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5- Baby, está frio aqui fora

New York, 15 de março de 2009

8 anos atrás

Avery

- Foda-se, eu não vou ficar me matando por ele. - Clarisse diz após um tempo em silencio. - Ele nem olha para mim direito, o senhor Michael Grissom não merece meu sacrifício.

- Eu fiz um bolo de chocolate com nozes e tem sorvete triplo Chocolate na geladeira. - Falo olhando minha amiga. - Se não quiser, podemos pedir uma pizza.

- Vamos pedir a pizza e comer bolo com sorvete enquanto o entregador não chega. - Clarisse se joga no sofá ao meu lado. Ela está bem arrumada como sempre.

Quando Cheguei a New York a cerca de um ano, eu achei o anuncio de um quarto para alugar em um prédio na rua 54, o preço estava bem baixo para o padrão da cidade, mas como eu não tinha muito dinheiro e não podia ficar na rua, eu marquei uma visita. O apartamento era grande e aconchegante, Clarisse me recebeu muito bem, ela me contou que o aparamento era presente do chefe dela, um figurão de Wall Street. Ela havia colocado o anuncio porque tinha medo de morar sozinha. Precisamos apenas de uma tarde e um Latte para virarmos amigas. Eu me mudei para o apartamento dela e duas semanas depois ela me arrumou um emprego como secretaria executiva em uma importante empresa. Graças a Clarisse eu havia conhecido Stuart.

- Aí ele disse que iria sair com aquela vaca, você acredita nisso? - Escuto o final do que Clarisse diz e tento entender do que estamos falando.

- Qual vaca? - Pergunto encarando minha amiga.

- A Janice, a loira com os peitos de silicone imensos. - Reviro os olhos lembrando da figura. Janice era uma mulher debochada e totalmente artificial, uma verdadeira Barbie alpinista social.

- Ele não tinha dispensado ela a uns meses atrás? - Questiono. - Eu me lembro de ter ouvido que ela estaria indo para Miami pq ele não queria nem olhar a cara dela.

- Mas pelo visto Ele resolveu olhar novamente. - Afirma minha amiga com a voz chorosa. - Aí Avery, eu não entendo o porque ele não me ver como mulher, como uma opção valida sabe?

- Eu te entendo amiga, mas vai ver ele não quer se envolver com você por ser jovem ou por achar que você não está interessada. - Sugiro sabendo o que ela dirá.

- Mas você e o Stuart também tem uma diferença de idade e ele chegou em você mesmo sem saber se você queria ou não. - Bufo afundando meu corpo no sofá.

- Tem uma diferença, o Stuart não tem 20 mil mulheres correndo atrás. - Explico pela milésima vez.

- Ele tem sim, a diferença é que ele só tinha olhos para você, já o Michel só tem olhos para barbeis plastificadas. - Clarisse suspira chateada antes de se levantar. - Vou me afundar no bolo e no sorvete.

- Eu vou ligar para a pizzaria então.

***

Chego um pouco atrasada ao emprego. Clarisse havia passado a noite inteira reclamando sobre Michael e como uma boa amiga, fiquei acordada tomando vinho e comendo bolo junto com ela enquanto dava apoio moral a ela. Minha cabeça está latejando, pisco os olhos enquanto caminho até a minha mesa. Assim que me sento, ligo o meu computador, menos de cinco minutos depois meu telefone toca e mesmo sem atender, sei que é Stuart, deixo o telefone tocar até que pare. Um minuto depois Stuart aparece na porta do escritório dele com cara de poucos amigos, ele me encara e eu sorrio para ele.

- Senhorita Glimes, poderia vim a minha sala? - Pergunta com sua voz profunda. - E por favor, traga uma xicara de café para mim, rápido se possível.

Bufo exasperada, me levanto e me dirijo a máquina de café que fica na ultima sala do andar. Tomo um bom tempo preparando o expresso de Stuart, aproveito para tomar um café também, estava precisando de cafeína. Levo o máximo de tempo possível para ir até o escritório de Stu, e quando faço ele me olha com frieza, sorrio para ele, mas paro assim que vejo que seu olhar não se ameniza. Coloco a bandeja com o café a frente dele e volto para fechar a porta da sala e logo me sento a frente dele.

- Por que você não me atendeu ontem a noite? - Encaro ele em silencio por alguns segundos. - Eu te liguei três vezes ontem, você saiu para alguma festa?

- Não, o seu amigo Michael saiu com uma das barbeis dele e a Clarisse passou a noite falando sobre. - Conto me ajeitado na cadeira, ele me olha antes de pegar a xicara e toma o café em um único gole. - Você sabe que sempre te atendo quando posso, mas ontem não dava, não com a Clarisse daquele jeito.

- Ela realmente está apaixonada por ele? - Questiona Stuart com um sorriso de canto.

- Ela está mais para um stalker obcecado do que para uma mulher super apaixonada. - Dou de ombros. - Você poderia falar com ele, para ao menos ele da uma chance para ela ou pelo menos para o Michael não a fazer reservar o restaurante para ele ir com outras mulheres.

- Ave, você sabe que não tenho tempo para esse tipo de coisa. - Reviro os olhos e cruzo os braços na frente do corpo.

- Esqueci, você nunca tem tempo para nada. - Digo de forma dura. - Que saber Stuart, eu também posso passar a não ter tempo para você, para nada relacionado a você fora desse prédio.

- Avery, você sabe que não faço por mal, tenho que ajudar meu pai a gerenciar tudo. - Balanço a cabeça em negativa e me levanto.

- Eu não preciso das suas desculpas, dos presentes caros ou que me lembre que você é o herdeiro de um império. - Afirmo um pouco exasperada. - Eu preciso voltar ao trabalho. - Pego a bandeja e me encaminho para porta da sala.

- Eu irei falar com o Michael, se isso te deixar feliz. - Antes que eu abra a porta e saia da sala.

***

O dia passa rápido e quando chega a hora do almoço, mando uma mensagem para Clarisse que me responde imediatamente me avisando que está me esperando no restaurante de sempre. Me apresso a sair, não quero encontrar com Stuart de jeito nenhum.

Pego o elevador e desço até a recepção, saio do elevador e estou passando pelas catracas quando vejo Michel parado no saguão. Penso que ele pode estar esperando o amiguinho dele, mas quando ele me avista, ele caminha em minha direção.

- Avery, precisamos conversar, o Stuart me falou algo que...que... - Ele parece atormentado, agoniado. - Clarisse realmente gosta de mim? Ela está interessada?

- Michel... Eu não sei se ela gostaria que eu falasse sobre isso com você. - Respondo um pouco sem jeito, mas feliz porque Stuart tinha falado com ele afinal.

- Mas é sobre mim, se ela estiver apaixonada por mim, isso muda tudo. - Encaro Michel por alguns segundos antes de falar tudo.

Meia hora depois estou sentada em um Mc Donalds comendo meu segundo X-Burger, estava bem feliz. Meu telefone pisca com uma mensagem de Clarisse, é um simples agradecimento que me deixa profundamente feliz. Ao menos Clarisse encontraria sua felicidade ao lado de quem amava.


Presente

8 de outubro de 2017

77 dias para o Natal

New York

Guinevere


- Se não fosse a Avery, eu jamais teria conseguido ficar com o Michel e quando o Stuart me ligou e falou que ela... que ela tinha... - O Olhar de Clarisse fica vazio e vejo lagrimas se formarem em seus olhos. - Pelo menos agora tenho você e a Mabel, espero que possamos ser amigas.

- Claro que poderemos, se Avery te amava como diz, eu só posso fazer o mesmo. - Afirmo abraçando a mulher novamente. Avery havia mencionado Clarisse varias vezes, sempre com carinho e amor, mas nunca aprofundava sobre. Ela nunca falava muito sobre New York. - É digo isso de coração.

- Fico muito feliz com isso, podemos sair amanha para fazermos compras e depois podemos almoçar. - Ela sugeri animada. - Leve Mabel e Genebra, temos que se conhecer melhor.

- Eu adoraria, mas acho que no momento não tenho recursos para acompanha uma maratona de compras por New York. - Digo sorrindo sem jeito.

- Dinheiro não é problema, tenho certeza que Stuart te dará dinheiro. - Afirma me olhando animada antes de olha para onde Stuart está sentado junto com Michel. - Não é mesmo Stu?

- Sobre o que estamos falando mesmo? - Pergunta olhando Clarisse.

- Estou dizendo a Guinevere que ela deve ir as compras comigo amanha e levar a Mabel e a Genebra junto. - Clarisse responde gesticulando. - Ela disse que não tem recursos para uma tarde de compras, mas eu disse que você vai dá um cartão a ela, não vai?

- Não é necessário, podemos tomar um café. - Corto Stuart não o deixando responder.

- Mas tia, eu quero fazer compras! Não tenho roupas para essa cidade. - Encaro minha sobrinha, que danada, que história era essa de não ter roupas para cidade? Ela tinha roupas novas, roupas pelas quais eu ainda estava pagando.

- Mabel, você tem roupas ótimas e são novas. - Afirmo fulminando a danadinha com o olhar.

- Mas tia, nem a senhora tem roupas para cidade. - Caramba, eu mataria Mabel.

- Mabel Glimes! - Exclamo brava. - Acho melhor você ficar quietinha, você sabe que não podemos.

- Mas titia, meu pai é rico, ele pode comprar o que quisermos, não é papai? - Todos olhamos para Stuart que sorri de canto olhando minha sobrinha.

- Guinevere, dinheiro não é, mas um problema. - Garante o homem me encarando. - Pedirei a Autumn para providenciar um cartão para você e outro para Genebra.

- Pronto, então estamos resolvidos! - Exclama Greta animada. - Acho que podemos pedir o jantar, não sei vocês, mas estou morrendo de fome.

Sinto meu sangue ferver de raiva, seja de Mabel ou Stuart. Eu não aceitaria dinheiro nenhum vindo dele, e minha sobrinha sabia disso, mas aparentemente, ela já estava totalmente vendida a eles.

O Jantar segui sem mas problemas. A comida é deliciosa e realmente, Clarisse é uma pessoa maravilhosa, ela é engraçada e prestativa, durante horas aproveitamos para falarmos sobre minha irmã e sobre Mabel. Fico feliz em descobrir que minha irmã tinha pelo menos uma grande amiga nessa cidade.

Após o jantar, combino com Clarisse, Greta e Genebra de irmos a algumas lojas amanhã e combinamos de almoçamos juntas. Saímos do restaurante todos juntos e na frente do local, nos despedimos de todos, logo os carros chegam e assim que o de Stuart para em nossa frente, Genebra e Mabel correm para parte de trás, me obrigando assim, ir na parte da frente.

- Foi um bom jantar, acredito que todos puderam conhecer Mabel, infelizmente só faltou minha irmã. - Stuart diz enquanto avança com o carro pelas ruas de New York. - O que você achou do jantar Guinevere?

- Foi bom, a comida do lugar é deliciosa e seus amigos são ótimas pessoas. - Respondo olhando para o homem. - Aliais, não preciso que me dei um cartão, eu ...

- Não quer nada que seja meu. - Interrompe Stuart. - Olha Guinevere, eu não sei o que Avery te falou para você ter tanta aversão a mim, eu realmente fui um namorado ausente, não tinha o tempo que Avery queria que eu tivesse, mas isso mudou. - Explica parando o carro em uma vaga próxima a calçada. Ele bufa e me encara, seus olhos brilham. - Se Avery tivesse me dado dois ou três anos, ela teria visto como tudo mudaria, mas ela se foi, não posso mostrar tudo que conquistei a ela, mas posso fazer isso com vocês. - O discurso dele é bom, e ele tem um fundo de razão. - Por que você querendo ou não, vocês são minha família, minha responsabilidade.

- Seu dever é apenas com Mabel. - Afirmo de forma rígida. - Assim que possível eu e Genebra arrumaremos um emprego e iremos alugar um apartamento.

- Você é teimosa igual a sua irmã, duas cabeças duras. - Stuart ri e liga o carro novamente. - Mas eu também sou, e assim como vencia sua irmã, eu vou te vencer.

- Coitadinho do papai, vai ter que tentar a sorte. - Murmura Mabel do banco de trás me fazendo sorrir.

Seguimos até o prédio de Stuart, ele entra na garagem e logo para em uma de suas vagas, saímos do carro e juntos seguimos até o elevador do subsolo. Enfrente a porta tem um casal esperando, a mulher é gorda, ela está usando uma calça jeans, uma jaqueta de couro preta e os cabelos loiros soltos, o homem é alto e visivelmente forte, com grossos cabelos pretos e está vestido da mesma forma que ela, jeans e uma jaqueta de couro preta. Os dois se abraçam e ele beija o pescoço dela com intimidade.

- Embry, pensei que ainda estava fora da cidade! - Exclama Stuart assim que paramos ao lado do casal.

- Mc Avoy, quanto tempo. - O Homem estende a mão para Stuart que aperta. - Voltamos hoje de tarde.

- Aliais, ficamos sabendo que você arrumou uma filha nesse período. - Agora é a mulher que fala.

- Olá Audrey, pelo visto voltou a falar comigo, finalmente. - Stuart sorri esticando a mão para mulher que a aperta. - Bom, isso é verdade, deixe-me apresentar. - Ele aponta para nós o que faz o casal finalmente virar e enfim posso ver quem são.

- Caramba é a Molly Hepburn, da Empire Embry! - Exclama Mabel tão surpresa quanto eu. Como pode não juntar o sobrenome a pessoa.

- Oi florzinha, sou eu mesma. - Diz Molly sorrindo para minha sobrinha, que se derrete olhando a mulher. - Então você deve ser a filha do babaca, digo Stuart?

- Sim querida Audrey, essa é minha filha, Mabel. - Ele fala colocando a mão no ombro de Mabel, que parece perto de um colapso. - Além dela, quero que conheçam Genebra e Guinevere. - Diz apontando para nós duas. - Mabel, Genebra e Guinevere, gostaria de apresentar Connor e Audrey Embry, eles moram no apartamento a cima do nosso.

- Olá para vocês. - Diz Audrey sorrindo ainda mais, percebo que ela me analisa com o olhar e logo seu sorriso ganha um ar de malicia. - Bem-vindas a New York, espero que Stuart esteja sendo bom com você.

- Baby, não fale assim, elas vão achar que Stuart e uma mal pessoa. - Connor fala sorrindo antes de estender a mão para Genebra. - Prazer, em conhece-las. - Genebra aperta a mão do bonitão e logo depois eu faço o mesmo.

- Audrey não precisa falar nada, nessa história eu infelizmente já sou o vilão. - Afirma Stuart com um sorriso de deboche. - Ou estou errado Guinevere?

- Eu não disse que você é o vilão, apenas não confio em você. - Pondero após um tempo. - Aliais, é um imenso prazer conhecer vocês, sou uma grande fã da Empire Embry.

- Meu deus, eu gostei dessa. - Afirma Audrey sorrindo. - É um imenso prazer ter vocês como leitoras, se quiserem, podemos combinar um dia para vocês conhecerem a editora.

- Nossa, seria uma enorme honra, não é mesmo Genebra?

- Seria sim, imagina, conhecer a maior revista do mundo, seria um sonho.

- Eu também posso ir? ¬- Pergunta Mabel no exato momento que um dos elevadores apita e abre suas portas.

- Claro Mabel, as três serão muito bem-vindas. - Quem responde é Connor. - Vamos querida?

- Vamos sim. - Audrey fala acompanhando Connor até o elevador. - Meninas, foi um prazer conhecer você, assim que fecharmos a edição desse mês, eu aviso para vocês irem, até breve.

Fico ali parada olhando Audrey e Connor entrarem no elevador e subirem para sua cobertura. O apito do nosso elevador corta o ar e mesmo assim ficamos ali, petrificadas com tudo que acabou de acontecer. Stuart acaba nos arrancando dos nossos devaneios e nos faz entrar no elevador, enquanto subimos, eu, Genebra e Mabel comentamos sobre esse encontro louco e maravilhoso.

Quando entramos no apartamento, Stuart se despede de nós e vai para o quarto dele, enquanto isso eu, minha madrinha e minha sobrinha, ficamos no meu quarto, falando sobre como tudo que envolveu nossa primeira noite na cidade que nunca dorme.

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