Nova Orleans, 1718

Elijah Mikaelson

Hoje era um dia especial, o dia em que Hellen se juntou a nossa família e passamos a comemorar seu aniversário nessa data. Niklaus a trata como uma filha, ela até o chama de pai. Ele nos reuniu na sala de estar para dizer algo, mas não revelou o que era.

—Obrigado por comparecerem.—Niklaus agradeceu trazendo Hellen em seu colo.—A cinco anos, como todos sabem, Hellen está em nossa família e eu gostaria de comemorar com a melhor festa de aniversário que Nova Orleans pode oferecer.

—Isso quer dizer que vou poder comer muitos beignets, papai?—Minha sobrinha perguntou abrindo um sorriso.

—Quantos quiser, querida.—Ele disse com um sorriso bobo no rosto e a colocou de pé no chão.

Hellen correu até o sofá e se sentou em um pulo ao lado de Rebekah.

—Não foi somente para nos avisar sobre a festa de aniversário de Hellen que nos chamou aqui, não é?—Me aproximei com seriedade de Niklaus.

—Resolvi que finalmente vou remover a adaga de Kol, nosso irmão já deve ter aprendido a lição.—Klaus soltou normalmente e Rebekah se levantou encarando nosso irmão.

—E de repente se sentiu misericordioso com seu irmão?—Ela soltou irônica.—Qual é o truque?

—Não há truques, Rebekah.—Niklaus disse sério.—Kol já teve sua punição e agora está pronto para voltar para nossas vidas.

—É incrível a maneira como diz isso calmamente.—Minha irmã o encarou com nojo.

—Quem é Kol, Elijah?—Hellen perguntou curiosa e meus irmãos cessaram a discussão.

Eu ia responder, quando Rebekah se abaixou na altura de Hellen com um sorriso no rosto.

—Por que não vamos ao jardim e te conto tudo sobre ele, querida?—Minha irmã estendeu a mão para a garotinha e Hellen a segurou com um sorriso.

As duas saíram em direção ao jardim e me voltei para meu irmão com seriedade.

—O que foi, Elijah?—Ele indagou impaciente.—Também vai me julgar?

—Não.—Abri um sorriso.—Nunca nos tirou tão rápido do caixão, isso tem a ver com Hellen, não é?

—Kol é mais útil sem a adaga, logo Hellen vai despertar seus poderes de bruxa e ele é o único que já teve experiência com magia.—Meu irmão se sentou no sofá encarando um ponto perdido no chão.

—Já se esqueceu da última vez em que nosso irmão esteve no mesmo cômodo em que minha sobrinha.—Disse fazendo Klaus me encarar.

—Dessa vez terei uma conversa bem séria com nosso irmão, ele vai pensar duas vezes antes de agir.—Ele se levantou e foi até a porta.—Me acompanha, irmão?

Hellen Mikaelson

Me sentei no banco de pedra do jardim junto com Rebekah e ela me entregou um retrato.

—Esse é Kol, querida.—Ela sorriu apontando para a pintura em minhas mãos.

—Ele se parece com o príncipe da história que Elijah me conta para dormir.—Sorri imaginando ele salvando uma princesa em perigo.

—Ele é um príncipe rebelde.—Bekah riu.—Ele é irmão do seu pai, assim como Elijah e eu.

—Como nunca ouvi falar dele?—Perguntei confusa.—Ele e o papai brigaram?

—Digamos que sim.—Ela soltou um pouco desconfortável e depois sorriu.—Mas eles fizeram as pazes e Kol está voltando para casa.

—Quer dizer que vou conhecê-lo?—Soltei animada.

—É claro.—Ela se levantou e me estendeu a mão.

—E Kol vai chegar para meu aniversário?—Perguntei cada vez mais animada e segurei a mão de Rebekah a seguindo pelo jardim.

—Provavelmente.—Continuamos andando e observando as flores. Elas são tão coloridas e cheias de vida, principalmente as Rosas, mas elas tem espinhos e papai tem medo que eu me machuque.

Kol Mikaelson

Abri meus olhos com dificuldade pela claridade, minha visão se focalizou e percebi que estava em meu quarto.

—Bem-vindo de volta, irmão!—Nik entrou no quarto seguido de Elijah.

—Que dia é hoje?—Perguntei na defensiva.

—Fique tranquilo, é sábado.—Nik soltou com uma calma suspeita e se sentou na minha cama.

—Me prendeu por uma semana?!—Berrei indignado.

—Kol.—Elijah me chamou sério.—Você ficou preso por cinco anos.

—O quê?!—Encarei Niklaus com raiva.—Seu filho da...

—Veja bem o que vai dizer!—Nik lançou um olhar ameaçador e bufei irritado.—Tiramos sua adaga, mas é melhor andar na linha se não quiser voltar para o caixão escuro.

—O que nosso irmão quer dizer, é que ele quer que convivamos como uma família.—Elijah usou toda a educação que Nik não tem.—Nada de gracinhas, ou qualquer indiscrição que chame a atenção do nosso pai.

—Ah, e que deixe bem claro, isso significa que deve manter suas presas longe de Hellen!—Nik soltou num tom severo e o encarei confuso.

—Acho que perdi uma parte, quem é Hellen mesmo?—Forcei minha mente para lembrar, mas ninguém vinha a minha cabeça.

Klaus abriu a boca para me responder quando o quarto foi invadido por uma menininha sorridente e logo as peças se encaixaram.

—Papai, Papai!—Ela correu até os braços de Klaus e ele a ergueu em seu colo.—Rebekah disse que me levaria para fazer o melhor vestido para meu aniversário.

A encarei rindo desacreditado e a garotinha me olhou descendo do colo de Klaus.

—Kol!—Ela me abraçou e arregalei os olhos surpreso. Fiquei imóvel e ela se afastou com um sorriso afetuoso.

—Oi...coisinha.—Soltei ainda perplexo.

—Hellen!—Rebekah a chamou na porta do quarto e sorriu quando me viu.—Kol!

Minha irmã veio correndo até mim e me abraçou apertado.

—Sentiu saudades, irmãzinha?—Sorri irônico para ela.

—Não imagina o quanto.—Ela pegou a pirralhinha no colo.—Pelo visto já conheceu Hellen.

—Infelizmente sim.—Encarei a menina com raiva.

—Kol, ela é só uma criança.—Rebekah me repreendeu.

—Graças a ela ganhei meia década de agonia e sofrimento em um caixão, me desculpe se não fui afetuoso suficiente com a coisinha.—Soltei sarcástico e todos me olharam em alerta.

Me levantei da cama passando por todos e indo até a porta.

—Fiquem tranquilos, não vou matá-la...ainda.—Soltei com um sorriso diabólico e me encararam com receio, mas foi o olhar de medo que recebi de Hellen que me fez estremecer.—Bem, é bom estar de volta.