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Primavera

Primavera

Despertei naquela manhã com o cheiro de erva adocicada que exalava dos cabelos de Carolina. Ela dormia profundamente com eles desgrenhados sobre o rosto, tirei delicadamente a mecha verde e admirei por instantes. Desenhei cada detalhe de seu rosto em minha mente, queria poder cravar cada traço e cada momento que dividimos na noite anterior como uma tatuagem em meus pensamentos. Beijei levemente seu ombro nu, e depois o cobri com o lençol, a vi se aninhar no travesseiro e resmungar algo de forma inaudível, antes de voltar a dormir profundamente.

Com cuidado, levantei da cama com um sorriso nos lábios, juntei minhas roupas do chão e usei o banheiro do corredor, para não atrapalhar seu sono. Peguei o carro e dirigi até a padaria mais próxima, comprei alguns pasteízinhos, cupcakes, pães, geleia, e um saco de café mentolado.

Na fila do caixa, ouvi meu celular vibrar no bolso e o nome do Trevor apareceu na tela, poderia não ser o mais adulto a se fazer, mas preferi não ter uma dose de realidade naquele momento.
Ignorei a chamada.

Retornei para casa e enquanto assobiava uma canção dos anos oitenta, preparei o café. Quando me voltei a porta, Carolina estava recostada no marco, com o cabelo um pouco bagunçado e vestindo uma de minhas camisas.

— Bom dia — digo com um sorriso — Você estragou tudo, era para ser um café na cama — digo enquanto sirvo a caneca e ela fecha os olhos, estende os braços a frente e recua falando com a voz arrastada que é sonâmbula.

Não consigo controlar a risada que escapa de dentro do meu ser, e depois de arrumar tudo sobre a bandeja, voltei ao quarto onde Carolina, fingia dormir.  Sentei ao lado da cama com a bandeja em mãos e a admirei por uns instantes antes de por tudo sobre o criado mudo.

Carolina era tão bela, como o primeiro dia de primavera, quando as primeiras flores, antes tímidos botões reclusos pelo ar gelado, tomam coragem e florescem mostrando o esplendor oculto dentro de cada um deles. Ela virou-se na minha direção e nossos olhares permaneceram presos um ao outro, e de algum modo eu sabia o que eles me diziam, ela estava feliz, mas assim como a primavera, ela não ficaria para sempre.

Desvio o olhar de volta a bandeja de café e forço um sorriso, Carolina se ajeita na cama recostando - se à cabeceira e coloca a sua delicada mão sobre a minha.  

— Isso parece uma delícia — diz com um sorriso fraco.

— Você vai voltar pro Canadá, não é?

— Eu… eu preciso. O Noah já estava entrando em pânico, foi loucura minha sair de lá sem avisar nada. Sem acertar as coisas. Preciso conversar com ele e pegar as minhas coisinhas...

— Ah Carol… Você sabe que se ir lá, ele vai te convencer a ficar. Ou talvez seja a isso que você queira mesmo. Eu posso entender, mas droga…

— Alec — ela diz acariciando a lateral do meu rosto — Porque a gente só esquece disso tudo, hoje é domingo esse café tá maravilhoso, tem sol lá fora. Eu não quero pensar no meu futuro, só sei que eu estou feliz e mais do que isso eu estou me sentindo plena, em paz e é você que faz eu me sentir assim — diz com um sorriso que se finda com um beijo carinhoso em meus lábios. Ela se afasta e eu seguro gentilmente seu queixo e retribuo o beijo com um pouco mais de intensidade. O café permaneceu esfriando sob o criado mudo enquanto fazíamos amor, de forma calma, leve, atenciosa. Queria sentir cada parte de seu corpo, cada reação provocada por meus lábios em sua pele, não tinha idéia de quanto tempo duraria aquela primavera, mas a viveria intensamente cada momento.

Almoçamos por volta das três da tarde, na lanchonete favorita da Carolina.

— É uma pena que o Max esteja acampando,  podíamos nos divertir muito. Ah e a propósito, tem visto o seu pai?

— Eu levo o Max de vez enquanto na clínica.

— Então você e ele… Ainda não se acertaram?

— É complicado Carol, o meu pai ele fez coisa horríveis e ele ainda não se sente culpado por isso.

— É o fato dele se sentir culpado, faria você se sentir melhor? — Ela diz e eu me ajeito na cadeira.

— Ah… Você está cursando nutrição ou psicologia?

— Tem cadeira de psicologia em nutrição, mas a verdade é que o Noah também tem muitos problemas com o pai dele, eles não se falam, não trocam um bom dia. Ele ainda não tá pronto, e nem quer, acertar as coisas, mas você, eu sei que está. Devia tentar. As vezes ele não pedir perdão é simplesmente porque ele tem medo de não ser perdoado. Tira esse peso dele e de você e veja o que acontece.  — Ela fala voltando a atenção para taça de sorvete.

Naquela tarde, fomos a praia e é
eu finalmente fiz algumas fotos dela, antes do sol desaparecer no horizonte. Ficamos sentados lado a lado até a noite cair e não parecer mais uma boa idéia permanecer na praia.

Voltamos para casa e enquanto eu tomava um banho para me livrar da areia, ouvia Carol andando de um lado pro outro pelo assoalho. Sai do banheiro e a procurei pelos cômodos e a encontrei no meu estúdio, entre as caixas de papelão, olhando pras fotos suas e outras do Max presas num mural na parede.

— Espero que não ache que eu sou um maluco por isso.

— Quando terminamos, achei que ficaria bem. Disse que ficaria bem, eu nunca… Nunca quis te machucar Alec.

— Não,  eu já disse que, depois do Max, você é o melhor que me aconteceu. Eu só não estou conseguindo seguir, como achei que conseguiria.  Não é culpa sua.

— E essas caixas?

— São arquivos do trabalho.

— É precisa delas? —Ela questiona sabendo a resposta.

— Eu não sei. — Digo, entendendo que estava me afundando novamente naquela compulsão por acumular coisas. Carol se aproxima e envolve seus braços finos em meu pescoço e fica na ponta dos pés para me beijar.

— Me promete que vai se livrar disso,  meu cavaleiro branco. Não precisa disso.  Vem cá — ela diz se afastando e me puxando pela mão até um espelho resolver na parede. — O que você vê?

— Um cara que tem que fazer a barba.

— Credo, não! Eu vejo um cara alto, bonito, gentil, forte, um pai maravilhoso, com uma barba muito sexy. E se não vê isso precisa de terapia. —
Ela fala beijando a minha bochecha. Eu tô com fome.

— Acabamos de comer. — Digo espantado.

— Vai me negar um pedaço de pão? Eu faço oito cadeiras na faculdade, tenho que estocar energia, tipo os ursos antes do inverno.  — Ela diz e eu caio numa gargalhada.

Carol prepara uns waffles, e me ensina a fazer seu famoso brigadeiro. Assistimos um filme na televisão e adormecemos sobre o sofá da sala. No dia seguinte, despertei com o cheiro de bacon e café. Ela estava na cozinha com os fones de ouvido, o celular numa mão e uma escumadeira em outra. Desafinada, cantava uma música que eu reconheci ser da Kate Perry, pois Max também adorava as canções dela. Empolgada, virava a cabeça pros lados de olhos fechados e enquanto cantava seus cabelos dançavam ao ar como galhos recheados de pétalas e flores, e balançava os quadris no ritmo da música, enquanto deslizava os pés descalços sobre o piso da cozinha.

Eu poderia olhar para ela assim todos os dias, pelo resto da minha vida e tenho certeza que ainda me sentiria o homem mais feliz e sortudo da face da terra.

Quando percebeu minha presença parou envergonhada, e logo as maçãs do rosto altas que escancaradas a sua juventude, tomaram um rubor.

— Continua. Você estava ótima.

— Eu tava cantando alto né, fones de ouvido nos dão a falsa ilusão de que estamos cantando igual ao gravação.  — Ela fala tirando os fones e colocando o celular sobre a mesa — Você vai trabalhar?

— Não,  eu só vou até a firma pegar uns projetos, aí posso trabalhar em casa. Precisa de alguma coisa?

— Não, eu acho que vou visitar a Rachel e tentar encontrar um chaveiro, para entrar em casa.

— Precisa de carona?

— Não, eu me viro.

Tomamos café e eu me arrumo para o trabalho, me despeço de Carolina na varanda e vou para a empresa sorrindo. Na verdade não tinha a menor vontade de sair de casa, que desde o regresso da Carolina, parecia um verdadeiro paraíso particular, nunca gostei tanto de estar em casa como agora.

Dirijo devagar e a vejo caminhar até a calçada pelo retrovisor, e aos poucos desaparecer conforme avanço pela estrada. Conscientemente, parte de mim sabia que aquela era uma ilusão.  Eu já tinha idade o suficiente para entender algumas coisas das mulheres, da vida e do amor. E eu não duvidava do amor da Carol por mim, não mais, não depois de nós entregarmos um ao outro de maneira tão intensa e plena. Apesar da juventude, Carol tinha aquele romantismo à moda antiga impregnado em suas entranhas. Sexo, não se restringia a algo carnal, físico, tanto, que esta, fora a primeira vez que estivemos juntos, mesmo que tivéssemos sido namorados por alguns meses antes. Ela me amava, e eu a amava. Mas não era o tipo de amor que ela queria, ou precisava antes dos vinte. Ou pelo menos, era o que eu queria acreditar, este seria um motivo para esperar por ela, caso decidisse ir.  Mas não sei, Nietzsche, disse uma vez que o amor é o estado mental em que os homens tendem mais a ver as coisas como elas não são. Mas mesmo que o amor seja apenas uma infinidade de ilusões, que se vem para anestesiar mentes incapazes se serem auto suficientes, ainda assim, nada se compara ao sentimento de amar e se sentir amado. E este, com certeza é meu analgésico mais prazeroso e eficaz, afinal, mesmo sabendo que posso perdê - la novamente, a incerteza não é o suficiente para tirar o sorriso estampado nos meu rosto, o brilho e calor da minha alma que transbordava pelo meu olhar.

— Quer saber, não preciso trabalhar, hoje —Tomei o caminho inverso e me dirigi ao centro da cidade, parei num Pet Shop, e caminhei por entre as diversas gaiolas com filhotes fofinhos a amostra,  mas o que me chamou a atenção foi um cãozinho de patas grandes e olhos entristecidos, sozinho com uma placa de doação. Abri a gaiola e o tomei nos braços e ele imediatamente se pôs a lamber o meu rosto. Eu nunca tive um cachorro, meu pai nunca permitiu, e quando tinha a idade do Max,  encontrei um cão doente na rua e o escondi no porão de nossa casa, guardava parte do meu jantar para ele, e esperava todos dormirem para descer a escadas e dormir ao lado dele e evitar que ele fizesse barulho e acordasse meu pai. Quando o cão parecia dar sinais de melhora, começou a andar para lá e para cá e inevitavelmente, meu pai o achou. Quando cheguei da escola a cabeça dele estava esmagada no piso frio do porão, tive de raspar com uma pá, e foi naquele dia que comecei a acumular coisas, e só piorou com a morte da minha mãe. E mesmo gostando de cães, nunca consegui trazer um para casa.

No caixa, paguei por um banho, ração e vacinas, meia hora depois ele voltou serelepe com um laço vermelho no pescoço, cheirando a perfume. O coloquei no carro e dirigi até a escola de Max, pedi a diretora que o liberasse mais cedo e alguns minutos depois o vi sair pela porta da escola, cabisbaixo e me olhou com uma carinha desconfiada, na certa imaginando que levaria alguma bronca por algo. E certamente, ele tinha motivos, porque talvez não fosse só o Max que tivesse vivendo uma fase difícil.  Abri a porta do carro e o cãozinho saltou e saiu correndo na direção dele, como se soubesse exatamente que aquele seria seu humano pro resto da vida. Vi Max soltar um grito de alegria e os olhos se encherem de brilho enquanto se abaixava e tomava o baixinho inquieto, que lambia compulsivamente seu pescoço, nos braços.

— Ele é meu, jura que ele é meu? — Pergunta ele em êxtase.  

— Acho que você já tem idade para ter um cachorro. Bom, ele precisa de um nome e de uma coleira, que tal a gente providenciar isso e depois tomarmos um sorvete?

— Sério, vai me tirar da escola para tomar sorvete, quem é você e  o que fez com meu pai?

—Só hoje. — Digo me abaixando e ficando na altura dele. — Eu te amo, nunca duvida disso tá bom? Mesmo eu sendo um velho chato às vezes. E agora que você tem um “filho”, vai acabar entendendo que às vezes, a gente tem que ser firme e em outras vezes estamos tão cansados que fazemos e dizemos coisas que não queremos dizer. Me desculpa pelas coisas que eu disse da sua mãe, ela cometeu os erros dela e eu os meus, mas nos dois te amamos muito Max, você entende isso, não é? Você é o mais importante para gente. — Digo e ele concorda com a cabeça e enreda os braços no meu pescoço.

— Eu te amo pai, desculpa eu estar chato, a professora disse que é a pré adolescência e os hormônios.  — Ele fala e eu acaricio a sua cabeça.

— Você é muito esperto.

—Vou chamar ele de Baley. — Diz voltando a se agarrar no cão. — Eu tenho um cachorro!

Depois de fazer o “registro” do cão e ele estar devidamente etiquetado, tomamos sorvete e fomos ao parque, por ser horário escolar, estava praticamente vazio, mas Max tratou de puxar assunto com qualquer alma viva que passasse por perto, só para contar a novidade. Almoçamos cachorro quente, e Max me contou sobre o acampamento, as novidades na escola, e tudo que ultimamente eu não tinha mais paciência para ouvir. Falou até mesmo sobre a garota bonita que chegou do Texas a qual ele emprestou a caixa de lápis de cor e recebeu um beijo na bochecha por isso. Foi quando lembrei de Carolina, e voltamos para casa com um lanche, para ela. Carol estava na varanda da casa do pai na companhia de um chaveiro usando um macacão azul que abriu a porta em questão de segundos.

Max desceu correndo do carro com o cachorro no colo gritando na direção dela.

— Carol! Eu ganhei um cachorro,  o nome dele é Baley, ele é meu, eu vou ensinar truques para ele e ele vai dormir no meu quarto. — fala Max com empolgação enquanto Carol cumprimenta ele com um beijo e recebe lambidas do filhote. — Trouxemos um lanche para você. Dois na verdade.

— Ai  que fofo, ele já tem nome? — Ela questiona.

Avisei Casey, sobre Max e passamos um tempo na varanda do Tom, Baley corria feito louco pelo jardim, tropeçando e escavando, arrancando algumas risadas. A noite, Carol preparou um jantar delicioso, o qual devoramos entre risos, conversas bobas e enquanto eu fingia não ver Max alimentar o cachorro com os legumes do seu prato por baixo da mesa.

Aquela sensação de plenitude, sabe? Parecida com aqueles segundos quando você recebe aquela prova que tinha certeza que foi mal e se depara com um belo B, que vi te livrar do castigo, ou ao receber seu canudo depois de anos exaustivos na faculdade, ao receber aquela promoção no emprego, dizer o sim no altar a pessoa que você ama, ou contemplar o rosto do seu filho pela primeira vez. Não apenas um momentos felizes, como beber uma cerveja num bar ou achar dinheiro na rua, é mais que isso, são momentos de eternidade, o seu infinito.



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