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O Tempo

Reformar a casa foi uma bela maneira de me aproximar do Max e embora ainda nosso projeto não passasse de uma pilha de desenhos feitos com canetinha de colorir, nunca o vi tão empolgado com algo. Passávamos horas depois que ele vinha da escola, conversando sobre a cor das paredes, prateleiras e etc… Descobri que meu filho tinha um gosto que ia muito além de azul e figuras de super heróis.

As semanas passaram calmamente e numa manhã de sexta feira, recebi uma ligação da clínica onde meu pai estava internado. Avisei no trabalho, peguei as chaves do carro e fui para lá.

Uma psicóloga de óculos de grau e cabelos castanhos me recebeu na porta, e me preparei mentalmente para notícia que eu iria receber, pensei em como contaria ao Max, no funeral, caixão, antes mesmo dela me mandar sentar na poltrona acolchoada de veludo vibrante de sua sala.

一 É um prazer conhecê-lo senhor Macllister, seu pai é realmente uma figura 一 falou com um sorriso amarelo.

一 É? Eu achei que…

一 Não, ele está bem. Está muito melhor desde a sua última visita.

一 Oh. Que bom, fico feliz em ouvir isso.

一 Bom, na verdade ele tem conversado bastante comigo e bom, ele sente muita falta da família.

一 Ele me disse que quer voltar pra casa, mas esta não é a primeira clínica dele. Já passou por muitas dessas, algumas antes de minha mãe falecer e isso já tem quase trinta anos. Se ele sair, ele vai voltar a beber e vai acabar se matando ainda mais rápido 一 falei com sinceridade.

一 Entendo, mas acho que no momento seria bom para ele sair um pouco daqui. A maioria dos nossos pacientes são levados pela família em alguns fins de semana ou nas festas. Desde que o internou aqui, nunca o levou para casa, isso não é muito bom para sanidade mental dele. 一 falou ela.

一 Ele nunca teve muita sanidade mental 一 digo já incomodado com o rumo da conversa.

一 Senhor Mcallister, sei que às vezes as pessoas que mais amamos são as que mais nos machucam, mas perdoar e deixar a vida seguir sem mágoas é muita mais libertador para nós mesmos, do que para elas.

一 Meu pai não quer um perdão, ele não acha que fez algo errado ou melhor, ele acha que errou em não ter me matado de vez.

一 Não diga isso senhor Mcallister, seu pai foi criado em outro tempo, com uma disciplina bem rígida. Alguma vez ele falou do pai dele?

一 Não.

一 Ele me falou uma vez, depois nunca mais tocou no assunto. Ele não odeia você, ele te ama, ele só odeia as coisas em você que o fazem lembrar o pai dele.

一 Já acabou?

一 Sim. Não vai vê-lo?

一 Estou sem tempo. Com licença 一 disse me retirando.

Saí da clínica e caminhei até o estacionamento, entrei no carro e le debrucei sobre o volante. Me senti mal por desejar que ele estivesse morto, e um completo idiota por me sentir mal por isso. De todas as lembranças, que tinha do meu pai, eu poderia salvar uma ou duas em que eu não estava com medo ou com raiva. Num jogo de beisebol em que ele me deu um boné vermelho, e nas vezes que o carro de sorvete passava pela rua e por alguma intempérie do destino ele estava de bom humor e tirava cinquenta centavos da minha orelha para que eu comprasse um picolé. No mais, eram surras, xingamentos, gritos, ter que carregá-lo bêbado para casa depois de encontrá-lo caído em alguma esquina, ou dos hematomas no rosto de minha mãe, os quais ela tentava esconder sob camadas de pó.

Eu poderia perdoar tudo que ele fez a mim, mas não o que eu vi ele fazer a ela.

Me recompus e fui trabalhar, por mais que tentasse me concentrar não conseguia tirar as palavras da psicóloga da cabeça. Decidi retornar a clínica na parte da tarde, desta vez o encontrei sentado em uma mesinha montando um quebra cabeças. Me aproximei e ele levantou o olhar, encarou-me com suas grossas sobrancelhas grisalhas e voltou a olhar para as peças a sua frente sem dizer nada.

Puxei a cadeira e sentei-me na frente dele.

一 Ele gostava muito de quebra cabeças 一 disse lembrando de meu irmão.

一 É… ele gostava de montar coisas e de números, era bom em matemática.

一 É, ele era mesmo. E eu também sou, mesmo que não acredite 一 falei.

一 Não sabia que se precisava de matemática para fazer casas com bambu 一 falou.

一 Não imagina o quanto 一 respondo tentando não me irritar.

一 E o Max?

一 Está com a mãe hoje, nós optamos por guarda compartilhada.

一 Ela continua um peixão? 一 falou ele levando o olhar e eu  sorri 一 Eu nunca entendi como ela quis você.

一 É eu pensava o mesmo toda a vez que olhava para minha mãe 一 retruquei e ele sorriu.

一 Devemos ter algo que preste lá no fundo 一 disse ele e eu concordei 一 Sei que não quer que eu volte para casa e sei que tem seus motivos, que nunca fomos e nunca seremos amigos ou algo assim. Sabe que eu não sou um homem de enrolar. Nunca me apeguei a você, e eu me sentia mal por isso quando você era menino. Queria gostar de você, igual gostava do seu irmão, eu queria mesmo. Mas não consegui. E quando a sua mãe morreu 一 ele parou e coçou a cabeça 一 Ela levou meu menino, não foi um acidente ela nem tentou frear segundo a polícia. Eu amava tanto. 一 disse limpando o canto do olho.

一 Ela não me deixaria sozinho.一 falei sentindo um nó na garganta.

一 Ela sabia que você era forte, que eu não ia te destruir, não importa o que eu fizesse, não ia se tornar um imbecil, acho que ela não tinha a mesma opinião sobre o seu irmão.

一 Eu não vou te levar para casa, se quiser a casa de volta, ela é sua, mas no momento que entrar, Max e eu saímos 一 falei.

一 Eu não quero aquela casa, queria o Max e você.

一 Não tem como se concertar o passado, você mesmo me disse que, queria que fosse eu naquele carro.

一 E eu queria mesmo 一 falou colocando uma peça 一 Seu irmão, não me fazia eu me lembrar que eu era um perdedor o tempo todo. Agora sai daqui, tá quase na hora da novela 一 falou e Tossiu.

一 Se quiser passar a páscoa com a gente, Max vai gostar 一 disse se levantando e ele sorriu sem tirar os olhos do quebra cabeça.

Meses passaram como um sopro e eu voltei a encontrar Louise acidentalmente em um supermercado da região, tomamos um café, depois um jantar e em algumas semanas era como se ainda fossemos os dois adolescentes que falavam alto sobre tudo.

A reforma estava praticamente finalizada, e ela me ajudava a escolher as plantas para o jardim, que havia sido destruído por conta do entra e sai dos empreiteiros e materiais.

一 Gosto dessa 一 disse ela mostrando uma suculenta enorme.

一 Baley vai comer 一 respondi.

一 E essa? 一 mostrou uma outra flor com alguns espinhos.

一 Baley vai destruir e depois vai comer.

一 E essa? Mostrou uma planta de plástico.

一 Ele vai comer e vou achar no cocô dele 一 falei e ela deu uma gargalhada.

一 O que viemos comprar então? 一 questionou e eu apontei para as amostras de gramado.

一 Grama grossa pro Baley fazer cocô e essa mais fininha pro Baley comer quando tiver dor de barriga 一 disse e ela voltou a rir.

一 Não lembrava do seu senso de humor.

一 Mas eu não tenho senso de humor, eu tenho um cachorro que come qualquer coisa, sendo comestível ou não 一 expliquei.

一 Certo, já que escolhemos a grande variedade de plantas do seu jardim. Que tal um almoço, eu pago. 一 Ela disse.

一 Hambúrguer e fritas?

一  Para mim tá ótimo 一 confirmou ela.

Almoçamos numa pequena lancheria estilo anos 60 e falamos sobre assuntos aleatórios. A tarde, fui pegar o Max na escola e encontrei Casey fumando um cigarro recostada no carro.

一 É minha semana 一 falei me aproximando.

一 Alec… é que vou viajar e vim me despedir do Max.

一 Viajar por quanto tempo? 一 perguntei e vi muitas malas e caixas no banco de trás do carro.

一 Eu não sei na verdade 一 ela falou jogando o toco do cigarro no chão 一 Recebi uma boa proposta de emprego em Los Angeles.

一 Los Angeles? 一 suspirei 一 E o Max?

一 O que quer? Que eu leve ele? Porque eu até posso fazer isso, depois que me estabilizar é claro.

一 Não, você não vai tirar o Max daqui. Mas que droga! Casey, você não pode fazer isso com ele! 一 Protestei.

一 É uma oportunidade única.

一 E quantas oportunidades únicas acha que eu já não deixei passar pro bem estar dele? Acha que depois que ganhei aquele prêmio não recebi dúzias de propostas de trabalho com salários muito maiores do que o meu? Mas dinheiro não é tudo Casey. O Max é feliz aqui em Jackson, é feliz com a gente dividindo a guarda. Não tira isso dele 一 supliquei.

一 Eu já decidi, agora ele talvez não entenda, mas quando crescer ele vai entender que foi o melhor. Eu vou poder dar presentes e pagar uma escola particular, ajudar na faculdade. E é a minha grande chance Alec.

一 Faz o que quiser, mas tá cometendo um grande erro 一 falei e vi o sinal bater.

Me afastei pro meu carro e observei de longe os dois, vi o sorriso nos lábios dele esmorecer e ele ser tomado pela raiva. Gritar com a mãe e fazer uma cena, por mais doloroso que fosse, sabia que ele precisava passar por aquilo, crescer com aquilo. Casey nunca ia mudar e ele tinha de aprender a sobreviver a ela, assim como eu vinha sobrevivendo ao meu pai.

Ele entrou no carro e fechou a porta com força.

一 Ela vai embora de novo 一 falou com lágrimas nos olhos.

一 Eu vou sempre estar aqui, ta bom? Agora coloca o cinto 一 falei lhe fazendo um cafuné.

一 Eu odeio ela 一 ele disse.

一 Não, não odeia, só está triste. E tudo bem ficar triste. Nem sempre entendemos as pessoas, e gostar de alguém é dar seu coração a tapa, muitas vezes vai machucar, vai doer. Mas você decide se isso vai te destruir ou te deixar mais forte. Certo?

一 Podemos comer batata frita e refrigerante?

一 Podemos sim.

***

As semanas viraram meses e os meses se converteram em anos, nunca estive tão bem profissionalmente falando e acho que emocionalmente também. Embora não tivesse tido nenhum relacionamento duradouro e meu último namoro com uma editora de moda, tenha acabado há poucos dias, me sentia feliz e completo. Max, já era uma adolescente no ensino médio, com todos os dilemas e chatices da idade, eu me dedicava ao trabalho,  a manter uma camisinha sempre na carteira do Max, a cuidar do nosso cão que agora com seus cinco anos, estava bem mais calmo e longas conversas regadas a vinho com Louise.
E embora o ciúme que a editora de moda tivesse dela, ela continuava sendo apenas uma amiga.

Eu ainda sentia saudade, toda a vez que Tom falava sobre Carolina,  mas eu quase não pensava mais nela.

Não que eu pense que o tempo cura o amor, mas sim, ele é o melhor conselheiro que podemos ter, pois ele desvia a sua atenção, as suas horas e os seus momentos do que é incurável.

一 Advinha? 一 Falou Louise jogando uma sacolinha no meu colo. Abri a sacola e tinha uma lingerie dentro e voltei um olhar intrigado a ela. 一 Lembra que falei que o meu ex tinha me procurado e que disse que queria conversar, saímos, ele falou o quanto eu era importante na vida dele e o quanto o tempo que passamos juntos foi especial?一 Disse falando de seu último namorado o qual estava separada há alguns meses.

一 Lembro.

一 Bom, ele me convidou para ir no restaurante mais caro da cidade. Eu fiquei louca, desmarquei meus compromissos, fiz o cabelo, a maquiagem, comprei roupa e essa lingerie … Eu depilei todo esse corpinho da sobrancelha para baixo.

一 E? 一 perguntei ainda sem entender.

一 Bom eu fiz tudo isso para ele me dizer que queria me agradecer pois foi comigo que ele descobriu que era gay e agora quer que eu seja madrinha do casamento com o novo namorado dele, que é o meu assistente.

一 Guichet?

一 Ele mesmo!

一 Meu assistente pessoal vai casar como meu ex namorado. Então como meu melhor amigo você vai me levar tomar um porre, porque eu preciso de um porre e vai impedir que eu acabe transando com algum idiota só porque estou carente e me arrependa amanhã cedo. Okay?

一 Na verdade do jeito que falou parece que não tenho muita opção.

一 Não tem mesmo 一 falou se sentando ao meu lado.一 O que há de errado com as pessoas? Nós somos bons partidos não somos? Somos bonitos, bem sucedidos, que há de errado com a gente? Somos frigideiras.

一 O que?

一 No jogo de panelas do amor, somos frigideiras, sem tampas. 一 disse e eu ri.

一 Se serve de consolo, bacon se faz na frigideira.

一 Não, não serve. Anda vamos. Quero ficar bêbada logo.

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