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Ela


Vejo ela se voltar para mim e um sorriso brota em seu semblante preocupado, emoldurado por cabelos um pouco mais curtos e completamente encharcados. Sinto a água bater contra meu rosto com força, ouvia as trovoadas e vento forte da tempestade típica daquela época do ano, o ranger do telhado da varanda da minha casa, denunciava que eu ainda não havia encontrado tempo para concertar algumas madeiras soltas, mas eu sorria como uma criança que foi a Disney a primeira vez.

- Oi... Você sabe onde meu pai se meteu? - Ela questiona voltando a bater na janela.

- Ele está no Hawaii, você não avisou que viria? - pergunto e a vejo se dar um tapa na testa enquanto exclama um palavrão.

- Desculpa por isso - ela fala voltando a atenção para mim - por acaso você não tem a chave?

- Não, eu nem o vi essa semana. Mas vem, vai acabar resfriada nessa chuva, o Trevor deve ter uma cópia da chave, a gente liga para ele.

Eu a ajudo a saltar a cerca viva, como costumávamos fazer todas as tardes, antes do nosso rompimento e o rosto dela encara o meu frente a frente. Trocamos olhares por um instante e sinto meu peito disparar frenético e descompassado. Ela se desvencilha de meus braços e aquele rubor gracioso toma conta de suas bochechas e eu me afasto também tentando disfarçar meu constrangimento.

- Acho melhor entrarmos, depois dos quarenta banhos de chuva só representam resfriados e pneumonia. - digo e ela sorri.

- Você tem mais saúde que eu, mas eu tô congelando então, melhor entrar logo.

Entro rapidamente em casa e pego algumas toalhas, Carolina se enrola em uma delas e eu tento esconder a bagunça, os cinzeiros e as garrafas antes que ela perceba. Creio que não tive muito êxito nisso, mas ela fingiu não notar. Perguntou sobre o Max e eu lhe ofereci um banho quente, pois ela ainda tremia de frio. Deixei que fosse pro banheiro, me sequei e troquei de roupa, por instantes quase vesti uma camisa azul que ela me deu de aniversário e continuava com as etiquetas no closet, mas decidi por algo que não parecesse o quanto eu estava feliz por tê-la por perto de novo. Pego uma das camisas de trabalho que eu sabia que ela gostava e dou uma amassada para parecer apenas uma escolha qualquer. Volto a sala e espirro um produto para espantar o cheiro de cigarro, arrumo as almofadas no sofá, aspiro os farelos de pão de cima da mesinha, retorno ao corredor e dou duas leves batidinhas a porta.

- Carol, quer que eu coloque suas roupas na secadora? - Pergunto constatando que dificilmente o que ela trouxe na mochila não estaria encharcado.

- Eu agradeceria muito.

- Tem um roupão no armário, fique a vontade. - Digo e ela agradece.

Depois de colocar as poucas mudas de roupa da sacola de Carolina secar, volto a cozinha e enquanto preparo um chá quente com mel e limão, ela surge a porta secando os cabelos que agora percebi terem uma mecha esverdeada.

- Gostei do cabelo -falo alcançando uma xícara a ela.

- Ah, isso foi porque o Noah disse que era moda pintar uma mecha de rosa, entre as meninas do Canadá. Só que ele esqueceu de mencionar que era entre as meninas de doze anos, eu tentei descolorir o rosa e ficou verde. - Ela fala tomando um gole da bebida.

- Noah é uma figura.

- É, sim. E você que anda fazendo?

- O de sempre, trabalhando, levando a vida. - respondo sem dar detalhes de como minha vida estava enfadonha sem ela, afinal, desde que terminamos e enquanto ela esteve na casa ao lado, sempre tentei ostentar uma felicidade que eu já não tinha, não queria que ela se sentisse culpada pela minha incapacidade desapegar de tudo aquilo que me fazia tão feliz. - E você , como está se adaptando no Canadá?

- Eu gosto de lá, mas me sinto deslocada, quase todos os amigos e conhecidos do Noah, vivem a vida numa situação muito diferente da minha. Quando eu digo que nasci numa favela do Rio, eles me olham como se eu fosse um animalzinho exótico - relata baixando o olhar - Há uns dias eu me peguei mentindo que nasci na Flórida, aí depois cheguei em casa e olhei uma foto da minha família no Brasil e todo o amor que me deram e eu me senti péssima.

- É por isso que veio para casa?

- Não, mas eu não quero falar sobre isso. Me diz, cadê aquela câmera chique que comprou? E as fotos? Não vi você postar nada no Pinterest, anda preguiçoso ou o que? - Ela fala mudando o rumo da conversa e já saindo pelo corredor em em direção ao meu pequeno estúdio.

Me adianto e tomo a frente, fechando a porta antes que ela adentre.

- Está uma verdadeira bagunça, ando muito... ocupado... - Falo e ela me olha confusa, eu só não queria que ela visse que ainda guardo fotos dela ali.

- Tá bem. - ela diz - Bom, você tem o telefone do Trevor?

Depois de inúmeras tentativas de ligar para o meio irmão, se dá por vencida e desiste. Certamente, diferente de mim e embora tivéssemos praticamente a mesma idade, Trevor não estaria em casa numa sexta a noite.

- Pode dormir aqui se quiser, amanhã te levo até Celebration buscar a chave - digo em pé recostado ao marco da porta - Está com fome?

Peço uma pizza pela tele-entrega e enquanto comemos, ela me conta empolgada sobre a universidade, a vida na república estudantil, professores e sobre as paisagens fascinantes de Toronto. Durante mais de duas horas, esqueço completamente do tempo, Carolina estava ali, com o mesmo sorriso, os mesmos olhos brilhantes, fala macia e movimentos cheios de vida toda vez que se empolga com um assunto. Enquanto ela fala e fala, acompanho cada movimento de seus lábios, olhos, o balanço sinuoso de seus cabelos e mãos que gesticulam e encenam cada situação que ela descreveu viver durante as poucas semanas no Canadá, que para mim pareciam anos, tamanha a falta que a presença dela me causava. Sorrio feito bobo, na maioria das vezes não pela forma engraçada dela relatar a sua aventura, mas sim pela felicidade e aquela sensação de que não havia nada suficientemente ruim no mundo para apagar minha alegria de estar perto dela outra vez.

- Eu tô aqui falando e falando, mas é você, novidades? E aquela japa bonita que eu vi aqui algumas vezes?

- Jenny, ela é coreana. Veio fazer um curso aqui no país, mas já voltou para Coréia.

- Ah! Que pena. Continuam se falando?

- É trocamos emails de vez enquanto. Quer um café? -Pergunto tentando escapar daquela conversa. Ela concorda com a cabeça e eu volto a cozinha.

Abro a prateleira e o café favorito dela já não está ali, me sinto um idiota por tê-lo tirado tão cedo da minha vida. Assim como me senti, cinco minutos depois de dizer a Carol para ela ir atrás de sua nova paixão. Não que eu achasse que foi errado, sei que fiz o que devia, o que meus princípios mandavam, mas talvez eu tenha desistido de nós cedo demais, por mais que eu tentasse transparecer que sim, eu não estava pronto para perder aquele amor, não estava pronto para seguir sem aquele amor.

Despedir-se de um amor que ainda existe dentro de você, é abandonar parte de si mesmo, e é justamente a parte que você considera essencial para a sua felicidade.

Descemos ao porão munidos de xícaras de café, Carol passou a ponta do dedo pelos títulos dos livros dispostos na prateleira que ela mesmo organizou meses antes, e sorriu ao encontrar algo que lhe chamou a atenção. Sentou-se a escada e sem dizer uma palavra, se pôs a ler. Sorrio e tomo lugar na minha escrivaninha.

Eu vivi poucos amores em minha vida e destes, ainda menos eu posso dizer que transcenderam a barreira do gostar, da satisfação física, mas maiores ou menores eles foram consumidos até o fim. Da garota de duas tranças quando eu tinha doze anos, que andava de Skate pela rua depois do nosso quarto e último beijo ao olhar da Casey enquanto ela dizia que eu já não era mais o homem que ela queria na sua vida. Todos eles tinham algo em comum, terminaram quando eu já não era mais feliz, e dentro dos bons momentos, haviam mágoas e lembranças amargas. Com Carol, nossa felicidade estava preservada, intacta, os breves desentendimentos que tivemos eram sempre resolvidos, sem marcas, sem cicatrizes. Nossa simetria era estranhamente perfeita, para pessoas que tinham mais de duas décadas de diferença. Eu vivia nela, e em algum lugar da minha mente existia aquele garoto ainda cheio de sonhos e fantasias amorosas, que ainda acreditava que podia mudar o mundo, que respirava amor e exalava esperança por onde passava. E ela estava em mim, entre minhas inseguranças de ainda ser um solitário, sem grandes conquistas profissionais ou pessoais, que cultuava o silêncio de um mundinho introspectivo que poucos, conseguem apreciar a beleza.

Como já disse antes, eu não sei o exato momento em que a vi com outros olhos, mas sei que já sentia a falta dela, antes mesmo de a conhecer. Carol, era uma parte de mim que eu tentava apagar, uma parte que eu preferia enterrar dentro de minha alma, uma parte que eu preferi esquecer de viver.

Sozinho, sem vontade, sem sonhos, sem liberdade, sem confiança e triste. Era assim que eu e sentia antes dela, era assim que eu me sentia longe dela. Não era assim que eu me sentia agora, levanto o olhar sobre as páginas amareladas e a encaro olhando para mim.

- Senti muita falta disso tudo - Ela fala com um leve sorriso.

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