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Capítulo XXXI - As letras se revelam

Capítulo dedicado a por que ela deixou um comentário que fez meu coração transbordar no capítulo anterior e eu queria agradecer de alguma forma ♥ muito obrigada♥
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Já a algumas horas Kristen havia se refugiado novamente em seus aposentos. Margareth não lhe dera qualquer resposta, alegando que somente seu menino poderia esclarecer suas dúvidas. Esclareceria mesmo ou a deixaria ainda mais confusa? Será que aquela senhora não entendia que desde que ele havia cruzado seu caminho as perguntas sem respostas se tornaram uma rotina?

Após ter trocado suas vestes ela refugiou-se na sacada fitando a muralha de árvores, o tempo um tanto nublado e as aves voando e pousando nas árvores ao longe. A mansão estava quieta, o café da manhã fora somente na presença de Margareth e Viktor ainda não havia dado as caras. Margareth por diversas vezes disse para Kristen não esperar o Sr. Greembell pois o mesmo não haveria de ter uma hora correta para retornar. Talvez retornasse ao entardecer, talvez a noite ou quem sabe no dia seguinte. A pessoa que ele havia ido visitar costumava lhe tomar tempo e ele precisava de tal.

Mesmo sendo palavras para confortar, Kristen sentia-se extremamente incomodada. Quem ele haveria de visitar afinal já que alegava ser um homem isolado e sozinho com apenas Margareth e ela para sua companhia? O que mais intrigava Kristen não era na verdade o fato de ele ter saído em visita a alguém, mas sim ter saído em visita de uma mulher. Uma grande e importante mulher, como Margareth dissera. Haveria de ser aquela que estava pintada no quadro? Deuses, será que ela sabia que Kristen estava sob o mesmo teto dele? Estaria ele a enganar ambas?

Talvez o incomodo em seu peito fosse pelo fato de se sentir uma intrusa sob o teto do homem errado. Ali, pensando naquela suspeita visita, Kristen recordou-se da vez em que Viktor saira misteriosamente em visita a alguém e que na época Margareth também alegou ser uma mulher. Haveria de ser a mesma? Ele temeu que sim pois na última vez em que ele saira em visita a tal Margareth também alegou, quando perguntou se era uma namorada dele, que de certo modo era sim.

Ao recordar tal ela suspirou cansada. Não era uma mulher leviana, não queria fazer parte de algum tipo de traição. Mas diabos, por que elas eram tão parecidas?

Kristen novamente suspirou e decidiu sair dali. Talvez indo para um lugar com ar puro, talvez se destraindo com alguma coisa ela parasse seus pensamentos para com Viktor e achasse um sossego para sua mente. Não poderia se martirizar enquanto não tivesse uma resposta.

Ela entrou no cômodo e fechou as vidraças da sacada bem como as cortinas brancas. Logo passara pelo quarto e abriu a porta logo rapidamente encontrando-se no corredor vazio. Ela fechou a porta atrás de si e passou a mão pela saia de seu vestido creme seguindo pelos corredores a passos calmos e distraídos, Não demorando muito para que a escadaria bifurcada se materializasse a alguns poucos metros de si. Quando alcançara os degraus ela desceu-os lentamente olhando para a sala embaixo ainda procurando qualquer sinal de Viktor logo constatando que ele não estava lá.

Já ao pé da escada ela passou pelo local que cheirava as flores nos vasos luxuosos desviando dos móveis. Quando finalmente estava frente a porta, antes de tomar a maçaneta em suas mãos, a mesma fora girada pelo lado de fora fazendo-a recuar quando uma fresta fora aberta. Quando a porta fora aberta, o olhar do Sr. Greembell que antes estava baixo lhe fitou fazendo com que ela própria abaixasse o olhar.

— Srta. Sartórios — ele lhe cumprimentou com um sorriso de lábios selados.

— Sr. Greembell — ela correspondeu erguendo a cabeça e sorrindo da mesma maneira.

Viktor passara ao seu lado retirando seu sobretudo negro e colocando levemente dobrada por sobre o braço da poltrona frente a lareira, logo encostando-se no móvel de modo a estar de frente para Kristen, mesmo que em alguns poucos metros de distância.

— Vais sair? — ele perguntara tranquilo.

— Na verdade ia sim. Mas agora não tenho mais motivos.

— Algo a perturbar-te? — ele franziu o cenho rapidamente deixando os braços cruzarem-se na frente de seu corpo.

— Não mais do que tu possas sanar — ela sorriu de lábios fechados.

Viktor manteve seu olhar sobre ela, percebendo talvez o que de fato ela queria perguntar-lhe, mas ele optara por esperar que ela falasse, para que não acabasse precipitando-se.

— O que posso fazer?

— Onde fostes?

Ele franziu o cenho maneando levemente a cabeça para o lado. Ela queria saber para onde ele havia ido? Mas por quê?

— Perdão — ele optara por especular um pouco mais — Creio que não compreendi vossa pergunta.

Kristen fitava-o um em um misto de receio e determinação. As mãos remexiam-se inquietas na frente de seu corpo enquanto seus pés queriam ficar onde estavam e ao mesmo tempo irem até ele. Todavia, tentando conter seus impulsos nervosos, ela optou por repetir a pergunta e aguardar pacientemente uma resposta.

— Eu perguntei onde fostes.

Viktor sorriu de lado um tanto surpreso com a pergunta. Ele endireitou-se e tentou adotar um som sério o bastante para convencê-la com sua resposta.

— Fui dar um passeio. Por vezes os ares desta mansão me deixam sufocado. Não posso me negar a chance de procurar outros ares menos confinadores.

— Um passeio? — ela sorriu um tanto irônica saindo de onde estava andando devagar em sua direção — Margareth disse-me que fostes visitar alguém importante para ti. Entretanto esta informação tu omitiste.

— Talvez tenha feito os dois — ele a fitou cada vez mais próxima — Mas o que isto tem de interessante?

— Era uma mulher. Grande e importante que costuma tomar-lhe tempo, de acordo com Margareth. É tua namorada?

Ao fim da pergunta ele tentou assimilar algo que explicasse aquela situação. Kristen estava mesmo cobrando explicações de sua vida? Não era possível, ele tentava convencer-se. Qual motivo ela teria para tal? Talvez fosse apenas sua curiosidade sempre aguçada.

— Por que te interessas tanto? O que minha resposta mudará para ti?

Kristen não esperava aquela pergunta. Entretanto ela recebera aquela pergunta como uma pequena linha que a levaria direto ao ponto que realmente lhe interessava. Ela para a alguns poucos passos de distância dele. Ele desencostou-se do móvel, colocando suas mãos pálidas atrás de seu corpo.

— Eu vi o quadro em seu quarto. A mulher cuja semelhança a mim é assustadora. Fora ela a quem fostes visitar?

Viktor estreitou seus olhos fitando Kristen fronte a si. Ela havia visto o quadro de sua Marie. O que havia de estar pensando agora que encontrou uma pintura onde aparentemente elas eram a mesma? Será que pensaria que ele era um obcecado doente? Sentiria medo dele? Ele não saberia dizer o que ela poderia pensar de si, mas antes que ela tirasse qualquer interpretação errada daquela pintura ele resolveu tentar explicar o máximo que pudesse. Ele não se perdoaria se ela o temesse novamente.

— Eu sei o que estás a pensar, mas acredite, Kristen, aquela a quem viste no quadro não é você. Eu sei que deves estar assustada, mas não quero que pense que sou um homem obcecado ou doente, que farei algo para...

— Eu sei que não sou eu — ela o interrompeu colocando seu olhar sobre um jarro próximo a si tirando sua atenção de Viktor para tocar a superfície do objeto.

— Sabes? — ele colocou seu olhar sobre ela acompanhando seus movimentos atentamente.

— Sei — ela reafirmou fitando-o novamente — Por incrível que possa parecer, eu sonhei com o dia em que aquela pintura fora feita. Eu sei que tu estavas com ela, que ela significa algo intenso para ti pelo modo como a olhava enquanto ela pousava para o pintor de quadril estreito e boina rosa atrás da tela.

Ao receber aquelas palavras, ele não soubera como reagir. Como era possível? Como ela poderia saber tantos detalhes se aquele quadro havia sido feito a séculos atrás? A cabeça dele estava embaralha, nada parecia se encaixar.

— Deve estar a enganar-se — ele dissera saindo de onde estava, olhando para um lugar qualquer totalmente confuso — Não é possív... — ele começou até que ela o interrompeu novamente.

— Possível? — ela completou. Ele a olhara novamente — Eu também não entendo assim como também não entendo como podemos ser tão parecidas. Como isso pode ser possível?

— Eu não... — ele respondeu sinceramente — não sei explicar-te. Isto permanece um mistério para mim ainda.

— Viktor, é ela? É a mulher da pintura que você sai as escondidas para visitar?

Ele permanecera em silêncio como se estivesse na dúvida se deveria responde-la. Kristen bufou indignada, gesticulando a medida que falava.

— É claro que é ela que vais escondido visitar, andando pelos corredores furtivamente como um ladrão para vê-la — ela o olhou já um bom tanto brava — Ela sabe que estou aqui? Sob o mesmo teto do homem que obviamente ela deve achar que mora sozinho na companhia de uma senhora assim como eu também achava? Ela também fora tola em acreditar em tuas palavras? — ela suspirou inquieta — Vejo que talvez sejamos mais parecidas do que apenas na aparência. Talvez seja esse o motivo para me manter aqui, para lembrar dela mesmo estando longe...

— Kristen, calma! — ele pediu interrompendo-a — Assim não poderei falar — ele aproximara-se dela lentamente como se temesse que ela o golpeasse com suas insinuações novamente. Ela não recuara a sua aproximação, no entanto o olhava ainda claramente furiosa e faminta de respostas.

— Quero que saiba, Srta. Sartórios, que não sou este homem que cuspiste em suas palavras. Não a mantenho sob este teto para desrespeitar-te de algum modo. Eu a respeito, deveras. Mas não posso esclarecer-te tudo que mereces saber ainda. Não é a hora para tal.

Novamente ela soltara o ar de seus pulmões de modo rápido, claramente insatisfeita, pronta para golpeá-lo com suas suspeitas novamente. Viktor, no entanto, tentara apaziguá-la novamente.

— Por favor — ele pediu próximo a ela, ansiando por tocar seus rosto, mas incapaz de fazê-lo pela ausência de luvas — Eu te direi tudo que mereces saber. Apenas deixe-me preparar-me até que possa fazê-lo.

— Já disseste-me isso uma outra vez, Sr. Greembell — ela disse em um suspiro cansado — Quando então estarás pronto se em todas as vezes que este lugar sussurra-me coisas a seu respeito, tu logo tratas de silenciar as respostas que tanto almejo ouvir?

— Confie em mim, Kristen. Dar-te-ei as respostas que almejares. Mas apenas peço que confie em mim, e eu te mostrarei que tua confiança não será vã.

Ela o olhou, buscando em seu rosto a verdade. Ele mantinha seu olhar sobre ela, de fato parecendo ser sincero em suas palavras. Ela suspirou cansada.

— Ao menos pode dizer-me o porquê eu estava em vossos aposentos? Não me recordo de ter errado o caminho para o meu.

— Depois que a encontrei na biblioteca, tu...

— Como? — ela o interrompeu — Biblioteca? Não sei o que estás a falar, Sr. Greembell.

— Perdão — ele sentiu o cenho franzido — Tu não te recordas?

— Eu nunca soube de biblioteca alguma, Sr. Greembell.

Ao fim daquela declaração, tudo que Viktor tinha e mente sobre a ida dela a biblioteca e sua caçada ao livro pareceram encaixar-se perfeitamente em suas suspeitas. Tudo indicava que ele estava certo. A imagem do corvo que matara e o desenho formado com seu sangue ainda estavam vívidas em suas cabeça, como um quebra-cabeça que parecia cada vez se encaixar mais. Maldições!

— Perdão, Kristen, mas terei de retirar-me agora.

Kristen pensou em falar algo, protestar talvez, mas sua boca não emitiu som algum então ela novamente selou os lábios deixando as mãos cruzarem-se frente a seu corpo. Ela fez um leve aceno com a cabeça em concordância.

— Obrigada — ele fez um aceno imitando o gesto dela anteriormente logo rodando os calcanhares indo em direção a escadaria. Entretanto, quando já subia os degraus, novamente a voz de Kristen o fez parar e virar-se o suficiente para fita-la.

— Qual o nome dela, Viktor?

Ele olhou para um ponto qualquer cogitando se deveria responder. Por fim, no entanto, se Kristen já havia visto sua Marie em sonhos, talvez não devesse esconder seu nome para ela.

— Marie. Marie Livian — ele finalizou logo baixando a cabeça e prosseguindo seu caminho. Kristen franziu o cenho sentindo a melodia daquele nome em seus ouvidos. Marie Livian. Aquele nome não lhe era estranho, mas de onde o conhecia?

***

Viktor abriu a porta de seus aposentos fitando o ambiente um tanto escuro pela ausência da luz do dia que fora privado pelas pesadas cortinas. Ele adentrou o âmbito deixando a porta fechar-se atrás de si enquanto ele sentava-se na beira da cama deixando a cabeça descansar entre as mãos enquanto seus cotovelos estavam apoiados em duas pernas. Será que estava mesmo certo? Suas suspeitas estavam certas quanto a Srta. Sartórios e sua ida a biblioteca quando a mesma sequer recordava-se de ter feito tal?


Infelizmente tudo indicava que sim.

No começo, Viktor ainda teria a chance de descartar as suspeitas que tinha, mas como faria isso agora que tudo apontava que ele estava certo? Ele não queria está certo. Não quando o assunto era Elizabeth.
Lembrando-se dela ele ainda perguntava-se como puderam chegar naquele ponto? Em qual parte do caminho eles haviam errado? Ele queria muito ter as respostas, mas infelizmente ele também sabia que havia perdido qualquer chance de tê-las a muito tempo atrás.

Viktor corria sobre os pedregulhos próximas ao penhasco sendo vigiado pela luz do luar no céu e o canto macabro das corujas na floresta próxima. Seu corpo juvenil balançava-se feliz deixando o sorriso aberto desenhar os lábios rosados enquanto olhava vez ou outra para trás a fim de visualizar seu perseguidor. Elizabeth vinha a alguns poucos centímetros atrás dele segurando a barra do vestido nas mãos enquanto um sorriso também feliz pintava seu rosto.

— Corra mais ou nunca irá me alcançar deste modo, Beth! — Viktor gritou correndo mais enquanto Elizabeth tentava o alcançar.

— Só não o pego se se jogar do penhasco, seu moleque desaforado! — ela gritou lá de trás. Viktor riu rapidamente correndo o mais rápido que suas pernas adolescentes permitiam. Ele olhava diversas vezes para ela deixando os pés correrem em uma direção qualquer quando sentiu os sapatos baterem contra uma pedra e seu corpo ser lançado para frente.

Ele sentiu o impacto do seu corpo sobre as pedras a beira do penhasco logo quando o mesmo rolou sem sua permissão mais para frente.

— Viktor! — Elizabeth gritou em desespero enquanto ele mal tinha o controle de seu corpo. O corpo dele rolou mais algumas vezes e quando finalmente parou, o único instinto que teve fora projetar sua mão acima de si e segurar-se na beirada do penhasco. O corpo dele estava pendurado, somente suas mãos a segurarem a pedra o faziam pender sobre os rochedos de pedras abaixo de si. As ondas violentas do mar batiam nas rochas lá embaixo fazendo aquela cena parecer ainda mais desesperadora. Se ele não aguentasse segurar seu próprio peso, decerto nunca mais veria Beth ou quem quer que fosse mais.

— Beth! Me ajude, eu vou cair! — ele gritou sentindo os dedos doerem com o peso. Elizabeth correu ao seu encontro jogando os joelhos no chão pedregoso sem piedade enquanto projetava-se para frente a fim de vê-lo.

— Segure firme, eu vou ajudar você! — ela gritou olhando o rosto dele ficar vermelho com o esforço que fazia para manter-se vivo. Ela olhou para os lados procurando qualquer coisa que fosse que pudesse ajuda-la naquele momento, mas viu-se sozinha com um monte de pedras inúteis.

Ela começou a olhar os arredores, todos os pontos possíveis foram alcançados com seus olhos desesperados. O que faria para ajudá-lo? Ela sabia que se tomasse as mãos dele para puxa-lo apenas usando sua força decerto não aguentaria e o risco de caírem os dois era gritante. Mas então o que faria? Ela procurou mais ao redor, via pedras grande e pequenas, um grande vazio e apenas as árvores das florestas a alguns metros.

Ela sentia o peito gritar em desespero, não sabia o que fazer e não poderia deixar Viktor cair. Nunca se perdoaria. Ela retirou os cabelos loiros de seu rosto enquanto os olhos caramelos varriam os arredores com gritante urgência.

— Beth, eu não estou aguentando! — ele gritou com voz rouca enquanto uma de suas mãos soltava-se das pedras. Elizabeth inclinou-se em direção a ele desesperada sentindo um suor frio se alojar em sua testa.

— Vai aguentar sim, segura isso direito! — Elizabeth olhou novamente ao redor, tinha de agir rápido. Sem outras opções ela saiu dali correndo em direção a floresta a alguns metros na esperança de encontrar algo mais útil que suas miseráveis forças e pedras. Ela correra o mais rápido que pudera e quando finalmente adentrou as árvores olhou desesperada tudo que pôde. Ela andou por ali, deixando os olhos vagarem sobre tudo que conseguia ver até que que finalmente pareceu encontrar algo. Em uma grande árvore, fios de raízes grossas estavam penduradas ao redor da mesma como se fosse franjas. Elizabeth não viu outra saída, ela correu em direção as raízes e as puxou. Elas eram firmes, o puxão que ela havia dado sequer tirou-as do lugar. Isto era bom, isso poderia salvar Viktor. Ela olhou novamente o redor, desta vez em direção ao chão. Tinha de achar algo para cortar aquelas raízes, mas o quê?

A alguns metros a frente ela encontrou uma garrafa vazia provavelmente que algum viajante beberrão deixou ali. Naquela momento ela agradeceu internamente por aquela pessoa ter passado por ali. Ela correu até o objeto e o pegou quebrando-o em uma pedra próxima. Ela jogou o gargalo no chão procurando em meio aos cacos algum que lhe fosse útil. Pegando o maior que encontrou ela correu até a árvore e fazendo um corte na raiz a arrancou. Enrolando a mesma na mão, Elizabeth correu em direção ao penhasco deixando os pés baterem violentamente contra as pedras embaixo de seus pés.

— Beth, eu não aguento, eu vou cair! — a voz rouca e forçada de Viktor fez com que ela se jogasse novamente sobre os joelhos.

— Só mais um pouco Vik!

Ela pegou a raiz longa enrolada em sua mão e desenrolando-a ela procurou uma pedra grande o suficiente próxima a si e deu uma volta ao redor dela pois fazendo assim, quando puxasse a corda de raízes, a mesma deslizaria pela rocha e sua força seria um pouco maior.

Elizabeth retornou correndo onde Viktor estava e jogou com pressa a corda improvisada.

— Segura isto! Irei puxá-lo! - ela disse logo correndo para trás da rocha agarrando a ponta da corda.

— Isso não vai aguentar comigo! — a voz dele soou tão rouca quanto antes.

— Pega logo!

Viktor via-se sem opções. Se não pegasse aquela corda improvisada cairia e seria morto e levado pelas ondas que batiam nas rochas. O rosto dele estava vermelho e as veias saltadas eram o resultado do esforço que fazia sua cabeça latejar em protesto.

Com a mão que havia se soltando da rocha ele agarrou a raiz. Ele sentiu receio em largar a única mão que o mantinha vivo até ali, mas teria de confiar em Elizabeth para sair vivo dali. Ele então soltou a outra mão depositando sua força e seu peso inteiro na corda de raízes. Elizabeth sentiu a corda ser puxava quase a levando junto, mas conseguiu frear com o pé.

Ela começara a puxar a raiz tomando cuidado para apoiar seus pés em um lugar que não fosse escorregar. O peso agora empregado na corda faziam os pequenos músculos dos braços saltar e as veias em sua testa se exporem. Ela puxou a corda quase sem respirar, sua força inteira estava ali, sua mão doía com o puxar da corda e seus pés estavam pesados. Ela puxou, usou forças que nem sabia existir e então, finalmente, a figura de Viktor apareceu. Com mais esforço ela o puxou até que ele mesmo agarrasse as pedras no chão e terminasse de voltar a um ponto seguro.

Ele deitou-se no chão pedregoso e deixou os braços se abrirem ao redor de si. Elizabeth, por sua vez, sentou-se no chão respirando o mais fundo que conseguia a fim de recuperar o ar perdido. Após uns instantes, ela foi engatinhando sobre as pedras até onde ele estava e então deixou o corpo desabar ao lado dele e a cabeça repousar sobre o seu peito.

— Você quase morreste, maldito — ela comentou ainda arfando cansada. Viktor arfava também, mas deixou um riso escapar.

— Essa é a hora que você me abraça e chora emocionada por eu não ter morrido.

— Eu não vim aqui para chorar — Ela levantou-se sentando no chão. Viktor repetiu o seu gesto.

— Seus joelhos estão cortados — Viktor aproximou-se erguendo a mão em direção aos cortes que deixavam o sangue dela escorrer por suas pernas. Elizabeth, no entanto os cobrira colocando a longa saia de seu vestido sobre as pernas.

— São arranhões. Ao contrário de você, eu não vou morrer hoje.

Viktor sorriu. Ele fitava ela enquanto ela olhava ao redor, observava o lugar e o sangue em seus joelhos começavam a grudar no vestido.

— Tem de fazer um curativo — ele ergueu um pequeno pedaço do vestido dela todavia ela bateu na mão dele o fazendo recuar.

— Eu estou bem, Viktor, isso não é nada.

— Teimosa.

— Desastrado.

Após aquela pequena disputa Viktor sorriu de lado. Era sempre bom passar o tempo com Elizabeth, ela o fazia esquecer do mundo, era engraçada e arredia. Era quase irmã.

— Elizabeth, — ele chamou a atenção dela que estava sobre a paisagem escura do lugar — Lembra que disse que queria falar-lhe algo?

— Ah sim, antes de você quase morrer — ele sorriu em resposta — Lembro.

— Então, eu... — ele sorriu sozinho pra si mesmo desviando o olhar dela e olhando para o céu — Já faz algum tempo que queria que soubesse disso.

Elizabeth apoiou-se sobre as mãos fitando-o ansiosa.

— Eu... — ele lambeu os lábios e a olhou — Estou apaixonado.

Elizabeth continuou fitando-o, os olhos brilhavam e o coração de repente disparou. Ele estava apaixonado? Ela sorriu de lado, abaixou a cabeça e fitou as mãos. Era agora, ela tinha de falar.

— Apaixonado? — não conseguiu falar. Maldições!

— É. Eu estou apaixonado por uma mulher.

— Eu a conheço?

— Muito bem por sinal. Talvez melhor do que ninguém.

Elizabeth sentiu o peito disparar. Era ela, tinha de ser ela. Ele a amava. Ele também sentia o que ela sentia.

— Vik, eu — ela tentou falar, todavia fora interrompida por ele.

— É a Marie. A sua melhor amiga.

Naquela momento ela sentiu o peito desabar. Marie? Uma pontada forte atingiu seu coração tão forte que ela jurou que ele havia se partido.

— Marie? — a voz saiu em um sussurro.

— Sim v ele disse fitando o céu sonhador, como se conseguisse ver a face de sua amada em sua frente — Eu sinto que a amo. Toda vez que a vejo sinto o coração disparar, sinto um rebuliço no estômago, minhas mãos suam... Eu nem sei explicar, mas é algo muito forte para ignorar.

Elizabeth sentiu o coração partir-se. Ele estava apaixonado por sua melhor amiga. Não por ela. Uma dor tomou seu peito, os olhos arderam e a voz sumiu. Por que? Os olhos delas marejaram, ao mesmo tempo que sentia triste sentia raiva. Raiva de si, raiva de Marie, ódio de Viktor. Ela então levantou-se rapidamente e saiu dali pisando forte e rápido. Só queria desaparecer.

— Beth! — ele a chamou. Ela não parou, andava rápido e sequer olhava para trás. Viktor levantou-se rapidamente e a seguiu. O que estava acontecendo com ela?

— Beth, o que tu tens? — ele segurou o braço dela a puxando. Quando ela virou-se em sua direção seu rosto estava inundado por lágrimas e seu nariz escorria.

— Me deixa em paz Viktor! — ela gritou puxando o braço das mãos dele usando o dorso da mão para limpar o nariz.

— Beth, o que houve? São os cortes? — ele tentou toca-la, mas ela afastou-se.

— Vá ao inferno! — ela gritou e saiu andando tão ou mais rápido do que antes. Viktor ficou ali parado sem entender nada. Ele estava estático, não entendia o que havia acontecido com ela e nem o porquê de trata-lo daquela maneira. O que havia feito de errado?

Já a alguns metros de distância, ela voltou-se para trás e gritou em alto e bom som.

— Eu deveria tê-lo deixado morrer! — e então ela virou-se novamente e sumiu entre as árvores.

— E eu realmente fui ao inferno, Beth — ele murmurou melancólico para si mesmo enquanto fitava um ponto qualquer.

— Menino? — uma voz conhecida sugou Viktor novamente para a dura realidade — Tu te sentes bem?

Viktor piscou algumas vezes como se se adaptasse novamente a realidade e só então notou a presença de Margareth. Ela estava abaixada em sua frente fitando-o insistentemente.

— São as lembranças — ele sorriu de lábios selados rapidamente — Sempre elas.

Margareth respirou fundo e levantou-se de onde estava sentando-se na cama ao lado de Viktor.

— Novamente estás a pensar nela? — a senhora perguntara referindo-se a Marie.

— Não desta vez — fez uma breve pausa — Elizabeth.

— Aquela mulher? — a senhora perguntou de cenho franzido e ar de surpresa.

— Não essa de agora, a que um dia eu tive grande apreço. Não entendo onde errei com ela.

— Não erraste menino. Aquela mulher é doente, tu não tens de culpar-se por isto.

Viktor fitou ternamente Margareth. Agora aquela senhora era sua eterna amiga. A melhor que poderia ter.

— Foste visitá-la? — ela perguntou.

— Sim — ele voltou-se para frente novamente apoiando os braços nas pernas.

— No cemitério?

— Não. Não lá.

— Pensei que tu não se sentias...

— Digno? — ele completou interrompendo-a — E não me sinto, mas sabia que precisava dela para conseguir pensar direito.

— O que o atordoa? — ela perguntou enquanto ele erguia-se da cama e caminhava até as vidraças da varanda — Em todo esse tempo, por mais atordoado que estivesse, tu não havia ido lá uma única vez.

— É verdade — ele puxou uma pequena parte das cortinas deixando uma fresta que dava visão para o lado de fora — Mas desta vez é diferente. Desta vez ficar aqui não me ajudaria a tentar entender — ele fechou a fresta que havia aberto e aproximou-se da senhora sentando-se novamente ao seu lado — Eu peguei-a na biblioteca durante a madrugada.

— Quem? — ela perguntou confusa.

— Kristen Sartórios.

— Mas o que ela estava fazendo lá?

— Ela encontrou o livro, Margareth. Ela o leu.

Margareth não pôde conter que seus olhos se arregalassem. Como ela havia encontrado o livro?

— Ela o leu?

— Sim.

— Pelos Deuses, e o que aconteceu?

— Não sei explicar — ele cruzou as mãos com os braços apoiados nas pernas e seu corpo projetado para frente — Enquanto lia ela não me ouvia. Parecia que estava hipnotizada, desligada deste mundo. As letras na página brilhavam, mexiam-se como se tivessem vida própria e os livros das estantes flutuavam. Parecia bruxaria, algum encantamento, eu não sei como dizer. Mas algo estava acontecendo ali.

Margareth olhou um ponto qualquer tentando entender tudo que ele falava. O que aquilo poderia significar?

— Ela não me disse nada sobre isso hoje no café — a senhora comentou.

— É porque ela sequer sabe que fizera isto — Margareth o olhou rapidamente com o cenho levemente franzido e os olhos levemente arregalados.

— Como? Não é possível que ela não lembre-se de ter saído de seu quarto e ido até a biblioteca.

— É possível, minha querida — ele a fitou — Ela estava sob o comando de alguém. A magia de alguém.

— Quem? — ela esperou uma resposta, mas logo sua própria mente tratou de dá-la — Por que Elizabeth iria enfeitiça-la para encontrar o livro? O que ganharia com isto?

— Por que Elizabeth jurou que jamais ninguém me amaria — ele levantou-se sobressaltado — Por que ela sabe que se Kristen souber o que fiz ela me repudiará como todos fizeram. Ela quer me ver sozinho, Margareth, ela sabe que Kristen está aqui e ela sabe que Kristen é igual a Marie.

— Como ela saberia? — a senhora perguntara — Por que achas isso?

— O corvo. Quando aquele corvo invadira a sala de jantar, quando o matei o sangue dela formara um símbolo de feitiçaria sobre a madeira. Posso quase afirmar que ela nos observava através daquele pássaro. Ela me viu ao lado da Srta. Sartórios.

— Deuses! — a senhora dissera.

— A noite passada, quando encontrei a Srta. Sartórios a ler o livro, eu fui até ela, tomei a atenção dela para que parasse de ler antes que tudo estivesse perdido. Consegui que ela deixasse o livro de lado, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa ela simplesmente desabou em meus braços. Hoje, no entanto ela sequer recorda-se do que acontecera. As coisas estão muito claras para mim.

Margareth focou seu olhar em um ponto qualquer. O que poderia fazer?
Viktor olhava para qualquer ponto no ambiente, tinha o semblante sério e com certeza os pensamentos a mil. Margareth o olhou e levantando-se da cama ela foi até ele. Talvez estivesse na hora.

— Menino, — ele a fitou — será que não está na hora dela saber?

Viktor recuou.

— Como? — ele franziu o cenho — Eu não posso Margareth, ela não está pronta para me ouvir.

— Se Elizabeth sabe mesmo que ela está aqui, sob seu teto, Kristen pode está em perigo. Ela precisa saber o risco que está a correr. Ela precisa entender. Ela o repudiara quando tocaste nela, mas ainda assim, temendo o que tu és, ela voltou para nós, ela aprendeu a vê-lo como um homem qualquer. Ela arriscou sua vida para salva-lo naquela feira. Tu não achas que ela mereça saber quem tu és? Não acha que ela já não deu motivos para que acredites que ela é capaz de aceita-lo como és?

— Margareth — ele voltou-se para ela — eu não sei se consigo. Eu não quero que ela me repudie. Não de novo. Eu não sei dizer o porquê, mas eu não suportaria vê-la temer-me novamente.

— Ela merece conhecê-lo menino — ela tocou os cabelos dele — Se ela o repudiar depois de tudo que fizeste por ela, então nós a deixaremos ir e vamos embora para outro lugar. Mas se ela aceita-lo, então poderemos aceitar que ela de fato pode ser a chave para sua redenção.

***

Kristen andava com os braços a rodearam seu corpo nos corredores longos e vazios da mansão. Após o pequeno surto ridículo que tivera quanto ao Sr. Greembell, ela resolvera se refugiar lá fora, mas não dera muito certo. O vento frio congelava sua pele e som das aves se refugiando da tempestade que logo chegaria não deixava seus pensamentos se aquietarem.

O incômodo que antes estava alojado em seu peito havia diminuído um pouco todavia outro tipo de incômodo havia entrado em seu lugar. Desta vez era como um sentimento de arrependimento por ter agido de forma tão ridícula e também arrependimento de não ter insistido. Era um misto incômodo, algo extremamente chato.

Ela atravessou alguns corredores sem sequer notar para onde estava indo até que ao dobrar uma esquina, logo a alguns metros a frente, uma majestosa porta de madeira marrom em verniz estava materializada. Ela olhou para o fim do corredor do qual acabara de passar e sem muitos motivos aparentes ela seguiu o corredor em sua frente rumo a porta.

Tinha de encontrar um lugar para ficar, queria pensar, ficar sozinha.

Chegando ao fim e de fronte a porta, ela tomou a maçaneta em mãos sentindo o toque frio do metal ser acolhido na sua palma. Ela rodou e logo a porta fora aberta com um ruído nas dobradiças. O que encontrou dentro do ambiente fora um amplo espaço repleto de estantes carregadas de livros, escadas acopladas as estantes, uma mesa coberta por poeira e alguns livros espalhados, uma cadeira estofada e um grande e também empoeirado lustre no alto.

Ela entrou no local deixando a porta aberta atrás de si e ainda com os braços ao redor do corpo ela caminhou lentamente no local. Alguns livros estavam espalhados pelo chão, a poeira deixava claro o abandono do lugar e tudo parecia intocado. Era o lugar perfeito para pensar. Ela andou levada pelo instinto aproximando-se de uma das grandiosas estantes. Ela observou as fileiras de livros e em certo ponto deixou os dedos de uma de suas mãos os tocarem. Ela passeou por ali deixando os dedos marcarem a poeira e logo permitiu que eles retirassem um livro qualquer dali. Nunca havia estado em uma biblioteca, era inegável o quão era tentador ler qualquer coisa ali. Talvez ler afastasse os pensamentos confusos, talvez estivesse mesmo no lugar certo.

Tomando um livro de cara dura em mãos, ela ergueu a capa e deixou a primeira folha erguer-se. Ao deparar-se com as primeiras palavras, os olhos expremeram-se tentando entender, mas tudo que via era uma língua estrangeira. Ela então fechou o livro, não poderia ler algo que não entendia, e então o guardou de onde havia o tirado. Ela vagou mais um pouco, não era possível que não houvesse algum livro na língua nativa. Ela andou mais a frente até que sentiu os pés baterem contra algo. Ela olhou para o chão e encontrou um dos muitos livros espalhados por ali. Ela suspirou e abaixando-se o pegou. Quando erguer-se novamente, seu olhos recaíram sobre um livro aberto sobre a mesa a alguns centímetros.

Como se o livro a houvesse convidado a conhecê-lo, ela andou até ali deixando o livro que trazia em mãos jazer sobre a madeira empoeirada da mesa. O livro estava aberto no que parecia ser a primeira página, suas folhas tinham um tom amarelado lembrando algo envelhecido, em suas bordas detalhes dourados em alto relevo sobressaiam ao lado das páginas e as letras caprichadas e puxadas em um tom negro parecia sussurrar para lê-las.

Kristen arrastou a cadeira estofada sem tirar os olhos do livro que parecia encara-la de volta sugando-a em um hipnotizante transe. Ela não sabia o porquê, mas queria lê-lo, sentia algo puxando-a como um ímã forte. Ela sentou-se. O livro aberto em sua frente quase gritava para lê-lo. E ela faria.

Tomando o mesmo em mãos, ela sentiu o peso suave. As páginas fitavam-na, curiosos tanto quanto ela. Puxando o ar para seu pulmões, ela deixou o hálito bater na página e então, lambendo os lábios, ela deixou que as palavras desconhecidas deslizassem por sua língua.

— A puero usque ad plenam vitae — as palavras ainda desconhecidas, aos poucos pareciam se apresentar para ela e ela queria muito conhecê-las. Como em um transe, ela viu a página iluminar-se. Era como se ganhasse vida própria e logo as letras pareciam dançar sobre a folha, arrastando-se lentamente sobre a página ganhando tons brilhantes de dourado. Uma pequena brisa pareceu brincar no ambiente, um suave vento inexplicável mexia seus fios.

— Dilectus amore — aos poucos sussurros pareciam acompanhar a leitura, pareciam sussurrar tudo em uníssono a Kristen e a brisa que rondava a sala deixava os livros nas alturas, flutuando como se tivessem asas — suo condemnetur amicus eius.

— Jovem e cheio de vida — uma voz sugou Kristen de volta a realidade. Ela levantou-se com o livro em mãos virando a cabeça procurando o dono daquela voz. Parado ao lado da porta aberta, estava Viktor — Apaixonado por sua amada e condenado por sua amiga.

Ao contrário do que Viktor achou que aconteceria como da outra vez, desta vez os livros não desabaram no chão, os sussurros não se calaram e o livro não apagou. Estava na hora.

— Viktor — ela fitou o livro em mãos rapidamente para então fita-lo — O que está acontecendo? O que é isto?

Ele abaixou a cabeça, cruzou as mãos frente ao corpo, fechou os olhos ligeiramente e procurando em si a coragem para falar, ele ergueu a cabeça deixando a frase escapar de uma vez.

— Esse sou eu — engoliu a saliva em seco — Esta é a minha história.

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5894 palavras.

Olá, Olá Jubinhas do meu ❤ Aceitam um calmante? ☕

Ahhhhh, que capítulo enorme! Mas eu espero que tenha valido a pena lê-lo ❤ Estamos na reta final se preparem para muitas coisitas inusitadas hahahahah

O que acharam? O que vai acontecer? Estão surtando? Quero teorias!!! Me contem tudo!

Que tal uma 🌟?

Me encham de notificações 🎉🎉
Aguardo manifestações 🎉🎉🎉 DÁ LIKE!

Viktor ama vocês ❤❤

Até logo ❤❤

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