8 - Luau
Seguiram as informações que lhes foram passadas via os empregados do local, no entanto, não eram realmente importantes, afinal, o luau acontecia exatamente em frente à pousada.
O local estava repleto de tochas luminosas, mesas com comidas típicas da região, assentos pela área e música bem animada. Várias flores de tipos diferentes estavam espalhadas, tanto Izuku, quanto Kirishima não faziam ideia de quais flores eram.
Uma moça vestida com saia de palha e um top para aparentar ser de folhas se aproximou da dupla; ela rebolava suavemente e sorria, mostrando a fileira completamente esbranquiçada e reta.
— Sejam bem-vindos – se aproximou com duas coroas de flores e as repousou sobre o cabelo de ambos. — Desejam beber algum coquetel? Tudo por conta dá casa.
Kirishima balançou a cabeça, confirmando. Olhou para Midoriya, no entanto, este negou, alegando que precisava escrever algumas coisas. Eijirou pegou as bebidas e se sentou no balcão em companhia de Izuku; optou por não beber a bebida por esta conter um certo teor alcóolico.
A risada e música alta já estavam irritando Deku, que começou a anotar ainda mais rápido tudo sobre o ambiente. Logo mais pessoas chegavam, mais barulho, mais música. O ambiente estava insuportável para o escritor. Kirishima rolou os olhos por todo o ambiente, avistando Tetsutetsu. Ajeitou a postura na cadeira e olhou para o novelista que estalava a língua, pensativo.
— O resto dá praia tá vazia, quer ir lá? – sugeriu Eijirou, colocando uma mecha do cabelo para trás.
Izuku balançou a cabeça, confirmando. Suspirou aliviado por sair do meio da multidão.
O céu, incrivelmente estrelado, parecia estar à disposição dos dois; a brisa batia com calma no rosto de ambos, os acariciando. Midoriya via tudo maravilhado; pela primeira vez conseguira apreciar a verdade beleza do local.
— Uhmm, tire os chinelos... – o editor resmungou, retirando os próprios chinelos.
Aquilo não era algo que Izuku estava disposto a fazer, ainda mais pela má experiência que tivera ao chegar lá com a maldita areia. Kirishima mandou vagarosamente até a beira mar e afundou os pés na areia molhada. Mesmo contragosto, Midoriya resolveu o copiar.
— Você gosta de praia, né? – perguntou Deku, curioso.
— Sim, eu gosto da calmaria que o mar traz ao meu coração – explicou, mexendo os pés na areia, tentando formar algum desenho que logo fora desmanchado pela maré.
— Calmaria? – franziu o cenho.
Para Midoriya, o mar era a coisa mais perigosa do mundo, não entendia como o editor conseguia ficar calmo perto daquilo.
— Essa imensidão – apontou —, de certa forma, acalma o meu coração. Me mostra que ainda há um mundo repleto de oportunidades e que eu estou vivo. Isso pra mim é... maravilhoso – olhou pela visão periférica para o novelista, que lhe encarava confuso.
— Como... – engasgou. — Como você encontrou o momento perfeito para recitar um trecho de alguma novel minha? – olhava incrédulo para o editor, que sorria abertamente.
— Sabe que eu não faço ideia? Apenas sinto que é um bom momento para ser citado – chutou a água morna.
Deram mais alguns passos para frente, resultando em Izuku chutando a água em direção à Kirishima, que não revidou, mas riu. Naquele momento parecia que ambos eram jovens normais, curtindo uma noite ótima – que na visão de Eijirou, aparentava estar bem romântica, pois a Lua fazia seu papel de iluminar toda à praia, além de estar perfeitamente visível, fora as diversas estrelas que se podia ver. Obviamente Deku não encarava àquilo como algo romântico; estava mais para belo.
— As estrelas são lindas, né? – murmurou o escritor, apaixonado pela visão que estava tendo.
Kirishima virou a cabeça para o encarar e sentiu seu coração acelerando um pouco; as bochechas começas a arder, indicando estarem coradas.
— S-sim – gaguejou. — Mas eu prefiro outro conjunto de estrelas, e este não está no céu.
Midoriya continuou encarando o céu, tentando entender o que Eijirou quis dizer com aquelas palavras. Estava curioso, contudo, não perguntaria sobre porque temia não conseguir compreender.
Depois de um tempo andando pela praia e observando tudo e todos, a dupla resolveu que estava na hora de retornarem à pousada.
No dia seguinte, Kirishima já estava pronto para mais um dia de pesquisas e fotos intensas, todavia, se surpreendeu ao ver as malas do novelistas completamente arrumadas e prontas.
— Já? – perguntou.
— Tenho o que preciso; posso terminar o livro em apenas um dia se voltarmos logo – deu de ombros e colocou as mãos sobre as pernas. — E eu também estou cheio desse lugar.
Eijirou balançou a cabeça, concordando. Se o objetivo era concluir a história, então estava feito.
[...]
Depois de passar por todo o drama do avião novamente, finalmente chegaram no apartamento, se deparando com Uraraka à espera deles
— E o meu presente? – perguntou, animada.
— Você acha mesmo que eu compraria algo pra ti, sua fodida? – questionou, cruzando os braços. Eijirou se dirigiu ao quarto para guardar todas as roupas.
Ela deu uma risada baixa e respirou fundo.
— Lar doce lar... – relaxou os ombros e foi até à sala.
[...]
Izuku terminou a novel no mesmo dia; Ochaco passou o dia na casa do mesmo para garantir que ele não se distrairia com nada, principalmente com Kirishima que parecia ocupado avaliando os manuscritos incompletos do novelista.
Após conferir o documento, Uraraka o aprovou, suspirando aliviada. Se sentou perto de Midoriya para lhe contar algo que ocorreu em sua ausência:
— Deku, te convidaram para um evento de grande porte – conversou, animada. — E novamente teus fãs pedem para ter um meio de contanto com você. Poxa, não custa nada ter a merda de uma rede social para conversar com eles, pelo menos virtualmente.
— Não tem necessidade disso, Uraraka. Você já conseguiu o que queria, agora vá embora.
A mulher suspirou e se levantou.
— Essa conversa não terminou, tu sabe. Eu volto amanhã – avisou —, vou levar essa droga para à gráfica para das os toques finais.
Eijirou estava preparado para ir embora, e acabou ouvindo tudo.
— Deku, eu ouvi tudo, perdão, mas como fã, eu concordo com ela... – se aproximou. — Você não tem noção da angústia que é não poder nem ao menos agradecer seu ídolo pelas histórias que ele te proporciona.
Uma das coisas que Midoriya odiava em Eijirou: o maldito conseguia fazer ele se sentir culpado só com palavras.
— Nos vemos amanhã. Deixei sua janta pronta no micro-ondas e alguns sanduíches na geladeira – caminhou até a porta. — Boa noite, Deku.
— Noite – murmurou baixo. Logo o barulho da porta fora ouvido, o deixando sozinho com seus pensamentos sobre o assunto em relação ao evento, fãs e redes sociais.
Ficou sozinho na casa, refletindo sobre os inúmeros problemas que aquele evento traria para si. Odiava admitir que Ochaco estava certa sobre ser ruim seus fãs não saberem se realmente existia ou se "Deku" era apenas um nome usado por diversos artistas para divulgar sua obra.
Só que tinha medo. Não estava preparado para encarar tantas pessoas, já tinha visto alguns comerciais de TV mostrando como era a Comic Con, não conseguia se imaginar dentro de um evento tão grande como aquele. Ainda mais sendo uma das atrações e precisar entrar em contato com algumas pessoas, claro que ele podia simplesmente não falar com nenhuma delas, só que isso acabaria piorando sua imagem e criariam algo negativo sobre si.
Estava tão confuso e perdido que achou melhor pedir uma opinião mais confiável, mesmo que Uraraka quisesse isso não só para ele avançar em seus traumas e sim um meio dele conhecer um pouco de seus fãs, que assim como Kirishima, sonhavam em lhe conhecer pessoalmente ou simplesmente vê-lo.
Foi até seu notebook, pedindo para que o amigo ainda estivesse acordado para que pudesse fazer uma chamada de vídeo; preferia conversar olhando para o homem e ainda não tinha se habituado a utilizar o celular para fazer aquele tipo de coisa, Kirishima ainda não havia lhe ensinado tudo que precisava para conversar. Quando viu que o mesmo se encontrava online, soltou um suspiro de alívio e tratou rapidamente de ligar para o mesmo.
Não demorou muito para que ele aceitasse a chamada; percebeu que o mesmo utilizava um suéter um pouco brega de sapos, tinha noção de quem havia dado aquele tipo de roupa para ele e deu um sorriso mínimo com isso. Fumi revirou os olhos, pois sabia que Deku já estava pensando em várias coisas sobre sua roupa.
— Preciso da sua ajuda – falou direto, não querendo perder tempo com a roupa do amigo.
— Algo ocorreu? – perguntou, preocupado.
— Uraraka, aquela maldita quer que eu vá para um evento como convidado para que eu me mostre para o mundo, mas você conhece ela, conhece também como funciona esses eventos com convidados – falou rapidamente, nervoso. — Eu não vou conseguir, é muita gente e muito barulho! As pessoas vão estar muito próximas, eu não quero surtar no meio de um público tão grande.
— Se acalma antes que tenha um surto de ansiedade só por pensar nisso. Primeiro de tudo, você QUER ir ao evento? Esqueça tudo, apenas foque no que você quer – falou calmo, fazendo o outro se acalmar juntamente. — Se você deseja ir, porém, ainda assim tem medo de todos os problemas que lá encontraria, podemos lhe ajudar com isso. Posso fazer um contrato hoje mesmo, com todas as cláusulas para que você vá ao evento.
— Eu não sei. Fiquei pensando no que eles me falaram; eu me sinto mal por ser assim, não queria ficar tendo surtos por estar perto de muitas pessoas. Só que não sei como lidar com toda essa pressão, queria muito agradecer todos os meus fãs, mas... – olhou para baixo, encarando suas mãos. — Não quero ser julgado pelo meu jeito de ser, pelo meu meio de agir com as coisas e lidar com elas.
— Izu, você não acha que está na hora de voltar a fazer terapia? Você está mostrando interesse em mudar, mas não tanto à ponto de mudar seu jeito, quer fazer coisas novas só que ainda está receoso pelo processo. Então, o que acha de voltar a fazer algumas sessões? Asui poderia lhe ajudar, você gosta dela, lembra? Ela também adora você, iria adorar ter sessões com você – sorriu amarelo.
— Sei lá, eu odeio terapias... – resmungou.
— Mas você nunca fez com Asui, tenho certeza que vai gostar! Você já gosta dela, foi até você que me ajudou a chegar nela na escola, se esqueceu? – sorriu gentil para o amigo, que devolveu o ato. — Então, o que acha? Eu faço um documento. Vou aí logo cedo para mostrar à Uraraka as condições para que você vá ao evento e você também começa a ter sessões com Asui, quem sabe até o evento você consiga ficar um tanto mais calmo com tantas pessoas?
— Só aceito se ela fizer aqueles cookies... – comentou com as bochechas coradas.
Adoravas os doces que a garota fazia. Claro que tinha perdido um pouco de contato com a noiva de seu amigo devido a todos os acontecimentos, só que a mesma nunca lhe tratará mal por isso, conseguia aceitar que o escritor não queria mais ser tocado pela mesma, só que isso não impedia que a garota ainda mantivesse um carinho pelo pequeno.
— Claro, ela fará com o maior prazer! Posso conversar com ela sobre? – perguntou animado.
— Pode... – concordou vendo o rapaz ficar mais feliz. Acabou ficando junto já que era inevitável não se contagiar pela animação do seu melhor amigo.
— Beleza, então vou pegar o documento e tentar chegar aí logo cedo! Boa noite, Izu, tente não pensar no dia de amanhã e tenha uma ótima noite de sono – acenou.
— Boa noite, Fumi – Midoriya acenou com um sorriso e logo a sessão foi encerrada.
Desligou o notebook e se levantou para ir até seu quarto. Ainda estava com inúmeros pensamentos sobre o dia de amanhã e sobre o evento, só que precisava ficar calmo caso, ao contrário teria um surto de ansiedade. Pensou também na proposta de Fumi de voltar à terapia; não gostava de fazê-la, odiava aqueles locais, só que nunca tinha tentando ir em uma onde Asui era a psicóloga, então daria um voto de confiança por Fumi.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro