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Capítulo 8 - O ursinho

           

Havia meninos e meninas espalhados por todo o quarto. Alguns estavam deitados em beliches velhos e sem colchões. Muitas das crianças tinham a cabeça raspada e todas usavam pijamas.  Na verdade, não era bem um pijama, mas Lorena não sabia disso.

Todos os olhos estavam voltados para a menina de pijama sem listras, evidentemente curiosos. E todos viam Lorena, o que era estranho. A menina não contou, mas tinha certeza de que havia mais de cinquenta crianças.

Uma delas, uma menina que parecia ser da idade de Lorena, acenou para ela. Sem saber o que fazer, Lorena caminhou pelo corredor de camas enquanto diversos pares de olhos assustados e curiosos a observava. A menina que havia acenado abriu espaço para que Lorena também sentasse em uma das camas. Ela percebeu que, ao invés de colchões, havia pranchas de madeira. A menina pensou como seria dormir naquela coisa dura e desconfortável.

Talvez aquelas crianças não tivessem colchões. Será que estava em um orfanato? Alguém contou a Lorena que crianças sem pais ficavam em lugares como esse, e ela achou muito triste.

Quando sentou ao lado da menina – que tinha cabelos até a altura dos ombros, ao contrário do menino ao seu lado que não tinha cabelos – Lorena disse:

- Oi.

- Oi. – a menina respondeu.

Lorena olhou para seu pijama. Do lado direito de sua blusa de botões negros, havia uma estrela de seis pontas amarela. Dentro da estrela, a palavra JUDE. Abaixo da estrela, um número: 6542.

A menina olhou para Lorena.

- Você não está com o uniforme. – disse ela.

- Eu sei. – respondeu Lorena, percebendo que o menino ao lado também tinha uma estrela amarela no peito. Todas as crianças tinham uma estrela, mas com números diferentes. – Gostei da estrela.

A menina olhou para a própria roupa.

- É. Também gosto.

- Quem é você? – perguntou o menino. As crianças estavam se aproximando da cama onde Lorena estava sentada. Muitos deles sentaram no chão para poder ouvi-la.

- Meu nome é Lorena. – ela respondeu.

O menino sorriu.

- O meu é Ioshua.

- E o meu é Eliza. – disse a menina.

Outras crianças se aproximaram, apresentando-se.

- Joshua. – disse um garoto.

- Daniel.

- Miriam.

- Benjamim.

- Dalila.

- Davi.

- Elias.

- Raphael.

Depois de ouvir oceanos de nomes, Lorena ficou confusa. Não conseguiu gravar o nome de todos, mas sabia o nome do garoto e da garota ao seu lado: Eliza e Ioshua.

- O que vocês são? – perguntou Lorena, sem saber exatamente por que.

- Somos judeus. – disse Eliza, baixinho, como se isso não fosse bom.

- Judeus? – perguntou Lorena.

- Sim. – disse ela. – Os alemães não gostam de judeus.

- Por quê? – Lorena perguntou novamente.

- Por que somos judeus – respondeu Ioshua.

- Judeus são maus?

- Acho que sim. – disse o menino.

- Ah. – murmurou Lorena. – Vocês não são maus, são?

- Eu não sou mau. – disse Eliza.

- E nem eu. – disse Ioshua.

- Ninguém aqui é mau. – disse Daniel.

Lorena franziu o cenho.

- Então os judeus não são maus. – ela disse.

Eliza concordou.

- Os alemães são maus! – disse ela, quase sussurrando.

- Nem todo alemão é mau – disse Lorena. – Minha mãe tinha um pastor alemão. Ele era bonzinho.

Eliza deu de ombros.

- Talvez. Mas eles nos separaram de nossos pais!

- Por quê? – perguntou Lorena.

- Não podemos ficar junto com os adultos. – respondeu a outra menina.

- Ah.

Eles ficaram em silêncio por um momento. Aquelas crianças pareciam tristes.

Até que Lorena teve uma ideia.

- Que tal a gente brincar? – perguntou ela.

As crianças olharam para a porta do outro lado do quarto.

- Os adultos com armas não deixam. – disse uma menina mais nova que Lorena.

- Mas não tem adultos com armas aqui. – afirmou Lorena.

A menininha olhou novamente para a porta. Parecia ter quatro anos de idade, uma das crianças mais novas.

- É. Acho que não. – disse ela.

- Não fique com medo, Dalila. – disse Eliza. – Eles não vão entrar.

A pequena Dalila sorriu, e Lorena de um salto da cama e tirou o ursinho de pelúcia de dentro da bolsa. Era um urso com pelos fofos da cor de mel e olhos muito escuros.

- Todos vocês vão fechar os olhos enquanto eu escondo esse ursinho. – disse ela. – Quem achar, pode ficar com ele.

As crianças sorriram, empolgadas. Até mesmo os mais velhos queriam participar da brincadeira.

Quando todas as crianças se juntaram e fecharam os olhos – Lorena esperava que todos cumprissem essa regra – ela se afastou e começou a andar pelo grande quarto cheio de beliches. Não havia muitos lugares os quais ela pudesse esconder o ursinho; então, ela se agachou e colocou o urso atrás do pé de uma cama mais afastada das crianças reunidas. Lentamente, ela atravessou o quarto, cortando o caminho entre as camas e fazendo alguns barulhos com os pés para enganá-los. Depois, contou até dez e disse:

- Pronto!

As crianças rapidamente se espalharam pelo quarto, olhando nas camas de cima e debaixo, e embaixo delas. Logo alguma delas acharia e ganharia a brincadeira.

Dois minutos depois, Dalila correu pelo quarto, gritando.

- Achei! Achei!

Nas mãos, estava o ursinho que Lorena havia escondido. A mais nova das crianças fora a mais esperta e procurou no lugar que as outras menos procuravam.

Lorena sorriu para ela.

- Agora ele é seu.

A pequena Dalila abraçou o ursinho, feliz. Seus cabelos eram muito escuros, como os de Lorena, mas seus olhos eram tão negros como os de seu novo companheiro de pelúcia.

- Por que não fazemos isso de novo? – Ioshua perguntou.

Lorena assentiu.

- Agora, eu quero que vocês procurem uma coisa pra mim. – disse ela, tirando uma das chaves douradas da bolsa. –Preciso que vocês achem uma igualzinha a essa.

As crianças não perderam tempo. Novamente, elas começaram a procurar pelo quarto, frenéticas com a simples brincadeira de caça ao tesouro. Lorena também procurava.

Depois de cinco minutos, quando pretendia fazer uma pausa para depois começar a procurá-la de novo, alguém cutucou seu ombro.

Quando Lorena se virou, Eliza balançava uma chave dourada na mão. Ela não tinha percebido antes, mas, no braço da menina – e provavelmente de todas aquelas crianças – havia um número. O mesmo que estava gravado debaixo da estrela amarela – 6542.

- Achei! – disse ela, contente.

Lorena sorriu e estendeu a mão para pegar a chave.

- Obrigada. – disse ela, e a outra menina sorriu de volta.

De repente, as crianças ouviram a porta se abrir. Muitas delas correram para se sentar nas camas, escondendo-se atrás das outras. Dalila apertava seu ursinho contra o peito. Eliza se afastou de Lorena, e Ioshua a puxou para ficar ao seu lado.

Três homens entraram no quarto. Eles não usavam armas, mas apenas o uniforme deles conseguia intimidar as crianças. Todos pareciam com medo, menos Lorena. Será que eles são os alemães?, ela se perguntou.

- Hora do banho. – disse um deles. – Façam fila!

Obedientemente, as crianças formaram uma fila no corredor. Menos Lorena. Os homens não pareciam vê-la, o que era bom. Ela não iria segui-los. Esperaria as crianças tomarem banho para voltar ao quarto, e assim poderiam brincar um pouco mais. Depois, Lorena abriria a porta para ir embora. Ela poderia ir naquela hora mesmo, mas queria se despedir de seus novos amigos.

Por isso, quando o quarto ficou vazio e um dos homens fechou a porta com um estrondo, Lorena se sentou em uma das camas duras e esperou sozinha. Esperou, esperou, esperou. A menina não sabia por que todos tinham que tomar banho de uma vez. Era muitas crianças. Mas talvez o banheiro fosse grande.

Horas e horas pareciam ter se passado, mas elas não voltaram. Então, Lorena percebeu que havia algo de errado. Será que aqueles homens levaram aquelas crianças para outro quarto, onde havia colchões?

A menina então ficou de pé e olhou ao redor, para aquele quarto feio e malcheiroso. Olhou para a porta logo em seguida, apertando a chave dourada que Eliza havia achado para ela. Então, Lorena se dirigiu a ela. Queria ver o que havia de errado com as crianças.

Quando passava por entre algumas camas, ela viu o ursinho que Dalila havia conquistado com a brincadeira. Estava no chão, coberto de poeira, como se estivesse ali há muitos anos.

Lorena dobrou os joelhos e pegou o urso no chão, erguendo-se logo em seguida. Os olhos escuros do ursinho pareciam fitá-la.

- Eles não vão voltar, não é? – ela perguntou.

O ursinho não respondeu. Mas seus olhos negros pareciam responder: Não. Eles não foram tomar banho.

Lorena então o colocou sentado em uma das camas. Caso Dalila voltasse, ele estaria ali. Para a menina, o ursinho parecia triste demais ali, sozinho naquele quarto que estava cada vez mais escuro.

Então, dando as costas para o brinquedo solitário, ela encaixou a chave na porta. Era certo de que não queria ir embora sem se despedir das crianças, mas não havia escolha.

Depois, um pensamento a fez se sentir um pouco menos preocupada. Cada uma daquelas crianças com pijamas lavava uma estrela amarela no peito. E, se estrelas eram anjos que protegiam crianças, os homens maus que as levaram para tomar banho não conseguiriam fazer mal a elas.

Pensando em estrelas, Lorena compreendeu porque aquele quarto de repente pareceu ficar tão escuro.

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