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36. Jantar a dois

"Então, me deixe saber a verdade, antes que eu mergulhe de cabeça em você. Você é um mistério, eu viajei o mundo, e não há nenhuma outra garota como você, nenhuma... – Dive, Ed Sheeran."

LIZZIE

Ao finalizar o molho, comecei a procurar uma tigela, e no processo acabei tropeçando numa caixa que virou, derramando alguns troféus e medalhas, o que me fez franzir a testa um tanto surpresa. "Eu juntei a grana dos torneios de lutas", aquilo ecoou em minha cabeça, despertando a minha curiosidade e, no mesmo segundo, me abaixei para conferir.

Retirei uma medalha do meio das outras, na qual tinha escrito "1° lugar no 27° campeonato local de boxe de Shadowtown". Haviam pelo menos umas dez iguaizinhas, e dos troféus, apenas três eram de segundo lugar, os demais eram todos de primeiro.

– Nossa, isso... O Jason é incrível mesmo. – olhei rápido por cima do ombro, ao notar que havia falado aquilo em voz alta, e respirei aliviada ao ouvir o barulho do chuveiro ligado – Mas, por que será que ele deixa essas coisas aqui?

Tomei um susto quando um raio cortou o céu lá fora, clareando todas as paredes da casa, então decidi devolver tudo para dentro da caixa, mas antes de começar, vi uma garrafa de vinho lá no fundo. Eu não costumava beber, mas quem recusa vinho? Contudo, eu não sabia se podia abrir, por isso apenas retirei a garrafa dali, devolvendo os troféus e medalhas para dentro, enquanto tentava achar um motivo racional para todas aquelas coisas estarem encaixotadas daquele jeito.

Me levantei, tratando de limpar aquela garrafa, e por menos que eu entendesse de vinho, percebi que aquele não se tratava de qualquer vinho. A safra datava 1930, e aposto que era bem caro, a ponto de fazer minha mãe surtar se o visse. Esse pensamento involuntário me fez sorrir amargo, mas logo empurrei aquilo para o fundo da memória, e coloquei a garrafa dentro do cooler cheio de gelo. Em seguida, achei a tigela, e me adiantei até o molho. Já terminava ali, quando a porta do banheiro se abriu.

Jason saiu usando apenas uma calça moletom cinza, a qual deixava a barra da sua cueca boxer branca à mostra. Assim que virou de costas pra mim, secando os cabelos com uma toalha, não consegui me conter, rapidamente correndo meus olhos por todo o seu corpo numa análise vagarosa e milimétrica de cada músculo. Ele era tão... sexy. Sorri envergonhada com os meus pensamentos, e balancei minha cabeça levemente para os lados.

– Bem na hora! – anunciei, ao terminar de pôr a mesa, e Jason olhou em minha direção, de cara amarrada.

– Então, agora sou digno de me sentar à mesa com você? – perguntou ele, com um ar imponente, me arrancando uma risadinha.

– Na verdade, você... – me interrompi, ao vê-lo jogar a toalha molhada sobre a cama – Ah, não, Jason! Nós vamos dormir aí, pega e estende.

– Você está parecendo a Susana, mandona desse jeito. – ele rolou os olhos, e eu cruzei os braços, arqueando uma sobrancelha – Tá legal, desculpa...

Sorri satisfeita ao vê-lo retirar a toalha de cima da cama para estendê-la na poltrona perto da lareira, assim como fiz com a minha. Acompanhei todo o seu trajeto atentamente, até que Jason olhou em minha direção outra vez, abrindo os braços numa gracinha, como quem diz "Está bom pra você agora?", assenti, rindo daquilo, e ele fez uma leve careta, se aproximando.

– Mais alguma ordem, mademoiselle? – o deboche era explícito em seu tom de voz.

– Agora está ótimo. Obrigada! – respondi, e ele me agarrou pela cintura, então espalmei minhas mãos pelo seu peitoral que estava geladinho, até alcançar seus ombros.

– Certeza? – o vi sorrir dissimulado, aproximando seu rosto do meu – Não quer que eu faça mais nada para te deixar feliz? É que... tenho umas coisas em mente agora.

– Hum... Talvez eu deixe você me mostrar depois do jantar. – lhe roubei um selinho, e Jason segurou um pouco mais firme meus quadris – O que foi?

– Nada, só... – ele fez uma breve pausa, e passou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha – Vamos jantar, o cheiro da sua comida está muito bom.

– Modéstia a parte, está mesmo. – concordei, em tom cômico, e consegui lhe arrancar um leve sorriso.

Ao me soltar, Jason logo puxou uma das cadeiras, onde se sentou, e eu me adiantei a servir o jantar, colocando bastante macarronada em seu prato, pois sabia que ele comia bem. Para ser sincera, aquele garoto parecia um saco sem fundo, mas estranhamente estava sempre em forma. Bom, talvez não fosse tão estranho assim, levando seus treinos exaustivos em consideração.

– Espero que goste, segui a receita da sua avó direitinho dessa vez. – coloquei o prato cheio a sua frente.

– Parece ótimo. – comentou ele – Será que você pode... pegar uma cerveja para mim?

– Ah... Bom, eu achei um vinho nas suas coisas, e na minha opinião combina mais com o prato do que cerveja. – segui até o cooler, sentindo o seu olhar recair sobre mim – Será que você poderia abrir?

Tirei a garrafa do meio do gelo, e alcancei o saca-rolhas sobre a pia, tornando a me virar em direção à mesa. Jason passou seu olhar de mim à garrafa, e pude notar a expressão em seu rosto mudar um pouco, quando franziu a testa. Forcei um sorriso, me aproximando devagarinho, e ele soltou o garfo dentro do prato, voltando a me encarar.

– Onde achou isso? – uma de suas sobrancelhas arqueou, assim que coloquei a garrafa sobre a mesa.

– Eu... meio que achei seus troféus por acidente, e o vinho estava pelo meio. – respondi, um tanto nervosa, não queria piorar a situação.

– Então, você andou fuçando nas minhas coisas? – ele cerrou os olhos, e eu rapidamente neguei com a cabeça.

– Não foi exatamente assim. Eu... Bom, eu mexi, mas só depois que tropecei naquela caixa. – apontei para onde ela estava, e seu olhar seguiu naquela direção – Se quiser, eu trago a sua cerveja, mas é que...

– Não. – Jason alcançou a garrafa sobre a mesa, pegando também o saca-rolhas – Esse é um bom vinho.

– Ah, certo. – sorri aliviada, ao vê-lo abrir a garrafa – Não achei taças, então...

Me referi aos dois copos sobre a mesa, o que fez Jason assentir enquanto os servia e, sem demoras, comecei a colocar minha comida. Também estava morrendo de fome. Ele tinha razão, o cheirinho que vinha das tigelas era divino, mas antes que eu pudesse passar para o outro lado da mesa, fui agarrada e puxada pela cintura.

– Jason! – o repreendi ao cair sentada em seu colo, quase virando o prato de comida em cima de nós dois – O que deu...

– Shh! Essa noite você só vai sentar em mim, Lizzie. – sua mão esquerda pousou em uma das minhas coxas, e senti minhas bochechas esquentarem feito brasas.

– Meu Deus, você – virei rápido para frente, sentindo-o arrastar meus cabelos para o lado – é tão idiota!

– Você se amarra. Fica toda vermelhinha, – sua voz rouca soou como sussurro em meu ouvido, me arrancando um arrepio – mas se amarra numa sacanagem, vai negar?

– Vamos jantar, ou a comida vai... vai esfriar. – coloquei o meu prato ao lado do dele, ainda nervosa pelo susto.

Jason era mesmo um safado, mas não estava errado, eu gostava muito disso. Acho que já tinha me acostumado com seu jeito promíscuo e insaciável. Contudo, eu sabia que confirmar isso, seria dar a ele uma colher de açúcar para me matar de vergonha, então tentei me concentrar, e me estiquei para pegar os meus talheres do outro lado da mesa. Nesse instante, senti seus olhos secarem meu traseiro descaradamente, e me sentei apressada em seu colo outra vez.

– Porra! – ele apertou minha coxa com força, e eu juntei um pouco mais as pernas, impedindo que seus dedos deslizassem por baixo da minha camisa – Se continuar me provocando assim, eu juro que vou te maltratar na cama hoje pra valer, Lizzie.

Contive um sorrisinho malicioso, e rapidamente tentei espantar os pensamentos indecentes sobre o que Jason faria ou não comigo na cama. Talvez eu quisesse descobrir, e provocá-lo só um pouquinho não me parecia lá a pior das ideias. Afinal, não era atoa que eu tinha escolhido a melhor dentre as lingeries para essa noite, precisava fazê-lo esquecer aquela maldita conversa sobre o Luke. E, para isso, sexo com certeza era o melhor caminho.

Respirei fundo, afastando um pouco as pernas, e um forte arrepio se estendeu pelo meu corpo, ao sentir seus dedos deslizarem suavemente por entre minhas coxas. Fingindo não notar, dei a primeira garfada, Jason fez o mesmo. Não pude deixar de notar que "Is this love" tocava baixinho na voz da Corinne, em minha playlist. Acompanhada do chiado da chuva e o crepitar da lenha na lareira, parecia dar o tom perfeito para a noite.

– Isso tá uma delícia, pequena. – comentou Jason, em relação ao jantar.

– Ah, obrigada. – sorri, sentindo minhas bochechas esquentarem, após tomar um pouco do vinho – Posso... – devolvi o copo à mesa – Eu posso te fazer uma pergunta, Jay?

– Tecnicamente você já está fazendo. – ele também tomou um longo gole de vinho.

– É sério, queria que você fosse sincero... – o olhei por cima do ombro, e vi quando assentiu – Por que seus troféus estão amontoados numa caixa aqui no meio do nada?

Ele tornou a me encarar como se analisasse detalhadamente o que eu tinha acabado de lhe perguntar.

– Porque eu os trouxe para cá.  – foi tudo o que disse, antes de entupir a boca com macarrão de novo.

– Sim, mas é que... – suspirei pesado, ao vê-lo negar com a cabeça, enquanto mastigava.

Então, voltei a olhar para frente. Não me agradava nada o fato dele sempre selecionar as coisas que queria ou não falar para mim. Era quase como se fôssemos dois estranhos e, aposto que assim como a briga de ontem, esse seria mais um dos assuntos que Jason nunca me explicaria. O silêncio entre nós dois se instalou, enquanto comíamos, apenas o barulho da chuva ressoava cada vez mais alto lá fora.

– Isso estava bom pra caralho! – ele elogiou minha comida novamente, ao terminar sua refeição, e aquilo até podia ter me arrancado um sorriso, mas a verdade é que eu não estava mais no clima – A vovó Diane ia adorar dividir a cozinha com você.

– Que bom. – foi tudo o que eu disse, antes de me levantar recolhendo os pratos.

– Hey, o que foi? – questionou Jason, parecendo um tanto perplexo – Está chateada?

– Não, eu estou muito feliz com o fato de que você só me conta as coisas pela metade. – usei de ironia, seguindo em direção a pia – Parece que não se sente confortável, ou não confia em mim o suficiente.

– Ah, fala sério, você não pode mesmo estar bolada com o lance dos troféus... – disse ele, em tom calmo – Só não é assunto para hoje, Lizzie. Eu não quero te encher com os meus problemas.

– É, mas eu gostaria de saber mais sobre você. Queria que me deixasse te conhecer. – fui sincera, e ele negou levemente com a cabeça.

– Você não precisa saber do meu passado para conhecer quem eu sou. – argumentou ele, ao se levantar – Não é assim que funciona.

– Ah, Jason... – me virei em sua direção, após deixar os pratos sujos na pia – Convenhamos que se torna difícil te conhecer, quando você mal conversa comigo. É como tentar montar um quebra-cabeça, sem ter a maioria das peças.

– Acontece que eu converso mais com você do que com qualquer outra pessoa. – ele riu fraco, e eu rolei os olhos – Sabe disso, não sabe?

– É claro que eu sei. – admiti, num suspiro pesado – Mas o problema não está aí.

– E onde está? – o vi se aproximar.

– Quero que me deixe conhecer o verdadeiro Jason. – pousei minhas mãos em seu peitoral, assim que ele parou a minha frente – Esse cara incrível que fica aí dentro a maior parte do tempo, e que você faz tanta questão de esconder das pessoas. Quero entender o que você sente e como vê as coisas.

Jason entreabriu a boca, mas qualquer coisa que fosse falar, foi interrompida pelo toque estridente do meu celular, o que acabou chamando não só a minha atenção. Suspirei cansada ao olhar em direção ao balcão da pia, pois já imaginava quem era. Até tentei ligar para casa, quando chegamos aqui hoje mais cedo, para avisar que passaria o fim de semana fora, mas não consegui porque não tinha área.

No entanto, eu sabia que a minha mãe provavelmente passaria o dia inteiro tentando ligar para saber onde e com quem eu estava. E por sorte ou azar, agora meu celular tinha pego área, mas eu não sabia ao certo se queria atender, pois tinha certeza que tomaria uma bronca daquelas por ter fugido de casa na calada da noite, sem dar nenhuma satisfação sequer, ignorando por completo o fato de que estava de castigo.

– Acho melhor falar com ela, deve estar preocupada sem notícias suas. – disse Jason, e eu sabia que estava certo – Diz que está na casa de uma amiga.

– Não dá. – neguei com a cabeça – A essa altura, ela já ligou para todas as meninas do colégio.

– Você quer voltar? Nós podemos...

– Não! – o interrompi rápido – Está tarde, e eu não quero voltar agora.

– Tudo bem. – ele me pareceu um tanto pensativo – Já sei, diz que resolveu passar uns dias num motel para esfriar a cabeça.

– Será que isso vai colar? – franzi a testa, e ele assentiu confiante – Tá, eu... vou atender então.

– Beleza, mas tenta soar confiante. – ele pousou uma das mãos em meu quadril, e respirei fundo antes de assentir.

Ainda não estava completamente certa de que a melhor escolha era atender aquela ligação, mas Jason acabou me passando confiança. Alcancei meu celular sobre o balcão, e no identificador havia "Mãe", cerrei meu punho livre com força, tomando um pouco de coragem, e finalmente aceitei a chamada.

– Lizzie, pelos céus, eu já estava à beira de ligar para a polícia! – mal trouxe o celular ao ouvido, e já ouvia seus berros do outro lado da linha – Onde você se meteu, garota?

– Mãe, me escuta, eu estou bem, tá legal? – olhei para frente, e Jason apenas assentiu.

– Eu não quero saber se está bem, você vai voltar para casa agora, entendeu? – dona Elisa estava muito irritada.

– Está tarde, eu não vou voltar hoje, muito menos agora. – franzi a testa – Além do mais, preciso respirar um pouco, longe de tudo.

– O que você quer dizer com "longe de tudo"? Acha que já é adulta, por acaso? – seu tom de voz expressava raiva e deboche.

– Mãe, por favor, eu tenho idade suficiente para tomar minhas próprias decisões. – Jason afastou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.

– Idade suficiente... – ironizou minha mãe – Isso é coisa daquele Davis, não é? Está com esse garoto agora, Lizzie? Eu já disse que ele não é uma boa companhia para uma menina como você!

Ele riu anasalado, aposto que escutou aquilo.

– Não, eu... não estou com ninguém. – neguei de imediato, e o vi concordar com um curto aceno de cabeça.

– Não minta, eu sei muito bem que vocês estão juntos! – vociferou dona Elisa, praticamente engolindo o telefone – Você precisa entender as dimensões dessa relação, os problemas que isso vai trazer... Por Deus, esse garoto não se importa com você, ele só está se aproveitando da sua ingenuidade.

– Não sei de quem você está falando, porque eu já disse que estou sozinha. – senti os pelos da minha nuca eriçarem quando Jason depositou um suave beijinho no meu ombro esquerdo – Qual o problema? É difícil acreditar que estou por conta própria, mãe?

– Como acha que o Jordan vai se sentir quando souber o que está acontecendo entre você e o irmão gêmeo dele, Lizzie? – o tom de voz da minha mãe agora era de ameaça – O que ele vai pensar de você?

– Eu não me importo mais com o Jordan! – vociferei, sentindo as malditas lágrimas alcançarem meus olhos – Ele não é mais nada meu, e se quer saber, eu quero mais é que esse filho da mãe se foda!

– Hey, calma. – sussurrou Jason, próximo ao meu ouvido – Está tudo bem.

– Não, você não quer isso, não de verdade. Sabe que essa relação com o Jason é passageira, mas o estrago que vai causar... – minha mãe não parecia se importar muito com as palavras que usava – Ah, Lizzie, isso sim vai te marcar pra sempre. A garota que foi pra cama com dois irmãos... Acha que consegue conviver com o peso do julgamento? Porque é o que vai acontecer, as pessoas vão te esmagar com críticas impiedosas!

– Mãe, por favor...

– Por favor nada, Lizzie! – ela me interrompeu – Eu não sei o que você tem na cabeça agora, mas eu e seu pai não te criamos assim. Essa não foi a educação que recebeu, e não vamos permitir que se comporte como uma vadia. Não quero mais nenhuma desculpa, você vai voltar pra casa no máximo até amanhã, entendeu?

– Você não pode me obrigar! – minha voz soou embargada, e Jason rapidamente depositou um beijinho carinhoso no meu pescoço.

– Shh... não esquenta, pequena. – ele sussurrou baixinho, numa tentativa de me acalmar.

– Na verdade, eu posso sim. Você tem detenção esse final de semana, e nem pense em faltar, ou eu juro que coloco a polícia para te rastrear. – minha mãe fez questão de me lembrar esse detalhe – Então, vai virar pra esse garoto, e mandar ele te trazer pra casa amanhã o mais cedo possível, fui clara?

– Olha, eu... – soltei a respiração com força pelo nariz – Preciso desligar, mãe, estou cansada. Boa noite!

– Lizzie Andrewns...

Encerrei a ligação antes que ela pudesse me deixar ainda pior e, por Deus, se existia alguém que podia fazer isso, esse alguém era a minha mãe. Estava tão cansada de ser tratada como uma criança estúpida, quando os meus pais iriam entender que eu havia crescido? Quando me dariam espaço para respirar, e finalmente respeitariam minhas decisões? Será que um pouco de paz era pedir demais?

– Relaxa, Lizzie. – Jason depositou um beijinho carinhoso no topo da minha cabeça, se apressando em retirar o celular das minhas mãos – Você foi incrível.

– É, mas... – me sentia horrível – Você ouviu, tenho que voltar pra casa.

– Isso não é um problema, posso levar você quando quiser. – seus olhos caramelados mergulharam nos meus, me arrancando um suspiro cansado.

– Esse é o problema, Jay... – pousei minhas mãos em seu peitoral – Eu não queria ter que voltar tão cedo.

– Bom, nós ainda podemos vir aqui de novo no verão. – comentou ele – Fica melhor quando não está chovendo.

– Eu imagino que... – franzi a testa, ao perceber que Jason pulava algumas faixas em minha playlist – O que está fazendo?

– Procurando uma boa música pra gente relaxar, mas... só tem esse cara aqui? – ele se referia ao Ed Sheeran, após sua sétima música seguida, o que me arrancou um curto riso anasalado.

– O que você quer com isso? – questionei, mas sua resposta se resumiu a uma rápida negação com a cabeça.

Um suave sorriso se fez em seus lábios, quando pareceu finalmente se decidir por uma das faixas. Era "Rosyln" do Bon Iver, tinha uma batida lenta, e uma letra muito linda apesar de triste. Jason aumentou o volume, e devolveu o celular ao balcão da pia, antes de agarrar meus quadris, me puxando mais para o centro da cozinha.

– Por que trocou de música? – questionei confusa.

– Porque eu quero que você relaxe essa noite, pode ser? – suas sobrancelhas arquearam – Foda-se o mundo lá fora, eu te trouxe aqui, e não vou deixar nada te fazer mal hoje. Somos só nós dois, longe de tudo.

– Você tem razão. – entrelacei meus braços em seu pescoço, ao passo em que ele começava a me conduzir numa dança suave, quase sem sair do lugar – Curtir a noite ao seu lado, é tudo o que eu preciso agora.

– É mesmo? – um discreto sorriso surgiu no canto dos seus lábios, quando eu assenti – Então, vamos fazer valer a pena.

– Estou esperando por isso, Jay. – sorri leve, acariciando sua nuca com as pontinhas dos dedos.

– Que tal começarmos agora? – seu olhar era penetrante – Antes da sua mãe ligar, você dizia que eu não costumo conversar muito...

– Sim, você nunca me conta nada importante. – argumentei melhor, e o vi assentir.

– Tem razão, mas quero começar a contar. – afirmou Jason – Durante o jantar, você me perguntou sobre os troféus... Eu não quis entrar em detalhes porque os trouxe pra cá no dia do enterro do meu pai, acho que ainda é um pouco complicado falar sobre isso.

– Jay, eu não sabia disso, sinto muito. – olhei fundo em seus olhos caramelados – Me desculpe por insistir, não precisa me contar nada caso não se sinta confortável.

– Não, tudo bem, talvez seja bom você saber. – disse ele – Depois que o Martin foi assassinado, eu nunca mais voltei a competir nos ringues, então só não fazia sentido continuar com os troféus se empoeirando numa prateleira.

– Quer dizer que você desistiu do boxe? – arqueei as sobrancelhas.

– É, profissionalmente sim. – concordou ele – Foi difícil encarar as coisas, e eu precisei tomar uma decisão sobre isso, você sabe... Depois que o caso foi arquivado, os desgraçados que mataram o meu pai ficariam impunes.

– Eu acho que entendo, mas provavelmente o seu pai gostaria que você tivesse seguido com o boxe. – continuava acariciando sua nuca com as pontinhas dos dedos, ele apenas assentiu – E se quer saber, eu adoraria torcer por você durante um campeonato.

– Ah, você ia torcer por mim? – Jason sorriu fraco.

– É claro que sim, eu sentaria na primeira fileira. – fechei os olhos por alguns segundos, me permitindo imaginar como seria assistir uma de suas lutas – Nunca pensou em voltar? Esquecer a BW, a Allana, e sei lá... De repente, ter a sua vida de volta?

– Não é tão simples. – respondeu ele, e tornei a abrir os olhos – Mas gosto de pensar que poderia, por isso estou aqui com você agora.

– Está dizendo que eu te faço repensar? – indaguei esperançosa.

– Não exatamente. – Jason negou rápido com a cabeça – Eu não sei explicar bem ao certo, mas talvez possa tentar. Você ainda lembra da noite do baile?

– O que o baile tem a ver com isso? – cerrei os olhos, enquanto dávamos uma volta bem coladinhos – Por que eu deveria me lembrar daquela noite agora?

– Bom, foi uma noite agradável, sem contar que você estava muito gostosa... – seu rosto se aproximou do meu, e senti um friozinho surgir na minha barriga – Não me arrependo de ter colocado aquela roupa estúpida, e uma gravata ridícula, só pra conseguir mais uma dança com você.

– Para começo de conversa, – olhei bem no fundo dos seus olhos caramelados – você estava muito sexy.

– Achei que fosse dizer "elegante", foi o adjetivo que usou antes e, caso não se lembre, eu te fiz repetir, porque... – ele riu fraco, e senti minhas bochechas esquentarem – Digamos que a Susana falou que você gostaria, foi só por isso que me vesti daquele jeito. Claro que ela não sabia que era você quando me ajudou com a roupa, e também não vem ao caso.

– Eu adorei... – falei baixinho, enquanto nossos corpos se moviam de um lado para o outro, num ritmo ainda mais lento que a música – Adorei cada segundo ao seu lado aquela noite.

– Não tanto, quanto eu, pequena. Acho que... É, eu faria tudo de novo, apenas para passar uns minutos com você naquela cabine, porque – sua destra tocou meu rosto delicadamente – de alguma forma, naquele dia eu consegui perceber o motivo de apreciar tanto a sua companhia. É que você me faz se sentir vivo, como já não me sentia há um longo tempo.

Eu não tinha dúvidas de que Jason estava falando sério, pois a intensidade nos seus olhos era de arrancar o fôlego. Mas receio que ele me pegou de surpresa, e não consegui pensar em nada para responder, era como se as palavras fugissem da minha boca, à medida que a sua era atraída para mais perto. Recaí meu olhar aos seus lábios macios e rosados, pensando no que tanto eu poderia dizer que fosse ser melhor do que beijá-lo agora?

A resposta era clara feito água. Então, fiquei nas pontas dos pés, me precipitando a selar seus lábios vagarosamente, os quais pareceram ainda mais macios do que de costume. Suas mãos grandes apertaram firme meus quadris, e não demorou até que Jason pedisse passagem com a língua. Eu logo cedi, me deliciando no doce sabor refrescante de hortelã em sua boca. Arranhei sua nuca com as pontinhas das unhas, ao sentir sua destra tocar a minha, me puxando para mais perto em meio ao nosso beijo.

Rompemos com alguns selinhos, e senti meus pelos eriçarem ao toque carinhoso de seu polegar em uma das minhas bochechas. Nossos olhares se encontraram mais uma vez, e sutilmente esfreguei a pontinha do meu nariz no seu, antes de pousar minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos ao passo em que inalava profundamente seu delicioso perfume de pimenta negra. Sorri leve, quando ele encostou sua cabeça na minha, e logo voltei a admirá-lo.

– Isso foi tão lindo, Jay. – comentei baixinho, enquanto a playlist avançava, passando a tocar "Dive" do Ed Sheeran.

"Talvez eu tenha esperado por tempo demais
Talvez eu tenha jogado minhas cartas errado
Oh, só um pouquinho errado
Amor, eu peço desculpas por isso..."

– Na verdade, foi estúpido. – rebateu ele – Eu sabia que era o seu primeiro baile, e que por isso seria uma noite especial e importante pra você, mas mesmo assim te entreguei a gargantilha torcendo para que o Jordan reagisse mal ao vê-la.

– Espera aí... – me afastei um pouco para encará-lo – Você fez de propósito?

– Em parte, sim. – Jason admitiu, sem nem tentar contornar – Achei que isso estragaria as coisas com o idiota do meu irmão, mas... Não entendo como ele levou numa boa.

– Você é terrível! – ri anasalado, e ele assentiu – Talvez seu plano tivesse dado certo, se a Rose não tivesse me ajudado a tirar antes do Jordan ver.

– Ah, você tirou... Claro que tirou. – ele me pareceu ligeiramente decepcionado.

– Hey, eu adorei o seu presente, mas... Acho que eu só não estava pronta para brigar com o Jordan, não na noite do baile. – tentei chamar sua atenção outra vez, o que pareceu funcionar – O que estou dizendo é que, eu não me livraria dela se tivesse ganho em outro momento.

– Quero que você a use, quando se sentir confortável pra isso. – pediu Jason, e eu confirmei com um aceno de cabeça – Ficou mesmo incrível em você.

– Ficou, não é? – sorri, aproximando meu rosto do seu – Eu só queria que você não tivesse ido embora tão cedo aquela noite, talvez as coisas tivessem acontecido diferente. Digo, você me fez sentir coisas naquela cabine de fotos, Jay.

– É? E o que exatamente você sentiu? – ele franziu a testa, acariciando minha bochecha com o polegar.

– Bom, confesso que essa não foi a primeira vez, mas em certo momento eu achei que você fosse me beijar, e cogitei seriamente a ideia de te corresponder. – fui sincera, e seus olhos faiscaram.

– Está dizendo que eu devia ter te beijado? – Jason me puxou mais para junto de si.

– Ah, eu não sei... Provavelmente eu teria acertado um tapa bem em cheio na sua cara. – rimos juntos – Apesar da vontade de te corresponder.

– É claro que teria... – nossos rostos estavam praticamente colados agora – Mas, só pra esclarecer, quando exatamente você sentiu essa vontade pela primeira vez?

– Não, eu não vou te contar isso agora. – neguei com a cabeça.

– Qual é? – suas sobrancelhas arquearam – Você me deixou curioso, eu quero saber, pequena.

– Isso é meio embaraçoso pra mim, porque... Você sabe, ainda tinha o...

– Esquece ele, eu não me importo. – Jason me interrompeu – Me diz, quando é que você quis me beijar pela primeira vez?

– Você não vai esquecer isso, né? – franzi a testa, e não consegui conter a risadinha ao vê-lo negar – Tá legal, tirando o episódio no aniversário do Christian, acho que a primeira vez foi na praia depois do racha.

– Espera aí, está falando da noite do encontro de aluguel? – ele parecia surpreso agora.

– É... – senti minhas bochechas esquentarem – Eu te molhei, e você veio correndo atrás de mim pela praia, até que eu tropecei e caí.

– Eu caí em cima de você, me lembro disso. – a pontinha do seu nariz tocou no meu – Não imagina o quanto foi difícil esperar que lembrasse, que me pedisse de novo. E quase te contei algumas vezes sobre o que rolou no aniversário do Christian, aquela noite foi uma dessas vezes, mas eu não sabia se você gostaria de lembrar.

– Desculpa por ter demorado tanto... – passei a acariciar sua nuca com as pontinhas dos dedos – Não queria ter feito você esperar.

– O importante é que está aqui agora. – Jason apertou meus quadris – Nada vale mais que isso.

Sem mais palavras, eu lhe roubei um selinho, o qual se demorou um pouco mais que o comum. Era tão leve e, ao mesmo tempo, gostoso estar ao seu lado, que se tornava extremamente fácil ignorar todo o resto. Como se nada mais importasse, como se eu nunca tivesse conhecido outro cara antes dele. Não conseguia me lembrar de nenhum outro momento em que me sentisse tão em paz, quanto agora. Acho que Jason era como meu pontinho de esperança, no meio de um oceano feroz. Eu estava mesmo feliz por tê-lo por perto hoje.

– Então, aceita mais um pouco de vinho? – questionou ele, após alguns segundos em silêncio.

– Por favor? – fiz biquinho, e logo o vi assentir.

Nossos passos cessaram devagar, até que ele depositou um beijo carinhoso na minha testa antes de seguir em direção a mesa. Me sentei no braço de uma das poltronas, dando por conta de que dançávamos em frente à lareira na sala, mal percebi quando deixamos a cozinha. Jason não se demorou, e logo trouxe não só os copos, como também a garrafa de vinho, ele me serviu e, após o primeiro gole, voltamos a dançar.

As músicas continuaram nos embalando em suas melodias, e nossos pés não pareciam dispostos a pararem tão cedo. Tomamos mais vinho, até a garrafa secar, e nos beijamos algumas vezes, em meio a conversas agradáveis. Jason me contou muitas coisas interessantes, mas não mencionou nada sobre a briga de ontem. E, para não estragar o clima que se estendia entre nós, optei por não fazer nenhuma pergunta, a conversa sobre o Luke já havia sido pesada demais para nossa noite. Talvez outro dia...

Seguimos dançando, até mesmo quando a minha playlist acabou. Àquela altura, estávamos ambos os dois tontos por causa de todo o vinho que bebemos, mas nenhum de nós queria parar. As mãos de Jason apertaram meus quadris, e seus lábios se pressionaram aos meus, mas por algum motivo desconhecido, rimos entre o beijo, e ele encostou sua testa na minha, encarando meus olhos bem de pertinho.

– Lembra da música que dançamos no baile? – questionou ele.

– Acho que eu lembro sim, por quê? – franzi a testa.

Você é a única que eu consigo imaginar ao meu lado... – ele cantarolou próximo aos meus lábios, fazendo menção a "You are the right one" – Porque eu não gosto de mais ninguém além de você, pequena.

Nesse instante, minhas pernas bambearam, e um arrepio gostoso me percorreu inteira. Seu olhar era tão intenso que parecia capaz de penetrar no mais profundo da minha alma, me arrastando lentamente para o precipício. Mas, antes que eu pudesse lhe dizer alguma coisa, antes que eu conseguisse ao menos pensar, ou formular uma frase coerente, suas mãos deslizaram até minhas coxas, e ele me deu impulso para cima. Entrelacei minhas pernas em sua cintura, e o agarrei pela nuca, tomando sua boca em um beijo lento.

Nossas línguas se esbarraram, e foi quase como tomar um choque, o qual rapidamente incendiou todo o meu corpo, me fazendo ter uma única certeza: eu precisava senti-lo, como nunca havia precisado de ninguém antes. Afundei meus dedos por entre os fios dos seus cabelos macios e dourados, me deliciando no doce e refrescante sabor de hortelã em sua boca. Em resposta, suas mãos apertaram firme minhas coxas, ao passo em que ele seguia em direção a cama.

Rompemos o beijo, e logo senti minhas costas tocarem o forro macio do edredom. Abri os olhos bem a tempo de ver os seus percorrerem por todo o meu corpo, deslumbrando extremo desejo. Até que ele apoiou seu peso com um dos braços no colchão, se encaixando direitinho entre as minhas pernas, à medida que passava a me encarar, fazendo minhas bochechas se aquecerem feito brasas.

– O que foi? – toquei seu rosto carinhosamente, e ele fechou os olhos por alguns segundos, deitando sua cabeça em minha mão, antes de me encarar outra vez.

– Eu só... quero guardar cada detalhe seu, Lizzie. – o clarão de um raio iluminou parte do seu rosto, deixando ainda mais evidente o castanho dourado de seus olhos – Quero lembrar, mesmo depois de você ir embora.

– Não, isso... Do que está falando, Jay? – franzi um pouco a testa.

– Sabe o que eu te disse em italiano no dia em que te levei pra patinar? – suas sobrancelhas arquearam.

– Não, você não traduziu pra mim. – respondi.

– Eu disse que você não faz ideia do quanto eu gostaria de ter te conhecido antes, quando as coisas eram menos complicadas pra mim. – Jason sorriu fraco – Se eu pudesse voltar no tempo, talvez tivesse sido o cara certo, Lizzie.

– Hey, não fala assim... – acariciava sua bochecha com o polegar – Se quer saber, eu adoro ter conhecido quem você é agora, mesmo sendo um idiota sarcástico e misterioso a maior parte do tempo.

– Você não entende... Sei que logo vai entender, mas... – seus lábios se aproximavam vagarosamente dos meus – Até lá... Até esse dia chegar, eu quero aproveitar o máximo que puder ao seu lado, porque você é a melhor coisa que já me aconteceu.

– Não acha que está exagerando? – lhe puxei para mais perto, pela nuca – Eu não sou tudo isso.

– Ah, Lizzie... Você é muito, muito melhor do que imagina. – ele alcançou uma das minhas coxas, a qual puxou até a altura da sua cintura – E eu só queria que nunca fosse embora.

– Eu sempre vou estar aqui. – selei seus lábios – Sempre, Jay!

Devagarinho, ele reclinou seu peso sobre o meu, iniciando um beijo cheio de desejo. Tornei a deitar minha cabeça nos travesseiros, sem interromper aquele contato mais que esperado. A essa altura, a chuva reduzia um pouco, o que tornava possível ouvir o crepitar da lenha queimando na lareira, e a chama do fogo projetava nossas sombras contra a cortina da janela ao lado da cama. Absolutamente cada detalhe a nossa volta trabalhava para tornar aquele momento ainda mais intenso.

Me arrepiava a cada toque delicado de sua destra, que passeava por toda a minha coxa. Arranhei sua nuca com as pontinhas das unhas, e rompemos o beijo com alguns selinhos, os quais se estenderam em uma trilha que desceu pelo meu pescoço até a minha barriga ainda coberta. Jason me olhou por um segundo, antes de simular empurrar a minha camisa com o nariz, o que me fez sorrir, mordendo levemente o meu lábio inferior, enquanto inclinava a coluna para cima, puxando aquela peça até quase a altura dos meus seios.

– Ah... – tombei com o quadril de volta na cama, assim que seus lábios macios tocaram a minha pele quente.

Pensei em arrancar aquela camisa fora logo de uma vez, mas tudo o que consegui fazer foi apertá-la entre meus dedos, saboreando os curtos choques causados pelo atrito de seus beijos carinhosos em minha barriga, ao mesmo tempo em que encarava o teto, com a testa franzida, sentindo minha respiração ficar mais pesada a cada segundo.

Quando finalmente consegui olhar em sua direção, o vi depositar um beijo sobre a fina e delicada renda da minha calcinha, mas antes que pudesse repetir o ato, o soar de algumas pancadas fortes na porta nos assustou. Jason rapidamente me encarou, num misto de confusão e nervosismo. Afinal, quem diabos poderia ser àquela hora da noite? Mal formulei a questão em minha cabeça, e ouvimos as batidas ressoarem novamente...

[...]

💕. E parece que chegou alguém disposto a atrapalhar o casal... Quem vocês acham que é?? 👀

💕. Não esqueçam de deixar os seus comentários, e apertem na ⭐️ para ajudar. Até o próximo capítulooooo 😘

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