🧸Chapter 04🧸
⚠️ATENÇÃO: O capítulo contém violência física e menção a abuso sexual⚠️
E no final, a única coisa que restou foi a escuridão de uma nuvem fria
Tem uma regra diz que todos os relacionamentos devem chegar ao fim, nunca! Jamais!
Seja como for essa regra, eu quero quebrá-la
Eu olho para trás hipnotizado por você
(Let me know - BTS)
O medo corria em suas veias. Jimin tinha se despedido de Jungkook no hospital, beijou a bochecha de sua mãe e saiu correndo assim que viu os ponteiros do relógio.
Parado em frente a casa, respirou fundo. Conseguia ver a luz da sala acesa, seu tio provavelmente já estava ali, poderia estar dormindo no sofá na melhor das hipóteses, caso contrário, estaria esperando-o para repreendê-lo.
Olhou para os lados, as ruas estavam silenciosas, nenhum carro passava por lá, significando que caso algo acontecesse, ninguém estaria ali para socorrê-lo. Apertou as mãos contra as alças da mochila e abriu a porta única. Como o esperado, lá estava seu tio.
— Esqueceu-se que mora aqui? – Perguntou. Estava virado de costas, mas sabia que era o sobrinho pelo som estridente das dobradiças. – Quem lhe deu permissão para não voltar ontem e chegar tarde hoje?
Jimin gelou ao pensar em responder. O homem sabia muito bem que a culpada era sua esposa, mas a voz falhada do adolescente para responder soava muito melhor.
— F-Foi... – Tentava inutilmente formular a frase, mas simplesmente não podia terminá-la. Ver sua tia escorada contra o batente da porta de seu quarto enquanto segurava uma bolsa de gelo contra o rosto o impediu de continuar a falar. – Foi minha! Saí sem aviso, eu...
Park sentiu um forte impacto contra seu rosto, seu tio acabara de acertar um soco em seu nariz. Levou a mão até o rosto e percebeu o resquício de sangue que começava a escorrer, limpou-o antes que chegasse à boca.
— Desgraçado! Pensa que tem algum idiota aqui?! – Woon-Soo berrou, seu rosto ganhando a coloração vermelha de raiva. – Além de decepcionante é mentiroso?! Você não passa de um nada Park Jimin!
Uma lágrima solitária desceu por sua bochecha ao ouvir tais palavras, se julgava acostumado a ouvi-las, mas ainda assim doía. Quando a próxima lágrima ameaçou escorrer, foi arrancada por um tapa.
Seu rosto virou bruscamente pelo impacto e Jimin sentiu o ardor se espalhar. Se sentia humilhado e fraco. Sua tia com certeza admitiu a culpa, estava claro em como ela sofria em ter que assistir ao sobrinho sofrendo, mas mal tinha força nas pernas para ir ajudá-lo. Chang-Min sentia o coração despedaçar a cada vez que ouvia mais um tapa ser desferido contra o rosto bonito de seu sobrinho, chorou silenciosamente quando viu o marido segurar rudemente o braço de Jimin e o arrastar para o quarto.
A partir do momento que passasse a chave na porta, Chang-Min teria certeza de que o sofrimento pioraria.
O som dos gritos agonizavam Chang-Min de modo inexplicável. Podia ouvir algo batendo contra a parede, tinha certeza de que era a cabeça do sobrinho sendo rudemente empurrada. As lágrimas escorriam abundantemente enquanto se encolhia cada vez mais contra o piso do banheiro.
Cada parte de seu corpo ardia, sentia os arranhões contra o tecido da blusa e a ardência no rosto beirava o insuportável. Mais um dia ela não conseguiu ajudar seu sobrinho, o garoto de sorriso tão belo estava sofrendo e era tudo sua culpa. Se sentia uma péssima tia, uma péssima mulher, seu adorável menino não merecia nada daquilo, mas mesmo estando farta de tudo, mal tinha forças para sustentar o corpo de pé. Se enfrentasse o marido tudo seria pior, ficaria ainda mais machucada, ou pior.
Quando enfim o silêncio reinou, tentou respirar fundo. Ainda estava no banheiro, mas conseguiu ouvir o ranger da porta do quarto do sobrinho, os passos pesados do marido ecoavam alto pela casa. O silêncio reinou novamente apenas no momento que a porta de seu quarto foi batida com força, não poderia mais entrar ali para dormir naquela noite.
Perdida em pensamentos e mais lágrimas, Chang-Min não percebeu quando o garoto entrou no banheiro. Ele não conseguia se manter de pé sem o auxílio das paredes, a marca das cintadas estavam expostas por todo o corpo, bem como alguns hematomas que provavelmente foram causados pelos punhos de Woon-Soo. A cena fez com que o coração da mulher se apertasse de modo que a deixou sem fôlego.
— Tia... me ajuda... – Pediu ele. O corpo tremia, os olhos estavam vermelhos e a dor era mais que visível em seu rosto.
Se levantando do chão sujo, Chang-Min andou o mais rápido que conseguiu até o sobrinho, pegou em suas mãos e o conduziu até o chuveiro.
Jimin usava apenas a cueca, com certeza a colocara no mesmo instante que Woon-Soo saiu do quarto. Chang-Min ligou o chuveiro e viu que a água gelada descia quase em escassez. Não sendo a primeira vez que teria que ajudar o sobrinho a tomar banho, teve de retirar a única peça que cobria seu corpo maltratado.
Assim que a água tocou a pele pálida de Jimin, foi impossível conter as lágrimas. Chorava pela dor, pelo acontecimento de minutos atrás, por sua tia. A vontade de gritar o consumia e os soluços já tinham deixado de ser baixos, a pressão que existia em seu peito apenas aumentou e ele sentiu que poderia morrer ali mesmo.
Estava tão cansado de tudo. A cada dia que passava seu medo crescia, a vontade de chorar era contínua e a ideia de fugir de tudo aquilo lhe parecia tentadora demais, mas para onde iria? Como ficaria sua tia? Não pode simplesmente abandonar a mulher que cuida de si como um filho próprio, se sentia na obrigação de salvar a mulher. Ela merecia, mais do que ninguém, uma vida digna, longe de todos esses malditos problemas, longe de todo o sofrimento. Sua tia merecia uma vida feliz, cheia de amor e esperança.
Ardia em sua alma saber que jamais seria possível isso acontecer.
Quando seus pais faleceram naquele acidente deplorável, foi ela quem o acolheu, que abriu seus braços e prometeu cuidado, o sustentou no dia do funeral, que disponibilizou o ombro e o deixou ser banhado por suas lágrimas. Foi Chang-Min que retirou do próprio prato para dar de comer ao sobrinho, que fez questão de doar tudo o que tinha de si para a felicidade do moreno, que tentou de todas as formas arrancar um belo sorriso seu mesmo quando o dia estava nublado de sensações ruins.
Chang-Min era o anjo na Terra mais belo e puro que poderia existir, e Park Jimin se sentia honrado em ter a mulher ao seu lado, mas sentia o peso da culpa em não poder ajudá-la em nada. Ela sofria tanto em seu lugar e ele sequer conseguia denunciar o próprio tio, um homem deplorável que estilhaçou os últimos pedaços de sua família.
Dispensou o toque do alarme assim que o som estridente chegou aos seus ouvidos. Não sairia da cama naquele dia, não tinha vontade de nada para dizer a verdade. A ideia de encontrar seus amigos e lhes entregar um sorriso era insuportável, não aguentaria um segundo antes que se desmanchasse em lágrimas.
Sua tia sequer o repreendeu, ela também não iria ao trabalho. Ligou para o chefe e disse que teria que cuidar do sobrinho doente, não era completa mentira.
Assim que o desprezível homem atravessou a porta de casa, deixando-os livres de sua presença. Chang-Min se apressou para preparar um mingau para seu menino, levaria até sua cama, sabia que as dores de seu corpo foram intensificadas na passada da noite.
— Olá, querido.Trouxe mingau. – "Olá", nada de "bom dia", seriam palavras vazias e sem sentido de serem desejadas para ele, para qualquer um deles.
— Obrigado, tia Chang. – Ele agradeceu. Se forçou a levantar o tronco nu, não vestiu camiseta alguma depois do banho, o tecido grudando em seu corpo machucado e melado de pomada não o apetecia, preferiu se manter longe de incômodos, mesmo com a dor invisível e intocável que lhe consumia ao ter cada parte ferida fisicamente exposta para ele e para sua tia.
Com o prato fundo em mãos, Jimin assoprava cada colherada antes de engolir o café da manhã. Sempre elogiou sua tia por preparar o melhor mingau de aveia que já comeu em sua vida. Chang-Min ainda estava sentada na beirada da cama do sobrinho e observava com carinho cada pouquinho de comida que ele comia, estava grata por saber que tinha apetite naquela manhã.
Houve momentos, logo após ser espancado pelo tio, que o Park perdia toda e qualquer fome, ignorava o café da manhã e dispensava o almoço, se tivesse um pingo de apetite de noite, o máximo que conseguia comer era uma maçã. A preocupação brilhava nos olhos da mulher toda vez que via seu menino se negando a comer, um sentimento vazio acometia seu peito e a sensação era a mesma de ter alguém arrancando seu coração com as mãos.
Jimin, muitas vezes, não usava roupas largas somente pelo conforto de poder se mexer como quiser, usava principalmente para tornar nulas as chances de alguém descobrir algum hematoma que ainda não foi curado ou então para encobrir a perda de peso.
Taehyung sempre lhe perguntava preocupado sobre o que estava acontecendo quando as bochechas, antes cheias de vida - por aparência - aparentavam estar menores. Sempre inventava enjoos para aquilo, usou tantas desculpas assim que não se importou de mentir e dizer que era um mal estar que o acometia desde que era pequeno.
"— Eu tomo remédios regularmente para isso, mas acaba acontecendo vez ou outra. Não precisa se preocupar Tae, vai passar."
Foi tanto tempo o dizendo que Taehyung simplesmente parou de perguntar. "É normal", ele insistia. O melhor amigo agora só desejava melhoras quando percebia o rosto mais magro que o normal. E por um curto período de tempo, Jimin desejou que o amigo continuasse perguntando, continuasse se preocupando e que o fizesse falar uma hora ou outra sobre a verdade, que aquilo não era uma doença, que jamais existiu uma doença e que ele precisava de ajuda, precisava de alguém porque se sentia sozinho e sujo, queria que alguém fizesse carinho em seu cabelo enquanto chorava e que o amasse independente de tudo, alguém fora de sua casa e que pudesse ajudar, pudesse gritar por policiais e que pudesse finalmente mandar o filha da puta para uma cela para que apodrecesse na cadeia. Mas Taehyung não mais perguntou, e Jimin logo descartou a ideia de lhe contar tudo, como poderia colocar seu melhor amigo no meio de toda bagunça que era sua vida? Não podia arriscar a vida dele lhe dizendo a verdade. Jimin descartou o desejo e seguiu mentindo desde então. Nenhum outro aluno o perguntava, ouviram a mentira xula e acreditaram na palavra dele.
Quando terminou de tomar todo o mingau, raspando cada restinho que ficara no fundo. Jimin entregou o prato para a tia e a assistiu se levantar para lavar a louça suja. Respirou fundo e aguardou, sabia que ela voltaria para verificar suas feridas, uma por uma. Ela as olharia, limparia e faria todo o medicamento necessário novamente, então deixaria um beijo sobre sua testa e o deixaria descansar pelo resto do dia. Provavelmente não o chamaria pela tarde também.
Olá meus amores! Como estão? De férias já? O que acharam do capítulo? Estavam com saudades? Me atualizem, eu quero saber ksksksk
Felizmente entrei de férias e ficarei um tempinho em casa. Fico feliz em poder voltar a postar mais um capítulo de MNP para vocês, acabei de terminar de escrever ele e mal pude esperar até amanhã para postas.
Gostaria de me desculpar pelo sumiço, bem como gostaria de esclarecer o motivo por essa demora quase eterna para atualizar a história. Ultimamente com todas essas aulas remotas, eu simplesmente não consigo mais ficar na frente do computador, o que antes era normal e até meu momento de relaxamento, se tornou chato e insuportável. Ficar na frente da telinha o dia todo me cansa e acabo procurando qualquer outra coisa para fazer.
O fato de que agora também tenho que escrever uma redação toda semana, me forçando a escrever, fez com que eu descartasse passar meu tempo de descanso escrevendo um novo capítulo. Sei que é um compromisso meu com vocês, meu amor pela escrita não acabou, de modo algum, sequer vou deixar de escrever, mas precisava de um tempo sem esse peso nas costas, longe do computador e as vezes até da internet.
Não prometerei que voltarei rápido com o próximo capítulo e eu espero que entendam, o que posso prometer é que voltarei o quanto antes, assim que possível eu postarei mais um capítulo para vocês. Agradeço a compreensão e espero que vocês não desistam de mim.
Beijos da Luh, até a próxima 💕🧸
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