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Capítulo 10: Ninguém mesmo

Changbin percebe uma barreira entre ele e Chan ao decorrer da semana. Ele percebe a distância notável entre eles no café da manhã, vê que Chan não vai atrás dele mais no colégio e que a noite ele não desce mais do beliche de cima para irritá-lo no meio da madrugada porque sua insônia atacou e ele não consegue ficar sozinho.

Ele percebe tudo isso e não sabe o que fazer. E não sabe porque se importa tanto. Era isso que ele queria desde o início: paz. Chan agora não enchia o seu saco com bobagens e infantilidades como antes, falava apenas o básico com ele em casa e dividia algumas refeições em família. Era isso que ele sempre quis, ficar longe daquele australiano estranho e problemático. Porém, ele quer que tudo volte ao normal. Ele quer o antigo Chan extrovertido e boca de sacola de volta. Changbin não quer se sentir solitário dentro da própria casa novamente.

O fim de semana escorrega para ele igual flores ao vento, e ele não consegue suportar sua própria companhia naquela casa. Changbin sai após o almoço, decidido a ir até a casa de Jisung e dormir lá, ele leva com ele sua bolsa com um pijama, jogos de tabuleiro, sua bolsinha com produtos de skincare e mais algumas bobagens para eles comerem. Ele vê Chan quando abre a porta e ele chega de bicicleta, ele e mais três garotos, todos usando dobok com faixas coloridas ao redor da cintura, eles parecem animados quando descem das bicicletas e deixam em frente a garagem. O coração de Changbin martela inconvenientemente no peito quando aqueles olhos claros e intensos de Chan são direcionados até ele, a expressão do menino também muda ao vê-lo, ele parece surpreso e confuso, eles se encaram mas Changbin fica com receio de falar, ao ver tantos rostos novos. Changbin ajusta a mochila nas costas e começa a andar até a calçada, ele coloca os fones e passa pelo pequeno grupo de garotos sem dizer uma palavra, porque era mais interação social do que podia aguentar naquele dia. Ele não tem certeza se alguém diz seu nome, mas talvez seja só sua ansiedade falando mais alto.

Ele caminha por algumas quadras enquanto a playlist que ganhou de presente de Hyunjin jorra com as maiores lamúrias que já ouviu. Seu amigo sabe exatamente do tipo de canção que Changbin gosta, melodiosas e dramáticas, às vezes um nu metal grotesco e mais músicas românticas relatando amores que Changbin nunca poderá viver. Ele sobe algumas ruas e finalmente chega a casa de Jisung, uma casinha pequena próxima a uma avenida. É uma hora da tarde quando Changbin bate na porta e quem abre é Hyeongjun, primo de Jisung. Ele o recepciona com um sorriso gengival e o deixa entrar. Changbin não conhece muito Junhan — apelido do garoto —, só sabe que ele e Jisung são primos e que o outro Han mora na capital com os pais, que são músicos. E é isso. E não era que Changbin não quisesse conhecer Junhan, eles só eram muito introvertidos para começar uma conversa sem estar na presença agitada de Jisung.

A residência dos Han era confortável e aconchegante. Tudo tinha cheiro de bolo recém saído do forno e café fresco, talvez pelo fato que a avó de Jisung morava com ele e seus pais. Havia jarros de plantas aqui e ali, um gatinho dormia tranquilamente no sofá da sala, além dos vários porta retratos pela casa. Changbin adorava ir a casa de Jisung, ele se sentia sossegado pelo ambiente tranquilo, o clima não era como na sua casa, que parecia constantemente carregado.

— Binie! — Jisung vem na sua direção feliz da vida, ele usava uma camisa grande e desbotada, além da bermuda preta. Ele pula em cima do Seo e o abraça, feliz ao vê-lo, o óculos quase caindo no meio da empolgação. Changbin tenta retribuir, embora envergonhado. — Se não fosse você, o que seria da minha tarde? Mandei mensagem pra todo mundo e você foi o único que veio, o único que me ama o suficiente para vir! — Ele se lamenta em um falso drama exagerado.

— Você sabe que os meninos estão ocupados. — Changbin diz, tirando o sapato e entrando oficialmente na pequena sala de estar aconchegante. O plano para está tarde era o grupo se reunir na casa de Jisung para dormir, eles veriam algum filme de super herói e depois comeriam besteira noite dentro, como sempre fazem, porém, Minho estava ocupado com a oficina e Hyunjin estava fora da cidade, então seria apenas eles dois aquela noite. — E também — Ele prossegue, enquanto caminha pela residência descalço com Jisung bem na frente. — Lino falou que tentaria dar uma passadinha aqui a noite, pra ver a gente.

— Para te ver, não eu. — Dramatiza mais um pouco, entrando na cozinha. Changbin acaricia o pelo negro de Bisteca — o gato da família — quando passa proximo ao sofá e deixa a mochila no chão da sala de estar. Changbin vê Junhan no outro estofado marrom ocupado com o celular e decide apenas seguir Jisung até a cozinha.

Na cozinha, o cheiro de bolo assado parece inundar cada pequeno lugar. Tem bolo em cima da mesa larga de quatro lugares, bolos, alguns biscoitos, refrigerante e salgadinho de padaria. A avó de Jisung, Han Soojin, é uma mulher de meia idade de longos cabelos castanhos, que vão até metade de suas costas, ela é pequena como Jisung e tem traços semelhantes ao menino, como o sorriso triangular e os olhos grandes, além das bochechas cheias e macias. Ela usa óculos de grau redondos que deixam sua aparência dócil e Changbin quer abraçá-la constantemente, mas não faz isso. Ela se vira para eles com mais um bolo de trigo feito e sorri adoravelmente para Changbin, feliz em vê-lo.

— Binie, que bom que você veio. Esse garoto não parava de reclamar um segundo que todos os amigos dele tinham o abandonado, dá pra acreditar? — Ela coloca o bolo no último espacinho da mesa e tira as luvas de proteção. Soojin rodeia a mesa e vai até Changbin para abraçá-lo. — Aconteceu algo, filho? Você parece preocupado e tenso. — Ela pergunta com delicadeza e Changbin sente o borbulhar de lágrimas dentro do peito, mas apenas balança a cabeça.

— Só não ando dormindo bem. — Se limita a dizer com o coração acelerado e uma vontade imensurável de se encolher no colo daquela senhorinha adorável e se lamentar como uma criança. Ela ainda não parece convencida, mas não insisti. Soojin dá mais um sorriso doce e acaricia o topo da cabeça de Changbin, como um carinho que ela faria para acalmar seus netos. Changbin novamente quer chorar, mas não faz isso.

— Acredito que uma fatia de bolo vai te deixar mais animado, certo? — Changbin morde o cantinho do lábio para não chorar e balança a cabeça, indo com ela até a mesa.

Ela serve bolo e salgados para os três meninos da casa e come com eles, contando histórias sobre como conheceu a outra avó de Jisung, que agora já não está mais viva. Changbin não cansa de ouvir a história da vida delas, de como as duas se conheceram em uma péssima época para ser LGBTQIA+ na Coreia Do Sul, de como elas passaram por todos os julgamentos e por todos os problemas, e ainda assim conquistaram seus próprios lugares no mundo e viveram uma boa vida juntas, mesmo que Soojin fosse uma mulher lésbica nos anos 40 e Han Bohyun, a outra avó de Jisung, fosse uma mulher transgênero numa época em que todos diziam que pessoas transgêneros não existiam ou não passava de uma doença mental que poderia ser tratada. Ele sente vontade de chorar ao imaginar elas duas sozinhas em um mundo tão assustador e perigoso, mas fica feliz ao ver que, apesar de tudo, elas conseguiram. Elas sobreviveram e passaram por tudo isso juntas.

No fim daquela tarde, Soojin beija cada um dos meninos na testa e pede para eles três arrumarem a bagunça da cozinha. Ela se retira e Changbin quer saber mais sobre a vida daquela mulher, mas não se atreve a perguntar. Deve ter sido tão doloroso viver desse jeito. Ele pensa enquanto lava a louça, Junhan ao lado enxuga os talheres e Jisung organiza a mesa e limpa o balcão. Ela sofreu tanto. Ele se encolhe com a ideia que, mesmo hoje em dia, ser LGBTQIA+ ainda era perigoso, que eles ainda eram vistos como pragas e doenças. Eu não quero sofrer. Não quero fazer ninguém sofrer porque eu sou assim. Changbin não sabe que expressão está fazendo, mas Junhan toca seu ombro e ele se assusta um pouco e se afasta.

— Binie? — Jisung o chama. — Tudo bem, amigo? Você tá estranho.

— Sim, tudo sim. — Changbin se apressa em dizer. — Desculpa, Junhan. — Ele se curva um pouco para o menino e ele balança as mãos meio atrapalhado e envergonhado.

— Não tem problema. Eu quem te assustei, eu que deveria pedir desculpa.

— Tá tudo bem, eu só tava meio distante. — Changbin sorri constrangido, mas não consegue manter por muito tempo. Ele se vira para terminar as últimas vasilhas de plástico na pia e Jisung larga o que está fazendo para ir até ele.

Jisung o conhece desde pequeno, na verdade, foi ele e Hyunjin que fez tudo acontecer. Desde a época do ensino fundamental, foi ele e Hyunjin que pegaram Changbin e Minho pela mão e os levaram para brincar no parquinho do colégio, eles puxaram os dois para fazer trabalho e atividades juntos na sala de aula. Tudo eles. E inevitavelmente Changbin se viu rodeado pela presença deles e de Minho, e percebeu que não era mais solitário. Que ele não era mais o garoto que comia o lanchinho sozinho na sala de aula. Ele tinha amigos agora, três melhores amigos, pessoas com quem podia contar. De repente, ir para a escola já não era mais chato, porque pelo menos lá ele não era solitário. Por isso, Jisung sabe dizer quando Changbin está escondendo alguma coisa, quando algo o está importunando, ele sabe de tudo isso porque Changbin era um livro aberto pronto para ser lido e manuseado, mas apenas pelas mãos de quem ele tinha confiança.

— Bin, ei. — Jisung toca no seu ombro e ele o evita, ciente que não seria forte o suficiente para não desmanchar em lágrimas na frente do menino. — Ei, você pode me falar o que aconteceu. — Ele usa aquele tom confortável, como quem fala com uma criança e Changbin não sabe porque mas as lágrimas já estão lá quando ele encara o amigo e tudo fica embaçado. Jisung dá um sorriso e o abraça pelo pescoço, impulsionando o corpo para cima de Changbin, com força o suficiente para ele ofegar na sua orelha.

Changbin chora e Junhan não sabe para onde deve ir. Ele sussurra para Jisung “Devo ir embora?” Mas tudo que Jisung consegue responder é “Está tudo bem.” então ele apenas se mantém lá, quieto e acariciando as costas de Changbin, esperando que ele se acalme para que tudo fosse explicado. Hyeongjun pode não ser o melhor com as palavras, mas ele é um ótimo ouvinte e Jisung sabe que ele tem as melhores soluções, por isso o pediu para ficar. Jisung era intenso demais, sentimentalista demais, tudo para ele tem uma razão filosófica e uma verdade dolorida por trás, mas Junhan é pé no chão, embora também sonhador. Mas isso era um defeito dos Han, todos eles eram sonhadores e espíritos livres, uns mais que os outros, mas ainda era como uma coisa hereditária no genes deles.

Changbin não sabe porque está chorando tanto e tremendo, mas ele quer que tudo volte ao normal. Antes ele desejava que sua mãe nunca tivesse ficado noiva, mas ele não consegue tirar da cabeça a ideia que se ela não tivesse conhecido Erick, ele nunca teria conhecido Chan. E Chan é tudo que Changbin consegue pensar nos últimos dias, ele acorda e pensa nele, ele vai para a escola e de repente todas as palavras escritas nos livros são Christopher Bang. Ele sai da escola e inconscientemente espera que ele apareça de bicicleta do outro lado usando aquele dobok estupidamente branco. Ele deita na cama e aguarda que Chan desça e venha conversar por algumas horas. Porque ele sente falta disso tudo. Sente falta das brincadeiras e os apelidos idiotas.

Ele sente uma culpa silenciosa espreitando entre seus ossos, porque tudo que Changbin consegue pensar é que Chan se afastou porque ele teve nojo. Nojo de achar que ele e Minho tinham algo. E isso o levou até uma espiral de pensamentos confusos e dolorosos. Porque ele não quer ficar sozinho, não quando achou que teria alguém de confiança dentro de casa, alguém com quem ele pode conversar e ser ele mesmo. Alguém que ele estaria disposto a mostrar um pouco das suas dores e cicatrizes, alguém que estava começando a fazer seu coração acelerar em ritmos que ele nunca chegou a sentir. Changbin se sente uma bagunça muito além das lágrimas que estava derramando agora. Porque tudo que ele consegue pensar direito é que talvez, muito talvez, ele estivesse se apaixonando por Chan e ele não sabe o que fazer.

Ele quer arrancar esse sentimento do peito por medo do novo. Ele não quer isso. Ele não quer amar alguém. Ninguém mesmo. Ele tem tanto medo que acha que pode vomitar, mas tudo que faz é chorar copiosamente no ombro de Jisung até seus soluços se transformarem em espasmos silenciosos.

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