo???!

Kol saiu em velocidade vampírica e corri em direção à Jeremy para verificar se o garoto estava bem enquanto a duplicata apagava o fogo em si mesma.