Eu corria pela floresta imersa na escuridão, fugindo de algo ameaçador. Eu não sabia o que era, mas a sensação era de algo muito ruim se aproximar. Continuei correndo como se não houvesse amanhã, mas acabei tropeçando em um galho e batendo meu corpo contra o chão.

—Não tenha medo.—Aquela mesma voz masculina falou e ergui meus olhos.

Era um homem que aparentava ter uns trinta e poucos anos, a cada passo que ele se aproximava a sensação de morte aumentava.

—Você sabe que é necessário.—Ele disse segurando meu rosto.—Ou o mau maior despertará e destruirá não somente a mim, mas a você também.

Eu queria respondê-lo, ou apenas perguntar o que ele queria dizer, mas minha voz não saía.

—O sacrifício é necessário quando se é para um bem maior!—O homem me levantou pelo pescoço com facilidade e comecei a sufocar.

Eu me debatia tentando me soltar, tentava gritar e reagir de alguma forma.

—NÃO!—Consegui me soltar jogando o homem com magia contra a árvore.—O que você quer?!

Ele riu se levantando e veio até mim ficando cara a cara.

—Em breve acontecerá.—Ele tinha um sorriso demoníaco.

—O quê?! O que acontecerá?!—Indaguei furiosa.

—Silas voltará!

O encarei confusa e irritada.

—Quem é Silas?!—Indaguei séria, mas ele se calou.—O que eu tenho a ver com isso?!!

Comecei a desferir socos no peito do homem e ele não reagia.

—Você tem que morrer.—Foi o que ele disse me fazendo parar de socá-lo e o encarar assustada.

—C-como?—Indaguei dando um passo para trás e o homem sorriu.—NUNCA VAI CONSEGUIR ME MATAR. EU SOU UMA MIKAELSON, ME OUVIU? UMA MIKAELSON!

—Garotinha tola.—Ele zombou e olhei para a figura que se formava atrás dele. Era Kol encostado numa árvore, ele...ele estava morto por uma estaca de carvalho branco.—Se não cooperar é exatamente isso que acontecerá com seu vampiro.

O homem disse num tom ameaçador e as lágrimas surgiram em meus olhos despencando rapidamente.

NÃO...eu não posso perder ele!

Hellen Mikaelson

Acordei suada e ofegante com os olhos molhados.

Maldito sonho!

Me sentei na cama respirando fundo e agarrei um travesseiro deixando as lágrimas transbordarem em meus olhos.

Rebekah Mikaelson

Bati na porta do quarto de Hellen assim que o sol apareceu. Ela abriu a porta, tinha olheiras e os olhos inchados.

—Estava chorando?—Perguntei entrando em seu quarto e ela fechou a porta logo em seguida.—Está tudo bem?

—Bom dia pra você também, Bekah.—Ela disse irônica e se sentou na cama.—Eu tive novamente aquele sonho.

—Depois de tanto tempo?—Indaguei surpresa e ela assentiu.

—Mas dessa vez aconteceu algo diferente. Eu consegui enfrentar o homem, mas...—Hellen hesitou antes de continuar.—Uma coisa que ele me disse me assustou.

—O que foi?—Me sentei ao seu lado a olhando com preocupação.

—Ele falou de um tal de Silas...—Ela disse e a interrompi.

—Você disse "Silas"?—Questionei chocada.

—Quem é esse cara? E por que até mesmo você tem medo dele?—Ela soltou tensa.

—Não tenho medo dele, é apenas uma lenda para fazer criancinhas comerem brócolis.—Falei calma.—Mas Kol diz que basicamente a Terra virará o próprio inferno se esse cara voltar!

—Bem...isso não é tudo.—Ela disse me fazendo encará-la.—O homem disse que eu deveria morrer.

—Como é?—A encarei perplexa.

—Eu não quero morrer, Bekah!—Ela começou a chorar e a abracei.

—Você não vai, querida.—Afaguei o cabelo de Hellen.—Não vamos permitir que isso te aconteça.

—Por favor, não conte ao Klaus.—Ela pediu se afastando e limpando as lágrimas.

—Tudo bem, não vou contar.—Disse e ela sorriu triste em agradecimento.—Você vai.

—Não.—Ela negou em desespero.—Não posso contar, ele vai ficar obcecado e vai usar a espinha do primeiro que se meter como colar!

—Não estou dizendo que precisa contar agora, meu bem, mas em algum momento vai ter que contar para o Nik sobre esse pesadelo.—Falei me levantando.

—Eu sei...—Ela murmurou.

—Mas vamos ao que eu iria falar inicialmente!—Abri um sorriso e Hellen fez o mesmo.—Hoje é melhor tirar o dia para você.

—Posso saber o motivo em especial?—Ela indagou franzindo o cenho.

—Não, não pode.—Disse irônica e fui até a porta.—É seu aniversário, não precisa de mais motivos, sua bobinha.

Ela soltou um riso anasalado e revirou os olhos.

—Você não tem jeito! Eu já disse que não faço questão de ter festa alguma!—Ela reclamou e dei de ombros.

—É uma pena, porque eu não me importo.—Soltei sarcástica e Hellen balançou a cabeça em negação.—Até de noite terá um vestido para o baile.

Sem esperar mais surtos saí do quarto rindo.

Kol Mikaelson

Depois de alguns minutos esperando Rebekah virar o corredor fui discretamente até a porta do quarto de Hellen e bati.

—Entre.—Ouvi ela dizer e o fiz rapidamente.

—Espero não atrapalhar.—Fechei a porta e meus olhos caíram sobre a garota sorridente que me encarou pelo espelho.

—Não atrapalha em nada.—Ela disse tentando amarrar o espartilho, mas tendo um resultado frustrante.—Será que não poderia usar sua "super força de vampiro" e me ajudar?

Hellen pediu fazendo beicinho e revirei os olhos.

—Carinha fofa é golpe baixo.—Disse me aproximando e apertando os fios do espartilho do vestido, amarrando-os.—Sabe que é impossível resistir.

Hellen se virou para mim e demos um selinho demorado.

—Obrigado.—Ela disse colocando os braços em volta do meu pescoço e começou um beijo delicado.

Levei minhas mãos para sua cintura a trazendo mais para perto, abracei o tronco de Hellen e a segurei em meus braços firmemente.

Hellen cessou lentamente os beijos terminando com um selinho e colamos nossas testas com um sorriso no rosto.

—Quais os planos para hoje?—Ela questionou levemente corada.

—É uma surpresa.—Me coloquei ao seu lado e entrelaçamos os braços.—Deixe-me te levar até ela.

—Claro.—Ela sorriu.

—Segure-se.—A alertei e Hellen se segurou em mim fechando os olhos.

Saí em velocidade vampírica e em segundos nós já estávamos na parte de fora da casa.