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36. Lidando com pesadelos

"Eles dizem que o amor pode atingir você tão rápido... Alta probabilidade de ficarmos sem tempo, mas os nossos estão no limite, querido. Leve-me como eu sou ou não, eu não posso respirar sem você... – My Darlin', Miley Cyrus feat. Future."

LIZZIE

Uma fraca melodia ressoava no rádio do carro, enquanto o Jason conversava com um homem do lado de fora, era o mesmo senhor que apareceu com ele na final do campeonato de futebol. Eu não costumava bisbilhotar, mas confesso que estava curiosa para saber sobre qual assunto eles falavam, entretanto ambos haviam se afastado o suficiente para que eu não ouvisse nada. Tudo o que dava para fazer era observar os seus reflexos pelo espelho retrovisor do carro, nenhum dos dois parecia estar nervoso ou exaltado, indicando que não tratavam de nenhum problema aparentemente.

Desde que chegamos ao ferro-velho já tinham se passado pelo menos uns dez minutos, e a cada segundo a curiosidade dentro de mim só aumentava. Uma parte minha queria mesmo descobrir que tipo de negócios o Jason tinha com essas pessoas, sei que estava diretamente ligado ao tráfico de drogas em Shadowtown, mas acho que não era só isso. Apesar de fazer um bom tempo, ainda me causava arrepios lembrar daquele homem sendo torturado em sua boate. Também não posso esquecer do medo estampado no rosto dos seus funcionários e das pessoas no geral só por estarem no mesmo ambiente que ele.

Quer dizer, o Jason que eu conhecia não era nada terrível, mas o "McClain"... Bom, eu não gostava de pensar sobre isso, era desconfortável saber da sua sede de vingança, então geralmente não tentava imaginar até onde o seu lado sombrio estava disposto a ir para alcançar esse objetivo. Um suspiro pesado me escapou, e meneei a cabeça numa tentativa de espantar aqueles pensamentos, mas lá no fundo acho que eu já tinha as respostas, uma hora ou outra teria que lidar com elas. Pelo espelho retrovisor, percebi quando o Jason encerrou a conversa com o seu amigo e, enquanto retornava para o carro, tratei de aumentar o volume da música outra vez.

– Nós já vamos? – arqueei as sobrancelhas assim que ele adentrou o veículo.

– É, já terminei aqui. – respondeu, colocando o cinto de segurança.

– O seu amigo vai ficar? – franzi o cenho ao ver o homem parado no mesmo lugar.

– Ele não é meu amigo. – Jason deu partida – E você não tem nada que se preocupar com isso, caso não se lembre nem deveria estar aqui.

– Você está bravo comigo? – perguntei.

– Eu não estou bravo com você. – o vi negar com a cabeça.

– Bom, você parece bravo com alguma coisa. – dei de ombros.

– Não é nada, não encana com isso. – ele tornou a negar.

– Tá legal, que tal se falarmos sobre para onde vamos agora? – resolvi mudar de assunto, pois sabia que nem sempre era a hora certa para bater de frente.

– Ah, eu acho que você vai gostar. – um riso fraco completou sua frase.

– Você poderia ser mais específico, não acha? – insisti, mesmo sabendo que não arrancaria essa informação dele.

– Não, mas vai entender quando chegarmos. – sua resposta não esclarecia nada.

– Jason! – dei um leve tapa em seu ombro – Você é muito malvado comigo. – ao me ouvir, seu olhar se dirigiu a mim por alguns instantes, e um sorriso sacana se desenhou em seus lábios – Do que está rindo?

– Nada... – seu tom de voz carregava uma pitada de malícia.

– Idiota! – rolei os olhos – Está pensando alguma sacanagem, não é?

– Parece que você me conhece bem, Lizzie. – confirmou Jason, após fazer um discreto sinal para os caras armados no portão saírem do caminho.

Me endireitei no banco, após deixarmos aquele ferro-velho para trás, e me adiantei a aumentar o volume da música que tocava no rádio. À medida que o tempo avançava, os prédios e casas iam ficando cada vez mais para trás, o que me fez lembrar da vez em que passamos a noite numa cabana no meio da mata. Será que era para lá que estávamos indo de novo? Se bem que agora começava a notar que o caminho era quase o mesmo, mas não devia ser isso já que tínhamos um jantar com a Susana a noite.

De repente, as janelas do carro abaixaram, permitindo que o vento soprasse os meus cabelos, que se espalhavam pelo meu rosto. Sorri largo, passando um braço para fora, me detendo a apreciar a paisagem pelo caminho, enquanto cantarolava "Chihiro" da Billie Eilish que tocava no rádio. Não demorou muito, até o meu namorado misterioso reduzir a velocidade antes de adentrar por uma trilha de terra. Pouco depois, estacionamos no meio do nada. No barranco mais à frente havia uma cerca feita de madeira e arame farpado, e pelas redondezas nada mais do que árvores era visto.

– Vamos? – Jason tirou a chave da ignição, se desfazendo do cinto de segurança.

– Vamos para onde exatamente? – passei a observá-lo quando abriu a porta para descer do carro.

– Lugar nenhum, já chegamos. – respondeu ele, tratando de sair.

Com o olhar, o acompanhei dar a volta no veículo, até educadamente abrir a porta para mim. Suspirei pesado, destravando o cinto de segurança, mesmo um tanto relutante.

– Tá legal, antes de qualquer coisa, você pode pelo menos me dizer o que estamos fazendo aqui? – tornei a encará-lo, em busca de uma resposta.

– Você vai descobrir quando descer do carro, Lizzie. – Jason apenas estendeu sua destra para mim.

Nesse instante, dirigi o meu olhar para a sua mão, a qual observei por alguns segundos, até dar o braço a torcer e finalmente aceitar a sua ajuda para sair do carro.

– Ok, então... – olhei de um lado ao outro, à medida que dava alguns passos à frente – O que isso significa?

– Lembra daquele dia na quermesse, quando eu te ensinei a ganhar os seus prêmios sozinha? – Jason parou ao meu lado.

– É claro que eu lembro, aquilo foi o máximo! – sorri largo.

– Que bom que gostou, porque hoje nós vamos treinar tiro ao alvo. – de repente, ele sacou a arma que carregava entre o cós da calça.

– Você está brincando, não está? – arregalei os olhos, um tanto assustada pela informação repentina.

– Não, você aprende rápido. – ouvi o "click" metálico da arma ao ser engatilhada – E não tem com o que se preocupar porque, apesar de ser um pouco diferente, os princípios são os mesmos.

– Um pouco diferente? – dei um passo para trás, sentindo os batimentos acelerarem no meu peito – Jason, isso é uma arma de verdade!

– Eu sei. – ele travou a arma outra vez, depois estendeu aquilo em minha direção – Agora preste atenção, você precisa aprender a manusear antes de tentar acertar uma daquelas garrafas na cerca.

– Acho que você não entendeu, eu não quero fazer isso. – neguei, de forma clara dessa vez.

– Como assim? Por quê? – ao me encarar, Jason franziu o cenho.

– Armas de verdade machucam pessoas, e eu não gosto nada disso. – expliquei minha recusa.

– Sinto muito, mas tenho que discordar. – o vi negar com a cabeça – Pessoas machucam pessoas, as armas são só um instrumento. O atirador que a empunha, é quem decide o que vai fazer com ela.

– Esse é o seu jeito de pensar, mas não me faz sentir confortável com essa ideia maluca. – fui sincera.

– Que tal pensar nisso como um hobby? – propôs, a fim de me fazer se acalmar – Afinal, você não tem que machucar ninguém, pequena.

– Então por que você decidiu me ensinar a atirar assim do nada? – cerrei os olhos.

– Porque precisamos encarar a realidade de que eu nunca vou ser capaz de te oferecer uma vida tranquila e normal. – Jason me encarava com certa preocupação no olhar – A minha cabeça é um troféu cobiçado, e você pode se tornar um alvo por minha culpa, só por estarmos juntos.

– Isso tem a ver com o fato do Alexander estar na cidade? – tornei a me aproximar cautelosa – Acha que ele vai tentar me machucar?

– Eu não sei. Escuta, Lizzie, nunca quis te envolver nas minhas merdas, mas também não posso deixar que se machuque. – sua resposta carregava tanta angústia – Não vou ficar de braços cruzados contando com a sorte, preciso fazer o que for necessário para garantir a sua segurança.

– Hey! Eu estou aqui, e estou muito bem. – pousei delicadamente as minhas mãos em seu peitoral – Não precisa se preocupar assim comigo.

– Posso não estar sempre por perto para te proteger. – sua destra se adiantou a afastar uma mecha de cabelo para trás da minha orelha – É por isso que eu quero te ensinar tudo o que sei, pequena. Quero que aprenda a se defender.

– Tudo bem. – dei o braço a torcer, o que lhe deixou um tanto surpreso – Quer dizer, acho que eu posso aprender algumas coisas para te deixar mais tranquilo.

– Está falando sério? – suas sobrancelhas arquearam.

– Bom, isso ainda não me agrada nada, mas acho que não vai arrancar nenhum pedaço meu também. – suspirei em derrota – Me dá essa arma aqui? – empunhei aquilo de uma vez – Agora me diz, o que eu tenho que fazer?

– Certo, vamos lá...

Sem perder tempo, Jason começou a explicar tudo o que achava que eu precisava saber sobre aquela arma e, por menos que eu gostasse da ideia, me forcei a prestar atenção. Parecia realmente importante para ele que eu soubesse manusear tal objeto da forma correta, então me mostrou como trocar e conferir se o pente estava mesmo carregado, travar, destravar, e até mesmo como segurar da maneira correta para ter apoio na hora de puxar o gatilho. Repetimos o passo a passo como um exercício algumas vezes, antes de começar com as garrafas.

O primeiro disparo fez todo o meu corpo estremecer, e obviamente errei o alvo, era bem mais difícil do que conseguir um prêmio na barraca de tiros do parquinho. No entanto, Jason insistiu um pouco mais, me ajudando a se concentrar, enquanto me dava alguns conselhos e dicas práticas para melhorar a minha pontaria. Passamos um bom tempo ali, até eu finalmente conseguir acertar uma das garrafas, confesso que a sensação foi incrível, como uma euforia crescendo dentro de mim. Era estranho, eu sei, mas ao mesmo tempo bom.

– Parabéns, Lizzie! – Jason se aproximou orgulhoso – Gosto disso em você... Do quanto aprende rápido.

– Eu tenho um bom professor. – sorri doce, voltando a minha atenção para as garrafas – Agora preciso praticar, certo?

– Essa é a minha garota! – disse ele, com um sorriso de orelha a orelha – Vamos tentar simular os disparos em movimento agora, pode ser?

– Como diabos eu vou fazer isso? As garrafas estão paradas. – franzi o cenho.

– Me dá isso aqui... – Jason pegou a arma em minhas mãos – Quero que preste atenção.

Logo depois, o vi engatilhar e, em questão de segundos, efetuou três disparos acertando três garrafas com distâncias consideráveis de uma para a outra. Era impressionante o quanto ele fazia aquilo parecer fácil, como brincadeira de criança talvez, e não consegui disfarçar a minha admiração por tal feito.

– Então, conseguiu entender? – seu olhar recaiu sobre mim novamente.

– Eu não vou conseguir fazer isso nem em cem anos. – peguei a arma de volta, lhe arrancando uma leve risada.

– Não sei não, mas aposto que consegue até a hora do almoço. – Jason tornou a se afastar para que eu pudesse voltar a treinar.

Respirei fundo, a fim de me concentrar outra vez, e logo voltei a atirar. De início, decidi imitar o movimento que ele havia feito, só que bem devagar, não era nada fácil acertar três alvos seguidos, ainda mais tão rápido daquele jeito. Tivemos que substituir as garrafas algumas vezes, até eu finalmente pegar o jeito e, nesse ritmo, ficamos bastante tempo ali. Só me dei por satisfeita depois de acertar os três alvos seguidos, mesmo com mais dificuldade e bem mais lento do que o Jason. Bom, acho que já era um grande feito para o meu primeiro dia de "aula".

Mesmo tendo conseguido, eu sabia que ainda não estava 100%, precisava melhorar muito, e estava decidida a me esforçar por isso. Afinal, aquele treinamento era para que conseguisse me defender sozinha se precisasse, e se isso acontecesse eu teria que agir o mais rápido possível já que, nesse caso, o meu alvo não seria uma garrafa estática. Quer dizer, eu não sei se realmente conseguiria atirar em uma pessoa de verdade, mas talvez... Se fosse para salvar o Jason, eu não pensaria duas vezes.

Almoçamos numa lanchonete no caminho, e seguimos para a academia, já fazia um tempo que não vínhamos e, dessa vez, não foi como de costume. Jason me disse que os movimentos que desenvolvi com o boxe serviriam de base para aprender técnicas de combate corpo a corpo, e que isso me ajudaria a se defender ao mesmo tempo que atacava. Ficamos a tarde inteira treinando, até o cansaço bater, mas confesso que foi bem produtivo do meu ponto de vista. Ao chegarmos em casa, seguimos direto para o banho, eu estava precisando relaxar.

– Já estou terminando. – avisei ao avistá-lo pelo reflexo no espelho da penteadeira.

Jason estava de costas para mim, mas notei que terminava de prender o seu relógio no pulso, indicando que já estava pronto. No mesmo instante, ele me olhou por cima do ombro e, inexplicavelmente, senti as borboletas acordarem no meu estômago quase como se fosse a primeira vez que eu recebia o olhar intenso daquele homem. E que homem... Parecendo notar minha sutil reação, um sorriso discreto surgiu no canto dos seus lábios, em seguida pude vê-lo assentir antes de se virar apanhando a sua jaqueta de couro sobre a cama.

Enquanto ele vestia aquela última peça, eu notei que usava a camisa preta de gola alta que lhe dei de presente para o jantar com os meus pais que acabou não dando certo. Acho que casou muito bem com as suas correntes de diamante em volta do seu pescoço e, para fechar com chave de ouro, seus cabelos ainda meio úmidos e bagunçados lhe atribuíam o toque final de vagabundo sexy que eu tanto adorava. Senti minhas bochechas corarem quando o seu olhar se dirigiu a mim outra vez, e tentei disfarçar com o pincel de blush em mãos.

– Eu não vou demorar muito. – foi a primeira frase que consegui formular.

– Tudo bem, temos tempo. – ele riu fraco.

– Acha mesmo que vai dar tudo certo hoje? – perguntei, terminando de espalhar o blush nas maçãs do meu rosto.

– Não vejo por que não daria... – o vi dar de ombros – Só tenta relaxar, eu vou estar ao seu lado a noite toda.

– Certo, você provavelmente deve ter razão. – assenti mais para mim mesma – Mas e quanto a minha roupa, o que diz?

Olhei em direção a cama, onde estava o vestido que escolhi para usar essa noite. Era uma peça na cor vermelha, um pouco curto, com decote quadrado e mangas meia lua que cobriam apenas os meus ombros. Cheguei a provar ontem para o jantar com os meus pais, mas apesar de ter achado uma boa escolha para hoje, agora estava me batendo uma certa insegurança.

– Você vai ficar linda como sempre. – respondeu Jason, enquanto se aproximava.

– Tá legal. – voltei minha atenção para o reflexo no espelho – Nós devíamos levar um vinho, a sua mãe vai gostar.

– É uma ótima ideia. – o vi pegar algo dentro do bolso da jaqueta, parando bem atrás de mim agora.

– O que é isso? – franzi a testa, quando seus braços se adiantaram por cima dos meus ombros.

– Nada demais, é só um presente para realçar a sua beleza. – ele empurrou os meus cabelos para o lado, e prendeu o fecho daquele colar – Espero que goste.

Estremeci ao ouvi-lo sussurrar em meu ouvido e, logo em seguida, depositou um beijo carinhoso em meu pescoço, fazendo os pelos da minha nuca eriçarem com força. Sorri com as bochechas quentes, e meus dedos se adiantaram a tocar o delicado cordão de ouro que sustentava uma pequena e linda pedra vermelha de rubi em formato de gota.

– Jason... é lindo! – sorri largo, passando a olhá-lo por cima do ombro.

– Que bom que gostou. – ele pareceu satisfeito – Os brincos que formam o par estão na segunda gaveta. Agora vou te deixar terminar.

– Hey! – toquei a sua mão antes que ele pudesse se afastar – Obrigada!

Sem que eu precisasse falar mais nada, Jason se abaixou para selar os meus lábios, depois se retirou do quarto dizendo que não queria me apressar e que eu podia levar o tempo que precisasse. Parece até que sabia que eu precisava ouvir aquilo, estava uma pilha de nervos desde que chegamos em casa, eu queria muito que esse jantar desse certo, mas também sabia que não seria nada fácil. Quer dizer, a Susana me odiava agora, e tinha mesmo os motivos dela já que de fora parecia que eu era apenas uma garota indecisa brincando com os sentimentos dos seus filhos.

Meneei a cabeça, espantando as inseguranças que me rodeavam, à medida que tentava me convencer de que só precisava de uma chance para consertar tudo. Uma hora ou outra os nossos pais teriam de entender e aceitar o nosso relacionamento, pelo menos eu esperava que sim. Ao terminar de me maquiar, peguei os brincos na segunda gaveta como o Jason havia informado, depois coloquei o vestido e passei um pouco de perfume. Em seguida, apanhei a minha bolsa sobre a cama, me pondo a conferir o resultado final no reflexo do espelho, estava tudo certo. Então respirei fundo, num fôlego de coragem, e me dirigi para fora do quarto.


JASON

Desde que chegamos em casa, a Lizzie estava a flor da pele por conta do jantar com a minha mãe, e eu não sabia muito bem o que fazer ou dizer para acalmá-la. Então, resolvi apenas lhe dar espaço, já que ficar em cima provavelmente pioraria o sentimento em seu peito, e não era isso que eu queria. Tentei me ocupar, enquanto esperava que ficasse pronta, daí limpei o coelho, troquei a água e também coloquei comida pra ele não morrer de fome durante o tempo que ficaríamos fora. Aquele bicho comia feito um boi, e colocava pra fora até o que não comeu, se arrependimento matasse...

Acabou que, por ter decidido passar o dia todo com a Lizzie, não consegui falar diretamente com a Alana, nem com o Enrico. Bom, não estou me reclamando, nem nada, mas gostaria de ter investigado eu mesmo sobre a estranha conexão do Alexander com os meus sogros. Não que estivesse acusando os velhos de estarem metidos com o crime organizado, contudo também não descartaria essa possibilidade. A única pessoa com quem consegui contato foi o Frederick, que estava fazendo um serviço no ferro-velho e respondeu rápido as minhas mensagens.

"A que devo a visita?" – perguntou o velhote, assim que bati a porta ao descer do carro.

"Eu não sou de ficar enrolando, então..." – caminhava em sua direção, tomando certa distância para que a Lizzie não me ouvisse – "O Alexander está na cidade."

"É, eu fiquei sabendo, mas o que tem?" – questionou ele.

"O infeliz conhece os pais da Lizzie." – fui direto ao ponto – "Ele está na casa deles."

"Espera aí..." – Frederick fez uma pausa para absorver tal informação – "Você está me dizendo que os pais da sua namorada são amigos da coruja? Como? Por quê?"

"Se eu soubesse te responder, não estaria aqui agora." – falei impaciente – "Eu não acho que os velhos estejam metidos nos negócios daquele verme, mas também sei que tem a possibilidade."

"Isso não está me cheirando bem, McClain." – ele observou o óbvio.

"É exatamente por isso que eu preciso que você investigue essa relação pra mim." – avisei.

"Pode deixar, qualquer coisa te informo." – o velhote confirmou com um aceno de cabeça – "Mas e se o que eu descobrir não te agradar, o que vai fazer?"

"Essa parte não diz respeito a você." – neguei rápido – "Só investiga direito, e eu cuido do resto."

"Beleza." – Frederick voltou a assentir.

Nesse instante, olhei breve em direção ao carro, mas não consegui me virar para ir embora dali, em vez disso tornei a encarar o velho homem a minha frente, o qual limpava a gracha das mãos com uma flanela.

"Tem mais uma coisa..." – chamei a sua atenção novamente – "Lembro que uma vez você me disse que perdeu a sua família."

"É, e o que você tem com isso?" – sua pergunta soou em tom ríspido.

"Bom, se você pudesse, o que teria feito diferente pra mudar tudo?" – cerrei os olhos ao questionar.

"Por acaso, você acha que a sua garota está em perigo com a coruja aqui?" – Frederick olhou em direção ao carro, depois tornou a me encarar.

"Não exatamente." – neguei rápido com a cabeça – "Eu só quero saber se posso fazer alguma coisa para que ela esteja sempre segura?"

"E veio perguntar a mim?" – ele riu com escárnio – "Se não lembra, eu disse pra você se afastar dessa moça antes que filhos da puta como o Alexander descobrissem o quanto se importa com ela."

"É, mas nós dois sabemos que não deu certo." – rangi os dentes – "Não espero que entenda, mas eu não posso perdê-la."

"Se não está pronto para perdê-la, então lhe ensine a matar." – aquilo me pegou de surpresa.

"O quê?" – franzi o cenho.

"Me perguntou o que eu faria diferente se pudesse voltar ao passado, e essa é a minha resposta..." – Frederick me encarava com seriedade – "Eu teria feito a minha esposa ficar mais parecida comigo, mesmo que isso significasse roubar a sua pureza e mudar o jeito pacífico que ela via as coisas."

...


Aquela conversa me deixou um tanto desnorteado, talvez porque no fundo eu sabia que fazia sentido. Fosse agora, ou no futuro, caso a Lizzie ficasse numa posição delicada, acho que seria melhor ela estar pronta pra fazer o que fosse necessário para se defender, inclusive matar. Mesmo que eu largasse tudo agora, nunca seria capaz de lhe dar uma vida completamente estável e segura, não com a quantidade de inimigos que fiz pelo caminho. Respirei fundo, meneando a cabeça, a fim de espantar tais preocupações por ora.

Sem ter o que fazer, me sentei no sofá e liguei a TV procurando algo interessante para assistir e passar o tempo, mas não demorou até que ouvi passos descendo as escadas. Me levantei apressado, e senti meus batimentos acelerarem dentro do peito quando a Lizzie surgiu diante dos meus olhos, me fazendo questionar se ela era mesmo real... Inconscientemente dei mais alguns passos em sua direção, lhe fitando da cabeça aos pés. Eu era mesmo um puta filho da mãe de sorte por ter aquela mulher só pra mim.

– Então, o que achou? – um sorriso tímido surgiu em seus lábios no instante que o seu olhar se encontrou ao meu.

– O que eu achei? – me adiantei a estender a mão para lhe ajudar a descer o último degrau – Se eu te mostrar, a gente vai atrasar para o jantar.

– Deixa de ser bobo. – Lizzie rolou os olhos, dando risada – Preciso que termine de subir o zíper.

Ela se virou de costas, me olhando por cima do ombro ao pedir o favor, o que me fez assentir com um leve sorriso nos lábios. Ainda me lembrava da primeira vez que precisou da minha ajuda com o zíper, foi logo depois de cairmos na piscina após sua peça idiota com o Jordan. Naquela época eu nem imaginava o quanto a Lizzie se tornaria importante para mim, mas já sentia uma puta atração por ela. Sem dizer nada, terminei de subir o zíper, me deliciando com o doce aroma do seu perfume.

– Obrigada! – ela tornou a se virar, passando uma mecha de cabelo para trás da orelha – Agora seja sincero, como eu estou?

– Vejamos... – alcancei a sua mão, estendendo o braço para cima para que desse uma voltinha – Você está muito gostosa, pequena!

– Jason! – suas mãos pousaram em meu peitoral quando lhe agarrei pelos quadris – Não foi essa a pergunta que fiz, mas se acha que eu estou muito vulgar, posso subir para trocar...

– Você está perfeita, Lizzie, você é perfeita, entenda isso. – lhe interrompi, antes que aquela insegurança absurda crescesse mais do que devia.

– Está bem. – ela soltou a respiração com força, depois olhou por cima do ombro – Você já deu comida para o Buster?

– Já, e também limpei esse seu coelho idiota. – respondi sem paciência – Esse bicho dá trabalho pra cacete!

– Ah para, você também gosta dele que eu sei. – Lizzie riu fraco, me agarrando pelo pescoço – Obrigada por ser o melhor namorado do mundo!

– Aham! É melhor irmos agora, ou não respondo por mim. – minhas mãos deslizaram até o seu traseiro, onde apertei com força.

– Para com isso, seu idiota! – segurei o riso quando ela me empurrou – Se comporta, não quero que a sua mãe fique pensando coisas ruins de mim, pelo menos não piores do que ela já pensa.

– Relaxa, a Susana te adora. – desliguei a TV, jogando o controle de volta no sofá.

– Claro! – seu tom de voz transbordava ironia – Mas e aí, você já escolheu o vinho para levarmos?

– Pergunta desse aqui? – me adiantei a alcançar a sacola sobre a mesinha de centro – Está na mão.

– Ah, que bom! Acho mesmo que ela vai gostar... – dessa vez, Lizzie soou um pouco distante, como se ficasse nervosa de novo.

– Hey, qual foi? Nós não vamos para uma guerra. – tornei a me aproximar – Não fica assim... A gente nem precisa fazer isso hoje se você não quiser.

– O quê? Não! É importante pra você. – seu olhar se afastou por um momento.

– Você é importante pra mim. – lhe agarrei pelos quadris, e ela voltou a me encarar no mesmo instante – Eu quero que você e a minha mãe se acertem, mas não posso te colocar numa situação em que fique desconfortável.

– Não é isso, eu só... – Lizzie fez uma curta pausa, pensando melhor no que dizer – Ainda não sei como me desculpar com a Susana.

– Mas você não tem que fazer isso, não deve desculpas pra ninguém, muito menos para a minha mãe. – toquei seu queixo delicadamente com o indicador, para que mantivesse sua cabeça erguida.

– Então o que eu posso fazer pra ela não me odiar? – seu rosto se contraiu de preocupação.

– A minha mãe não te odeia, ela só precisa aprender a lidar com algumas coisas, mas isso também não é problema nosso. – tentei confortá-la.

– É fácil falar... – ela respirou fundo, depois soltou o ar com força.

– É sério, não precisamos mesmo ir hoje. – tornei a dizer.

– Para com isso, você não vai desmarcar em cima da hora, e também só vamos saber como vai ser se formos logo para esse jantar. – Lizzie pareceu se recompor imediatamente.

– Tem certeza? – arqueei as sobrancelhas.

– É, eu tenho sim! – ela soou confiante dessa vez.

– Então tenta relaxar, tá? – acariciei sua bochecha com o polegar – Não vou deixar a minha mãe destratar você, e se for preciso a gente vem embora mais cedo.

– Obrigada. – um sorriso doce surgiu em seus lábios, e lhe roubei um selinho – Jason!

– Vamos? – alcancei a sua destra, e ela assentiu com um lindo sorriso bobo...


JORDAN

Depois das mensagens da Eleonora, meu dia conseguiu piorar bastante, acho que a ficha estava finalmente caindo, e não dava para seguir ignorando os meus problemas como eu vinha fazendo. Quer dizer, uma hora eu precisaria encarar a real de que a Lizzie e o Jason estavam mesmo juntos agora, e também tinha o lance da Ashley estar grávida... Se fosse mesmo verdade, precisaria dar um jeito de convencê-la que a melhor opção era abortar. Não estava nos meus planos ser pai antes da faculdade, e nem fodendo eu casaria com a filha da puta que ferrou comigo.

Tragava o cigarro, enquanto olhava a pasta de fotografias com a Lizzie de quando ainda éramos um casal. Parei numa das fotos que tiramos no baile, acho que aquele acabou sendo o último dia tranquilo que tivemos. Ela estava tão linda... Aquele sorriso costumava ser o meu combustível. Se eu pelo menos tivesse cogitado toda a merda que viria depois, será que dava pra ter feito algo diferente? Suspirei pesado, negando com a cabeça. Agora já era, eu tinha que me conformar. Hesitei por um instante, mas consegui apagar todo o arquivo com fotos e vídeos nossos, acho que era a coisa certa a se fazer a essa altura.

– Está fumando, rapaz? – uma voz forte chamou a minha atenção.

– Ah, é só cigarro, senhor! – bloqueei o celular apressado ao ver o treinador da Columbus North University se aproximar.

– Mas foi exatamente isso que eu perguntei. – ele riu anasalado, com um tom divertido – Afinal, você é um atleta, não faria nenhuma bobagem, estou certo?

– Sim, senhor! – acenei com a cabeça, ainda sem acreditar que estava conversando com o representante da universidade que eu tanto queria entrar.

– Relaxa, garoto, você não está no exército. – o vi sacar uma carteira de cigarro do bolso – Além do mais, eu só estava procurando um bom lugar para fumar também.

– Ah, claro. – concordei no automático, sem ao menos saber se era o certo a se fazer.

Depois disso, resolvi ficar em silêncio, não queria correr o risco de acabar falando besteira e estragar a única chance que eu tinha de entrar para o melhor time universitário do país. E isso não era nenhum exagero da minha parte, fiz muitas pesquisas e sabia exatamente que os atletas que entravam para a CNU eram os melhores do país.

– Posso te fazer uma pergunta, rapaz? – o treinador se dirigiu novamente a mim.

– Sim, senhor. – concordei de imediato.

– O que foi aquilo no campo hoje, filho? – ele me encarava agora um tanto intrigado – Já assisti alguns jogos seus, e sei que tem um grande potencial, mas hoje cedo não deu pra ver aquele gás todo... Parecia até que estava com a cabeça longe daqui.

– Não, eu só... – fiz uma breve pausa, a fim de me expressar melhor – É que eu devo estar nervoso com os testes, não é muito fácil lidar com toda essa pressão.

– Sei... – ele soprou a fumaça para o lado, após uma longa tragada – Bom, se aceita um conselho, deveria encarar o jogo de amanhã mais como uma partida que você tem que vencer, não como um teste pra passar numa faculdade.

– Eu vou me esforçar mais. – garanti.

– Isso é bom. Mas tenha em mente o seguinte: precisa mostrar mais do que apenas técnica para a sua plateia. – disse em tom sério – Nós queremos ver garra e sede de vitória, garoto. Se mostrar tudo o que sabe fazer em campo amanhã, te garanto que a CNU não será a única interessada em te dar uma bolsa.

– Está falando sério, senhor? – arqueei as sobrancelhas.

– É claro que estou. – ele riu animado – Mas se você for esperto, vai aceitar a nossa proposta, te garanto que somos a melhor escolha para um atleta do seu nível.

– Obrigado, senhor! – não consegui conter o sorriso de felicidade – Dou a minha palavra que vou me esforçar mais amanhã.

– É, eu estou contando com isso. – o vi assentir e, em seguida, seu celular começou a tocar – Deve ser a minha esposa, eu tenho que atender, então... Vê se segue o meu conselho, e foca de verdade no campo amanhã!

– Pode deixar comigo! – acenei com a mão em despedida...

[...]

💕. Alguém aí estava com saudades desse trio? Hahaha! Desculpem a demora, mas não tenho tido tanto tempo para escrever nos últimos tempos. Deixem seus comentários e não esqueçam de votar na ⭐️ Até mais 😘

Roupa da Lizzie:

Estilo do Jason:

Colar e brincos que a Lizzie ganhou:

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