Niklaus Mikaelson

—Me diga, meu amor, de que voz você falava?—Perguntei preocupado colocando Hellen sentada em sua cama.

—Era a voz de um homem.—Ela respondeu com o coração ainda acelerado.

—E o que o homem disse?—Rebekah se sentou ao lado dela.

—Ele pediu para eu me aproximar um pouco mais da beirada.—A pequena disse com inocência.

Olhei para Rebekah que logo entendeu o que quis dizer.

—Escute meu bem, vou dormir aqui com você hoje, tá bom?—Minha irmã anunciou por precaução.

—Está com medo de alguma coisa, Bekah?—Hellen perguntou inocentemente e Rebekah sorriu.

—Descobri que tenho medo do escuro, querida.—Ela deu uma desculpa boba.

—Tudo bem, eu te protejo.—Ela disse com um sorriso e minha irmã riu.

—Acho que já passou da hora de dormir meninas, boa noite.—Falei rindo também e me aproximei da porta.

—Boa noite, irmão.

—Boa noite, papai.

Saí do quarto e desci as escadas procurando Elijah, todos já haviam ido embora.

—Niklaus, tudo bem?—Ele entrou na sala me olhando confuso.

—Não sei se ouviu a história toda, mas...—Comecei a falar, mas ele assentiu.

—Escutei o bastante para saber que temos um problema.—Meu irmão se aproximou.—Quem você acha que é esse tal homem?

—Talvez seja meu pai, irritado por Mikael tê-lo matado.—Vagueei com minha mente.

—Não, seu pai não te culpa por isso e tenho certeza que não ameaçaria ninguém importante para você.—Elijah pousou a mão em meu ombro.

—Não importa quem seja, tentou matar Hellen e isso não vai sair impune.—Falei com raiva.

—Tenha certeza, irmão, quem estiver por trás disso pagará.—Elijah e eu assentimos e murmurei um "obrigado".

Kol Mikaelson

Acordei com a visão ainda meio embaçada, minha cabeça latejava e não me lembrava exatamente de tudo o que havia acontecido na noite passada.
Desci as escadas para a sala de jantar já em meu traje apropriado para a época, algumas coisas mudaram na moda durante esses cinco anos.

—Bom dia!—Elijah me cumprimentou animadamente ao me ver adentrar a sala.

—Bom dia.—Respondi seco dando um longo suspiro.

Me sentei ao lado de Rebekah, Elijah estava na ponta da mesa e Niklaus ao lado da criaturinha irritante. Peguei uma xícara e comecei a me servir um pouco de café.

—Então...—Elijah começou e meus irmãos pareceram entender do que se tratava, menos eu, é óbvio.—Alguém tem ideia do que aconteceu ontem?

—Melhor dizendo, quem, irmão.—Nik tinha uma expressão tensa.

—Perdoem-me, mas do que estão falando?—Indaguei confuso, todos pareciam muito nervosos.

—Da voz.—A coisinha respondeu calmamente.

—Voz?—Encarei meus irmãos esperando uma resposta completa.

—Hellen caiu da sacada ontem, se não fosse Nik ela estaria morta.—Bekah respondeu aflita.

—Mas que pena.—Soltei com ironia.

—Cuidado com as palavras, o tempo que passou "fora" te fez perder o filtro.—Nik deu um sorriso falso e fechou a cara.

—Ah maninho, você não sabe como!—Sorri irônico para ele e Klaus fez menção de se levantar, mas Rebekah o repreendeu com o olhar apontando para a menininha.

—Agora que voltou se esconde atrás da nossa irmã?—Ele riu amargamente.—Patético.

—Tire a garota da sala e veremos quem se esconde de quem.—Soltei confiante e Klaus riu com deboche.

—Ah por favor, eu posso sentir o cheiro do seu medo daqui!—Ele riu revirando os olhos e isso me deixou com mais raiva.

—Burrice minha pensar que finalmente eu seria incluído na minha própria família!—Me levantei irritado e saí do cômodo com super velocidade.

Rebekah Mikaelson

Todos nos encarávamos com receio, o silêncio tinha dominado o lugar e sabiamos que Kol estava certo.

—Eu vou falar com ele.—Me levantei quebrando o silêncio.

—É claro que vai.—Nik riu com amargura.

—Qual é o seu problema?!—Soltei com um misto de irritação e indignação.

Klaus suspirou pesadamente e me olhou irritado, saí em super velocidade atrás de Kol.

—Irmão?—Chamei por Kol ao entrar no jardim.

O encontrei sentado no banco de pedra encarando a roseira melancólicamente e me sentei ao seu lado.

—Eu sinto muito.—Murmurei carregada de culpa.

—Você é a única que parece ainda gostar de mim, se importar comigo.—Ele disse me encarando com um sorriso sem humor.—A única pessoa que ainda me trata como parte da família.

—Me perdoe por não arrancar a adaga do seu peito.—Olhei como um pedido de desculpas para ele.

—Eu entendo, irmã.—Kol abriu um sorriso reconfortante.—Você teve medo do Niklaus, não foi culpa sua.

—Mesmo assim, eu deveria ter feito algo.—Sorri com tristeza para meu irmão e ouvi um barulho vindo dos arbustos.

Nos entreolhamos e me levantei indo até o lugar de onde vinha o som. Afastei os galhos e suspirei aliviada ao ver que era apenas Hellen.

—O que faz aí, pequena?—Indaguei pegando-a no colo com um sorriso.

—Vim ver como Kol está, papai foi rude com ele.—Ela respondeu olhando preocupada para Kol, o que arrancou um riso de mim.

—Acho que seria ótimo se vocês passassem um tempo juntos, Kol precisa de amigos.—A coloquei sentada onde eu estava a pouco.

—Prefiro ocupar meu dia com coisas mais interessantes do que chás da tarde com bonecas.—Kol me encarou sério enquanto eu gargalhava.

—Vamos lá, somente por um dia, está bem?—Pedi tentando controlar minha risada.

—Você me paga, Rebekah.—Ele soltou a contragosto e olhou com receio para a menininha.—Então coisinha, o que você quer fazer?

—O que você fazia quando tinha minha idade?—Ela perguntou com um sorriso fofo e por um momento vi nos olhos de Kol o mesmo garotinho de cinco anos que me pedia ajuda para encontrar seu brinquedo.

—Eu adorava escutar as histórias que minha mãe me contava.—Kol disse com um sorriso largo estampado no rosto.

—Você pode me contar uma?—Ela pediu com olhinhos de piedade, do jeito que eu ensinei.

—An...—Ele se atrapalhou tentando lembrar de alguma e de repente sorriu tendo uma ideia.—Já ouviu falar de vampiros?

—Bem, eu sei que vocês, Elijah e papai são...—Hellen começou a balançar as perninhas que não conseguiam alcançar o chão e Kol me olhou.

—Mas você sabe a origem dos vampiros?—Ele perguntou se voltando para ela que negou com a cabeça.—Então vou te contar a história dos primeiros vampiros da história, querida.