7- Renas e afins
12 de outubro de 2017
73 dias para o Natal
New York
Guinevere
Escolher uma escola para Mabel havia se tornado minha missão, já havia ido a 3 institutos diferentes e nenhum era bom o bastante. Não que Mabel precisasse de uma escolha para gênios, mas ela precisava de uma boa escola, uma que estivesse no nível da antiga.
Nessa manhã, Greta havia me ligado e anunciado que tinha marcado uma entrevista para mim no Sunset High School, segundo uma breve pesquisa no google, essa escola era a mais exclusiva e a mais disputada de toda a cidade. Segundo Greta, seria o lugar perfeito para Mabel. Na pesquisa, vi o valor da mensalidade, era 5 vezes maior do que a da escola antiga, mas segundo Stuart, ele pagaria o melhor para filha.
Olho mais uma vez o vestido florido que havia escolhido para Mabel, ele fazia parte do pacote roupas para cidade, assim como o sapato que combinava e o laço que segundo minha sobrinha, seria o fechamento perfeito. Ela ficaria adorável com essa roupa, mas será que seria o bastante para ela parecer a filha de um empresário importante?
Por fim desisto do vestido florido e escolho um mais sofisticado, ele era em um tom de rosa com barras pretas e botões pretos. Além disso, ele possuía um tecido que deveria ser preso no pescoço. Havia sido uma escolha de Clarisse, segundo ela, era uma peça da Dior. Separo um par de meia calça em um tom de rosa bem claro e sapatilhas pretas brilhantes. Olho a roupa e fico satisfeita. Após definir o que Mabel usaria, eu escolho algo para mim, olho todas as minhas roupas antigas e não consigo escolher nada que seja minimamente elegante.
- Você sabe que terá que usar algo do pacote da cidade não sabe? - A voz de Genebra me chama atenção. - Tem uma saia lápis marinho e uma camisa de alfaiataria branca, acho que seria a combinação perfeita para ocasião.
- Agora você entende de moda? - Pergunto de forma irônica indo pegar a roupa que ela havia indicado.
- Não, Só sei que você deve parecer no mínimo a esposa de um empresário rico. - Reviro os olhos com a resposta dela. - Não me olhe assim, você sabe quem Mabel é, todo mundo vai pensar que você e Stuart são os pais e como moram juntos, logo seriam um casal.
- Nós não somos um casal e eu sou tia da Mabel. - Explico, mesmo sabendo que Genebra não precisava de explicação. - Todo mundo me trata como se eu fosse algo além de uma convidada, eu não sinto nada por Stuart e nunca sentirei, isso seria trair Avery.
- Meu deus Guinevere. - Bufa Genebra se sentando na minha cama. - Avery ficaria feliz em te ver feliz, sua irmã deve está torcendo para esse casal.
- Avery amava Stuart, duvido que ela ficaria feliz comigo roubando o pai da filha dela. - Digo dando ênfase à última parte.
- Ela estaria feliz em ver Stuart com aquela mulher que você falou? - Um tremor corre pelas minhas costas com a simples menção de Jennifer. - Imagina a Avery vendo a Mabel sendo cuidada pela Jennifer.
- Eu nunca deixaria Mabel com aquela mulher, não mesmo. - Olho para minha madrinha um pouco irritada com o apontamento dela. - Stuart é livre para ficar com quem quiser, mas Mabel não.
- Vamos ver até quando sua convicção vai durar Guine. - Genebra sorri se levantando e saindo antes que eu possa falar algo.
***
Passa das duas da tarde quando chego com Mabel em frente ao Sunset. Nós duas estamos arrumadas como membros da alta sociedade novaiorquina. Ajeito meu cabelo e respiro fundo antes de subir as escadas que levam até a entrada do colégio.
O Nome Sunset High brilha altivo contra a fachada de tijolos vermelhos, as janelas são de vidro com molduras pretas e ornadas com arabescos no topo. Tudo exala um luxo e refinamento moderno. Caminho com Mabel até a entrada do prédio e a porta se abre para nós. Entramos e nos dirigimos a recepção onde uma mulher que deve ter a minha idade, está sentada digitando algo em seu computador, assim que paro em frente à mesa dela, um olhar de avaliação é lançado seguido de um sorriso falso.
- Bem-vindas ao Sunset High, a senhora tem hora marcada? - A pergunta é feita em um tom cortes, mas cheio de julgamento.
- Sim, a senhora Elvira Linch está me esperando. - Falo encarando a mulher. - Sou Guinevere Glimes.
- Senhora só um instante, vou conferir a lista de hoje. - A mulher dirige sua atenção para tela do computador. Reparo em suas belas unhas, longas com uma francesinha feita a perfeição, na realidade tudo nela é impecável. O Cabelo castanho claro está preso em um coque ornado com grampos brilhantes, o que ressalta o fino pescoço dela. Sua pele está levemente bronzeada, o que gera um contraste agradável com seu uniforme verde cor de oliva. - Senhora, acredito que aconteceu algum equívoco, no sistema tenho apenas uma Guinevere, mas o sobrenome é McAvoy, e ela foi indicada por Greta McAvoy.
- Acredito que a avó da minha sobrinha acabou se confundiu. - Digo com um pouco de vergonha. - Essa Guinevere sou eu.
- A senhora terá que esperar, terei que confirmar com a diretora, a senhora e a menina podem sentar ali. - A mulher aponta para um sofá no canto esquerdo.
- Abigail, não será necessário. - Uma voz gentil corta o ar junto com o som de saltos. Olho em direção a fonte e me surpreendo ao ver Stuart junto com a dona da voz, ela é uma mulher de meia idade, com longos cabelos de um tom de loiro acinzentado, ela usa um vestido de corte reto, no mesmo tom oliva do que da recepcionista. Ela se aproxima e sorrindo estende a mão para mim. - Seja muito bem-vinda ao Sunset senhora McAvoy, eu e seu marido estávamos conversando enquanto a senhora não chegava.
- Meu marido? - Pergunto olhando Stuart.
- Sim, o senhor McAvoy, Greta me falou que vocês estão noivos e por isso a filha de vocês teve que mudar de escola. - Stuart me encara com um sorriso de canto, escuto uma risadinha da minha sobrinha e encarando a diretora, sorrio de forma gentil.
- Sim, depois de um longo período no Texas, resolvemos vim para cidade grande. - Entro no jogo iniciado por Greta, se ela inventou essa história, provavelmente era necessário para Mabel poder estudar ali. - Como para nós a educação da nossa filha é fundamental, viemos atrás do melhor.
- Claro, o Sunset é uma referencia em toda a cidade. - A mulher sorri abertamente. - Venham, vamos fazer um tour pela escola antes da entrevista.
***
São cinco e meia quando eu, Mabel e Stuart saímos da escola. Seguro uma pasta com toda a documentação da Matricula de Mabel, ela havia sido avaliada e aprovada pelo corpo docente da escola. Isso havia sido uma dadiva vinda do dinheiro de Stuart.
- Fico feliz que correu tudo bem, pensei que teria que fazer algumas ligações. - Stuart fala enquanto descemos as escadas. - Mabel irá ter uma qualidade de estudo muito boa.
- Graças a uma mentira. - Falo irritada. - Porque sua mãe inventou que somos noivos? Porque ela não disse a verdade?
- Porque que escola confiaria em um pai que não sabia da existência da filha ou e uma tia que manteve um segredo por tantos anos? - Questiona Stuart. - Você não quer o melhor para Mabel? - Confirmo com a cabeça. - O melhor é pensarem que somos um pai e uma tia dedicados, que se relacionaram por causa de uma filha em comum.
- Mas me diga, como você vai explicar a todos que seu nome só entrou no registro de Mabel a menos de duas semanas? - Questiono Stuart que para em um degrau a baixo do meu.
- Meus advogados são bons no que fazem Guinevere. - Nos encaramos por vários segundos até que ele sobre para o degrau que eu estou. - Mas se quiser, podemos voltar e contar a verdade para diretora, aí registramos Mabel em uma escola do governo.
- Eu não quero ir para uma escola do governo! - Exclama Mabel.
- Eu e sua mãe estudamos em uma escola do governo, não é algo tão ruim. - Olho para Mabel com um pouco de raiva e falo aumentando um pouco a voz. - Me espanta que em apenas alguns dias, você esteja se comportando como uma das meninas mimadas.
- Eu não sou mimada, só quero estudar nesse colégio. - Rebate Mabel. - Porque a senhora dia que vim para cá seria o melhor e se for para estudar em uma escola do governo, eu vou querer voltar para casa.
- Bom argumento Mabel. - Stuart diz me encarando. - Você pode me odiar Guinevere, pode me desprezar, mas faça isso em casa e de uma forma que não prejudique Mabel.
- Eu não vou colaborar com mais nenhuma mentira, essa vai ser a única. - Esbravejo revoltada com tudo. - Eu não sou sua noiva, nunca teremos nada. - Me aproximo de Stuart o encarando com raiva. - Você enganou a Avery, mas a mim você nunca vai enganar. - O homem mantém o meu olhar e sorri de canto.
- Você não faz meu tipo Guinevere, disse que é minha noiva apenas para conseguir a vaga, mas em breve iremos nos separar. - Vejo um toque de maldade nos olhos dele, malicia na verdade. - Eu tenho Jennifer.
- Ótimo, só não esqueça que não quero essa mulher perto da minha sobrinha. - Falo levantando um pouco o queixo. Nunca deixaria ele saber que suas palavras doeram, mesmo não gostando dele. - Vamos Mabel, precisamos pegar um taxi.
- Vocês podem ir comigo de carro, estou indo para casa. - Penso em recusar, mas Mabel aceita por nós e vamos para o carro dele e depois para casa.
As palavras de Stuart me assombram durante todo o caminho, mas tento afastar esse pensamento.
Avery tinha razão em querer ficar longe dele.
***
Quando chegamos em casa, eu levo Mabel direto para o quarto dela, a coloco para trocar de roupa e assim que ela o faz, a deixo no quarto lendo. Vou para o quarto de Genebra, mas ela não está lá, a procuro na cozinha e ela também não está na cozinha e nem na biblioteca. Ainda chateada, vou para o meu quarto e troco de roupa, coloco uma das minhas calças largas e uma camiseta, prendo meu cabelo e vou para cozinha.
Separo todos os ingredientes para um bolo de nozes e começo a fazer a única coisa que me acalma. Cozinhar é uma verdadeira terapia. Coloco minha playlist para tocar e me dedico a o processo do bolo, quando termino, vejo o que tem na geladeira para o jantar, assim que encontro o que quero, começo a preparar o jantar.
2 horas depois, termino de espalha a cobertura no bolo e enfeitar com as nozes, olho para o bolo favorito da Mabel e satisfeita, o coloco na geladeira. Aproveito para tirar o lombo suíno que estava marinando e o coloco para assar junto com diversos legumes. Estou perdida nos meus pensamentos quando o barulho da geladeira fechando me chama para realidade. Viro para ver Genebra.
Encaro minha madrinha e ela me devolve o olhar, reparo que ela está muito bem arrumada, o que é muito estranho. Penso em algo para falar, mas meu cérebro entra em parafuso e me escuto dizendo:
- Ele disse que não sou o tipo dele. - Fico parada perto da pia olhando minha madrinha e melhor amiga, seu olhar é de surpresa. - Eu não sei porque isso me machucou tanto.
- Stuart disse isso? -Confirmo com a cabeça. Genebra abre a lata de Coke que está segurando e dá um longo gole antes de colocar a lata no balcão. - Bom, toda rejeição dói, mas pelo menos você não gosta dele.
- Eu o desprezo, ainda mais agora. - Falo após um longo silencio. - Eu sinto que ele está jogando Mabel contra mim.
- Mabel é nova demais, ela está admirada com todo o dinheiro e luxo que Stuart proporciona, ela nunca se viraria contra você. - Afirma Genebra. - Guine, você está muito na defensiva, Stuart não é seu inimigo, não de fato. Você poderia aproveitar um pouco de tudo isso.
- Genebra a mãe dele falou para diretora da escola de Mabel, que eu e ele somos noivos. - Conto me aproximando da minha amiga. - Ultimamente parece que tudo me joga de encontro a ele, como se eu e ele devêssemos ficar juntos.
- Eu acredito que todos estamos destinados a algo, talvez tudo isso seja uma armadilha do destino. - Tento falar algo rebatendo minha madrinha, mas ela me corta. - Avery está morta Guinevere, assim como seus pais. Se ela não quisesse você perto do Stuart, ela nunca mandaria você procurar ele.
- Ela deixou a carta por Mabel, não por mim. - Genebra bufa e vem até mim, ela segura meus braços e me sacode.
- Guinevere Glimes, você merece e deve ser feliz ao menos uma vez na vida. - Me encarando ela me balança novamente. - Se você não gosta de Stuart, arrume outro e viva e aproveite um pouco. Mas pensa, Avery poderia querer você e Stuart juntos, como pais da nossa querida Mabel.
As palavras de Genebra vibram na minha cabeça.
É se essa fosse a vontade de minha irmã?
Será que Stuart seria o último presente de Avery para mim?
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