18- Presentes debaixo da árvore
02 de abril de 1999
Port Isabel – Texas
Antes
Avery
Hoje é meu aniversário, estou completando doze anos.
Em todo esse tempo, eu nunca havia ganhado um bolo e nem presentes, minha mãe nunca foi uma mulher afetuosa, pelo contrário, ela era má e gostava de me bater. Já havia apanhado com quase tudo, desde fios a pedaços de madeira ou garrafas de vidro.
Eu odiava ter medo da minha mãe, mas estávamos sempre sozinhas, meu pai a muito tempo havia sumido.
Celia sempre me batia com "moderação", ela me espancava até me machucar, mas ela parava antes de ser ariscado. Isso até três semanas atrás, quando ela chegou em casa e me viu comendo. Eu não podia comer se autorização dela, mas eu estava com muita fome e precisava comer algo. Tinha comido o resto mofado de pizza que ela e o Smith haviam comido no início da semana.
Eu ainda me lembrava da dor, minha cabeça as vezes doía, minhas costelas ainda estavam roxas. Ela me bateu tanto que eu desmaiei, eu me lembrava de receber uma pancada muito forte na cabeça e de repente tudo ficou escuro. Quando acordei, a assistente social estava no meu quarto no hospital. Ela me contou que um vizinho chamou a polícia, chegando lá eles me encontraram desmaiada e sangrando.
A mulher me contou que Celia havia sido presa enquanto tentava fugir de Los Fresnos, a cidade onde morávamos. Tentaram localizar meu pai ou algum parente, mas ninguém foi encontrado. Segundo a assistente social, eu teria que ir para um abrigo, mas uma família havia se pontificado em cuidar de mim.
Foi assim que acabei saindo de Los Fresnos e vindo para Port Isabel, ficar em um lar temporário.
Staton Glimes era segundo a assistente social, um ex oficial aposentado da marinha e sua Esposa Margareth Glimes, era uma professora primaria. Eles tinham uma filha, Guinevere, ela tinha 8 anos.
Me lembro do dia que eles me receberam em casa como lar temporário, eu estava machucada e com o braço imobilizado. Ainda estava assustada com tudo que havia acontecido. Margareth assim que me viu, chorou bastante, eu também choraria se tivesse que receber uma menina toda machucada com o rosto todo roxo.
Ela correu e me abraçou, ela não me apertou, só me envolveu. Staton acariciou minhas costas e disse que tudo ficaria bem. Fui para casa deles e quando chegamos, Guinevere estava dormindo. Margareth arrumou uma cama para mim no quarto da filha e eu dormir.
Na manha seguinte, acordei com uma menina gorducha, com cabelos castanhos ondulados e olhos azuis me encarando. Ela disse com uma voz anasalada que minha cara estava roxa e depois perguntou se eu queria brincar. Eu queria chorar, mas logo ela disse que me emprestaria uma boneca se eu não tivesse.
Duas semanas se passaram desde aquela manhã e hoje era meu aniversário.
Me levanto e olho para cama de Guine, ela não está lá. Penso que ela só pode ter descido para tomar café. Eu penso em fazer o mesmo, afinal, estava morrendo de fome. Minha mente me leva para minha antiga casa onde eu passei tanta fome, lá eu não podia comer o que quisesse, mas aqui eu podia. Mag sempre fazia coisas gostosas, coisas que eu só via na tv. A assistente social Sarah, havia ficado surpresa quando veio me visitar a alguns dias, segundo ele eu já estava mais cheinha, o que era bom, visto que antes eu estava pesando apenas 18 quilos, o que era quase 10 quilos a menos do que o saudável.
Entro no banheiro e me olho no espelho, meu rosto agora está quase normal, ainda tinha um tom esverdeado, mas era menos preocupante do que o roxo. Labo meu rosto e depois escovo os dentes. Pego um dos prendedores de Guine e prendo meu cabelo. Faço xixi antes de lavar as mãos e descer.
Não estava esperando nenhum presente ou algo assim, provavelmente eles nem saberiam que hoje era meu aniversário. Mas eu estava errada, muito errada.
Assim que entro na cozinha, Guinevere e Mag gritam surpresa, enquanto Staton sopra um apito. A cozinha esta toda arrumada com balões rosas e azuis, uma faixa escrita "Feliz aniversário Avery" está pendura sobre a mesa, onde estão diversos doces e um bolo de dois andares cor de rosa decorado com confeites coloridos.
— Feliz, feliz, aniversário meu amor, feliz, feliz, aniversário. — Canta Mag junto com Guine. — Hoje é o seu dia especial, então fique feliz, feliz, feliz aniversário meu amor!
Meus olhos ardem quando começo a chorar, meu coração dói de alegria. Eu não merecia aquilo.
— Parabéns meu amor! — Exclama Mag se apressando para me abraçar. — A Genebra ficou de trazer as velas para o seu bolo.
— Mas ela está atrasada como sempre. — Murmura Staton vindo me abraçar. — Feliz aniversário loirinha.
— Agora sou eu, sou eu! — Protesta Guine afastando o pai dela. — Parabéns Alv, Eu ajudei a mamãe a decorar o seu bolo. — Ela me abraça com força, sinto as lagrimas rolarem. Guine me olha e limpa minha lagrimas antes de beijar o meu rosto e me apertar novamente em um abraço.
— Ela já acordou? — Pergunta Genebra entrando na cozinha. — Merda, eu ainda tentei correr para chegar na hora. — Ela coloca a vela e uma caixa sobre o balcão da cozinha e espanta Guinevere antes de me abraçar. — Parabéns estrelinha, que todos seus desejos se tornem reais. — Ela beija meu rosto e então se afasta.
— Então, você gostou da surpresa? — Mag pergunta ansiosa.
— Sim, eu adorei. — Murmuro olhando para mesa. — Eu nunca tive um bolo para mim, esse é o melhor primeiro bolo do mundo.
— Não sabíamos disso. — Diz Mag olhando para Genebra, que lança um olhar triste para mim. — Sem problemas, podemos fazer uma festa depois, não é mesmo Stan?
— Sim, claro que podemos. — Responde Staton, me olhando com carinho.
— Sim, uma festa com muitos doces e uma pinhata bem colorida. — Completa Guine.
— Claro meu coração, que nem a que fizemos no seu aniversário. — Diz Mag fazendo carinho na cabeça da filha.
Todos nos juntamos ao redor da mesa, Genebra coloca as velas sobre o bolo e Staton as acende. Todos juntos, cantamos parabéns, Guine é a mais animada, ela grita dando pequenos pulinhos de alegria.
— Faça um pedido estrelinha, mas pensa bem. — Murmura Genebra acariciando minha cabeça.
— Pensa mesmo, porque um desejo de aniversario é muito poderoso. — Diz Mag me olhando de forma gentil.
Penso no que pedir, revejo tudo que eu poderia querer, mas por fim, peço o mais logico. Desejo que Mag e Staton se tornem meu pai e que Guinevere seja minha irmã. Sopro as velas e todos comemoram. Mag corta o bolo e me entrega o primeiro pedaço, o bolo é de chocolate com morangos no recheio, o meu favorito.
Estamos todos sentados na mesa da cozinha quando Staton se levanta e sai da cozinha, Mag me encara com um grande sorriso. Passam vários minutos até que Staton retorne com uma caixa na mão. Ele se aproxima de mim e me estende a caixa, eu olho para ele e sorrio.
— Obrigada, eu nem sei por onde começar a agradecer. — Digo emocionada pegando a caixa.
— Não precisa agradecer estrelinha. — Diz Genebra animada.
Tomo meu tempo para abrir a caixa, a abro e tenho uma surpresa. Estava esperando algum presente, mas dentro dela estavam dois envelopes, um de papel pardo e outro menor. Confusa, pego primeiro o grande, tiro o lacre e o abro, dentro dele estava um bloco de papeis. Pego os papei e leio o que está no primeiro, é uma solicitação de adoção definitiva.
Sinto meus olhos se encherem de lagrimas quando vejo meu nome no papel, a baixo estão o de Mag e Staton. Eles realmente estavam querendo me adotar.
— Eu e Mag conversamos com sua assistente social, ela disse que sua mãe perdeu sua guarda e você seria remanejada para outra família. — Staton toca o meu ombro enquanto eu continuo lendo o papel. — Não podíamos deixar você ir Alv, Guine sempre quis uma irmã, mas não tivemos a sorte de ter um novo bebê, mas Deus mandou você para nós. — Olho para Staton e sinto as lagrimas cobrirem minhas bochechas. — Claro, se não quiser, podemos parar o processo.
— Eu...eu quero, quero mais do que tudo nesse mundo. — Eu estava feliz, muito feliz mesmo, os Glimes são uma família amorosa que haviam me tratado bem desde o início, agora eu tinha a oportunidade de ser cercada por esse amor. — Esse é o melhor presente que eu poderia desejar.
— Oba, a Avery agora é minha irmã. — Guine pula de sua cadeira e vem correndo me abraçar. — Eu te amo irmã, te amo muito.
— Eu também te amo Guine. — Murmuro abraçando minha irmã.
— Alv, tem outro presente. — Diz Mag com a voz tremida. — É o dinheiro que recebemos pelo seu acolhimento, queremos que o use para comprar roupas ou o que quiser.
— Obrigada Mag. — Respondo pensando em se devo chama-la de mãe, porque ela agora seria minha mãe e Staton meu pai.
Pai, essa era uma novidade para mim, eu nunca tive um pai, agora teria um, não apenas um pai, mas uma mãe amorosa e uma irmãzinha, ainda teria Genebra.
— Obrigada Mamãe e papai. — Murmuro me soltando de Guinevere e indo abraçar primeiro Mag e depois Staton. — Eu amo vocês.
4 de Julho - 2006
South Padre Island – Texas
Ser irmã mais velha era uma verdadeira loucura, eu agora tenho 19 anos enquanto Guine tem 15, era muito confuso ter que leva-la junto nas viagens, porque ela era a única adolescente entre meus amigos. Além disso tinha a paixonite dela por Daeron, um dos meninos do time de football da nossa escola.
Eu estava na animação da torcida a três anos e sempre no 4 de julho, o time e a torcida vinham para casa dos pais de Cassie, comemorar a independência com a lendária festa de Cassie. Esse ano ela havia convidado quase toda a escola, afinal esse era nosso ultimo ano. Eu estava atrasada um ano, graças a Celia que havia me tirado da escola durante um ano, agora eu estava fechando o segundo grau e em breve estaria indo para faculdade. Havia escolhido o curso de Recursos humanos, ele durava apenas 2 anos e com sorte, eu terminaria a tempo de convencer Guine a se mudar para New York comigo.
Estou na cozinha abrindo os pacotes de salgadinhos para festa, quando Cassie entra na cozinha assustada, ela me encara e percebo o nítido desconforto dela. Cassie não era uma pessoa que ficava desconfortável com nada, autoconfiança era o sobrenome dela. Ver ela assim, era um indicativo de problemas.
— Cassie, o que aconteceu? — Pergunto virando o pacote de batatinha em uma das vasilhas. — O mosquito da insegurança te picou?
— Avery, você precisa correr. — Sorrio para ela achando que ela está fazendo uma pegadinha. — Teresa beijou o Daeron na frente da sua irmã, ela depois ficou fazendo piada sobre o corpo de Guine e o Daeron riu dela, eu tentei defender ela, mas Melanie foi uma vaca comigo e empurrou Guine, que saiu correndo, o Martim foi atrás dela e eu vim te chamar.
Sinto vontade de gritar e quebrar algo.
Teresa e Melanie iriam me pagar, mas antes eu encontraria minha irmã e depois iria me acertar com o meu "Coleguinhas". Largo o pacote vazio e saio correndo da cozinha, Cassie vem atrás de mim e eu corro o mais rápido que posso. Cassie indica a direção e juntas vamos atrás de Guine.
Guinevere era uma menina sonhadora, ela amava contos de fadas, amava a ideia de conto de fadas e tudo mais. Ela até mesmo tinha um caderno onde escrevia seu romance imaginário com Daeron. Espero que depois de hoje ela esqueça isso.
Corremos por quase cinco minutos até encontrar Martin abraçando Guine perto de um grupo de pessoas. Martin Smith é o capitão do time, ele sempre estava por perto quando precisávamos e hoje não foi diferente. Corro até minha irmã e ela se solta do rapaz e me abraça com força.
— Droga Guine, pensei que não acharia você. — Murmuro beijando o rosto da minha irmãzinha. — Não se preocupa, eu vou bater em Teresa e naquela vaca da Melanie.
— Você não precisa bater nela. — Murmura minha irmã. — Eu que fui boba.
— Não Guine, eu vi tudo, você não fez nada para que Melanie te empurrasse. — Diz Cassie fazendo carinho em Guine. — Eu e Avery iremos cuidar daquelas vadias.
— Vocês duas não vão se meter em confusão, não posso deixar que façam nenhuma besteira. — Diz Martin. — Eu vou falar com Daeron e depois, com as outras duas.
— Você não precisa fazer isso, Guinevere é minha irmã. — Falo na defensiva, não podia confiar em ninguém depois do que aconteceu. — Vamos Guine, você quer ir para casa?
— Não Alv, não vou estragar o seu feriado. — Afirma minha irmã se afastando, ela limpa as lagrimas e sorri para mim. — Eu estou melhor, vou ficar bem.
— Você tem certeza Guine? — Pergunto segurando os ombros da minha irmã e a encarando, conversamos pelo olha e vejo que ela não está mentindo, confirmo com a cabeça e sorrio para ela. — Martin, obrigada por ajudar Guine.
— Não precisa agradecer, eu só quis ajudar Guinevere. — Encaro Martin por alguns segundos, ele olha minha irmã e um sinal dispara em minha cabeça, será que Martin estaria interessado em Guinevere?
Juntos, voltamos para casa de Cassie, vejo Teresa e Melanie conversando em rindo junto com Daeron. Mesmo Martin dizendo para não entrarmos em confusão, penso em uma forma de me vinga daquelas duas e logo um plano se forma.
***
Ser capitã das lideres de torcida, sempre me trazia benefícios, um deles era o controle sobre membros do time. Então não foi difícil convencer Harry e Bernie a agirem por mim. Cassie havia encontrado corante alimentício nas gavetas da cozinha, ela pegou duas pistolas de água e juntas enchemos de água e corante.
Eu e Cassie ficamos juntas na varanda da casa, assistindo Teresa e Melanie dançando com David e Daeron na areia. Os fogos de comemoração estouraram no momento em que Harry e Bernie saíram correndo pelas escadas da varanda, eles estavam com as pistolas com o mix de corante que havíamos feito. Eles correram pela areia e no momento que fogos estouraram em um tom de verde sobre nossas cabeças, eles dispararam sobre as duas vacas que tinham feito mal a Guine. A Mistura de corantes havia resultado em um tom marrom esverdeado, que na hora manchou os vestidos brancos que elas usavam.
Um fedor cortou o ar, cheiro de olho de peixe estragado ou algo do tipo. Harry e Bernie davam risadas, enquanto David e Daeron saíram de perto das duas. Elas estavam cobertas com a mistura que os rapazes fizeram. Cassie dava risadas assim como o restante do pessoal, todos estavam rindo enquanto Melanie e Teresa choravam, minha raiva delas só aumentou e por conta disso eu apontei para elas e gritei puxando um coro.
— Fedor! Fedor! Fedor! — Cassie engrossou o coro e logo todos estavam gritando juntos.
As duas choraram mais antes de saírem correndo da praia e virem em direção a casa. Eu e Cassie corremos para bloquear a escada, ficamos na frente dela, coloquei em meu rosto um sorriso maldoso.
— Pensão que vão aonde? — Pergunto encarando Teresa.
— Vamos para o nosso quarto. — Murmurou Melanie entre lagrimas.
— Não, nem fudendo vocês vão sujar a casa dos meus pais. — Diz Cassie sorrindo. — Antes, vocês vão se limpar lá no mar.
— Não! A água está gelada agora. — Protesta Teresa.
— Pensasse nisso antes de fazer bullying com a minha irmã. — Digo com raiva delas duas. — Se quiserem entrar, devem se limpar lá primeiro.
As duas protestaram, mas por fim foram se limpar no mar. Enquanto Tereza e Melanie se limpavam, eu fui atrás de Guinevere, que havia sumido a algum tempo.
Procurei minha irmã por todo primeiro andar e por fim fui para o segundo andar, não me dei ao trabalho de olhar os outros quartos, fui direto ao que estávamos dividindo. Pensei bem antes de abrir a porta lentamente, mais por fim eu fiz.
Guinevere estava deitada na cama dormindo, abraçado a ela estava Martin, o olhar dele foi da minha irmã para mim. Volto fechar a porta, mas não consigo sair do lugar. Minha mente repassa tudo que aconteceu e eu tento buscar uma explicação do que aconteceu.
— Avery, eu não fiz nada com ela, não o que você possa está pensando. — A voz de Martin me tira do transe em que eu estava.
— Porque você estava deitado com ela então? — Pergunto encarando-o com um misto de raiva e ciúmes. Guine era minha irmãzinha e eu queria protege-la de caras como Martin.
— Ela estava bem triste e me beijou. — Confessa Martin sem jeito. — Depois ela pediu para abraçar ela até ela dormir.
— Você sabe que ela tem apenas 15 anos não sabe? — Pergunto afundando meu indicador no peito dele. — Guinevere é uma criança.
— Eu sei disso Alv, eu estava apenas ajudando ela por você. — Martin da um passo a frente e cola nossos corpos. — Eu pensei que se eu ajudasse sua irmãzinha, você iria me notar.
— Eu te noto, você é um bom amigo. — Afirmo sorrindo me afastando dele.
— Eu não quero ser apenas seu amigo. — Martin segura o meu braço e me puxa para perto dele. Os lábios dele cobrem os meus em um beijo estranho. Me afasto dele e logo limpo minha boca.
— Você está maluco? — Questiono o olhando com nojo.
— Avery, me dei uma chance de provar que seriamos bons juntos. — Ele tenta segurar meu braço novamente, mas desse vez sou mais rápida e desvio dele.
— Uma chance? Uma chance para provar que é um babaca? — Pergunto de forma maliciosa. — Você acha mesmo que usar minha irmã, me faria gostar de você?
— Eu pensei que sim, já que todo mundo a acha esquisita e gorda. — Não penso duas vezes antes de da um soco no meio da cara de Martin.
Eu odiava a violência.
Apenas quem cresceu cercado pela agressividade, poderia entender o quão ruim era ser violento. Mas não pude me controlar, eu tive que socar a cara de Martin. Minha mão está doendo e sinto que as juntas dos meus dedos estão inchando. Mas a raiva me faz ignorar isso.
— Nunca mais, nunca mais mesmo. — Respiro fundo sentindo lagrimas se acumularem nos meus olhos. — Volte a se aproximar da minha irmã ou falar qualquer tipo de merda sobre ela. — Tento me controlar a o máximo, mais meu corpo todo está tremendo. — Ou você vai conhecer o inferno na terra e eu serei seu demônio particular.
— Sua vadia louca, eu vou acabar com você. — Murmura Martin segurando o nariz que está sangrando. Ele me empurra em seu caminho a escada, ele para antes de desce e se vira para mim e diz. — Avery, você vai pagar por isso.
— Veremos Martin, veremos. — Respondo o olhando uma ultima vez antes de respirar fundo e entrar no quarto onde minha irmã ainda dorme.
Tranco a porta e vou até o banheiro me trocar, olho minha mão e ela realmente está com os ligamentos inchados. Penso em descer e pegar gelo, mas abandono a ideia e volto para o quarto com meu pijama. Subo na cama e me ajeito de frente para Guine, a encaro dormindo e antes de fechar meus olhos, eu me estico e beijo o topo da cabeça dela.
Quando eu estava no inferno, a família Glimes estendeu a mão para mim. Mas acima disso, Guinevere havia me dado uma razão para sorri, um motivo para confiar em alguém.
Eles nunca entenderiam o quanto Guine é especial, o quanto ela poderia ser amorosa e acolhedora. Choro pensando em quantos Martins passariam pelo caminho da minha irmã, quantas Teresas e Melanies iriam usar Daerons para fazem bullying com ela.
Deitada na mesma cama que ela, faço uma prece silenciosa, peço a Deus que um dia ele mande uma pessoa boa para ela, um homem que ame minha irmã acima de tudo, um homem que entenda o quanto Guine é especial e merece ser amada.
Enquanto o príncipe encantado de Guine não chegasse, eu seria sua protetora.
Todos teriam que passar pelo inferno antes de chegarem a minha irmã.
Houston – Texas
22 de outubro de 2015
Meu corpo todo dói.
Respirar estava se tornando um martilho, ainda mais quando todo meu ar ia embora.
Havia tido um sonho estranho, na verdade era uma lembrança, uma recordação de quando eu era jovem. Martin Smith havia tentado usar Guinevere para chegar em mim, mas eu tinha defendido minha irmã e acabado com ele.
Nesse dia eu havia rezado pedindo alguém que amasse Guinevere, uma pessoa boa para ela. Penso em Stuart novamente e tomo coragem para escrever a carta.
Stuart era o pai da minha filha, mas não era o amor da minha vida, esse amor era Guinevere, minha irmãzinha. Penso que talvez eles possam se dar bem, que possam criar Mabel juntos e se Deus permitisse, Stuart seria uma reposta torta a minhas preces.
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