Decisões
Taehyung
Meu dia não está indo muito bem. Eu não paro de pensar na conversa que tive com a Melanie no café da manhã. Sei que ela está certa, tenho que resolver de uma vez por todas minha questões internas e seguir em frente. A consciência de tudo que fiz a Alison passar quando estávamos juntos, não pode me impedir de recomeçar. Preciso aprender com esses erros e não comete-los outra vez. É assim que todo mundo faz, então porquê não fazer o mesmo?
— Taehyung? Está tudo bem? — Namjoon entra na minha sala segurando com cautela demasiada a pasta em suas mãos. O jeito como se aproxima é tão cuidadoso quanto suas palavras.
— Só tive uma noite ruim e uma manhã complicada. — volto pra minha mesa e me sento na cadeira. — Precisa de alguma coisa?
— Seus conflitos têm relação com a Alison?
— Bem, eu...
Agora tudo faz sentido pra mim. Ele sabia que ela estaria no evento da noite passada, por isso me encheu de perguntas na tarde passada. Entendo agora porque ele me perguntou tanto sobre como eu me sentia com relação às coisas do passado.
Ainda assim, não muda nada. Eu tenho que reagir de alguma forma, tenho que mudar minhas atitudes e tocar a vida do jeito mais honesto possível. E isso tem que começar comigo mesmo.
— Sim, Nam, têm. Foi bom vê-la, refletir sobre o que vivemos e sobre os erros que cometi. Agora estou decidido a esquecê-la. Não posso perder mais ninguém por não ser homem suficiente e enfrentar meus problemas de frente. Principalmente a Melanie.
— Você conversou com ela sobre isso? — ele sentou na cadeira em frente a minha mesa e me olhou com batente atenção.
— Não, e esse é o problema. Eu fujo desse assunto com quem realmente é importante pra mim, e falo demais dele com quem não tem relevância alguma e não tem me ajudado de fato.
— Do que está falando?
— Chega de terapias, elas não estão me ajudando em nada. Eu apenas tenho passado meia hora por dia, três vezes por semana conversando com alguém que não me conhece e mostrando que isso é uma fraqueza, enquanto deixo a Melanie no escuro e a afasto sempre que possível.
— Pelo que você me disse inicialmente, as consultas com o Dr Song estavam ajudando.
— Ele era a única pessoa com quem eu falava sobre isso, o que me dava certo alívio.
— Então ele nunca te orientou a como se resolver?
— Sim, nos primeiros meses. Desde então venho apenas falando sobre os mesmos conflitos, só que com palavras diferentes. — ele ri com certo desdém.
— Taehyung, pelo que eu sei, que a propósito, foi você mesmo quem me contou com detalhes, cada vez que homem lhe dava uma alternativa, você era evasivo e fugia do assunto.
— Exato. Eu não estava pronto para enfrentar isso sozinho. Agora estou decidido a me livrar desse passado e olhar para frente. Então não precisarei mais das consultas.
— Se você acha que está pronto pra fazer isso sozinho, só me resta apoia-lo. Como sempre fiz.
— Você é um bom amigo, Nam. Seu apoio sempre foi incondicional. Assim como o da Melanie.
— Espero que você possa esclarecer tudo com ela, e que possam permanecer juntos.
— Eu também espero. Agora sei que as pessoas importantes em nossa vida não nos cobram uma posição para si, só desejam nosso bem estar.
Eu não amo Melanie, mas quando foi que abri um espaço para ela entrar em meu coração? Estava sempre pensando na Alison, em como nosso amor foi profundo e devastador. Mantinha a Melanie ao meu lado esperando acordar um dia e me ver perdidamente apaixonado por ela, como aconteceu com a Alison. Mas se nunca a vi como uma candidata em potencial para ocupar esse espaço ocupado por alguém que não me quer, como ousava esperar que isso acontecesse um dia?
— Agora, como um bom amigo, — ele me entrega a pasta. — tenho uma viagem irrecusável para você.
— Acho que te elogiei cedo demais. — ele ri casualmente.
— E uma viagem de trabalho que não poderei fazer, já que é na semana que vem, e hoje é meu último dia de trabalho antes das férias. Essa bronca tem que ser sua.
— E o Jungkook?
— Wendy está nas últimas semanas de gravidez, ele não vai para lugar nenhum agora.
— Entendo. — abri a pasta e olhei rapidamente o roteiro da viagem. — Aqui não diz que é apenas uma viagem. — levantei o olhar para ele.
— Bem, o projeto terá sua amostra no Japão, mas os desenvolvedores estarão aqui no país na semana que vem em uma conferência para poucos convidados.
— Ok. — voltei a analisar o roteiro.
— É importante conseguirmos uma parceria, o ramo da robótica está crescendo e gerando muitos lucros. Poderemos expandir nossas relações e aumentar a empregabilidade. Será uma boa aquisição em vários setores.
— Farei o possível para fechar essa parceria. — fecho a pasta.
— Você poderia aproveitar a viagem e levar a Melanie com você. Acho que te faria bem também.
— A ideia não é ruim, mas é bom ficarmos esse tempo separados. Ainda tenho muita coisa para pensar e decidir, para então poder sentar e conversar com ela.
— Ainda tem dúvidas sobre ela?
— Não. Tenho muitas dúvidas sobre mim. Não quero tomar decisões que possam magoa-la depois. E vai ser bom me preparar para uma conversa decisiva com ela quando voltar.
— Compreendo. — ele se levanta. — Estou torcendo por você sempre, sabe disso.
— Eu sei bem disso. Cuidar da Sunny e da Layse não são entretenimento suficiente na sua vida. — brinco e ele ri.
— Você me conhece bem. — ele diz da porta antes de desaparecer.
Eu me recosto na cadeira e a giro de um lado para outro. Talvez eu devesse me sentir feliz ou ansioso por decidir dar um passo tão importante assim na minha vida, principalmente se tratando em dividir tantos sentimentos resguardados com outra pessoa. No entanto, estou indiferente, como se nada de fato estivesse prestes a mudar.
Não sei se é porque conheço a Melanie já há algum tempo, ou porque ainda não estou convicto de que tenho a capacidade de seguir em frente.
Todavia, estou certo de que essa viagem me dará as respostas certas para saber como enfrentar meus próprios demônios.
Alison
— Alison, querida, está tudo bem? Você mal tocou na comida. O jantar não estava do seu agrado?
— Não! Mãe...— levanto as mãos chamando-a para se sentar ao meu lado no sofá da varanda com vista para o jardim dos fundos. Mesmo depois de sentar ao meu lado, eu seguro suas mãos e respiro fundo antes de continuar. — Sua comida é ótima! É só o meu apetite que está oscilando, não se preocupe.
— Filha, você parece triste. — ela passa delicadamente a mão em meu cabelo e me olha com ternura. — O tratamento com a Dra Kall não está indo bem?
— Não, está tudo bem, tenho consulta com ela na próxima semana. — ela não diz nada, mas ainda me encara como se esperasse uma resposta viável. — Mãe...o Harold e eu...vamos nos divorciar.
— Ali...— indaga com tristeza, no entanto está surpresa. — O que houve?
Eu explico a ela os acontecimentos das últimas 24 horas. Lhe digo o quanto estou chateada e desgostosa com as atitudes do Harold. Apesar de apenas me ouvir, ela entende como me sinto desapontada, triste e furiosa.
Minha mãe e eu costumávamos conversar sobre como eu queria me casar com um homem compreensivo, carinhoso, responsável e que me apoiasse na minha carreira. Assim como eu, ela achava que esse homem era o Harold. Ela sabia como eu sonhava em ter uma família grande e sempre me falava como ela mimaria os netos e os "estragaria" como uma boa avó babona e coruja.
Quando meu mundo ruia toda vez que eu menstruava, às vezes passávamos horas no telefone, ela não me deixava falar ou pensar no que não havia conseguido, e sim no que ainda conseguiria. Ela era minha força, meu escudo e meu acalento nessas horas tão difíceis. Era como se ela estivesse ao meu lado segurando as minhas mãos, me dando amor e carinho, assim como apoio e esperanças. Falar com ela sempre foi meu melhor amparo e força nos momentos difíceis.
Agora, em seus braços, descarrego as lágrimas com força e desespero. Não importa o quão profunda seja a dor que estou sentindo, dentro desse abraço sei que estou segura. Esse carinho suave em meus cabelos, o amor intenso em que ela me envolve enquanto encharco suas roupas com minha agonia e cada soluço que acabo emitindo em meio a um choro nada silencioso, a torna meu porto seguro, meu lugar de refúgio em dias nebulosos.
— Querida, sei que a última coisa que você quer ouvir agora é que tudo vai ficar bem, mas eu acredito nisso com todas as minhas forças. Você é persistente, corajosa e leal aos seus sentimentos. Sei que isso é só uma fase. Uma fase ruim, um momento doloroso, no entanto, já vi você enfrentar tempestades mais tortuosas do que esta. Sua garra para superar as próprias expectativas são sempre alcançadas com o mais intenso brilho que sua alma pode alcançar. Então, chore, minha menina, desprenda-se dessa dor de uma vez por todas hoje, e vá atrás do que for melhor pra você amanhã. — aperto ainda mais meus braços em volta dela e escondo meu rosto em seu ombro. — Eu confio em você, sei que atrás dessa névoa há um dia lindo e ensolarado para você desfrutar em seguida.
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