Louise
Louise
Ohana, era um bar decorado com tema havaiano na área central da cidade, consistia no térreo de um prédio que foi modificado para representar a alma havaiana. Um deck em madeira, nos levava para o interior, também recoberto com tábuas rústicas e palha,ostentando diversos objetos culturais em suas paredes. Num pequeno palco ao fundo, um rapaz com um banjo havaiano dedilhava uma canção melodiosa, falando sobre as belezas naturais de sua terra.
Louise iniciou a noite com uma dose dupla de tequila e eu a acompanhei com algumas doses de uísque, pelas três da manhã ela já contava histórias desconexas sobre todos os romances que teve na vida, enquanto eu me limitava a rir com a forma engraçada dela relatar suas desventuras amorosas.
一 Clark, ele era bom, era um bom marido, um profissional brilhante e era bom de cama e o desgraçado morreu! Eu devo ter um inimigo no cosmos amoroso só pode 一 ela falou pedindo outra dose.
一 Não acha que já está na hora de parar de beber? 一 questionei dispensando o garçom que se aproximava da nossa mesa.
一 Alec, que parte de eu quero tomar um porre você não entendeu? 一 Ela voltou a chamar o garçom 一 Me deixa beber, você é não está aqui para regular a quantidade de álcool só para me levar para casa em segurança 一 falou com uma gargalhada.
一Parte de te levar em segurança, consiste em não deixar você ter um coma alcoólico 一 falei dispensando o garçom que nos olhou com cara feia 一 Vamos, vou te levar para casa 一 a peguei pela mão, paguei a conta e saímos caminhando pela rua em direção ao estacionamento.
一 Não, vamos caminhando. Você bebeu, eu vi 一 ela falou colocando o dedo na ponta do meu nariz.
一 Culpado, mas podemos chamar um táxi.
一 Ai Alec deixa de ser sem graça一 ela falou tirando os saltos 一 Vamos caminhar, como dois jovens sem grana pro táxi e que não querem chamar os pais para buscar, por conta da bebida 一 ela falou me estendendo a mão.
Caminhamos pela calçada, Louise sorria e falava e como falava já naturalmente, quando estava bêbada ficava ainda mais tagarela, eu costumava apreciar o silêncio, mas eu adorava a ouvir falar, sempre tinha algo interessante, inteligente, ou simplesmente engraçado para dizer, era prazeroso estar com ela. De repente parou a minha frente e arqueou a sobrancelha sobre os olhos puxados.
一 Já foi em um bar de strep tease? 一 perguntou me encarando.
一 Não… 一 respondi e ela me encarou incrédula 一 Talvez, quando estava na faculdade 一 admiti 一 porque?
一 Porque eu nunca estive em um, vamos?!
一 Acho melhor não.
一 Vamos! Anda, eu vou botar dinheiro na calcinha de uma garota, aí sim vou ter algo pior do que ter sido a inspiração para um cara se assumir gay, anda, se não ir comigo eu vou sozinha! 一 Ela intimou.
A noite seguiu pelo Augustus Poker bar, uma casa noturna, decorada como os grandes cassinos de Las Vegas, onde haviam alguns pequenos palcos distribuídos pelo salão onde garotas em roupas sensuais demonstravam seus dotes artísticos e acrobáticos. Louise me puxou para frente de um dos pequenos palcos e chamou a atenção da garota, colocando uma nota de vinte dólares em seu biquíni e depois batendo palmas para comemorar o seu feito.
一 Feliz? 一 Perguntei.
一 Muito, ah meu Deus esse lugar é demais, não é à toa que alguns homens deixam o salário aqui 一 riu e tomou minha mão 一 Vamos beber alguma coisa.
Bebemos e conversamos no bar, depois de algumas doses também já falava e ria alto, saímos de lá quando o dia amanheceu e caminhamos cambaleantes pela rua cantando um sucesso do Michael Jackson da nossa juventude. Subimos pelo elevador do prédio onde Louise vivia, atraindo os olhares curiosos, que estavam acostumados a ver a engenheira da computação, séria e bem vestida nos seus terninhos cinza e saias lápis.
一 Está entregue 一 falei me despedindo na porta.
一 Entra vem, é domingo, dorme um pouco 一 Ela disse ainda com os sapatos na mão, cabelo desgrenhado, maquiagem borrada e uma expressão de felicidade 一 Foi a noite mais divertida da minha vida 一 falou pegando minha mão 一 Pelo menos, deixa eu te preparar um café.
一 Sabe que eu nunca recuso café 一 falei entrando e a seguindo em direção a cozinha.
Minutos depois ela me serviu um café quente e demasiadamente doce, como praticamente tudo que ela fazia. Falou um pouco mais sobre a noite até que terminei a caneca e disse que era melhor eu ir, pois não queria interrogatório do Max, caso chegasse depois dele ter acordado.
一 Capaz de você chegar e ter que esperar o Max, ele não ia sair com os amigos ontem? Devia ficar aqui, mais um pouco 一 falou desviando o olhar 一 Não quero que essa noite acabe.
一Bom tecnicamente a noite já acabou 一 falei apontando pra janela onde o dia raiava com todo o seu esplendor 一 Eu preciso ir, vou dormir umas três horas e trabalhar no projeto do SPA.
一 Okay, já entendi Mr Mcallister. 一 se levantando e me acompanhando até a porta 一 Obrigado, eu tenho muita sorte em ter você na minha vida, seu velho chato 一 disse ficando nas pontas dos pés e depositando rapidamente um beijo em meus lábios. A encarei um tanto confuso por milésimos de segundo, mas instintivamente procurei os lábios dela. Nos beijamos na porta durante um tempo e eu enredou sua cintura fina em meus braços.
一 Fica 一 ela sussurrou em meu ouvido enquanto afundava meu rosto no cheiro do pescoço dela, parei e voltei a encará-la.
一Acho melhor não, nós estamos meio bêbados.
一 Tem razão, eu… desculpa 一 ela falou um tanto envergonhada.
Cheguei em casa e Max já se preparava para sua corrida matinal, meu filho aos quinze anos, já era um esportista dedicado e se continuasse assim, provavelmente entraria numa boa faculdade. E apesar de termos opiniões e visões de mundo diferentes, nada me trazia mais orgulho, do que ver o homem que ele estava se tornando.
一 Onde estava? Achei q tivesse terminado com a designer 一 falou enchendo uma garrafinha com água.
一 Eu estava com a Louise 一falei me direcionando a geladeira.
一 Até essa hora? Uau finalmente enh, velho…
一 Finalmente o que?
一 Vocês dois… ué?
一 Nós saímos, ficamos rodando em bares a noite toda, só isso 一 falei 一 e você não ia correr?
一 Eu vou e sinceramente, desisto de entender você.
一 Do que está falando?
一 Ora, da Louise! Ela é bonita, inteligente, legal e você adora ela, mas ao invés de investir nela fica namorando com mulheres que não tem nada a ver com você.
一 Louise e eu somos grandes amigos, só isso. Por acaso não tem amigas na escola?
一 Tenho, mas se me darem mole e forem gatas como a Louise não serão mais só amigas 一 ele respondeu arqueando a sobrancelha e eu sorri acenando negativamente com a cabeça.
一 Bom, quando tiver a minha idade, espero que entenda que às vezes não vale a pena estragar uma boa amizade, por um pouco de prazer que não se sabe onde vai dar.
一 Caro porque você é super bem sucedido nos seus relacionamentos 一 o garoto observou.
一 Mas vai correr, vai.
一 Isso ainda tem a ver com a filha do vizinho, não é?
一 Do que você tá falando?
一 Da filha do Tom! A Carolina, eu lembro muito bem que namoraram e agora toda vez que o Tom menciona que ela vem visitar você inventa uma viagem de última hora só para não vê-la. Vai dizer que ainda gosta dela?
一 Max, eu não vou discutir a minha vida amorosa com um garoto de quinze anos que faz balões com camisinhas e pendura pelo quarto.
一 Vai dizer que não é engraçado? Ah pai, olha eu só quero ver você feliz e você fica feliz quando tá com a Lou, devia parar com esse medo e partir para frente. Você sabe que a Lou é super a fim de você, seria muito burro se não soubesse e você não é burro.
一 Do que acha que eu tenho medo?
一 De se apaixonar de verdade, de novo. E acabar magoado, como foi com a minha mãe e depois com a Carolina. Por isso só namora com essas garotas que você até aprecia a companhia, mas sabe que nunca vai se apaixonar de verdade. É injusto com elas, mas é mais injusto com você 一 ele disse se dirigindo a porta 一 pensa nisso.
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