🧸Chapter 03🧸
Estou procurando um lugar
Estou em busca de um rosto
Há alguém aqui que eu conheça?
Porque nada está dando certo
E tudo está uma bagunça
E ninguém gosta de ficar sozinho
(I'm with you - Avril Lavigne)
Taehyung analisava cada movimento que Jimin fazia durante o desjejum, ainda estava preocupado com o pesadelo que seu amigo tivera durante o sono. Entendia o fato de não querer compartilhar sobre o que sonhara, mas isso não acobertava o fato de que foi aterrorizante ouvir a voz quebradiça repetir "não" diversas vezes, vê-lo mexer a cabeça de um lado para o outro, claramente desconfortável com a situação que passava por sua cabeça, sua preocupação apenas aumentou quando Jimin levou suas mãos para as próprias coxas e passou a arranhá-las.
O Kim já conhecia o melhor amigo há muito tempo para saber que aquela era uma de suas piores manias: machucar a si mesmo quando está muito nervoso. Sempre tentou ajudar quando via que, involuntariamente, ele começava a arranhar as pernas ou braços, formando enormes vergões na pele clara e macia.
Jimin sabia da preocupação alheia, mas estava fazendo o possível para permanecer calmo, como se nada tivesse acontecido. Não gostava da sensação dos olhares preocupados, o fazia se sentir ainda mais fraco...
Sra.Kim preparava o café da manhã para as crianças enquanto os dois adolescentes decidiam o que comeriam dentro da pouca variedade que havia sobre a mesa. Taehyung não pensou muito antes de pegar um pão e um pedaço de bolo, encheu um copo de suco e se sentou, sem nunca retirar os olhos do melhor amigo.
Apesar de a mesa não ser como as dos filmes, Jimin ainda teve que olhar minuciosamente para cada pequena coisa que tinha ali, pois não era sempre que tinha um café da manhã tão variado em sua visão. Para não deixar Taehyung ainda mais desconfiado por sua demora, decidiu pegar o mesmo que ele para comer.
O desjejum foi rápido, todos precisavam ir para a escola, bem como a mãe precisava ir para o trabalho:
— Tenham um bom dia meninos! – Disse sra.Kim enquanto arrumava a calça torta de Ji-Young.
— Obrigado! – Taehyung disse antes de deixar um beijo na bochecha da mãe e fazer um leve carinho na cabeça dos irmãos mais novos.
— Espero que tenha um bom dia sra.Kim! – Jimin exclamou antes de abraçar os três em despedida.
— Venha mais vezes Jimin, você faz falta! – A mãe disse, não sabia quando ele voltaria, mas esperava que não fosse demorar muito.
— Prometo que vou tentar!
Era a verdade, Jimin tentaria. Talvez pudesse conversar com a tia e ir na casa do melhor amigo mais vezes, nas quartas-feiras se possível. Sabia que seria difícil, principalmente sabendo que sem ele em casa, seu tio descontaria ainda mais na mulher e ele não queria isso.
Taehyung sempre andava até a escola, dessa vez, por ter a companhia do melhor amigo a caminhada foi ainda mais rápida. Taehyung sempre puxava um assunto diferente a cada minuto, sabia que Jimin não estava confortável desde o momento que acordou. Forçá-lo a falar de algo que claramente não queria machucava Taehyung só de pensar.
Quando avistaram o edifício da escola, apressaram o passo sem pensar, não demorando muito para chegar no gramado verde. Ainda faltava alguns minutos para o sinal de início das aulas bater, mas mesmo assim os dois resolveram ir para a sala de aula, lugar este que estava quase vazio, ocupado apenas por alguns alunos que conversavam em carteiras mais distantes.
Jimin observou ao longe dois outros melhores amigos que sempre chamaram sua atenção: Jeon Jungkook e Jung Hoseok, os dois eram bem conhecidos por serem extremamente bonitos, inteligentes e talentosos, porém Jimin nunca falou com nenhum dos dois, apenas apreciava de longe o carinho que tinham um pelo outro. Sorria ao saber que mais alguém tinha um "Taehyung para seu Jimin" no mundo.
— Nunca entendi porque nunca falou com eles. – Disse seu melhor amigo enquanto colocava sua bolsa atrás da carteira e já preparava os cadernos que usaria naquele dia.
— Sabe que eu não sou muito bom com novas pessoas, prefiro minha amizade com você. – Jimin disse, a sinceridade com que proferiu tais palavras esmagou o coração de Taehyung. O Kim sabia que seu melhor amigo não conversava muito com novas pessoas, raramente fazia novas amizades e nunca desgrudava de si, isso fazia seu coração doer ao ver que Jimin não conhecia novas pessoas ou explorava o mundo.
— Ainda acho que deveria tentar conversar com eles – Respondeu depois de jogar os cabelos para trás e levar seu olhar para a dupla de amigos ao fundo da sala. – Hoseok é muito bonito...
O suspiro ao final daquela frase chamou a atenção de Jimin, seu amigo raramente suspirava depois de dizer que alguém era belo e aquilo chamou a atenção de Jimin no mesmo instante, esquecendo-se de tudo o que falaram nos últimos momentos.
— Desde quando gosta dele? – Perguntou já puxando uma cadeira próxima para se sentar, levou o tronco do corpo para frente e analisava cada expressão do melhor amigo.
— O que?! – Taehyung falou um pouco mais alto que o usual e acabou chamando a atenção dos colegas de sala, inclusive dos dois amigos que eram o assunto do momento. – Eu não gosto dele... eu acho.
O Kim achava Hoseok muito bonito e o garoto vinha chamando sua atenção há boas semanas, mas isso não significava que ele gostava dele, certo? Nunca nem trocou palavras com o garoto.
Já do outro lado da sala, Jungkook e Hoseok ainda mantinham seus olhares nos dois amigos, espantados por Taehyung ter quase gritado justo quando ele era o centro da conversa dos dois.
— Por um segundo eu achei que ele tivesse te ouvido quando elogiou até o último fio de cabelo dele. – Jungkook disse baixo enquanto deixava de olhar para os dois e se voltava unicamente para o melhor amigo, este que ainda estava de olhos arregalados pelo susto.
— Nem me fale, meu coração nem voltou a bater ao normal ainda... – Falou enquanto levava a mão em direção ao peito, facilmente sentindo o desespero de seus batimentos cardíacos.
Hoseok era um pobre apaixonado por Kim Taehyung. Sua paixão já durava um ano, mas nunca teve coragem de ir conversar com o garoto que roubava seus suspiros e o tirava noites de sono ao se lembrar em como ele era magnífico.
O Jung era um belíssimo jovem de cabelos castanhos, seus olhos transmitiam as melhores sensações e era conhecido por muitos como "Sol" por seu brilho fascinante. Andava sempre acompanhado de seu melhor amigo, Jeon Jungkook, os dois eram inseparáveis.
Jungkook, muito conhecido no colégio por ser um dos garotos mais bonitos, tinha cabelos negros juntamente com seus olhos, era capaz de refletir toda a galáxia neles quando estava feliz. Seu sorriso chamava a atenção de todos por ser contagiante e fofo.
As pessoas gostavam dos dois, bem como gostavam de Taehyung e Jimin. As amizades transmitiam tanto amor e tanto carinho que era impossível não observar quando algum deles estava por aí.
Hoseok, para disfarçar, resolveu ficar olhando para o melhor amigo, mas ainda assim virava de vez em quando para observar aquele que julgava "o homem mais bonito do mundo", porém seu momento de admiração foi interrompido quando o professor entrou na sala. Todos os alunos deixaram as conversas de lado e foram para seus respectivos lugares, dando início a mais um dia repleto de aulas, desta vez sem muitas brechas para um momento livre ou com os amigos, fazendo com que o dia fosse maçante e cheio de deveres.
Jungkook caminhava pelo pátio da escola até chegar na saída, muitos alunos já tinham ido embora e ele foi um dos últimos a sair. Apenas esperava pelo carro do pai, este que prometeu que o buscaria antes de voltar para o trabalho. O pequeno Jeon cumprimentava àqueles que ainda estavam por aí, lançando um sorriso simpático e fazendo juz ao seu apelido: popular calado.
Aquele não era um apelido que Jungkook gostava muito, com certeza não, felizmente aprendeu a ignorar a maioria das coisas que falavam por aí, muitas vezes eram mentiras mesmo, como por exemplo quando uma garota espalhou para todas as turmas que ela e Jungkook estavam namorando, ainda era um momento marcante na memória do menino quando recebeu as parabenizações em uma manhã de segunda-feira, ficou confuso com o acolhimento, até porque não era seu aniversário. Ficou furioso quando descobriu sobre a mentira, teve que desmentir para cada pessoa que fosse falar com ele e até mesmo ter uma conversa pessoal com a dona de toda aquela mentira, aquele dia foi mais que estressante para o adolescente.
Foi com o tempo que todos aprenderam sobre Jungkook: um garoto que não gostava de sair e preferia mil vezes a companhia de um bom amigo do que estar envolto por milhares de pessoas que mal sabia os nomes, foi quando a percepção da realidade atingiu os alunos que eles passaram a apreciar com afinco a amizade que o jovem Jeon tinha com Hoseok. Era quase impossível vê-los separados, sequer sabiam se existia rixas entre os dois, momentos de discórdia e brigas bobas.
Depois de esperar por alguns minutos, Jungkook logo ouviu o som de uma buzina e o atrito audível dos pneus contra o asfalto. As janelas do carro se abriram, deixando o rosto de Jeon Feng à mostra.
— Vamos? – Chamou o pai e Jungkook não tardou em entrar na Mercedez.
Jeon Feng era muito conhecido na cidade por ser um excelente médico, cuidava de diversos pacientes diariamente e era o mais requisitado em cirurgias cardíacas, trabalhava em outras cidades de vez em quando, mas nunca deixou sua família de lado por conta do trabalho, esta era uma das características mais marcantes no médico: seu amor incondicional pelo próximo, ajudava a todos e nunca deixava alguém de lado, sentia compaixão até por uma mísera formiga, perdoava àqueles que erravam e nunca deixava seu respeito de lado, não foi difícil conquistar o país todo depois que se mostrou um ser humano fantástico.
Jungkook nunca deixou de olhar o pai com admiração, sonhava em ser 1% daquilo que ele era, este era um dos motivos para que ele acompanhasse o progenitor até o hospital quando possível, visitava velhos pacientes e sempre conhecia novos, aprendia um pouco mais a cada dia que ia até o trabalho do pai.
— Hoje eu tenho uma cirurgia marcada, não vou conseguir te acompanhar pelo hospital, ficaria chateado em visitar os pacientes sem mim? – Feng perguntou logo depois de deixar um beijo no topo da cabeça do filho e logo dar a partida em direção ao hospital.
— Claro que não, pai. É muito mais divertido jogar xadrez com o sr.Bae quando você não sopra os movimentos para ele!
Feng deu risada com a confissão do filho, sabia que ele era muito apegado ao senhor e não podia deixá-lo longe, bem como sabia o bem que fazia as visitas de seu filho para aquele senhor tão solitário, era extremamente gratificante ver o sorriso de Bae quando seu filho entrava em seu quarto.
O trajeto até o grande hospital não foi demorado, as ruas estavam tranquilas e o som do carro foi animador durante o percurso. Quando chegaram até o estacionamento, Jungkook já arrumava sua mochila, retirando aquilo que não usaria para levar somente aquilo que de fato precisaria naquelas horas que ficaria no hospital. O pai esperou que Jungkook estivesse pronto e logo os dois entraram na grande área de recepção.
A maioria dos funcionários já conhecia Jungkook, todos gostavam da companhia do garoto e sempre achavam estranho quando ele não comparecia ali em alguma semana.
— Boa tarde dr.Feng, boa tarde Jungkook. – Cumprimentou a secretária educadamente antes de atender uma mulher que chegou junto deles.
Dr.Feng sempre almoçava no restaurante próximo enquanto Jungkook esperava para poder comer com sr.Bae. Ele deixou um rápido selar na bochecha do pai antes de disparar na direção do quarto tão conhecido por ele, uma enfermeira que passava pelo corredor já reconhecia-o e fez questão de deixar uma nota mental para pegar mais uma badeja antes de ir até o quarto do senhor.
— Toc Toc! – O adolescente brincou enquanto já abria a porta branca que dava visão direta ao quarto simples do hospital, conseguia enxergar apenas os pézinhos descobertos de sr.Bae, este que assistia à televisão antes do almoço.
— Menino Jeon! – Exclamou ele, um sorriso grande se formou em seu rosto e ele não tardou em levantar as costas antes de sair vagarosamente da cama para caminhar até Jungkook e abraçá-lo com toda sua força.
Jungkook sempre ficava preocupado quando ele andava daquele jeito, lembrava-se da primeira vez que o viu se levantando para abraçá-lo, Jungkook quase caiu ali mesmo, mas logo foi avisado por uma das enfermeiras que sr.Bae estava indo à fisioterapia e que era ótimo ter uma motivação para se levantar por conta própria, nem que fosse para dar um singelo abraço, este que era recebido com todo o amor por Jungkook, ele conseguia sentir com intensidade todas as emoções do senhor quando sentia aqueles braços magrinhos cincundarem seu tronco.
— Sentiu minha falta? – Perguntou enquanto se separava do senhor e já o ajudava a voltar para a cama.
— Isso é pergunta a ser feita? Acredito que a resposta seja bem óbvia. – Sr.Bae tinha um sorriso no rosto e seus olhos estavam brilhantes enquanto observava o adolescente tão cuidadoso.
Voltou para a cama, desta vez sem se deitar. Ele admirava cada passo cuidadoso que Jungkook dava, desde se afastar de si até deixar sua bolsa sob uma poltrona do quarto.
— Trouxe nosso jogo favorito! – Avisou Jungkook, ele partiu para o banheiro lavar as mãos. – O que acha de uma partida depois do almoço?
— Acho perfeito, vou adorar ver sua cara quando eu ganhar com um belo xeque-mate! – Sr.Bae ouviu a torneira do banheiro ser fechada, impedindo o fluxo de água para logo depois ouvir o ranger da porta.
— Que engraçado, mas saiba que não vai ter a ajuda de meu pai desta vez!
Jungkook poderia ser considerado como alguém deveras competitivo, não conseguia aceitar uma derrota facilmente e só abria uma exceção para aquele senhor em específico. Sr.Bae soltou uma gargalhada ao se deparar com uma curta carranca feita por Jungkook ao se imaginar perdendo a partida, os dois foram interrompidos quando a porta do quarto foi aberta e de lá surgiu uma das enfermeira carregando um carrinho com o almoço de todos os pacientes e seus respectivos visitantes daquele andar.
— Boa tarde! – Ela cumprimentou sorridente, caminhou cuidadosamente até os dois e preparou a pequena mesa para que conseguissem comer juntos, logo deixando duas bandejas juntas de dois copos de suco natural. – Tenham um bom almoço!
— Obrigado! – Jungkook e sr.Bae, depois de tanto tempo juntos já estavam sincronizados de certa forma, sempre falando ao mesmo momento e realizando os mesmo gestos sem planejamento, apenas realizavam de modo natural.
Assim que a enfermeira saiu do quarto para continuar a entrega do almoço, o menino Jeon retirou os talheres seus e do senhor dos plásticos, levantando-se para jogá-los fora antes de arrumar sr.Bae corretamente para a refeição. O gesto foi agradecido com o sorriso.
— Vamos comer!
Em outro quarto daquele mesmo andar, Jimin estava sentado ao lado da cama da mãe enquanto observava a mulher dormir serenamente. Ele já tinha almoçado e acabara de ajudar as enfermeiras com os remédios da progenitora, fazendo com que ela caísse no sono depois de alguns minutos, levando ao momento de agora onde ele hesitava em pegar na mão da mais velha, ela aparentava estar tão frágil que Jimin tinha receio de quebrá-la caso apertasse sua mão sem o mínimo esforço.
Sua mãe estava magra, certamente mais pálida e seu cabelo já não tinha o mesmo brilho de antes. Ver a mulher que antes era sua maior admiração naquele estado machucava o peito de Jimin de tal forma que sequer há palavras para descrever o sentimento nefasto.
Levou seus olhos para o canto do quarto e observou sua mochila, precisava de algum passatempo. Lembrou-se do livro pego na biblioteca e foi buscá-lo, não foi difícil encontrá-lo dentro da bolsa, o tinha guardado com muito cuidado.
Jimin voltou para o mesmo lugar de antes, observou sua mãe com profundidade no olhar e respirou fundo antes de começar a ler:
— "Quando eu tinha seis anos, vi uma ilustração fantástica de um livro sobre florestas virgens..."
O livro de texto envolvente trazia consigo algumas ilustrações, ficara indignado quando ninguém viu a jibóia. Os adultos são realmente tolos, não conseguem ver o mundo da mesma maneira que as crianças, Jimin se identificou com parte daquele texto, há muitas perspectivas suas que diferem aos adultos.
Deu uma pausa na leitura quando sua mãe movimentou lenta e minimamente a cabeça, o livro já não prendia mais sua atenção. Colocou-o de lado e voltou a observar a mulher, o rosto pressionado contra o travesseiro branco, o fino cobertor que cobria seu corpo, a respiração calma e vagarosa, qualquer mínimo detalhe era observado e apreciado pelo adolescente.
Assustou-se quando ouviu passos no corredor, a porta foi aberta e teve a visão de um garoto conhecido.
— Olá... – Cumprimentou o visitante. Jimin o olhou de cima a baixo, o que Jeon Jungkook estava fazendo no quarto de sua mãe? - Jimin, não é?
Aquela pergunta não era necessária, os dois sabiam disso, mas não foi algo capaz de impedir a cordialidade.
— Sim, sou eu. – Respondeu enquanto se levantava para um leve curvar em cumprimento mais formal. – Jungkook, certo?
— Certo – O Jeon respondeu e deu-lhe um sorriso mínimo que não deixava os dentes aparentes. – Como ela está?
Jimin ficou confuso com a pergunta feita, como ele conhecia sua mãe? O que queria ali? Deveria mesmo respondê-lo?
— Ela está... como sempre. – Respondeu enquanto voltava os olhos para sua mãe novamente, Jungkook fez o mesmo ato e observou a mulher já um pouco conhecida por si, se aproximou devagar do colega de sala e de sua mãe.
— Deve estar confuso, mas eu sempre venho para o hospital junto de meu pai. Costumo passar as tardes com alguns pacientes, sua mãe era uma delas, quase nunca estava acordada quando eu vinha vê-la e você também já não estava mais aqui.
— O que costuma fazer quando vem aqui? – Se interessou pelo moreno, não sabia que sua mãe recebia visitas além de si, saber que tinha mais uma companhia enchia seu coração de felicidade. Detestava deixar a mulher sozinha.
— Leio, às vezes estudo... costumo conversar um pouco com ela também, eu nunca tenho resposta, mas ainda assim...
— O olhar dela mostra compreensão. – Jimin completou a fala do menino, viu o olhar ser direcionado para si no mesmo momento em que ele balançava a cabeça assentindo.
— Sim, era exatamente isso que queria dizer. Parece que ela entende tudo o que falo. – Jimin deu um leve sorriso com a informação, sua mãe era seu bem mais precioso, saber que ela não deixou de compreender as falas era um sinal mais que perfeito.
Por um momento os dois permaneceram quietos, apenas velando o sono da Park. Os pensamentos de Jimin o alertavam sobre o menino conhecer seu passado, saber que, talvez aquela expressão sorridente no período escolar não passa de uma farsa, bem como conhecer seu ponto fraco, tais pensamentos o atormentavam naquele momento, mas ao mesmo tempo se sentia leve em poder compartilhar um pouco de sua dor com alguém, saber que havia mais alguém ali que tinha bons sentimentos com relação a sua mãe.
Já Jungkook pensava em como Jimin era forte, nunca o tinha encontrado no hospital, mas já sabia de sua história há tempos, desde quando seu pai chegou em casa certo dia e o perguntou sobre o menino, não o conhecia a fundo, mas podia dizer aquilo que ficava claro para qualquer um que o olhasse: Park Jimin é um menino meigo, de coração enorme e um ser humano incrível.
Quando seu pai terminou de contar a triste história sobre o que aconteceu em seu passado, Jungkook sentiu o mundo parar por um momento, reparou em como muitos sequer tinham ideia sobre a vida particular do Park e como ele nunca deixou que as pessoas desvendassem, agindo sempre sorridente e feliz, ninguém sabia o peso que seu sorriso carregava. Não conseguia imaginar como era difícil ter de sorrir e fingir que tudo estava bem, quando na verdade não estava.
Lembrava-se de ter os olhos marejados quando seu pai terminou de contar sobre o estado da mãe do menino, sua mãe ficou igualmente tocada com a história e sempre que pensava no menino e pelo o que ele passava, seus olhos voltavam a marejar. Depois de um tempo, Jungkook passou a reservar um pouco de seu tempo no hospital para ficar junto da mãe de seu colega de sala, nunca conversaram antes e sequer tinham intimidade para serem considerados "amigos", mas Jungkook simplesmente não conseguia mais ver seus dias sem estar ali.
Não sabia muito bem o que fazer quando determinava algumas horas do dia junto da mulher, a viu comer algumas vezes, ficou ao seu lado sem dizer nada enquanto algum programa passava na pequena televisão do hospital, chegou até mesmo a levá-la no pequeno jardim que havia ali. Foi apenas depois de um mês de visitas que Jungkook realmente começou a se expressar com a paciente, comprava-lhe flores, lia livros clássicos, contava sobre o seu dia e até ajudava com os medicamentos, seria mentira se dissesse que não se apegou a Park.
— Estava lendo para ela? – Perguntou ao perceber o livro abandonado ali próximo.
— Sim. – Confessou, Jimin passou a andar pelo quarto, tendo Jungkook em seu encalço enquanto seguiam para o sofá a fim de se sentarem juntos e continuarem a conversa tímida. – Minha mãe gostava muito de livros, lembro-me vagamente de uma estante que ficava na sala de estar de nossa antiga casa, ela costumava ler para mim todas as noites. Acabei perdendo o costume de leitura depois de um tempo, faz muito tempo que não pegava algum livro para ler, mas fui à biblioteca da escola esta semana e acabei me interessando por um.
— Qual o título? – Perguntou curioso, gostava de ler, mesmo que não fosse seu passatempo mais comum de ser feito.
— O Pequeno Príncipe. – Respondeu e viu os olhos do Jeon, tão semelhantes à jabuticabas, brilharem em fascínio. – Gosta?
— É meu livro favorito! Até perdi as contas de quantas vezes já li. – Deu uma curta risada no final da fala, Jimin conseguia entender o porquê do favorecimento quanto aquele livro, ele mesmo já o considerava como um dos melhores que já leu e sequer teve tempo de chegar até a metade. – Está gostando?
— Estou! Pelo modo que falou, creio que não vou conseguir parar de lê-lo.
— Realmente não vai, O Pequeno Príncipe não foi feito para ser lido apenas uma vez, vai se apaixonar cada vez mais, a cada lida vai ter uma nova visão e o sentimento de amor por essa estória nunca vai mudar.
Os dois garotos ficaram tão envoltos naquele momento de serenidade que mal perceberam o tempo passando. Naquele dia, Park Jimin e Jeon Jungkook se conheceram, olharam nos olhos um do outro e perceberam que ainda tinham muito em comum para descobrir.
Quem é vivo sempre aparece né kkkkkkk perdão por demorar tanto para atualizar, mas agora que minhas aulas e provas começaram, o tempo está um pouco mais apertado então talvez eu demore um pouco mais para trazer as atualizações, mas eu espero que entendam caso isso aconteça.
Mas então, Jimin e Jungkook finalmente apareceram juntos!! Qual a parte favorita de vocês no capítulo de hoje??
Estou tão ansiosa para encontrar vocês novamente, espero que em breve, mas por enquanto, um beijo de luz da Luh e até a próxima!!
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