Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

2. Negação

Ele chamou a atenção de todo mundo. Inclusive do líder, que olhava para mim como se eu fosse um fantasma. Um dos outros integrantes deu um tapa na mão dele, o estalo reverberando por todo o local, destacando o silêncio que se instalou.

A agente interveio nos levando para a foto individual. Raíssa foi toda animada, pulando até eles e ficando no meio. Ela tinha aquele olhar de quem poderia desmaiar de animação a qualquer momento e não fazia nenhum esforço para esconder isso. Quando chegou a minha vez, eu não sabia onde enfiar a minha cara. O coreano que apontou para mim não parava de me encarar, ganhando um cutucão do líder, que estava bem do meu lado na foto, diga-se de passagem.

Atrás da câmera, a agente e a Raíssa queriam me matar. As duas apontavam para suas bocas sorridentes, mandando que eu abra um sorriso também e fizesse um coração coreano com os dedos. E, pelo bem da nossa amizade, obedeci às suas vontades.

Eu podia sentir a tensão do líder à minha esquerda. Quando o fotógrafo bateu a foto, eu me afastei imediatamente. E, com os cartazes em mão, arrastei a Raíssa, que mandava beijinhos e corações para os idols, para fora daquele lugar.

— Ai. Meu. Deuusssss!!!! Eu não acredito no que acabou de acontecer!!!! — a Raíssa exclamou.

— Nem eu.

— Você tem noção do que acabou de acontecer?

— Eu nem queria que tivesse acontecido.

— Ai. Meu. Deussssssss!

— Eu já tô até vendo. Amanhã o Kim vai aparecer bem na nossa porta completamente apaixonado te chamando pra sair.

— Eu nem sei coreano.

— Problema não, você eu te ensino.

— Posso chamar o Uber?

Peguei meu celular.

— Relaxa, o meu raposão vem buscar a gente.

— Eu já falei que não entro em um carro com ele no volante, Raíssa.

— Vai, sim. O Uber é uma fortuna.

— É só até o metrô.

— Que também é caro.

— Só tá arranjando desculpas pra parar no apartamento dele.

— Não tô não.

— Só se você comprar pipoca pra mim.

— Tá.

No pipoqueiro na esquina, eu escolhi o combo mais caro do cardápio. Se eu for morrer, eu vou morrer feliz.

"Uma jovem de vinte anos foi encontrada morta em um carro dirigido pelo namorado da melhor amiga, que já foi acusado de negligência no trânsito e estava prestes a perder a carteira", diria o noticiário na manhã seguinte.

Cinco minutos depois, estava agarrada no cinto de segurança, nem tentando esconder o meu nervosismo. Quem não ficaria quando o motorista do carro mais ancestral da história brasileira fora do ferro velho tivesse a ousadia de beijar a namorada no meio do trânsito. Felizmente, ele parou frente ao desconforto do meu olhar gélido.

Foram uma hora e meia para voltar para casa. Teria demorado 40 minutos de metrô, só falando. O apartamento que eu e mais três amigos da faculdade (amigos da Raíssa) dividimos foi completamente inundado semana passada quando o encanamento do vizinho de cima estourou. Ele ficou dias fugindo de mim até que eu o encurralei nas escadas e o obriguei a pagar pelo conserto e os bens perdidos. Enquanto isso, eu e ela estávamos ficando com a minha mãe, onde Juliano estava levando a gente. Ele sabia o caminho de cor e salteado, aliás já deve tê-lo feito uma quinhentas vezes. Ele e a namorada achavam que eu não sabia que ele invadia minha casa pela janela toda noite. Da última vez, ele errou a janela e foi parar no quarto da minha mãe, depois mentiu para mim onde havia conseguido o olho roxo.

A rua estava deserta e escura, por isso eu me mudei. Tentei trazer a minha mãe comigo, mas ela se recusava a deixar a que os pais deram de herança. Ela diz que um dia será minha. Pode até ser minha, mas eu nunca vou morar em uma casa em um lugar como esse.

Raíssa decidiu ir para casa com Juliano, provando, mais uma vez, a previsibilidade da minha amiga.

— Boa noite — eu disse para Sebastião, o mendigo que mora debaixo da escada do meu prédio, ao passar por ele.

— Boa noite, garota — respondeu.

Bola, sua gata e fiel companheira, também miou. Dentro da escada, o único vestígio de que alguém habitava aquele buraco era o som do rádio velho na calada da noite. Ele guardou o objeto com carinho depois que um cara de terno e gravata jogou nele há mais de dez anos. Não quis vender, era seu único meio informacional e de entretenimento.

Entrando no prédio velho e aos pedaços, um grupo de crianças brincava de super-herói. Depois que um deles viu homem aranha na televisão, era somente disso que eles brincavam. Laura, a mais nova, era a Supergirl, os outros dois meninos, Mario e Mariano, gêmeos, se revezavam entre o Batman e o Superman, e João, o mais velho, era sempre o Homem Aranha, não deixava que ninguém ocupasse seu lugar.

A minha mãe morava no último andar. Os pais dela eram vizinhos e, quando se casaram, juntaram os dois apartamentos em um só. Por isso tínhamos a maior casa do prédio. Durante a minha infância inteira, eu achava completamente normal que meus pais vivessem separados, mesmo que estivessem no mesmo apartamento. Na metade da sala, uma estante dividia o canto dos dois. À direita, minha mães decorou a casa do jeito que queria, eu tinha um quarto rosa e uma cama de lençóis roxos; à esquerda, meu pai fez questão de fazer nada. As únicas coisas que tinham do seu lado eram um sofá, uma televisão, uma mesa de jantar, um banheiro, uma cozinha e duas camas, uma para mim e outra para ele. Mais tarde, descobri que era porque ele não precisava, passava o dia inteiro no trabalho ou na casa da amante.

Um dia, perguntei para a minha mãe porque ela não pedia o divórcio. Ela respondeu que havia feito um voto no dia do casamento, mesmo que papai tenha jogado todos eles pela janela. Na verdade, acho que era porque ela não conhecia outra vida, nunca passou mais de um mês solteira desde os dezesseis anos e casou-se cedo, ainda na faculdade.

— Cadê a Raíssa? — minha mãe perguntou assim que eu entrei pela porta.

Ela estava sentada na sua metade do tapete cercada de papéis.

— Foi pra casa do Juliano — respondi.

— Se ela aparecer grávida, eu é que não vou contar pra mãe dela.

— Ela não vai aparecer grávida, mãe.

Eu conhecia o Juliano, ele não deixaria ela grávida. Até porque a Raíssa me contava tudo que faziam, tudo. E, definitivamente, ele não engravidaria ela.

— Tem macarrão — ela disse e apontou para a geladeira.

— Quem fez?

Ela era um desastre na cozinha, não podia ter sido ela.

— Seu pai.

— Quando ele veio?

— Quando estavam fora. Ele deixou uma caixa no seu quarto.

Na casa dele.

Decidi que pegaria amanhã. Primeiro, o macarrão.

Na manhã seguinte, Raíssa apareceu em casa às 5 da madrugada. Ela era uma pessoa matutina, o completo oposto de mim. Nem precisei lembrá-la disso quando decidiu fazer suco de laranja, minha mãe já havia saído do quarto e jogado uma almofada nela. Quando eu finalmente consegui pegar no sono, meu despertador tocou. Dessa vez eu não podia jogar uma almofada nele.

Rapidamente coloquei uma calça moletom e um sutiã esportivo, saí de casa com uma mochila com livros e o uniforme do trabalho. Era o que dava passar para a UFF no fim do mundo (eu deveria ter ido para a UERJ).

— Já vai? — Raíssa perguntou, o suco de laranja que conseguiu fazer antes do ataque em sua mão.

— Sim.

— Não vai comer?

— Eu como no caminho.

— Come direito, hein.

— Tá, mãe.

Saindo do apartamento, eu bato de frente com Samuel, o advogado do prédio, com seu cão de guia. A Raíssa chama ele de cosplay de Demolidor.

— Bom dia.

— Isso é hora de chegar em casa, mocinha?

— São seis da manhã, Sam.

— Mentira. Por que o cachorro não disse nada?

— Tchau, Sam.

— Pode passar na padaria na volta, por favor?

— Pão de milho?

— Isso. Obrigada, anjo.

Descartando completamente a minha conversa com a Raíssa, fui na Americanas Express na esquina da minha casa para comprar um biscoito.

— Senhor, já falei que não temos! — Tatiana, a atendente da loja, gritou enfurecida com um homem de boné e moletom.

De vez em quando, eu penso em como ela ainda tem um emprego. Pode-se dizer que ela não é a pessoa mais simpática do mundo.

O homem de boné gritava em coreano. Raíssa me fez aprender um pouco da língua de sua banda favorita. Entendi isso, por que e senhora. Infelizmente, eles estavam bem na sessão de biscoitos, quando ela me viu, disse:

— Sarah, chama os seguranças.

— Que seguranças? — perguntei.

— Sei lá, pensei que isso espantaria ele.

Foi quando eu me aproximei dele e consegui ver seu rosto. Minha boca abriu-se em um perfeito "o" e minha mente dividiu-se entre correr e chamar a Raíssa ou sair andando dessa loja, cair na realidade e admitir que nunca poderia ter sido o Byeong na Americanas Express em Pilares.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro