19. Um dia diferente
"Todos querem roubar minha garota, todos querem levar seu coração. Às bilhões de pessoas no mundo, procurem outra pessoa, porque ela é minha... – Steal my girl, One Direction."
Não vou negar que passei o caminho inteiro me divertindo só com a ideia distante de qual cara Jason faria quando percebesse para onde estávamos indo. Seria o último lugar para procurá-lo em toda a galáxia, simplesmente pelo motivo de que eu nunca imaginaria vê-lo por aqui. E confesso que quando finalmente chegamos, precisei me controlar para segurar o riso, porque o jeito que ele reagiu não foi lá muito diferente do que eu já esperava.
– É sério, Lizzie? – Jason rolou os olhos assim que alcançamos a área de just dance do shopping.
– Cala a boca! Você me fez saltar de uma altura de mais de 20 metros hoje. – me dirigi a recepção para comprar as fichas – E também disse que eu podia escolher o que faríamos depois do almoço.
– Estou começando a me arrepender dessa ideia idiota. – ele me arrancou uma risadinha.
– Não vem se reclamar agora. – ignorei quando ele rolou os olhos, me adiantando a pagar pelo tempo que ficaríamos ali – Vai ser divertido.
– Sua ideia de diversão é bem diferente da minha. – Jason rebateu, não parecia nem um pouco confortável com toda aquela gente a volta.
– Sim, porque não envolve nenhum risco de morte certa. – me virei em sua direção outra vez, já com algumas fichas em mãos – Agora vamos lá, faz tempo que vim num lugar assim.
Não era mentira, minha última vez no Just Dance foi com as Vikings quando eu ainda morava em Seattle, o fim de semana só das garotas, era muito legal. Mas aí os idiotas dos nossos namorados começaram a implicar, lembro que Luck até me proibiu nas últimas vezes que fui convidada. Eu era tão estúpida, fazia qualquer coisa só para não irritá-lo, meu relacionamento com ele foi a pior fase da minha vida, fui agredida física e psicologicamente várias vezes.
Claro que a última agressão foi a pior de todas, mas tiveram outras intercaladas, quase imperceptíveis como um apertão mais forte se eu falasse algo que não o agradasse, ou a implicância com as roupas que eu usava. As infinitas restrições quando eu saía com as meninas, isso sem contar com as brigas constantes por ciúmes sem nenhum fundamento, bastava um garoto me dar o mínimo elogio que fosse, e Luke ficava de mal humor quase na mesma hora. Eram tantas coisas ruins, e mesmo assim eu não percebia o quanto me fazia mal.
Sem dúvidas, a pior parte é que eu sempre me sentia culpada, porque todas as vezes ele dava um jeito de virar o jogo pra mim. Por isso aquelas solicitações de mensagens me incomodavam tanto, fora eu, Luke era a única pessoa que sabia exatamente tudo o que tinha feito comigo, e mesmo assim pretendia voltar a me torturar. Mas eu não aceitaria, estava livre e bem longe daquele garoto doente agora, era assim que devia ser até o fim dos tempos.
– Por que diabos você selecionou pra dupla? – os olhos de Jason quase saltaram pra fora da caixa de tão arregalados.
– Porque é mais divertido em dupla e, caso não tenha notado, nós estamos em dois. – respondi, escolhendo uma música simples, visto que ele não estava nem um pouco empolgado com a ideia.
– Eu não vou dançar isso com você. – o vi cruzar os braços, como uma criança birrenta.
– Ah, você vai sim! – me decidi pela coreografia de "watch me" do Silentó, visto que era uma das mais antigas e mais fáceis no just dance – Só tem que imitar o que eles fazem lá no telão.
– Lizzie...
– Anda logo, vai começar! – me posicionei, ansiosa pra iniciar.
Precisei segurar o riso ao ouvir a respiração pesada de Jason bem ao meu lado, mas ele não disse mais nada. A música começou a tocar, e me senti como se estivesse numa viagem do tempo, lembrava cada passo como se tivesse dançado ontem mesmo. As risadas eram inevitáveis, principalmente pelo fato do meu parceiro parecer uma pedra de tão duro e desconjuntado. Eu não sei como, mas ele errava a maioria das sequências, mesmo sendo tão fáceis, acho que estava fazendo de propósito, o que não importava, pois ainda era divertido.
No final, nossa pontuação foi uma miséria, Jason deu de ombros quando o encarei, mas posso jurar que estava envergonhado. Aquilo estava saindo melhor do que eu esperava, a próxima musica selecionada pelo próprio jogo foi "Gangnam Style", e ignorei o olhar indignado do meu parceiro. Não existia um só ser na terra que não conhecesse aquela coreografia, foi o que pensei até os passos começarem. Do meio para o fim, Jason quase desistiu e tive que puxá-lo de volta pela gola da camisa.
Por um milagre ele acertava pelo menos a parte do refrão, e confesso que eu estava adorando me divertir as suas custas. Mas, quando a música mudou novamente, Jason desistiu de vez, me deixando sozinha na pista ao som de "Don't start now", por sorte uma moça que passava por ali rapidamente aceitou ser minha dupla, e fechamos o placar quase invictas. Nos despedimos ao final da música, pois ela estava com seu namorado e eu precisava achar o meu estressadinho favorito. Não demorei muito até encontrá-lo largado num dos sofás daquele lugar.
– Anda, Jason, levanta! – chutei de leve um de seus pés – Você não pode dançar se estiver sentado.
– Eu não vou mais dançar, não conheço nenhuma música que coloque nesse treco idiota. – ele recusou de cara, e não parecia nada disposto a mudar de ideia – A propósito, isso aqui é um saco!
– Bom, eu estava me divertindo, e o que quer que eu faça? Não tenho outra dupla. – reclamei, empurrando seu ombro.
– Olha em volta, aposto que você consegue arranjar alguém interessado rapidinho. – o vi cruzar os braços, me ignorando por completo.
Era evidente que dali eu não conseguiria mais arrancá-lo, nem mesmo se apelasse para o seu lado pervertido. Soltei a respiração com força, sacudindo a cabeça para os lados antes de me virar, e para completar a cena esbarrei justo num adolescente que tomava sorvete de chocolate. Não preciso nem dizer que ele acertou em cheio a minha blusa, ótimo! Jason começou a rir no mesmo segundo em que o garoto saiu correndo, me deixando plantada e com uma linda bola de sorvete derretendo em minha roupa no meio do shopping.
– Eu retiro o que disse, sua ideia é muito divertida. – debochou ele, me acompanhando até o lixeiro mais próximo.
– Vai rindo, que o próximo é você. – apanhei a casquinha do chão, e Jason rapidamente se esquivou dos respingos que arremessei em sua direção.
– Hey, eu não fiz nada. – o vi estender as mãos a frente do corpo, e rangi os dentes, arremessando aquela casquinha com força dentro do lixeiro.
Sem dizer mais uma palavra, e ignorando completamente as risadas irritantes de Jason que insistiam em seguir os meus passos, me apressei até os banheiros. Precisava pelo menos tentar tirar aquela mancha enorme da minha blusa, e quase me debrucei sobre as pias, mas não importava o quanto esfregasse, parecia que aquela droga só piorava. Por que tinha que ser justo sorvete de chocolate? Porcaria!
– Eu tenho uma ideia melhor. – disse Jason, escorado na parede a frente, assim que eu saí do banheiro.
– Não começa! – estava de muito mal humor para ouvir qualquer piadinha que fosse agora.
– É sério, tenho uma ideia melhor. – insistiu ele – O que acha de trocar de roupa?
– Quê? – franzi a testa, um tanto confusa.
– Pode comprar outra coisa pra vestir aqui, depois a gente encontra alguém pra dançar com você. – finalmente ouvi algo sensato – O que me diz?
– Vamos logo, porque isso aqui está péssimo. – apertei mais a jaqueta em volta do corpo, a fim de esconder o estrago horrível em minha blusa.
Então, saímos procurando uma loja com roupas que me agradassem, até que quase me apaixonei por uma vitrine, foi onde entramos. Uma moça super simpática veio nos atender, e até sugeriu que Jason ficasse tomando café na recepção, mas ele negou, e apenas veio junto. Posso ter me empolgado um pouco depois de explicar meu gosto para a atendente, e ela também não simplificou muito, trazendo mais de dez looks para eu provar. Me senti como uma modelo num desfile de passarela, e Jason era a plateia.
Por mais estranho que fosse ele não parecia nem um pouco incomodado em me ver provar cada uma das roupas. Mas, receio que sua opinião perdeu a validade após o terceiro ou quarto look, pois qualquer coisa que eu vestisse ele dizia a mesma frase "Uau! Tá perfeito.". Finalmente decidi usar a única salopete dentre todas as roupas naquele provador, era xadrez num tom preto e cinza. Para completar o look, coloquei uma blusa branca por baixo, e um sorriso largo se fez em meus lábios assim que me olhei no espelho, era aquela eu tinha certeza.
– E aí? – abri a cortina pela milésima vez, e Jason rapidamente se virou em minha direção.
– Porra, você é muito gostosa! – senti minhas bochechas esquentarem, com aquele olhar malicioso me medindo de cima a baixo.
– Idiota, estou falando da roupa. – passei as mãos pela saia, antes de dar uma voltinha – O que achou?
– Qualquer coisa fica incrível em você. – ele se apressou em responder, e rolei os olhos.
– Bom, eu... gostei dessa. – fui sincera, olhando por cima do ombro meu reflexo no espelho enorme bem ao lado.
– Então leva. – pude ouvir seus passos se aproximarem – De qualquer jeito, vou adorar arrancar ela de você mais tarde.
– Jason! – o repreendi, e suas mãos me agarraram pelos quadris – Estamos numa loja, então se comporta.
Me virei em sua direção outra vez, pousando minhas mãos em seu peitoral enquanto ele dava uma breve olhada por cima do ombro, verificando se não tinha ninguém nos olhando agora. O sorrisinho sacana em seus lábios carregava a resposta clara feito água.
– Mas eu estou me comportando. – ele me deu um leve empurrãozinho, me conduzindo lentamente para dentro do provador – Não acha?
– O que – minha fala foi interrompida por um curto selinho – está fazendo?
– Nada. – Jason fechou as cortinas, voltando a se virar em minha direção – Eu ainda não fiz nada.
– Você não pode entrar aqui, a moça vai voltar a qualquer instante. – dei um passo para trás, à medida em que ele se aproximava de novo, e acabei esbarrando contra o espelho.
– Calma, eu não vou demorar, pequena. – suas mãos grandes tornaram a agarrar meus quadris, fazendo meus pelos eriçarem dos pés a cabeça – Só preciso de cinco minutos pra te recompensar por ser uma filha da puta tão gostosa!
Aquela altura, seu rosto já estava perto demais do meu, e nossas respirações se misturavam ao tempo em que meus batimentos aceleravam no peito. Seus olhos caramelados mergulharam nos meus, e senti um friozinho gostoso subir por minha barriga, o que aquele garoto fazia comigo? A verdade é que eu estava com saudades dos seus toques, de me sentir desejada por ele, desde que nossa pegação foi abruptamente interrompida no ringue ontem.
Eu não sabia o motivo, podia ser qualquer coisa, mas parei de se cobrar quando me disse que não era nada do que eu pudesse imaginar. Minha respiração ficava cada vez mais pesada, até que finalmente nossos lábios se esbarraram, e o que seria apenas uma sutil provocaçãozinha, se tornou um beijo quente quando lhe puxei mais para perto pela camisa. Suas mãos apertaram firme meus quadris, e as minhas deslizaram pelo seu peitoral e ombros, até alcançarem sua nuca.
O doce sabor de hortelã se espalhava em minha boca, enquanto nossas línguas acariciavam uma a outra. Afundei meus dedos entre os fios macios e dourados de seus cabelos, enquanto suas mãos passeavam pelas curvas do meu corpo, fazendo minha saia subir. Sutilmente Jason esfregou seu joelho entre as minhas pernas, me fazendo arfar baixinho entre aquele beijo. Ao rompermos, seus lábios seguiram ao meu pescoço, numa trilha de pequenos beijinhos molhados.
– Jay... – franzi a testa ao sentir as pontinhas de seus dedos tocarem delicadamente minha intimidade – Alguém pode chegar.
– Shh... É só não fazer barulho, pequena. – ele sussurrou quente em meu ouvido, enquanto passava a acariciar lentamente meu clitóris – Fica quietinha e relaxa.
Arregalei os olhos, quase o empurrando ao ouvir alguém puxar uma das cortinas, mas por sorte não era a nossa. Jason mordiscou o lóbulo da minha orelha, numa leve provocaçãozinha, e eu apertei seus ombros me concentrando para não gemer ou rebolar em seus dedos. Eu realmente devia estar louca para permitir ser tocada assim num provador de loja, mas era tão excitante. A cada toque, cada beijo ou carinho, aquele calor delicioso ia crescendo mais entre as minhas pernas.
Num impulso, tentei tocá-lo de volta, mas Jason me interrompeu, prendendo meus pulsos com sua mão livre acima da minha cabeça. Nesse momento, seus lábios voltaram a se pressionar contra os meus, abafando meus gemidos, ao mesmo tempo em que seus dedos ágeis e experientes se forçavam para dentro de mim. Ele mordiscou meus lábios, sorrindo de canto quando finalmente me penetrou, e então soltou minhas mãos.
– Ah... – gemi baixinho, passando a arranhar sua nuca a cada vai e vem lento que fazia com os dedos dentro de mim – Você é... completamente maluco!
– É? E você se amarra nisso! – ele sussurrou rente aos meus lábios, tratando de acelerar seus movimentos – Está tão molhada, que nem consegue disfarçar o quanto isso aqui te excita.
– Idiota! – inclinei a cabeça para cima, afastando um pouco mais as pernas.
Sua mão livre tapou minha boca, antes que eu pudesse fazer qualquer barulho, e seus lábios macios voltaram a distribuir beijinhos molhados pelo meu pescoço. Cerrei os olhos, apertando seus ombros, ao passo em que ele sussurrava algumas sacanagens ao pé do meu ouvido, numa tortura fodida de gostosa. Até que senti minha vista embaçar, e no segundo em que minhas pernas ficaram bambas, Jason me agarrou firme pelos quadris, prensando seu corpo ao meu.
E, de um segundo ao outro, voltou a beijar meus lábios enquanto acelerava os movimentos dentro de mim. Cravei minhas unhas em suas costas, gemendo abafado em sua boca, ao mesmo tempo em que um orgasmo me consumia lenta e deliciosamente de dentro para fora. Naquele momento, eu nem me lembrava mais do fato de estarmos num provador de uma loja.
Jason mordiscou meu lábio inferior, sorrindo satisfeito após me fazer se derramar em seus dedos, os quais devagar foram cessando os movimentos até saírem por completo de mim. Minha respiração estava bem ofegante, mas seus beijinhos carinhosos foram me fazendo relaxar. Trocamos mais alguns selinhos, até que ouvi passos se aproximarem do nosso provador, e os batimentos tornaram a acelerar em meu peito, de nervoso agora.
– Senhorita? – a voz da atendente me fez empurrar Jason no mesmo minuto – Precisa de ajuda?
– Fala que já está saindo. – ele sussurrou baixinho, antes de lamber os dedos com um sorriso dissimulado nos lábios.
– Já estou... quase saindo, obrigada! – me virei em direção ao espelho, tratando de arrumar minha saia e cabelos outra vez.
– Ah, certo. Qualquer coisa é só chamar. – avisou a moça, e logo se afastou de novo.
– Isso foi – respirei fundo, negando com a cabeça – uma enorme loucura, sabia?
– Você adorou. – Jason me agarrou por trás, depositando um suave beijinho em meu ombro – Adora uma sacanagem, até lê putaria.
– Eu já disse que não é putaria! – senti minhas bochechas esquentarem, encarando-o pelo reflexo no espelho.
– Tanto faz. – ele passou a sussurrar em meu ouvido – Eu preciso sair agora, ou juro que vou te comer gostoso nesse provador.
– Não. Não começa de novo, sai logo! – me virei em sua direção, pronta para lhe empurrar para fora dali.
– Calminha, vou ficar te esperando, mas veste isso aqui antes de sair também. – o vi tirar um pedaço de pano do bolso da calça.
Era uma delicada calcinha de renda, bem parecida com a minha que ele rasgou duas noites atrás na hidromassagem. Bom que se atentou a esse detalhe, porque me causava desconforto andar sem roupa íntima por aí. Rolei os olhos ao pegá-la de suas mãos, e lhe roubei um selinho, antes de empurrá-lo com força para fora daquele provador. Um sorrisinho divertido me escapou, e tratei logo de fechar as cortinas outra vez, ainda não acreditava no que tinha acabado de acontecer ali dentro, Jason era tão safado.
Tratei logo de terminar de me arrumar, e juntei minhas peças de roupa, as quais dobrei cuidadosamente. Já me encaminhava para a recepção a fim de pagar tudo e ir embora, quando avistei Jason fazendo isso mais a frente, foi quando me dei por conta de que o código de verificação da minha roupa já havia sido arrancado. Ele soltou um beijinho pra mim, e respirei fundo assentindo para a vendedora que se dispôs a guardar minhas roupas sujas numa sacola da loja, retirei de lá apenas a jaqueta de Jason, a qual tornei a vestir.
– Então, você vai voltar para o just dance? – perguntou ele, enquanto caminhávamos pelo shopping.
– Eu não tenho uma dupla, lembra? – cruzei os braços, olhando em direção a pista, eu ainda queria voltar para lá.
– Veja e aprenda. – franzi a testa ao vê-lo passar a minha frente – Moça, desculpe incomodar, é que eu vim fazer compras com a minha irmãzinha mais nova, e ela adora esses jogos então comprou um monte de fichas, mas eu não posso jogar com ela.
– Mãe, eu quero jogar um pouquinho mais! – avistei uma garotinha de seus dez anos ao lado da mulher alta.
– Hannah, se comporte. – ela bloqueou o celular para escutar o meu "irmão mais velho" – O que você estava dizendo?
– Eu só queria saber se a sua Hannah pode se divertir com a minha Lizzie no just dance, enquanto a gente senta e toma um bom café, o que me diz? – franzi a testa ao ouvi-lo, tratando de me aproximar.
Não sei se por impressão, mas Jason parecia estar flertando com aquela mulher. Um leve sorriso de canto, e aquele olhar intenso que discretamente corria ao decote dela, ele não tinha um pingo de vergonha na cara, não? Há alguns minutos atrás estava com os dedos socados dentro de mim, e agora... Forcei um sorriso ao empurrá-lo com o ombro, o que chamou sua atenção para mim outra vez.
– Mãe, eu quero, deixa? – Hannah continuava insistindo.
– Irmã mais nova, é? – rangi os dentes, e ele passou seu braço por cima dos meus ombros.
– Segue o plano. – foi tudo o que sussurrou em meu ouvido.
– Oh, ela que é a sua irmãzinha? – a mulher alta sorriu gentil ao me ver – É uma gracinha, querida. Que idade você tem?
– Dezesseis. – Jason mentiu antes que eu pudesse responder – Sabe, é que eu vim da faculdade só para passar o final de semana com ela, quero que se divirta.
– Você parece um irmão mais velho muito atencioso. – a vi sorrir, corando as bochechas, estava flertando de volta?
– Eu tento. É que nossos pais são separados, e a Liz fica muito tempo sozinha. – ele mentia como um profissional – Então, sempre que tenho uma folga, venho na cidade para vê-la. Mas estou ficando velho pra esse tipo de diversão.
– Eu e o pai da Hannah também nos separamos, entendo a situação. – ela passou uma mecha de cabelo para trás da orelha – É muito gentil da sua parte se preocupar com a sua irmãzinha.
– Pelo visto elas tem mais coisas em comum, já que a pequena Hannah não para de olhar para a pista de dança. – Jason soava bem sociável quando queria, era um excelente ator.
– Ela passaria o dia aqui se eu deixasse, ou se ainda soubesse dançar alguma coisa. – ambos riram juntos, e eu estava começando a detestar aquela ideia.
– Então, será que elas poderiam...
– Claro. – ela concordou no mesmo instante – Vá brincar, Hannah, a mamãe vai tomar um café com esse moço bonito aqui.
– EBAAA!! – a garotinha saltou eufórica do sofá, me agarrando pelo braço.
– Se divirtam. – Jason tomou a sacola de minhas mãos, me dando um leve empurrãozinho.
Se não estivéssemos em público, eu juro que o mataria, mas em vista das inúmeras testemunhas a volta, optei por seguir com a pequena e emocionada Hannah para o just dance. Ignorando o fato de que meu "irmão mais velho" e a adorável mãe solteira daquela menina flertavam tomando café, observei o logo do BTS em sua camisa e decidi colocar "Dynamite" para tocar. A coreografia não era tão difícil, e se aquela garota fosse mesmo uma ARMY saberia de cor.
Hannah comemorou com palminhas e saltinhos assim que a música iniciou, e para a surpresa de zero pessoas, sabia toda a coreografia. Mas, quando tocou "7 rings" da Ariana Grande, não foi só a mim que ela impressionou. Algumas pessoas foram parando a nossa volta para acompanhar a dança, a qual aparentemente sabíamos inteira. À medida em que as músicas passavam, vez ou outra eu olhava por cima do ombro, conferindo se Jason permanecia no bar, e lá estava ele de olho vivo em mim.
Era intenso o jeito que me olhava, e eu acho que gostava disso, de ter sua atenção só pra mim. Bom, pelo menos me dava certeza de que não estava flertando de verdade com a mãe da Hannah, e isso já bastava, era de bom tamanho. Mal percebi, e já estávamos em quatro, quando selecionei "Boombayah" da BlackPink. A música voltou a tocar, e me concentrei na coreografia outra vez, essa seria a mais complicada até agora, porque tinham muitos movimentos.
A cada passo, podia sentir o suor escorrer pelas laterais do meu rosto, e o riso contente me fugia pelos lábios, eu adorava dançar. No entanto, precisava admitir que as meninas da BlackPink eram perfeitas por fazerem tantas coreografias assim num só show. Eu podia imaginar o esforço enorme que deveria ser, mas acabei me dando por conta de que também já estávamos ali há um bom tempo. Christine se orgulharia se pudesse me ver, sei que eu estava orgulhosa de mim, para quem começou o dia na maior melancolia, parecia que o jogo tinha virado, não é mesmo?
– Isso foi o máximo! – comemorou a pequena Hannah ao finalizarmos batendo a pontuação máxima da coreografia.
– Demos um show, você foi incrível! – me abaixei para abraçá-la, e imediatamente ela me agarrou eufórica.
Ri fraco, pois minha respiração ainda estava ofegante por conta de todo o esforço que fiz para não errar nenhum passo. As outras meninas comemoravam entre si, mas assim que me levantei também me abraçaram. Nos juntamos para uma selfie em frente ao placar e passei meu instagram para que elas pudessem me marcar ao postar. Jason não demorou a se aproximar assim que nos despedimos, parece que ele já tinha se livrado da mãe de Hannah, pelo menos não a vi outra vez.
– Já se divertiu o suficiente, maninha? – suas mãos pousaram em meus quadris, e entrelacei meus braços em seu pescoço.
– Não sei não, irmãozão, acho que ainda tenho fôlego pra mais uma rodada. – ri fraquinho, aquela era uma enorme mentira.
– E que tal guardar pra um showzinho particular quando a gente chegar em casa? – seu rosto se aproximava do meu – É uma delícia te ver dançar, mas fico imaginando como seria sem toda essa roupa.
– Você é um grande tarado. – rimos juntos, e o vi morder suavemente seu lábio inferior.
– Só um pouquinho. – suas mãos apertaram meus quadris – Estava pensando em jantarmos por aqui mesmo, o que acha?
– E depois vamos pra casa? – arqueei as sobrancelhas, estava exausta.
– É, depois a gente vai pra casa. – prometeu ele, e eu lhe roubei um selinho.
Naquele clima leve, nos dirigimos para a escada rolante que dava acesso ao térreo, alguns degraus mais abaixo tinha um grupo de garotos que conversavam entre si. Não me importei muito com isso, mas Jason passou seu braço por cima dos meus ombros, me puxando um pouco mais para perto. Assim que eles se foram, seguimos para o lado oposto, e eu encarava cada uma das vitrines pelas quais passávamos a frente, acho que meu senso de moda era mais forte que eu.
Ri de meus pensamentos, nem era tão consumista, mas gostava de observar. Assim que chegamos a praça de alimentação, deixei que Jason decidisse os pratos, pois precisava me sentar, então me adiantei até uma das mesas vazias. Tivemos um dia e tanto, quem diria que eu faria um cara feito ele dançar just dance comigo, não é? Mesmo que tivessem sido apenas duas músicas, antes que jogasse a toalha, já havia valido a pena, e me arrancado muitas risadas.
– Posso sentar? – uma voz chamou minha atenção, e ao olhar para cima vi que o grupo de garotos com quem esbarramos na escada rolante, também acabava de chegar a praça de alimentação.
– Na verdade, eu estou acompanhada. – forcei um sorriso educado para o rapaz a minha frente.
Ele e os outros pareciam iguais, todos usando casacos de time, pela altura eu arriscaria dizer que eram da equipe de basquete de alguma universidade, não conseguia reconhecer o emblema. Mas com certeza deviam ser pelo menos uns dois anos mais velhos que eu, o cara específico a minha frente tinha até barba feita. O vi dar risada, olhando por cima do ombro em direção aos amigos, um típico atleta popular, não importava a idade eram todos assim, até Jordan.
– Irmãos mais velhos não contam como companhia, sabia? – ele arrastou a cadeira até o meu lado, onde se sentou – Me chamo Gael.
– É um prazer, Gael, mas Jason não é meu irmão, e é melhor você levantar antes que ele volte. – olhei rápido para o outro lado, a fim de verificar se ainda estava tudo sob controle.
– Calma aí, princesa. – o tal Gael tocou meu ombro e eu rapidamente me esquivei, puxando minha cadeira – É que assim, eu estava te vendo dançar lá em cima, e tenho que te contar que você chamou minha atenção.
– Ah, legal. – tentei ser simpática outra vez, apesar de estar começando a me preocupar até onde isso iria.
– Te achei muito gata. – ele parecia disposto a ir direto ao ponto – Daí meus amigos apostaram que eu não conseguiria pegar o seu número.
– É, e eles acertaram. – franzi a testa ao ver Jason se virar em minha direção – Eu sinto muito, mas tenho namorado, agora vai embora.
– Qual é, gracinha? – Gael lançou uma piscadela para os amigos que nos encaravam da outra mesa, se aproximando mais de mim – Você é muito gata para aquele idiota. Vamos trocar uma ideia? Vou ficar na cidade uns dias, quem sabe pinta da gente se encontrar de novo?
– Eu já disse pra você sair. – o empurrei com força quando sua destra pousou em minha coxa.
No entanto, ele era bem mais forte do que eu e quase nem se moveu, apenas deu uma risadinha forçada quando me levantei irritada. Estava a ponto de arremessar minha bolsa contra sua cara dissimulada, quando dois braços me arrastaram para trás. Num piscar de olhos, Jason tomou a minha frente, e estremeci ao ouvir o arrastar das cadeiras na outra mesa.
– Esse palhaço estava te incomodando, Lizzie? – perguntou ele, encarando Gael que ainda estava sentado com um sorriso cínico nos lábios.
– E-ele... – gaguejei nervosa, passando uma mecha de cabelo para trás da orelha – Não foi nada demais, ele já estava de saída.
– Ouviu a moça. – Gael se levantou, fazendo pouco enquanto organizava a gola de seu casaco.
No entanto, antes que pudesse dar o primeiro passo, Jason chutou a cadeira com força contra suas pernas, o que fez aquele cara grandalhão perder o equilíbrio e cair de cara na mesa. Seus amigos pareceram tão assustados e surpresos, quanto eu nos primeiros segundos, e receio que o nervosinho a minha frente aproveitou a deixa, agarrando os cabelos castanhos de Gael entre os dedos, antes de começar a bater sua cabeça com força contra a mesa seguidas vezes.
– É, eu ouvi sim. – Jason rangeu os dentes, sem parar o movimento que fazia com o braço ao desferir as pancadas sucessivas – O problema é que ela mente muito mal!
– JASON! – gritei assustada ao ver um dos amigos de Gael erguer uma cadeira, a fim de arremessá-la em sua direção.
– Seu filho da puta! – ele correu com a cadeira em mãos, e eu tropecei ao dar um passo para trás.
Olhei por cima do ombro ao me apoiar em outra mesa, e o casal sentado ali, logo se levantou com os olhos arregalados em direção a briga. O barulho que a cadeira fez ao se chocar contra o chão, acabou chamando minha atenção outra vez, Jason agora estava cercado por quatro caras. De repente, a cena daquela briga no posto de gasolina me surgiu a mente, arrastando lágrimas aos meus olhos, eu não queria que machucassem ele também, assim como foi com Jordan.
– Socorro! – me virei, berrando em meio aquela praça de alimentação – Alguém ajuda aqui!
Não sei se pelo nervosismo, mas eu não conseguia identificar nenhum segurança a vista, e as pessoas a volta começavam a se levantar assustadas. Sequei as lágrimas nos cantos dos olhos com as costas das mãos, ninguém parecia realmente disposto a fazer alguma coisa, se não observar o "Show". Me virei outra vez, e franzi a testa ao ver dois daqueles caras recuarem estranhamente assustados, enquanto Jason socava o terceiro com fúria no chão.
Eu não entendi exatamente o que tinha perdido naqueles poucos segundos em que desviei a atenção, mas parecia que havia sido bastante coisa. Nossa mesa estava virada agora, e fora o cara que era brutalmente espancado, haviam mais dois gravemente machucados no chão, um deles era o tal Gael, acho que tinha quebrado feio o nariz. Jason se ergueu, dando um forte chute na barriga do cara a quem espancava e, ao se virar, os dois grandalhões de pé tremeram na base.
– O que porra está acontecendo aqui? – finalmente dois seguranças apareceram, empurrando algumas pessoas para passar.
– Que merda é essa? Quem fez isso? – perguntou um deles, conferindo toda aquela bagunça.
As pessoas a volta começaram a apontar para Jason e os dois caras ainda de pé, engoli em seco ao vê-los serem conduzidos pelos seguranças para fora dali. Jason sorriu leve ao me olhar por cima do ombro, e eu não sabia exatamente o que fazer, mas era como se ele me dissesse para ficar calma. Em seguida, mais três seguranças chegaram para conduzirem os marmanjos feridos também, e assim que todos foram expulsos as coisas pareceram voltar ao normal.
Já estava a ponto de sair atrás de Jason, quando uma garçonete me parou com os nossos lanches, eu estava muito preocupada, mas praticamente fui forçada a esperar que embalassem tudo para viagem. Fiz o pagamento, e saí dali com o coração apertado, queria confirmar se ele estava mesmo bem, apesar de que quando saiu não parecia ter um só arranhão. "Eu não perco uma briga desde os meus sete anos", de repente uma de nossas conversas me surgiu a memória, e eu assenti.
Demorei um pouco, até finalmente lembrar o lugar exato onde tinha estacionado o carro, não por ser uma idiota, mas porque aquele estacionamento era enorme. Mais a frente, vi Jason fumando um cigarro, apoiado no capô enquanto um fraco chuvisco caía a volta. Aparentemente, ele estava tranquilo, mas acelerei o passo mesmo assim, e seu olhar logo veio em minha direção. O vi se endireitar, e mordi o lábio contendo o choro antes de abraçá-lo com força, afundando meu rosto contra o seu peitoral.
– Hey, está tudo bem. – sua destra se enfiou por entre meus cabelos, e rapidamente rompi o abraço.
– Nunca mais me assuste daquele jeito! – o empurrei com a lateral do braço, antes de selar seus lábios – Achei que aqueles idiotas fossem machucar você.
– Isso chega a me ofender, sabia? Eu não perco uma briga desde os meus sete anos. – Jason riu anasalado, e eu rolei os olhos. Como já sabia que era o que ele diria? – Aqueles mauricinhos idiotas não tinham a menor chance.
– Eles... foram embora? – perguntei, ainda preocupada.
– Correram como gazelas desesperadas depois que os seguranças nos jogaram para fora. – respondeu ele, com um certo tom de piada – Relaxa, não vão voltar, e nós vamos para casa agora, tá legal?
– Por favor, mas você dirige, estou exausta. – soltei a respiração com força, e ele sorriu leve, acariciando meu rosto – Ah, eu trouxe o nosso lanche.
– Boa garota, eu tô cheio de fome. – o vi soltar o cigarro no chão, no qual pisou antes de me ajudar com as sacolas.
Ao mesmo tempo em que ele dava a volta, eu peguei a chave na minha bolsa e destravei o carro, entramos quase no mesmo segundo. Era uma delícia finalmente sentir o conforto daquele banco macio e reclinado, comemos ali mesmo, confesso que também estava morrendo de fome e o cheiro da comida era tão bom, quanto o gosto. Quando terminamos, juntei tudo nas sacolas, e Jason pegou a chave, dando partida no carro.
Evitei ao máximo falarmos sobre o que havia acontecido lá dentro, ele pareceu aliviado por isso, afinal nosso dia ainda tinha sido incrível. Conversamos um pouco sobre a mãe da Hannah, ela se chamava Charlotte, e Jason a descreveu como uma mulher simpática, apesar de ficar dando em cima dele a cada segundo. Quando o silêncio chegou, passei a observar as ruas pela janela, apreciando a chuva que caía, até que meus olhos começaram a pesar...
[...]
💕. Meu Deus, o que a Liz não faz o Jason fazer, hein... kkkkkkk comentem e não esqueçam de deixar a ⭐ para ajudar. Até a próxima sexta 😘
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