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Capítulo 44 - Ano 2020

vai ficar e me ver queimar?  Mas tudo bem Porque gosto do jeito que dói. vai ficar e me ver chorar? Mas tudo bem Porque gosto dinheiro que você mente.
Love the way you lie
Eminem e Rihanna


Após pegar uma xícara de café, Ellie sentou-se comigo no sofá e me ofereceu um pouco.
Torci o nariz e recusei educadamente ficando deitada no sofá em forma de L.

— E então, me conte como foi sua noite.

— Maravilhosa, Murilo foi ótimo. — Disse sonhadora.

Me lembrei das mãos de murilo sobre meu corpo.
De seu olhar desejoso para mim, de sua boca que me dizia coisas maliciosas e maravilhosas.
Fechei os olhos e os abri encarando Ellie que sorria astutamente.

— Então vocês estão juntos de novo?

— Nem pensar Ellie. Para mim está muito claro o que devo fazer e vou seguir seu conselho.

Ela bebricou  mais um pouco do café e nada disse.
Aquele silêncio me incomodava pois eu esperava um conselho de Ellie e não o silêncio.

— O que me diz? Acha que tô certa?

— Quando eu disse pra você aproveitar do Murilo eu pensei que você não ia me levar a sério. É complicado porque eu não gosto da ideia de você brincar com os sentimentos dos outros.

— Mas ele brincar comigo então pode né.  — Disse irritada e me pondo de pé.

— Calma Isa, não estou te julgando. Não precisa reagir assim. — Ellie levantou as mãos na defensiva e me arrependi por a tratar assim.

A culpa era de Murilo.
Toda a minha raiva constante e estar descontando nas pessoas que eu amava por estar sentindo aquilo não era legal.
Aquela não era eu.
Me aproximei de Ellie e a abracei e ela retribuiu me deixando mais tranquila.

— Só fico com medo de você se machucar de novo. Sabe que você corre esse risco né. — Assenti.

— Vou correr esse risco. Só quero logo acabar com esse maldito desejo e estar com ele irá aplacar.

Ellie se desvencilhou de mim e fui para o quarto para tentar dormir um pouco.
Mesmo dentro dele e indo para o banheiro tomar banho as palavras de Ellie ainda ficaram na minha mente.
Eu sabia dos riscos de ficar tão próxima de Murilo, mas mesmo assim estava disposta a ir adiante.
Somente o tempo diria o que seria dali pra frente.

                            ♡♡♡

Passei o final de semana todo deitada recuperando as forças e ponderando o que falar com Murilo.
No domingo de manhã ele me convidou para jantar e aceitei querendo conversar com ele logo spbre como iriamos nos relacionar ela o por diante.

Mas mesmo já sabendo o que eu iria dizer para ele não me fazia ficar menos nervosa, muito pelo contrário naquele momento minhas mãos estavam suadas e sentia como se meu coração fosse sair pela boca a qualquer momento.
Quando eu cheguei ao restaurante de decoração intimista e com um ambiente bem romântico fiquei ainda mais nervosa pois Murilo deveria estar tendo expectativas aos quais eu não poderia suprir.
Ela já  estava a minha espera e levantou a mão para que eu o visse em meio ao reaturante lotado.

Andei a passos firmes e confiantes até ele, o tempo todo secando minhas mãos em minha calça jeans justa e mexia em meus cabelos em uma atitude nervosa.
Ele se levantou para me cumprimentar e arrastou a cadeira para que eu me sentasse em um gesto de perfeito cavalheiro.

— Fiquei muito surpreso quando você disse que viria. Eu pensei que ia me ignorar ou fingir que nada havia acontecido.

— Não sou covarde, é óbvio que iria vim. — Uma de suas sobrancelhas negras se ergueu em deboche.

— Não foi o que me deu a entender quando eu acordei em minha cama sozinho. Me senti usado sabia. — Mesmo que sua expressão fosse divertida havia uma nota de desapontamento em sua voz e uma mágoa escondida em seus lindos olhos.

O garçom veio com os menus nos interrompendo e entregou para cada um de nós.
Fiquei agradecida pois aquilo me dava tempo de formular uma resposta ou fugir da pergunta como a covarde que eu disse que não era.

— Já sei o que vou pedir. Traga uma garrafa de chardonay por favor e o de sempre para mim.— Ele disse entregando o menu para o garçom e me dirigindo o olhar para avaliar qual seria o meu pedido.

— Quero algo leve. Massa ao molho branco. — Apontei um item para o garçom que digitou em seu tablet.

— Já trago o vinho. — Ele disse se retirando e nos deixando sozinhos outra vez.

Não conseguia olhar para Murilo e fiquei por algum tempo tentando alinhar perfeitamente os talheres que havia ali até que ele fizesse um barulho engraçado e chamasse minha atenção.

— Vai continuar me ignorando? Não foi para isso que viemos não é mesmo. Você disse que queria conversar.

— Poderíamos esperar o vinho.— Disse olhando para todos os lugares menos para ele me sentindo como um animal selvagem acuado.

Murilo pegou em minha mão e fez uma carícia reconfortante. Reconfortante demais para mim, eu não deveria me sentir a vontade em sua presença pois aquilo desarmava minhas defesas perante a ele e me deixava mais uma  vez vulnerável.

— Você está tão tensa, pensei que depois de ontem estaríamos mais abertos para falar sobre tudo.

O garçom veio e mais uma vez interrompeu o que eu descreveria como um momento constrangedor.
Abriu o vinho com um floreio e serviu um pouco em cada taça.
Murilo experimentou uma pequena  quantidade e de forma impaciente pediu para que nos servisse. Na certa ele já estava perdendo a linha com o pobre homem que insistia em nos interromper.
Agradeci pelo serviço e voltei minha atenção para ele, o gole do saboroso vinho me deixando com um pouco mais de coragem.

— Precisamos conversar algo sério. É sobre ontem Murilo.

— Sim. — Ele tentou manter o semblante calmo, mas eu vi a esperança cintilando em seus olhos.

— Olha Murilo, eu sei que você está criando expectativas sobre nós após o que tivemos, mas pare de as criar pois não vai passar disso. — Falei tudo de uma vez e parei para analisar sua expressão.

Por mais que não fosse fácil falar aquilo eu tinha que ser sincera com ele. Se quisesse sexo casual comigo eu estava disposta a dar, mas nossos corações ou qualquer outro tipo de relação estava fora da jogada e iria deixar bem claro.

— Você quer dizer que não iremos ter nenhum tipo de relação? — Ele perguntou calmo. Calmo demais.

— Somente a sexual. Se quiser isso eu topo, mas nada de namoro, andar de mãos dadas e muito menos isso que estamos fazendo agora. Nenhum tipo de encontro que não envolva os nossos corpos Murilo.

Lambi meus lábios e Mordi o inferior logo em seguida quando flashs daquela noite pipocaram em minha mente. Das mãos dele sobre meu corpo e de o quão bem eu me senti. Como eu nunca me senti com nenhum homem.
Quando tudo acabava a sensação de vazio sempre ficava por sua que tentasse encontrar algo para preencher homem nenhum jamais conseguiu. Somente ele e aquilo não poderia ser desprezado.

Tomei um gole de vinho bem devagar para molhar meus lábios ressecados e aguardei em silêncio qual seria a resposta de Murilo.
Conhecendo como eu o conhecia eu esperava que ele não topasse pois aquilo significaria que ele não teria poder nenhum sobre mim, que eu poderia estar com outros homens e ele não iria poder fazer nada Se não aceitar.

— Tudo bem, eu topo. — Ele Disse muito convicto sem nunca desviar o olhar do meu.

Abri e fechei minha boca duas vezes, parecia muito com um peixe fora d'água buscando por ar, tamanha a surpresa que eu tive.
Às vezes ele conseguia ser surpreendente.

— Sabe que não teríamos nada além disso não é? — Falei mais uma vez para que qualquer ilusão sumisse de sua mente.

— Sei. — Observei seu dedo indicador fazendo círculos por cima da borda da taça e seu olhar provocante capaz de deixar meu corpo pronto para ele como nenhum homem jamais conseguiu. — E também sei o que você quer depois daqui.

Assenti freneticamente como uma idiota e quanso ia abrir minha boca para o responder o garçom chega na hora com nossos pratos. Me deixando encabulada e cortando o assunto.
Mas aquilo não adiantava muito com meu corpo, pois ele já estava na expectativa do que aconteceria depois daquele jantar onde eu seria a sobremesa.

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