6- Noite Silenciosa
9 de outubro de 2017
76 dias para o Natal
New York
Stuart
Acordo pontualmente às 6 da manhã. Saio da cama e vou tocar de roupa, coloco meu moletom esportivo, meus tênis de corrida e saio de casa. Corre de manha era um costume que havia aderido a muito tempo, pelas manhas as ruas ainda estavam vazias, o que sempre era bom, principalmente para limpar a mente e se focar apenas no movimento. Sigo pelas ruas até a entrada do Central Park, dou duas voltas no parque e só então voltou para casa.
Ser solteiro é sozinho me fez aderir uma rotina definida. Eu acordava, ia correr, voltava para casa, tomava um banho frio, tomava uma xicara de café e ia para o escritório. Durante 5 anos não sai dessa rotina, até hoje.
São 07:30 quando entro em casa e escuto a batida de uma musica em algum lugar da casa, a batida vem acompanhada pelo inconfundível cheiro de bacon e panquecas. Por um tempo havia me esquecido que minha vida solitária tinha ficado no passado. Caminho até a cozinha e me deparo com uma cena incomum para mim.
Guinevere está no fogão mexendo uma frigideira, enquanto isso Genebra corta morangos e os colando em um bowl, enquanto isso, Mabel está sentada sobre o balcão da cozinha passando manteiga de amendoim em uma fatia de pão. As três estão cantando uma musica animada que deve ser de alguma estrela pop. Mabel é a primeira a me ver, ela sorri enquanto pega uma outa fatia de pão e a fecha.
- Bom dia Stuart pai. - Ela diz de forma irônica, Genebra e Guinevere olha em minha direção e eu aceno com a cabeça para elas.
- Bom dia senhoritas. - Falo entrando na cozinha. - Que música é essa?
- Bom dia Stuart. - Responde Guinevere colocando uma panqueca no topo de uma grande pilha. - É Ariana Grande, Break Free, conhece?
- Duvido muito que ele ao menos saiba quem é a Ariana, Guine. - Murmura Genebra sorrindo. - Bom dia Stuart, já tomou café da manhã?
- Eu realmente não conheço a Ariana Grande e não, ainda não tomei café. - Respondo Genebra com um sorriso de canto.
- Então tome com a gente, fiz ovos com bacon, panquecas com morangos e chantily e a Mabel fez sanduiches. - Convida Guinevere pegando o prato de panquecas e levando para mesa que ficava próxima a janela da cozinha.
- Se vocês me esperarem, irei tomar banho e voltarei logo depois. - Falo apontando para porta.
- Seja rápido, não queremos comer panqueca fria. - Diz Genebra me encarando.
Concordo com a cabeça e saio da cozinha. Vou para o meu quarto e tomo um banho rápido. Saio do banheiro e vou para o meu closet, escolho um terno azul marinho com uma camisa preta, escolho uma gravata verde escura e separo minhas abotoaduras de ônix. Visto a calça, a camisa e a gravata, coloco também meus sapatos pretos e saio para o quarto, pego minha pasta, minha carteira e meu celular e saio do quarto. Deixo minha pasta na sala junto com o casaco do meu terno e as outras coisas e só então vou para cozinha.
As três mulheres estão sentadas em volta da mesa, o único lugar vazio é o meu, me sento ao lado de Mabel e de frente para Guinevere. Ao fundo Ariana Grande continua cantando, agora a musica é mais sensual e fala sobre ela se sentir uma mulher perigosa.
Me sento a mesa e juntos tomamos café da manhã.
***
Passam das 9 da manhã quando finalmente chego na empresa. Autumn já está me esperando, sei que estou atrasado. Minha secretaria me observa com atenção enquanto entro na minha sala. Coloco minha pasta sobre a minha mesa e me sento em minha cadeira, tenho apenas tempo de ligar o computado, Autumn entra na minha sala com seu tablet e um sorriso de canto, ela me encara e se senta e uma das cadeiras à frente da mesa.
- Eu sabia que isso acabaria acontecendo. - Ela me encara com expectativa. - Me conta, vocês já estão tomando café da manhã juntos como uma família?
- Sim, tomamos, mas não como uma família. - Respondo olhando para a tela do meu computador. - Aliais, preciso que envie um cartão pré-pago com $ 100 mil dólares para Clarisse, e ligue para o banco pedindo um cartão adicional da minha conta no nome de Guinevere Glimes.
- Cartão pré-pago para Clarisse? A noiva do Michel? - Autumn pergunta surpresa.
- Sim, ela mesma. - Confirmo olhando a mulher a minha frente. - Ela irá levar a Guinevere, a Mabel e a Genebra, para comprarem roupas para cidade. - Explico revirando os olhos. - Se mandar para Guinevere, ela não vai usar, então mande para Clarisse e diga para obrigar Guinevere a usar.
- Gosto dessa Guinevere. - Murmura a mulher digitando algo em seu tablet.
- Você nem mesmo a conhece para gostar dela.
- Stuart, uma mulher que larga toda sua vida por uma criança que não é filha dela e ainda renega o seu dinheiro, merece toda minha admiração e respeito. - Bufo e mais uma vez reviro os olhos, o que faz Autumn sorrir.
Autumn Davis é minha secretaria a extados seis anos. Ela é uma mulher fascinante, com grandes olhos azuis, cabelos longos e negros que contrastam com sua pele branca. Quando a conheci, ela estava se recuperando de um câncer na tireoide, estava recuperada a apenas 6 meses. Me lembro de como era difícil para ela no início, um câncer destrói a pessoa. Penso em como Avery deve ter sofrido durante sua doença e me sinto culpado por não ter estado lá com ela.
- A Guinevere me odeia Autumn, a Avery voltou para casa gravida e ela teve que ajudar a irmã. - Encaro a mulher a minha frente e vejo que ela me entende. - Ela era muito jovem quando perdeu os pais e pouco depois teve que ver a irmã morrer aos poucos, sozinha, sem o apoio que eu poderia ter dado se eu soubesse sobre Mabel e sobre a situação de Avery. Eu poderia ter ajudado Avery a se recupera ou ter ajudado depois.
- Você por algum acaso tem diploma de oncologia? Sabe tratar o câncer ou algo assim? - Olho para Autumn de cara feia. - Stuart, você não sabia e mesmo que soubesse, não existe uma magica que salve a pessoa do câncer, infelizmente aconteceu. Alguns tem sorte de vencerem o monstro, mas outros lutam bravamente e morrer lutando. - Vejo a dor nos olhos de Autumn. - Guinevere não te odeia, ela deve ter raiva, muita raiva. Por que acredite, criar uma criança quando você ainda se senti uma pode ser revoltante, mas uma hora a raiva passa e você passa a viver. Ela só precisa começar a viver, quem sabe fazer amigos não a ajude?
- Obrigado Autumn, você é boa com conselhos. - Agradeço de coração, Autumn quase sempre tinha razão sobre diversas coisas. - Foi uma pena você não ter ido ontem, acredito que você, a Alex e o Max, adorariam conhecer a Mabel.
- Eu queria ter ido, mas você sabe como a Alex é com o trabalho dela, teve um parto na hora do jantar e acabou que o Max dormiu no sofá. - Autumn acaba se empolgando quando fala sobre sua noiva e seu filho.
Ficamos conversando por um longo tempo antes de repassarmos a agenda do dia. Quando terminamos, Autumn sai da minha sala e eu começo a responder alguns e-mails antes de ir para primeira reunião do dia.
***
São exatamente 4:30 quando meu telefone vibra com uma notificação. Toco na tela e vejo que é uma mensagem de Clarisse.
Pego o telefone e o desbloqueio, abro a mensagem e sorrio. A mensagem possui uma foto em anexo, na imagem estão Clarisse, Guinevere e Mabel juntas em um café, as três estão sorrindo. Me ajeito na minha cadeira antes de responder à mensagem.
Stuart M: Fico feliz em receber atualizações, espero que estejam usando bem o meu dinheiro.
Instantaneamente minha amiga responde.
Clarisse L: Pode ter certeza, Mabel possui todo um guarda-roupa novo, assim como Guinevere.
Stuart M: Preciso que compre celulares para as três. Aliais, onde está Genebra?
Clarisse L: Celulares comprados, assim como um tablet para Mabel e um Macbook para sua Guinevere.
Clarisse L: Genebra disse que tinha algo para resolver e foi embora apois a Best buy.
Stuart M: Como ela poderia ter algo para resolver se ela não conhece quase ninguém na cidade?
Observo os três pontos aparecerem na tela e logo sumirem, espero mais um pouco e nada de resposta. O telefone do escritório toca e eu largo meu celular para poder atender a chamada.
Se passam dez minutos antes do meu celular vibrar com uma resposta.
Clarisse L: Jennifer está de volta à cidade, você precisa falar com a Mabel.
Clarisse L: A coisa saiu do meu controle.
Me foco na frase e tento juntar meus pensamentos, mas tudo parece nebuloso demais. Me acalmo e no momento em que vou ligar para Clarisse, me celular toca e a foto de minha amiga aparece na tela.
- Clarisse o que aconteceu? - Atendo nervoso.
- Stuart... - Reconheço a voz de Mabel, ela soa estranha, tremida até, parece que ela estava chorando. - Eu não preciso de outra mãe, eu já tenho a tia Guine.
Meu mundo cai e percebo que um terremoto pode está prestes a destruir a cidade, um terremoto chamado Jennifer Lewis.
Southampton, 04 de julho de 2015
2 anos atrás
Stuart
Os fogos iluminam o céu a cada explosão e sua luz se reflete no mar.
Posso escutar pessoas comemorando e musicas ao fundo assim com pequenos estouros. Estou sentado na varanda da minha casa de veraneio aproveitado o feriado sozinho. Na verdade, eu poderia ter ido para o Colorado com meus amigos, mas certamente teria que ir a alguma festa maluca que Clarisse arrumaria em cima da hora.
Me reclino na poltrona e tomo mais um longo gole da minha cerveja enquanto observo as ondas quebrarem no mar. Penso no que minha mãe me falou antes da minha viagem, realmente estava na hora de arrumar alguém, namorar e me preocupar com o futuro. Avery vem a minha mente, o sorriso dela, o som da risada dela e tudo mais que vivemos, penso em onde ela poderia esta, se estava casada, com filhos e tudo mais.
Afasto meus pensamentos quando alguém bate na porta, olho meu relógio e vejo que já passa das nove da noite. Me levanto enquanto bebo o resto da cerveja, entro em na cozinha da casa e deixo a garrafa de cerveja sobre o balcão e caminho até a porta, antes de abrir, olho pelo olho magico e vejo uma bela mulher. Sua pele é bronzeada, seus cabelos são de um tom loiro escuro e ela tem olhos claros que não consigo definir a cor. Abro a porta e encaro a mulher com atenção, a olho de cima a baixo e reparo o fino vestido de seda vermelha que ela está usando.
- Boa noite, no que posso ajuda-la? - Pergunto de forma educada.
- Olá. Você não é o Edmund, não é? - Ela me pergunta aparentemente confusa. - Desculpe, eu acho que acabei errando a casa.
- A senhorita está procurando Edmund Lewis, o filho do senado Lewis? - Pergunto com um sorriso de canto.
- Sim, eu sou Jennifer Lewis, prima dele. - Ela explica. - Meu tio me convidou para festa de noivado dele, só que acabei me perdendo.
- Só um pouco, a Mansão dos Lewis fica a três casas daqui. - Informo sorrindo abertamente, olho para mulher com atenção e penso em um detalhe, como ela poderia ter confundido uma casa quase toda apagada e silenciosa, com um local de uma festa? Encaro a mulher e com um sorriso de canto, digo por fim. - Jennifer, avise a sua tia que eu agradeço mais uma vez o convite, mas eu não irei.
Catarina Lewis era uma mulher esperta, ela havia me convidado para o grande noivado do filho a mais de um mês. Segundo Autumn, aquele seria o evento da semana, mas eu não estava no clima.
- Ela pediu para insistir. - Jennifer sorri sem jeito. Esse ato acende um alerta, o sorriso dela é ensaiado, fingido. - Vamos Senhor McAvoy, não custa nada e garanto que irá se divertir bastante.
- Agradeço o convite, mas terei que nega-lo novamente, não trouxe roupas para esse tipo de ocasião. - Explico indicando a roupa que estava usando, uma bermuda jeans e uma camisa simples. - Bom, não quero privar a senhorita da festa do seu primo, diga a Catarina que em breve mandarei algo para os noivos.
- Como desejar senhor McAvoy, tenha uma ótima noite, sozinho. - Jennifer me olha uma vez antes de ir embora. A observo caminhar pelo gramado e seguir em direção a casa dos tios, ela olha para trás uma vez antes de segui seu caminho.
Fecho a porta e vou para cozinha, abro a geladeira e pego um dos kits que Fanny havia deixado na geladeira. Fanny era a cozinheira da minha mãe, ela havia estado na casa um dia antes da minha chegada. Ela havia separado diversos kit de marmitas, onde estavam minhas comidas favoritas. Para hoje, havia escolhido um risoto com um filé Wellington e legumes salteados. Separo os tupperwares e seguindo as instruções e coloco uma a uma no micro-ondas.
Penso no que beber e resolvo harmonizar a comida com um bom vinho, caminho até a sala e estou quase abrindo a adega quando batem a porta novamente. Bufo e me dirijo a porta, olho pelo olho magico e sorrio quando vejo Jennifer. Abro a porta sorrindo e antes que possa falar. Jennifer fala estendendo um prato e uma garrafa de champanhe.
- Fiquei com pena de você aqui sozinho, pedi para empregada separar alguns canapês e peguei um champanhe. - Encaro a mulher antes de pegar a garrafa e o prato. - Pensei que poderíamos beber juntos.
- Mas o noivado do seu primo?
- Bom, ele já pediu a moça em casamento, então não tem mais nada para ver por lá. - Olho a mulher de cima a baixo e penso por alguns segundos antes de abrir caminho para ela. - Que Cheiro bom, você cozinhou?
Fecho a porta e a guio para cozinha. Explico sobre a comida enquanto pego duas taças, abro o champanhe e nos sirvo.
Jennifer então começa a falar sobre ela e sobre sua família. Conversamos por um longo tempo antes do primeiro beijo. Acabamos a noite no meu quarto, me permito não pensar sobre nada enquanto nos entregamos ao prazer. A única coisa que Jennifer não afasta do meu coração, e a tristeza e a sensação de ainda está sozinho.
Presente
New York
Stuart
Quando o elevador para no meu andar, saio apressado e olho ao redor.
Clarisse havia dito que Guinevere havia levado Mabel para casa. Olho pela sala e vejo apenas sacolas de compra. Sigo pelo corredor e vou direto ao quarto de Mabel, bato antes de abrir a porta e me surpreendo quando não a vejo, me apresso até o quarto de Guinevere e bato novamente e antes que eu abra a porta, uma Guinevere furiosa abre a porta e me encara com algo perto da magoa.
- Antes que brigue comigo, me deixe falar com ela, depois você pode me matar se quiser. - Falo antes que ela possa começar. Ela me encara por alguns segundos antes de abrir espaço e me deixar entrar.
Mabel está sentada no centro da cama da tia, seu rosto está vermelho assim como seus olhos. Ela me encara com genuína dor, vejo uma tristeza que faz meu coração doer profundamente.
- O Mabel. - Murmuro me sentando ao lado dela. - Quero primeiro te pedir perdão pelo que Jennifer falou para você, ela nunca será a sua mãe.
- Não preciso de uma nova mamãe, eu tenho a tia Guine. - Ela sussurra abaixando a cabeça.
- Eu sei disso, sei eu sua tia é uma ótima mãe para você, eu jamais mudaria isso. - Falo fazendo carinho nas costas da minha filha. - Avery era uma grande mulher, decidida e obstinada, ela sempre me falava sobre Guine, a irmã, mas nova dela. Quando recebi a carta e cheguei lá e encontrei você sobre os cuidados dela, eu tive certeza que Avery não mentiu sobre a irmã.
- Aquela moça disse que vai casar com você, que vai ser minha mãe e minha tia vai embora. - Protesta Mabel me olhando novamente. - Minha tia não pode ir embora Stuart, ela é a única pessoa que eu tenho.
- Mabel, você também tem a mim, a Greta, a Clarisse. - Tento explicar devolvendo o olhar a ela. - Você tem todos nós e a sua tia, isso nunca mais vai mudar, nunca.
- Você promete? - Pergunta depois de um período de silencio.
- Sim eu prometo, nunca vou separar vocês. - A menina se ajoelha na cama e me abraça com força, retribuo o abraço e beijo o topo da cabeça dela. - Você também promete Guinevere, promete que nunca irá separar a nossa família?
- Promete titia, promete! - Exclama Mabel me largando e correndo até a tia. Guinevere olha de mim para sobrinha, ela alisa os cabelos da menina antes de me encarar.
- Eu prometo não separar vocês dois. - Mabel comemora, eu me levanto e caminho até elas. - Mas não pense que isso nos torna uma família, por que não torna.
As palavras dela me atingem, não somos uma família, mas por Mabel, eu faria tudo para nos tornamos, uma família unida. Defino isso como meu presente para o natal.
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