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Capítulo 10 - A flor


A casa não tinha luz elétrica.

Essa foi a primeira coisa que Lorena percebeu ao observar a sala. Ela se lembrava dos dias de tempestade em sua própria casa, quando os trovões faziam sons ensurdecedores e relâmpagos cortavam o céu escuro. Nesses dias, a luz acabava e Lorena ficava horas e horas esperando que voltasse. Sua mãe acendia velas e contava histórias a ela, pois ainda era muito pequena para não temer tanto a escuridão e os sons assustadores que tremiam a janela de seu quarto.

Naquela hora, não havia nenhuma tempestade e nem trovões. Ela viu, com a ajuda das lamparinas acessas, pessoas sentadas no chão do aposento enquanto ouvia-se os aterrorizante sons de tiros e outro som ainda mais alto. Lorena desejou uma tempestade. Ela não sabia direito do que se tratava, mas, além do som de tiros, era possível ouvir as bombas que caiam ali perto.

A casa onde estava era precária, com paredes sujas e o chão irregular. Nas janelas, ao invés de vidro ou madeira, havia papelões. Enquanto sentia o chão estremecer sob seus pés, a menina observou as pessoas ali presentes. Todos estavam calados, a não ser uma criança pequena que não parava de chorar.

Havia seis mulheres e três homens. Os três tinham barbas relativamente longas. Um deles passou a mão em torno de uma mulher, que parecia assustada demais olhando para uma das janelas de papelão. Todas as mulheres usavam um lenço sobre a cabeça, algumas delas tampando o rosto de forma que só aparecessem os olhos.

Apesar de haver nove pessoas, apenas uma especificamente chamou a atenção da menina. Uma figura feminina envolta em um xale azul estava separada dos demais, encolhida num dos cantos da pequena sala. Lorena não conseguiu ver a sua aparência, pois estava escuro demais e a moça tinha o rosto coberto.

A menina pulou de susto ao ouvir mais um estrondo do lado de fora. A criança, que havia se acalmado um pouco, começou a chorar novamente. O barulho de tiros havia parado, mas isso não contribuiu para um clima menos aterrorizador.

Lorena andou com passos lentos em direção à figura no canto da sala. Ninguém a viu quando tropeçou em alguma coisa no chão, mas a mulher no canto da sala sim. A menina ficou vermelha ao fitar os olhos escuros e grandes da moça, que a encarava assustada e ao mesmo tempo surpresa.

- Oi. – Lorena sussurrou, aproximando-se dela.

- Oi. – a moça respondeu baixinho. – Quem é você?

- Meu nome é Lorena – respondeu e menina. – E o seu?

A moça analisou a menina ao seu lado, enquanto mais uma bomba explodia ali perto. As duas se encolheram.

- Zahara – ela respondeu alguns segundos após o barulho.

Lorena se encolheu ainda mais ao lado dela. Seu corpo tremia, mas não era de frio.

- O que está acontecendo? – perguntou a menina. – Por que estão fazendo esse barulho?

- São bombas. – Zahara contou.

- Por que estão jogando bombas? – Lorena perguntou.

Estava escuro, mas a menina pôde ver os grandes olhos castanhos encararem os seus.

- Talibã – Zahara respondeu. – Os Estados Unidos estão atacando a base deles.

Outra bomba explodiu ali perto, e a casa estremeceu. Zahara fechou os olhos com força, mas Lorena não.

- Quem é Talibã? – ela perguntou.

- Não é quem. É o quê. É uma organização militar – explicou Zahara. – Você é criança; não vai entender. Mas todos nós pensávamos que eles nos protegeriam, mas... – outra explosão foi ouvida. – Eu não gosto deles!

- Também não gostei deles. – a menina murmurou. – Mas não são eles que estão jogando as bombas.

Zahara abraçou os joelhos, nitidamente atormentada.

- Não. – ela disse. – São os inimigos dos Talibãs. Os norte-americanos estão furiosos com os ataques de Osama Bin Laden. Principalmente depois do episódio das torres gêmeas.

- Eu nunca aprendi isso na escola. – Lorena disse. – Não gosto de bombas.

A moça riu baixinho.

- Você ainda é muito pequena para aprender essas coisas. – disse Zahara. – Você gosta da escola?

- Sim. – Lorena respondeu. – Gosto muito!

Não era possível ver os lábios de Zahara por baixo daquele lenço, mas Lorena viu seu sorriso refletir em seus olhos.

- Eu também gostava muito da faculdade. – disse ela. – Mas agora eu não posso ir.

- Por quê? – Lorena perguntou. – Por causa das bombas?

Zahara balançou a cabeça.

- O Talibã proibiu as meninas e as mulheres de estudarem – contou ela. – Eles destruíram as escolas.

- Ah! – a menina exclamou, não gostando nada de imaginar sua escola sendo destruída. – O que eles têm contra as meninas?

- Eu não sei.

- Vocês são bruxas?

Zahara observou Lorena, claramente confusa.

- Não. – ela respondeu finalmente. – Eu não sou uma bruxa.

- Ah... – a criança murmurou, tentando entender a situação. O chão da casa tremeu mais uma vez, com menos intensidade. – Se uma bomba cair aqui?

- Se cair, todos nós morreremos. – a moça disse baixinho. – Mas temos que ter fé.

Zahara piscou os olhos. Eles estavam vermelhos, e a menina não queria que ela chorasse.

- Eu não entendo... – Lorena sussurrou, fazendo um bico.

- O que você não entende? – perguntou a moça, com a voz trêmula.

- As pessoas. – a menina respondeu. – As pessoas são más.

- Todos nós somos um pouquinho malvados. – Zahara riu baixinho, fechando os olhos. – Ah, acho que vou tentar dormir um pouquinho.

- Se quiser, pode deitar nas minhas pernas. – a menina sorriu timidamente, erguendo as perninhas. Pela primeira vez, a menina percebeu que estava sem a bolsa que sempre a acompanhava.

- Obrigada, Loreninha. Mas sou pesada.

- Sua cabeça não é pesada. – Lorena devolveu.

Zahara riu mais uma vez e se deitou no colo da menina. O som das bombas recomeçou; cada vez mais próximos daquela casa. A menina e a moça se encolhiam toda vez que parecia atingi-las. Quando percebeu que os ombros da moça sacudiam, reprimindo o choro, Lorena teve vontade de chorar também. Não gostava daquele lugar e nem das pessoas más que explodiam escolas. As bombas queriam destruir essas pessoas más, porém, podiam destruir Zahara e sua família também.

- Não chore. – a criança disse baixinho. – Tenho uma coisa pra você.

Sem pensar, Lorena ergueu a mão vazia. Repentinamente, a rosa vermelha apareceu - aquela que ela tanto havia tomado cuidado. Naquela escuridão iluminada apenas por luzes fracas, a flor parecia brilhar como uma estrela vermelha.

Zahara virou o pescoço, ainda encolhida e com a cabeça na menina.

- É pra mim? – ela perguntou, surpresa.

- Sim. – Lorena disse. – Um dia, minha mãe leu um livro para mim. O Menino do Dedo Verde. Lá dizia: ''as flores não deixam o mal ir adiante''. Essa flor é bonita.

Zahara se levantou e pegou a rosa.

A menina viu lágrimas caindo de seus olhos. A moça apertou delicadamente a flor contra o peito e abaixou o véu que cobria boa parte de seu rosto. Lorena viu seu sorriso pela primeira vez.

- Você é uma menina inteligente, Lorena. – Zahara disse. – Não sei de onde você veio, mas você tem que sair daqui.

- Vou esperar as bombas pararem. – Lorena disse.

- Não há mais bombas. A rosa protegeu a todos nós. – Zahara respondeu, confiante. – Mas você tem mais trabalhos a fazer, minha criança. Você agiu bem aqui. Agora vá.

Lorena se levantou, um pouco confusa. Ela olhou para os lados e depois para a moça novamente.

- Se é a chave que procura, – Zahara continuou. – olhe para trás.

Lorena piscou os olhos várias vezes. De repente, a parede atrás da moça desapareceu, dando lugar a uma enorme árvore. Elas não estavam mais naquela casa escura. Zahara sorria, encorajando a menina. Em volta da moça, várias rosas vermelhas nasciam.

Quando a menina se virou, a família de Zahara desapareceu. Agora, ela estava em um bosque cheio de árvores, troncos caídos e musgos. Uma chave, tão brilhante quanto o sol, estava pendurada em uma árvore. Antes de caminhar até ela, Lorena olhou para trás.

Zahara havia desaparecido, mas as flores não.

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