Meu Doce Destino | Único
ESCRITO POR VANCHERJK
[Capítulo sem betagem.]
— Jungo-
Antes que eu pudesse terminar de chamá-lo, o "shhhhh" sobressaiu qualquer palavra minha.
— Não sei se você se esquece, mas, agora nós temos uma criança em casa, alfa. — Ele concluiu o óbvio, assim que eu passei para dentro de nosso quarto.
Ajoelhado na frente do berço pequeno de madeira, com uma mamadeira em mãos, ele observava Junghyun dormir.
— Perdão, meu bem. — devagar me aproximei, observando o pequeno pacotinho dormir agarrado a mão de Jungkook. Este que não parou um instante de sorrir e observar com os olhos brilhando a pequena criança.
Junghyun era uma pequenina mistura de nós dois. Pendendo mais para o lado do próprio pai do que de mim.
— Ele ainda tem problemas para dormir. Você sabe que ele não consegue dormir quando você não tá..
Acabei suspirando, me sentando ao seu lado, e o abraçando pela cintura. Tomando sempre um cuidado para não mexer muito em Jungkook e acabar acordando Hyunie.
Jungkook suspirou ao sentir meu toque. Sim, ele estava chateado. Mas, ultimamente as coisas andam correndo demais e minha ausência é cada mais notável.
— Já conversamos sobre isso, Jungoo. Eu juro que eu tentei vir para casa mais cedo, eu juro. — aconcheguei minha cabeça em seu ombro, e senti sua mão vaga tocar minha coxa — Eu nunca consigo. As coisas tem sido cada vez mais difíceis, e Hyun tem me alugado cada vez mais.
— Acho que você se esquece que você tem um filho agora. Eu não consigo lidar com tudo sozinho, principalmente pela parte em que ele chora chamando por você. — altamente derrotado ele declara — Não dá, Nayeong.
— Olha pra mim. — pedi, baixinho, me agarrando a ele. E o observei negar — Amor, bebê, olha pra mim..
— Seu olhar pra você, minha pose de mal acaba. Então, prefiro não olhar. — Eu sorri levemente e coloquei minhas duas mãos em seu rosto, fazendo-o olhar para mim.
— Eu prometo, prometo, que vou tentar vir mais cedo para casa. — Ele negou novamente — Jungoo-ah, por favor..
— Não, noona. Você já disse isso na semana passada, e seguimos quebrando promessas. — respirou fundo, se desvinculando do meu toque e soltando aos poucos a mão que estava presa por Hyunie.
— E o que você pretende? — encarei seus olhos grandões, que estavam altamente aflitos.
— Eu preciso de você, Hyunie precisa. Eu entendo que você precisa trabalhar e lidar com tudo, mas, eu não vou conseguir sozinho. — lamentou e eu apenas respirei mais fundo ainda.
— Onde você quer chegar, Jungkook?
— Precisa escolher, noona.
— Isso é um ultimato? — ele confirmou, me deixando ainda mais chocada. Os meus olhos se arregalaram e encheram-se de lágrimas — E o que você pretende fazer caso eu escolha o meu trabalho?
— Eu deixo você. Eu levo nosso filho para casa de Hobi hyung. E volto a morar lá. — Ele falhou em controlar os soluços e eu apenas recuei.
— Você tá sendo insensível. — Solucei, negando e dando alguns passos para trás.
— Eu sei que isso não vai levar a nada. Esperar você, noona. Todos os dias eu espero você, e você não tá aqui. E quando esta, se ocupa demais no trabalho. — Ele funga, fazendo um biquinho ainda mais choroso — Eu me casei com você, tivemos um filho, mas, não entendo porque você insiste em trabalhar por dois.
— Você sabe que eu preciso fazer isso, Jungkook. — Ele fungou ainda mais — Eu sempre preciso checar as coisas, senão, nada funciona.
— Você precisa confiar em quem você trabalha. E eu sei que são todos muito competentes. — disse, se afastando levemente do berço de Hyunie, e olhando pra mim. — Precisa ter tempo, Nayeong.
— Jungoo.. — Ele negou, caminhando calmamente até o banheiro.
— Eu tô cansado, realmente, muito cansado. — suspirou, com os olhos brilhando em lágrimas e logo sumiu da minha visão.
Naquela noite eu dormi sozinha. Jungkook ocupou o quarto de hóspedes. Mas, nem toda chateação do mundo, poderia evitar que eu escutasse seus soluços contidos.
A marca entre nós queimava meu pescoço. Sequer consegui dormir, ao me contorcer sobre a cama grande. Ouvir os soluços de Jungkook matava meu lobo por dentro, e este, acabava comigo como se tivesse vida própria.
Eu não sabia raciocinar corretamente, entre chorar pela dor da marca ou chorar pelo ultimato que fora me dado. Chorar pela possibilidade de perder meu ômega, novamente. E por novamente, uma culpa minha.
Mas, não era algo que eu simplesmente podia abrir mão. Meu emprego, no momento era a única coisa pela qual eu conseguiria manter minha família. Jungkook ainda estava de licença, sequer poderia pegar pesos ou se esforçar com trabalho. Desde que nos casamos, as coisas foram fáceis. Mas, conforme os tempos passaram e o nosso pequeno Junghyun chegou, ocorreram dificuldades.
Meu pai ainda conseguia manter a empresa. Tinha até mesmo arranjado outra pessoa para ocupar meu lugar, mas, eu sabia que sua vontade nunca foi ter outra pessoa no meu lugar. Tanto que de vez em quando, eu fazia algumas revisões semanais nas papeladas, para que ele pudesse ter uma segunda voz.
Então, eu podia entender da onde vinha toda a minha desconfiança em questão de trabalho. Meu pai. Ele sempre precisava checar papel por papel, assinatura por assinatura, contrato por contrato. E caso estivesse fora de ordem, ou com erros, as coisas deveriam ser todas refeitas. Boa parte eu entendo seu ponto, sempre entendi. Nem sempre podemos confiar sem por cento nas pessoas, mas, às vezes confiança é necessário.
Muitas das minhas viradas de noite em casa, fora para revisar relatório e preencher contratos já preenchidos. Talvez, por certa desconfiança em determinados funcionários ou até mesmo nos meus próprios fornecedores. Isso é um mal que um alfa sempre carrega, sua desconfiança nata. É quase impossível confiar em alguém, é quase impossível confiar em si próprio.
E talvez, apenas talvez, minha insegurança fodida seja uma das piores coisas. Em todos esses anos, sempre prometi que chegaria em casa, para que pudesse passar mais tempo com meu filho. Mas, sequer isso consegui. Eu entendo Jungkook e até mesmo apoio suas opções em me deixar, em ir para casa de seu pai.
Mesmo que eu deseje abandonar tudo, não é tão fácil. Eu gostaria que tudo fosse muito fácil e que eu simplesmente pudesse virar as costas e fazer como meu pai fez. Me retirar da empresa e simplesmente me mandar viver a vida, com a pessoa que fora alvo do meu imprinting.
Mas, não é.
Um grito escapou pela minha boca. Estava doendo tanto, que era impossível controlar. Meu lobo estava nervoso, os soluços de Jungkook só se tornavam ainda mais altos. Meus batimentos cardíacos estavam descontrolados, e eu desta vez, eu chorei.
As lágrimas desceram descontroladas pelas minhas bochechas, enquanto eu simplesmente me contorcia sobre a cama. A marca queimava, ardia, retirava-me o ar e afetava todos os meus sinais possíveis. É forte.
— Jungkook, pare..
Implorei, tão baixo quanto.
— Jungkook, pelos deuses, pare..— Apoiei as mãos sobre a parede, assim que me levantei da cama. Chorando a cada lufada de dor sentida em minha marca. — PARE, JUNGKOOK! PARE!
Os meus punhos se chocavam contra a parede. Enquanto os meus soluços eram cada vez mais fortes. Estava queimando, por deus, queimava tanto.
A cada soluço, eu sequer conseguia evitar de não engasgar. Os meus engasgos, soluços e dor. O choro dele estava me matando e não poder ir até ele, para acalmá-lo, estava enlouquecendo o meu lobo.
— Jungkook, por favor..— A minha voz soou desesperada, e eu só pude apoiar minhas mãos contra a parede. Soluçando a cada palavra. — Tá doendo tanto. Não faça isso comigo, Jungkook..
— Você escolheu fazer isso conosco! Não me peça isso! Porque você está tomando essa decisão, e você sequer percebe. — Gritou do outro lado, a voz tão desesperada quanto a minha. Ao ouvir sua voz, eu somente me contorci.
Quando todos diziam que ele não poderia me afetar, ele pode sim. Mesmo que não seja este o seu desejo, ele pode me afetar.
— Você sabe que eu não posso escolher, que eu não posso fazer nada. Não por agora! Eu não posso simplesmente dar as costas para empresa e deixar que o caos se instale! Jungkook-ah, tente me entender..
Coloquei as mãos contra meus ouvidos, gemendo pela dor. Eu sequer conseguia parar de chorar. Não pude parar de chorar.
Era como ser esmagado de dentro para fora. Aos poucos e vagarosamente.
— Eu tento entender você, na verdade, eu entendo você. Mas, você parece ser a única que não compreende as coisas. Nayeong, tente entender o que está acontecendo! Principalmente com nós dois! — Ele disse, o tom de voz cada vez mais quebrado que antes.
— Por favor, Jungkook.. tá doendo tanto..— Ao dizer, eu não consegui parar de chorar para sequer lhe responder. Os meus joelhos cederam ao chão, minha mão foi de encontro a minha marca, e eu me encolhi. Chorando em posição fetal, de maneira desesperada e cortante.
Eu não consegui me reconhecer. Eu senti como se estivesse enlouquecendo dentro de uma dor lacerante. Meu coração estava acelerado a cada mísera batida, assim como o suor frio que escorria pelo meu rosto.
É isso que sentimos quando não podemos acalmar o alvo do nosso imprinting. Ouvi-lo chorar e não poder sequer me aproximar e tocá-lo, doía. E a cada soluço, doía ainda mais. Me partia ao meio, como se estivessem simplesmente me cortando absolutamente do nada.
— Estou aqui, venha. — Senti sua presença ao meu lado. E segurando em meus braços, me puxou levemente para seus braços. Me abraçando fortemente, beijando meus cabelos. Eu apenas abracei-o, sentindo seu cheiro, enquanto soluçava em desespero. — Estou aqui, está tudo bem.
— Não faça isso comigo. Dói, dói muito, Jungoo, dói. — Ergui o meu rosto, encarando seus olhos inchados e também chorosos. As bochechas dele estavam coradas e ainda mais salientes. Os cabelos bagunçados, fora a expressão abatida. — Machuca tanto..
— Eu só não quero ter de tomar medidas drásticas para te fazer compreender, Nayeong. — A voz saiu baixinha, como em um segredo. Logo os olhos dele se encheram de lágrimas de novo. — Você é a mãe do nosso filho, ele precisa de você na mesma intensidade que precisa de mim. Eu não fiz ele sozinho, eu não posso criá-lo sozinho. — Ele soluçou ao dizer, as bochechas se corando ainda mais. — Você passa todo seu tempo naquela empresa, mandando em pessoas, fazendo mil e uma coisas. Tens família, Nayeong. Um filho e um marido.
— Jungoo..— Segurei em suas vestes, trazendo-o para mais perto.
— Eu preciso de você aqui comigo. Você não precisa ficar todo seu tempo naquele lugar. Estressando-se, você tem pessoas competentes que podem te usar. — Os olhinhos grandões brilhavam pelas lágrimas a cada palavra. — Eu sei que é difícil manter a confiança em quem não se conhece, mas, tente ter. Pelo menos uma vez, tente pelo menos uma vez. Por você, por mim e por nós.
As bochechas dele coraram a cada palavra. Jungkook apenas chorou em meus braços, se afundando neles como um bebê precisando de carinho. E eu apenas lhe dei. Porque já não doía mais, eu o tinha ali, em meus braços e para mim.
Afaguei seus cabelos, cheirando-os e abraçando seu corpo forte da maneira que eu podia. Da forma que eu conseguia, eu simplesmente o abracei. Sorrindo fraco.
Enterrei meu rosto um pouco mais em seus cabelos, sentindo o aroma gostoso vindo de si, mas, as minhas sobrancelhas se franziram com o aroma diferente vindo dele.
— Acho que sim, é nós. — Sorri, ao perceber do que se tratava.
— Sim, amor. É nós. — Ele riu, ainda choroso. Sem sequer entender o que eu dizia.
— Acho que o nós, cabe a referência que há mais um bebê a caminho. — Levei minhas mãos calmamente por seus braços, descendo por seu peito, até chegar em sua barriga lisinha. Ele me encarou sem entender e riu com a possível constatação.
— Não podemos ter um filho ainda, Nayeong. Eu sequer tive Junghyun..— Os olhinhos brilharam e ele apenas negou. A boca entreaberta denunciava sua confusão. — Não podemos, não é?
— Eu sinto um aroma diferente em você, amor. — Sorri, os meus olhos cada vez mais cheios de lágrimas. — Mesmo que seja muito cedo, ainda não escapa do fato que você está vulnerável o suficiente para que seja possível uma nova gravidez.
— A culpa é sua, alfa. — Me acusou e eu ri. — Nayeong!
Fez um biquinho choroso e eu apenas o puxei para meus braços novamente. Enchendo-o de beijos.
— Podemos ir ao médico depois. Mas, até lá vou pensar no que me disse..
— Vai mesmo? — Questionou-me, ainda soluçando.
— Eu preciso, não é? — Sorri, me agarrando a si, como um bebê coala. — Eu não acho que é muito plausível crescer longe dos meus filhos e do meu amorzinho..— Enchi-o de beijos e ele acabou rindo.
— Espero que leve a sério suas palavras, Nayeong. Porque eu não vou exitar em deixar você. — Meu coração errou várias batidas somente por suas palavras, e eu acabei rosnando involuntariamente.
— Não fale assim, ainda dói. — Tão baixinho e tão manso quanto um gatinho, a minha voz escapou.
— Eu sei, amor. Mas, ainda sim, pense com carinho. — Confirmei, sentindo seus braços me envolverem. Fechei os meus olhos, apreciando do carinho e da nostalgia de ficar abraçada a ele.
Depois de algumas horas, passamos para nossa cama e dormimos como dois bebês. Para nossa sorte, mesmo com todos os gritos, Junghyun continuou dormindo tranquilamente. Não me surpreenderia e nem me surpreende que ele tenha o sono tão pesado quanto de Jungkook.
E talvez somente por isto, conseguimos dormir tão bem quanto e abraçados.
Tínhamos certeza do nosso doce destino, e eu tinha total certeza das minhas decisões a partir daquele momento.
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