19. Minha cidade, minhas regras
"Isso tem sido um segredo por tempo demais... Não corra! Não, não se esconda, você tem fugido disso por tempo demais. Tantas manhãs eu acordei confusa, nos meus sonhos eu faço tudo que quero com você. Minhas emoções estão à mostra, elas estão me deixando louca... – Shameless, Camila Cabello."
LIZZIE
Hoje o dia foi tão agradável ao lado do Jason, que nem sei explicar o quanto eu estava feliz por ele finalmente ter voltado para casa. Confesso que adorei o fato de ter se lembrado que prometeu me ensinar a se defender sozinha, e me surpreendi quando chegamos na academia de boxe. Acho que gostei de cara por ser um lugar praticamente só de mulheres, isso com certeza me deixou bem mais a vontade para treinar, e ficamos por lá o resto da tarde inteira.
Não cheguei a lutar de verdade, o Jason apenas me passou alguns exercícios de repetição, e disse que o primeiro passo era disciplinar o meu corpo. Bom, acho que me saí bem para o primeiro dia, e já estava ansiosa pelas próximas "aulas". Depois de um banho no vestiário, viemos direto para a Candy's onde estávamos jantando agora, afinal era necessário repor as energias já que nenhum de nós dois era de ferro. Pedi um hambúrguer com fritas e milkshake, enquanto o Jay foi de lasanha com coca-cola.
– Hey! – reclamou ele, quando dei uma garfada em seu prato.
– Isso está com uma cara muito boa. – falei só para provocar, e abocanhei o pedaço de lasanha que lhe roubei – Hummm, e não é só a cara...
– Eu sei, é o meu jantar. – Jason parecia incrédulo nos primeiros segundos, mas depois riu anasalado.
– Desculpa. – pedi, ao engolir – Você quer dar uma mordida no meu hambúrguer para ficarmos quites?
– Não, eu estou bem. – ele voltou a comer a sua lasanha em paz.
– Tem certeza? – arqueei as sobrancelhas, com um sorriso zombeteiro nos lábios.
– É, eu... – sua fala foi interrompida pelo toque estridente do seu celular – Espera um momento. – o vi se inclinar para trás, e apanhar o aparelho no bolso da calça – Desculpa, eu preciso atender.
Foi tudo o que ele disse assim que conferiu o identificador de chamada na tela, e rapidamente se pôs de pé. Eu não sabia exatamente quem era, ou o que queria, mas parecia ser importante.
– Está bem. – concordei com um leve aceno de cabeça, enquanto ele dava dois passos em minha direção.
– Eu volto já. – num movimento rápido, sua destra alcançou o meu queixo e, após puxar o meu rosto para cima, seus lábios selaram os meus com pressa.
Sorri corando as bochechas com todos os olhares que se voltaram para nós dois, o que Jason pareceu não perceber, ou só não chegou a se importar mesmo. Ele apenas tomou distância, e atendeu o celular já se dirigindo para os fundos da lanchonete. Devia mesmo ser algo importante para tirá-lo tão rápido assim da mesa, e acho que me preocupava pensar que podia ter relação com a sua gangue. A verdade é que eu não queria ficar longe dele de novo, não justo agora que mal tinha voltado.
Suspirei pesado, me recostando contra o banco de couro vermelho atrás de mim. E se fosse isso? Se o Jason tivesse que viajar de novo, eu não sei como suportaria a saudade. Meneei a cabeça, tentando espantar a melancolia que se instaurava, não dava para ficar pensando em coisas ruins depois de um dia tão gostoso ao seu lado. Então, o aguardaria voltar para saber de fato sobre o que se tratava aquela ligação repentina. Apertei o hambúrguer em mãos, no qual dei uma enorme mordida logo em seguida.
Apesar de não ter passado tanto tempo, eu já tateava o resto das batatas de um lado para o outro com um palito, finalizando o meu milkshake na taça, quando o Jason apontou de volta. À medida que se aproximava da nossa mesa, notei que o seu semblante não era dos melhores. Para ser mais direta, ele me parecia carregado de raiva agora, e de alguma forma isso me deu certeza de quem havia ligado: Allana. Ela sempre vinha com algo que lhe tirava do sério, independente da hora ou do lugar que estivesse.
– Você já terminou de comer? – questionou Jason, se adiantando a pegar sua carteira no bolso interno da jaqueta.
– Ah, sim, eu...
– Então vamos, tenho umas coisas para fazer e preciso te deixar em casa. – fui interrompida, e o vi sacar algumas notas, as quais deixou embaixo do prato.
– Mas você mal tocou na sua comida. – franzi o cenho, sem entender toda aquela pressa.
– Tudo bem, eu perdi a fome. – justificou ele – Vem logo, nós temos que ir agora.
Nesse momento, pensei em várias coisas para lhe dizer, mas apenas desisti abanando a cabeça para os lados, a fim de não me estressar com toda aquela pressa repentina. Larguei a batata de volta na tigela e, após limpar a gordura dos dedos num guardanapo, alcancei a minha bolsa sobre a mesa. Jason já estava super impaciente quando me levantei, mas também não disse nada. Seguimos em completo silêncio para fora da lanchonete, e fingi pegar o meu celular na bolsa ao perceber que ele tentava me dar a mão enquanto caminhávamos para o seu carro no estacionamento.
Não sei explicar exatamente como me sentia agora, pois não estava lá chateada de verdade, mas também não era uma situação que me agradasse. Jason se pôs a abrir a porta, e adentrei o veículo ainda fingindo ler algo importante no meu celular, somente para não ter que trocar olhares ou falar qualquer coisa que fosse com ele. Ao vê-lo dar a volta, me apressei em colocar o cinto de segurança, voltando a minha atenção para a janela. Ouvi a sua respiração soar pesada ao meu lado, um pouco antes dele dar partida, saindo da vaga, mas aquele silêncio estúpido permaneceu por mais alguns minutos ao longo do caminho para a minha casa.
– Hey, o que foi? – sua destra pousou sobre a minha coxa, assim que paramos no primeiro sinal, e senti todo o meu corpo estremecer – Por que está tão calada?
– Não foi nada. – neguei com a cabeça, ainda sem olhar em sua direção.
– Tem certeza? – pelo reflexo da janela, vi Jason se inclinar para frente, a fim de me ver melhor – Você parece chateada...
– Impressão sua. – respondi rápido, tratando de afastar a sua mão.
– Amor, não fica assim, vai? – pediu ele, em certo tom cansado – Eu tenho que resolver umas paradas, mas posso voltar quando terminar.
– Então você não vai viajar de novo? – finalmente me virei para encará-lo.
– Não, você achou que eu... – Jason se auto interrompeu, num riso fraco – Bom, eu não vou viajar de novo, isso é coisa rápida de costume.
– Se é coisa rápida, por que eu não posso ir com você? – arqueei as sobrancelhas.
– Porque é um lance da BW, e eu já disse que não te quero metida nisso. – explicou, tratando de dar partida de novo quando o sinal abriu.
– Tá. – cruzei os braços, me afundando contra o banco do carro.
– Lizzie, esse é o meu trabalho, e às vezes eu tenho que sair quando me ligam, mas não quero brigar com você. – seu olhar veio breve em minha direção.
– Eu também não quero, Jason. – soltei a respiração com força pelo nariz – Acontece que não gosto nada de você metido com essas coisas perigosas.
– Tá aí, eu não tenho que fazer nada perigoso hoje, você não precisa ficar preocupada, logo estarei de volta. – disse ele, como se isso resolvesse tudo.
– Será que não percebe? Se não acha certo ou seguro o suficiente para mim, também não é para você. –tentei soar o mais clara possível.
– A diferença é que eu estou metido nisso, e você não. – o vi negar com a cabeça – No que depender de mim, vai continuar assim, te quero bem longe das merdas que tenho que fazer para a BW.
– Odeio essa parte. – apertei a bolsa em meu colo.
– Eu sei, mas não se tem muito o que fazer quanto a isso. – sua destra voltou a acariciar minha coxa – Ajudaria se eu prometesse que vou tomar cuidado?
– Você tem que tomar cuidado, entendeu? – cerrei os olhos.
– Tá legal, eu vou me cuidar, e assim que terminar o que tenho que fazer hoje, volto para dormir com você. – garantiu Jason, o que de certa forma me deixava um pouco menos apreensiva.
– Tudo bem, eu acho que posso te esperar. – alcancei a sua mão, entrelaçando os nossos dedos de forma carinhosa.
– Olha, não precisa ficar acordada se eu demorar muito, apenas deixe a janela do seu quarto aberta para mim. – seu tom de voz tentava amenizar o impacto das suas palavras.
– Ai, Jason...
– Relaxa, eu vou voltar antes do sol raiar. – ele me olhou mais uma vez, e eu apenas assenti.
Queria mesmo acreditar que o Jason voltaria logo, pois cada segundo longe dele era como uma eternidade para mim...
JORDAN
O turno da noite hoje no cinema conseguiu ser ainda mais movimentado e cansativo que nos outros dias de estreia dos filmes que estavam bombando em cartaz, o que não me permitiu conversar com a Eleonora depois de todo aquele episódio conturbado no estacionamento. Imagino que ela não estava muito bem com o que aconteceu, e não era pra menos, no seu lugar acho que o nervosismo também não me deixaria se concentrar no trabalho tão fácil.
Quando a última sessão iniciou, ela não perdeu tempo e logo pegou o celular para fazer uma ligação a fim de se informar sobre a sua filha, pelo pouco que pude ouvir antes que se afastasse em direção aos banheiros. Apesar de bancar a durona, era perceptível o quanto a visita e as ameaças daquele tal de Joseph haviam mexido com os seus nervos, e confesso que isso aumentava o meu arrependimento de não ter quebrado a cara do infeliz quando tive a chance. Sei que o problema continuava não sendo meu, mas não dava simplesmente para ver algo assim e ficar na minha.
Era revoltante assistir caras desse tipo perseguindo, ameaçando e incomodando as suas ex-namoradas como se elas fossem suas propriedades, como se pertencessem a eles, e talvez isso me irritasse ainda mais por imaginar que o Jason seria completamente capaz de fazer o mesmo com a Lizzie no futuro, depois que ela acordar e se tocar que não tem nada em comum entre os dois. Claro que isso também não era da minha conta, afinal foi uma escolha dela, mesmo assim essa ideia me irritava de um jeito que eu não consigo explicar.
– Aí, Jordan! – tive os meus pensamentos interrompidos quando vi a Eleonora se reaproximar do balcão – Sei que ainda falta algumas horas para acabar o nosso turno, mas será que você pode me cobrir só hoje?
– Aconteceu alguma coisa? – franzi o cenho – Aquele babaca voltou?
– Não, não é isso. – negou ela – A vizinha que está cuidando da minha filha acabou de me dizer que ela está com febre e talvez cólica porque não para de chorar, então...
– Ah, entendi. – assenti mais para mim mesmo.
– Eu quero ver como ela está para poder medicá-la corretamente. – a vi se esticar por cima do balcão para alcançar a própria bolsa – Acha que consegue dar conta de tudo aqui?
– Já está quase no fim da última sessão, e eu acabei de fechar o caixa, então fica tranquila. – tentei convencê-la.
– Ótimo, vou te dar as chaves, mas você precisa trazê-las para o Matthew amanhã de manhã, ele que vai abrir primeiro. – apressada, Eleonora abriu o zíper da bolsa.
– Deixa comigo. – me aproximei um pouco mais, assim que ela me estendeu um molho de chaves.
– Ah, e tem mais uma coisa... – seu olhar encontrou o meu – Desculpa pelo que falei lá fora, você só queria ajudar e eu não fui muito legal.
– Não encana com isso, eu não levei para o pessoal. – forcei um sorriso.
– Obrigada, mas ainda preciso de mais um favor... – seu semblante me soou preocupado – Será que você pode realmente não falar pra ninguém que eu tenho uma filha? É que não sei como seria se perdesse esse emprego agora. As coisas estão começando a se acertar pra mim, então...
– Seu segredo está a salvo comigo, pode ficar tranquila que eu não vou abrir o bico. – confirmei de imediato.
– Aparentemente, você não é tão idiota, quanto eu pensei que fosse. – um sorriso aliviado se fez em seus lábios.
– Vou aceitar isso como um elogio. – usei de humor para amenizar o assunto.
– É claro que vai. – ela passou rapidamente uma mecha de cabelo para trás da orelha.
– E melhoras lá para a... – fiz uma pausa ao me dar conta de que ainda não sabia o nome da sua filha.
– Abby, de Abigail. – disse Eleonora, parecendo entender de cara – Era o nome da minha avó.
– É um nome bonito. – comentei – Bom, melhoras para a pequena Abby, e qualquer coisa... Sabe, se precisar de mim, é só chamar.
– Valeu mesmo pela força hoje. – ela tratou de fechar o zíper da bolsa, a qual logo passou pelo ombro – Mas agora é melhor eu ir, até mais, Davis.
Nos despedimos com curtos acenos de mãos, antes da Eleonora se virar e seguir em passos largos para fora do cinema. No fim das contas, ela não era uma pessoa ruim, tá que foi uma grosseirona quando tentei ajudar mais cedo, mas acredito que só estivesse de cabeça quente. O que eu quero dizer, é que a garota ranzinza e mal-humorada tinha lá os seus motivos de sempre estar na defensiva. Imagino que não devia ser nada fácil ter que lidar com tantos problemas sendo tão jovem, e ainda ter uma filha pra cuidar... Essa com certeza era a parte mais complicada.
JASON
Estava jantando com a Lizzie na Candy's, depois de passarmos o dia todo juntos, quando de repente o meu celular tocou. Pelo identificador de chamadas, logo vi que era a Allana e, mesmo contrariado, precisei me retirar da mesa por alguns minutos para lhe atender. Como eu desconfiava, ela queria tratar de trabalho, em específico algo bastante pessoal para mim. Pelo que pude entender, estava rolando um boato sobre a volta das lutas na jaula, as quais costumavam ser "patrocinadas" pelos Darks antes de eu assumir tudo.
Acontece que eu mesmo lutei na jaula por um bom tempo, e também fui eu que acabei com essa merda no fim das contas. No início, eram só lutas clandestinas normais, só que com a influência dos Darks tudo mudou, os torneios se transformaram em disputas sanguinárias. Não haviam regras ou limites, além de que para um lutador se consagrar vencedor, precisava matar o outro no ringue. Filhos da puta como o Alexander e o próprio Gobain apenas se divertiam assistindo, como se aquilo não fosse nada além de entretenimento para eles.
Nem preciso dizer que receber a notícia de uma possível volta das lutas na jaula fez o sangue subir à minha cabeça. Antes mesmo que a Allana desse a ordem, eu já sabia exatamente o que fazer, tinha que encontrar a pessoa que iniciou os boatos e cortar o mal pela raiz. Para ser honesto, não precisei ao menos pensar muito para ter uma ideia de onde devia procurar primeiro. Afinal, uma fruta podre nunca cai longe demais do pé, e quem mais teria essa "brilhante" ideia se não a filha do primeiro agenciador de apostas? A qual, coincidentemente, estava de volta à cidade.
– Amélia, consegui sair mais cedo hoje, como a Abby está? – ouviu-se o ranger da porta da frente ao se abrir.
– Shh! Fica quietinha aí, vadia! – sussurrei, gesticulando para a mulher amarrada numa cadeira do outro lado do cômodo.
– Cadê vocês? Está tudo bem? – perguntou a recém chegada, se aproximando devagar pelo corredor – No telefone você disse que a Abby não parava de chorar...
Pelo reflexo de uma janela, vi Eleonora interromper os seus passos por alguns segundos ainda esperando ouvir uma resposta. Em completo silêncio, ela olhou de um lado para o outro, antes de discretamente puxar uma faca de dentro da sua bota.
– Amélia? – Eleonora voltou a caminhar, agora mais atenta a qualquer barulho que fosse – Você está me assustando, cadê a Abigail?
A tal Amélia, que aparentemente estava na casa apenas para cuidar da criança essa noite, chorava em silêncio com uma mordaça na boca.
– Interessante, a pirralha tem o nome da sua avó paterna? – indaguei, assim que a Eleonora adentrou a cozinha, o que lhe fez tomar um susto – Quem diria, a sua mãe fez as pazes com aquela velha desgraçada? Lembro que as duas não eram tão chegadas...
– Filho da puta, sai de perto dela! – berrou enfurecida, à medida que a sua ficha caía.
– Isso não são modos de tratar um velho amigo. – provoquei, balançando sutilmente o berço portátil sobre a mesa com o cano da minha arma.
– Você não é meu amigo! – rosnou Eleonora, com os olhos quase saltando para fora da caixa, enquanto apontava a faca em minha direção.
– Não sabe o quanto magoa meus sentimentos, ter que ouvir isso. –abanei a cabeça para os lados – Vamos lá, eu só quero conversar, larga essa faca, vai?
– Eu mandei você sair de perto da minha... irmã. – percebi ela hesitar por um ou dois segundos, antes de concluir a frase.
– E eu pedi gentilmente para que largue a faca, afinal você não quer arriscar e acabar machucando essa pirralha aqui, ou quer? – arqueei as sobrancelhas.
– O que você está fazendo na minha casa? – sua voz soou esganiçada.
– Não me faz perder a paciência, larga logo essa faca, vadia! – destravei a minha arma, apontando diretamente para a cabeça da peste que dormia tranquila.
– Tudo bem, eu vou largar, só... – Eleonora olhou na direção da sua amiga amarrada na cadeira – Por favor, não machuca elas? – pediu, assim que jogou a faca no chão – Já larguei, viu só?
– Ótimo, agora chuta pra cá, e senta nessa cadeira, com as mãos em cima da mesa, onde eu possa ver. – ordenei, sem muito saco para perder tempo.
– Jason...
– Anda logo, caralho! – rosnei como um cão raivoso.
– Certo, eu faço o que você quiser, mas deixa a minha irmã e a Amélia de fora? – suplicou ela, após chutar a faca para mim, e levantar as mãos acima da cabeça – Isso é entre você e eu. Ninguém mais tem que se machucar.
– Não sei se ainda não percebeu, mas você não dá as ordens por aqui, esse é o meu território, para onde não deveria ter voltado. – cerrei os olhos, um tanto intimidador – Entretanto, já que voltou, senta logo na porra da cadeira!
– Está bem, eu... – Eleonora fez uma pausa para se sentar na cadeira, a qual eu indiquei – Olha, eu já sentei. – suas mãos pousaram devagar sobre a mesa – Já estou sentada, é só falar o que você quer.
– Ótimo, agora vamos conversar. – me inclinei para frente, a fim de encará-la melhor – Explica pra mim, o que você está procurando aqui em Shadowtown depois de tanto tempo longe?
– Nada, eu só queria voltar para casa agora que a minha mãe morreu. – aquela explicação surgiu tão rápido, que até parecia ter sido ensaiada.
– Ah, que peninha, a sua mamãe morreu... – debochei, sem acreditar em uma só palavra.
– Ela se matou, seu desgraçado! – seu tom de voz subiu – Desde que o meu pai sumiu, a minha mãe nunca mais foi a mesma. Agora preciso de grana para cuidar da minha irmã, ou vão tomar ela de mim.
– Que historinha legal, mas o que isso tem a ver com a porra da luta na jaula que você está tentando organizar? – com a minha mão livre, saquei da jaqueta o caderno de apostas que encontrei enquanto revirava o seu quarto.
– Então você está sabendo... – murmurou a filha da puta – Bom, como eu já disse, preciso da grana para cuidar da Abby.
– Não, não é só isso. – neguei com a cabeça – Você não faz esse perfil, sabe? Não me convenceu.
– Eu não estou mentindo! – a vi bater com as mãos sobre a mesa.
– Abaixa o tom, sua cadela de merda! – ralhei, entredentes – Quero a verdade, o que está procurando aqui? E é melhor não vir com esse papinho de irmã mais velha protetora, porque nós dois sabemos que isso não cola.
– Eu não menti quando falei que preciso de grana, para a Abby e também... – seu olhar abaixou – Eu quero pagar um investigador particular para obter informações sobre o meu pai.
– Está me dizendo que ainda quer encontrar aquele bêbado filho da puta? – perguntei incrédulo – Você está procurando o cara que enchia o rabo de cana e espancava a sua mãe noite e dia, que te explorava com as lutas na jaula? É esse o infeliz que você está procurando, Eleonora?
– Ele é o meu pai! – ela rangeu os dentes, voltando a me encarar com raiva.
– Ele te abandonou com a porra de uma mãe doente da cabeça! – fiz questão de lembrar – Deve ter fugido com uma das putas que tinha, levando toda a grana que fez as nossas custas. O coitadinho do Oliver deixou vocês duas sem nada além dessa casa caindo aos pedaços.
– Não acho que ele tenha abandonado a gente. – percebi os seus olhos lacrimejarem, e ela rapidamente desviou sua atenção.
– Ah, você não acha? E o que acha que aconteceu, meu bem? – usei de sarcasmo – Acredita que o seu querido papai foi abduzido por alienígenas?
– Eu não sei, por que você não me diz a verdade? – após secar as lágrimas nos cantos dos olhos, Eleonora voltou a me encarar – Foi a última pessoa que falou com ele.
– De novo isso? – franzi o cenho – Eu já falei que não vi o seu papaizinho na noite que ele resolveu dar no pé.
– A minha mãe me contou que ele saiu transtornado de casa depois de uma ligação sua. – ela praticamente cuspiu aquelas palavras, de tanto ódio que sentia agora.
– Eu já te disse o motivo da minha ligação, mas vou repetir pra ver se você entende... – me recostei contra o encosto da cadeira – Naquele tempo, com a súbita morte de dois policiais, houve uma especulação de que o assassinato do meu pai voltaria a ser investigado.
– E você só queria confirmar isso com o meu pai... – completou a garota insatisfeita à minha frente – É, eu lembro muito bem da desculpa esfarrapada que me deu, Jason, mas não acredito numa única palavra sequer.
– Estou pouco me fodendo se você acredita ou não, mas tenho um recado e é melhor ouvir com atenção... – apontei a arma bem no meio da sua cara – Não ouse se meter nos meus negócios de novo, nada de lutas na jaula por aqui.
– Mas eu...
– Calada! – ordenei intimidador – Eu ainda não terminei de falar, então fica pianinho, vadia. – me levantei, sem mudar a mira, e a vi assentir – Ótimo! Não pense que pode me desobedecer, sei onde você mora e garanto que não vai ser tão agradável me ver por aqui de uma próxima vez.
– Está me ameaçando? – suas unhas arranharam sutilmente a mesa.
– Garota esperta, entendeu rápido, muito bem! – ri anasalado, me posicionando atrás dela – Se for esperta o suficiente, vai se mandar daqui com essa pirralha. – pousei minha mão esquerda sobre o seu ombro – Na verdade, devia começar pensando mais na segurança dela, já que quer bancar a boa irmã.
– Eu não quero bancar nada, acontece que a Abby é a única pessoa que me restou. – disse ela, com voz chorosa após se esquivar do meu toque, quase como se eu queimasse a sua pele.
– Tá aí mais um motivo para vocês darem logo no pé. – usei o cano da arma para afastar algumas mechas do seu cabelo, antes de apontar para a lateral da sua cabeça – Bom, já conversamos o que tinha que ser conversado, agora vamos terminar o que eu vim fazer aqui.
– Mas do que está falan...
Sua pergunta foi interrompida pelos passos pesados que desciam a escada, e só então Eleonora pareceu perceber a presença de mais uma pessoa na casa. Não demorou muito, até que o Joel adentrasse a cozinha, com o cofre, que encontrei mais cedo, em mãos.
– Chefe, consegui arrombar isso aqui. – avisou ele, em tom satisfeito – Tem uns documentos com uns nomes esquisitos, e bastante grana.
– Larga isso, esse dinheiro não é meu! – a vadia se ergueu exaltada, e precisei golpeá-la com uma coronhada na cabeça.
– Fica na sua aí! – rangi os dentes, ao vê-la cair quase desmaiada sobre a mesa, e voltei a minha atenção para o homem grande a minha frente – Leva tudo para os fundos, vamos fazer uma bela fogueira.
– Sim, senhor! – respondeu ele.
Em seguida, Joel se encaminhou para os fundos da casa, onde já estavam empilhadas algumas coisas. Meneei a minha cabeça, alcançando o caderno com os nomes dos apostadores mais recentes, o qual tornei a guardar num dos bolsos internos da minha jaqueta. Depois disso, passei a observar Eleonora que tentava recuperar a consciência. Fiquei em silêncio, apenas aguardando alguns segundos, com as mãos cruzadas à frente do meu corpo, até que ela finalmente despertou com a respiração pesada. Então, lhe puxei para cima pelo braço, apontando a minha arma para a sua cabeça.
– O que você está fazendo? – ela me olhava assustada, enquanto eu lhe empurrava para os fundos – Me solta!
– Fica quieta, porra! – lhe sacudi, para que continuasse andando – Eu só quero que tenha uma amostra do que acontece quando tentam passar por cima das minhas ordens na minha cidade.
– Jason, não faz isso, você vai me arranjar problemas... – choramingou, a fim de me amolecer – Eu juro que paro com esse lance de lutas, mas preciso do dinheiro para devolver aos apostadores.
– Fica tranquila, eles também vão ter o que merecem. – ri fraco, ao passarmos pela porta.
– Do que você está falando? – vi sua testa franzir.
– Você vai descobrir em breve. – apontei para frente com a cabeça, na direção onde o Joel jogava gasolina na papelada que trouxemos para baixo.
– Não, por favor, não! – suplicou Eleonora, tentando se soltar – Esses documentos são do meu pai, eu preciso deles, Jason!
– Esses são os antigos registros dos apostadores do seu pai, e você pretendia buscar o apoio deles, não é mesmo? – apertei mais forte o seu braço.
– Não! – ela tentou negar, mas acabou cedendo – Olha, até que sim, você está mesmo certo, mas também tem muitas informações misturadas nesses documentos, eu preciso disso para encontrar o meu pai.
– É mesmo? – ironizei – Tivesse pensado nas consequências antes de me fazer vir até aqui.
– Jason, por favor, não faz isso? – ela insistia por piedade – Se não por mim, então pelos velhos tempos...
– Agradeça por não estar queimando junto com aquela pilha agora, dessa vez ainda estou sendo benevolente pelos velhos tempos. – fui o mais sincero possível – Agora relaxe, e assista quietinha aí, ou de quebra vai acabar tomando um tiro hoje, aí não vai restar ninguém para cuidar daquela pirralha lá dentro.
As lágrimas não tardaram a rolar pelo seu rosto enquanto, inconformada, a garota continuava tentando se soltar, até um ponto que eu precisei lhe derrubar de joelhos para que não acabasse se machucando mais. Do outro lado, Joel pousou o galão de gasolina no chão, tirando um isqueiro do bolso, o qual acendeu e arremessou contra os papéis. Nesse instante, Eleonora gritou a plenos pulmões, quase como se sentisse a sua própria pele queimar, mas já era tarde demais. Comigo não haviam duas palavras ou um meio termo, e ela precisava aprender.
Em poucos minutos, as chamas se alastraram embebidas pela gasolina que se espalhava entre as páginas dos velhos cadernos surrados do seu pai. Joel então apanhou o cofre, e começou a atirar os poucos maços de dinheiro contra o fogaréu, fazendo Eleonora se debater ainda mais, num choro desesperado. Entre os soluços que saltavam da sua boca, e o crepitar do fogo a minha frente, lembranças antigas ressurgiam à minha mente. Sacudi a cabeça para os lados, apertando os seus pulsos numa medida de permanecer acordado no presente, o que não pareceu dar muito certo...
Um ano e meio atrás...
Sem pressa, eu limpava minuciosamente cada peça da minha glock desmontada sobre a mesa, pois precisava garantir o seu bom funcionamento essa noite. Não haviam margens para erro, o meu objetivo era caçar e eliminar cada filho da puta que estivesse envolvido no assassinato do meu pai, esse crime não ficaria impune. Eu não permitiria que ficasse, e iria até o inferno por vingança se fosse preciso. Estava tão concentrado no meu trabalho, que nem sequer ouvia o barulho da chuva que caía impiedosa lá fora. Ao meu lado, alguns documentos queimavam dentro de um cilindro antigo.
– Qual a sua garantia que esse cara vai vir sozinho? – questionou Allana, que me observava um pouco de longe.
– Garantia nenhuma. – olhei breve em sua direção – O maldito do Oliver pode trazer quem ele quiser, no fim vai dar no mesmo.
– Está dizendo que vai matar qualquer um que cruzar o seu caminho hoje? – ela se desencostou da pilastra, caminhando em passos lentos pelo velho galpão.
– Sem testemunhas, esse não é o seu lema? – terminei de montar a última peça da arma, testando a mira logo em seguida.
– Ah, sim, você até que aprende rápido. – um leve sorriso astuto surgiu em seus lábios – Mas acho que o que eu quero saber é se está disposto a atirar, inclusive, na filha desse tal Oliver? – aquela pergunta me pegou de surpresa – Não me leve a mal, é que eu fiquei sabendo do seu envolvimento com a garota, ela é tipo a sua namoradinha?
– Aquela vadia não é minha namorada! – neguei apressado – A gente só fodeu algumas vezes, nada mais que isso.
– Certo, certo. – vi a Allana assentir – Então, suponho que se ela vier como o cão de guarda do papaizinho covarde, você não vai ter problemas em puxar o gatilho, ou vai?
– Desde que começamos com isso, eu já falhei alguma vez? – arqueei as sobrancelhas.
– Entendi, querido. – ela pareceu se dar por satisfeita – Tenho que dizer, você está me saindo melhor do que a encomenda, e eu nem tive que perder tanto tempo te treinando.
– Eu disse que dava conta do recado. – conferi o pente uma última vez, antes de enfiar a minha glock no coldres preso a uma das minhas pernas.
– Sei disso, mas é que você é tão jovem... Tem essa carinha de neném bravo que, a propósito, eu acho um charme. – num movimento rápido, Allana alcançou o meu rosto, me fazendo encará-la diretamente – Tem idade para ser o meu filho. A verdade, é que não botei muita fé quando me procurou pela primeira vez, McClain.
– É, mas eu não sou o seu filho. – me soltei do seu toque, se adiantando até as minhas facas sobre a mesa, as quais me apressei a guardar nos coldres em minhas costas – E parece que estou provando que não preciso da sua fé para fazer o serviço bem feito.
– Ui! Essa doeu, garotão. – debochou Allana, enquanto eu guardava todo o meu equipamento de "caça".
– Chega disso, o Oliver já deve estar quase aqui. – falei ríspido – Volte para o seu posto, e só venha quando eu acabar.
– Tudo bem. – a vi concordar com um leve aceno de cabeça – Sei que não vai precisar, mas estarei te dando cobertura...
...
Agora...
Despertei do meu transe quando o peso do corpo da Eleonora pendeu com tudo para frente, o que indicava que ela havia desmaiado de tanto berrar, e precisei segurá-la com mais força para que não tombasse de cara nos batentes. A essa altura, o fogo já terminava de consumir até o último pedaço de papel, enquanto a praga daquela maldita criança não parava de chorar dentro de casa. Provavelmente havia acordado com os gritos escandalosos da sua irmã mais velha, e zunia como um bode velho nos meus ouvidos agora.
– Vou levar essa daqui para dentro. – avisei, ao suspender e jogar Eleonora por cima do meu ombro – Quando terminar aí, apague o fogo e confira as cinzas.
– Pode deixar, chefe. – respondeu Joel, prontamente.
– Tem mais uma coisa. – retirei do bolso da jaqueta, o caderno com os nomes dos apostadores mais recentes, o qual arremessei aos seus pés – Quero que encontre cada filho da puta dessa lista, e não me importo quem sejam, se certifique de que eles nunca mais queiram apostar em lutas clandestinas aqui em Shadowtown.
– O senhor está falando de uma surra, ou devo matar os caras? – perguntou ele, após se abaixar para apanhar o caderno.
– Não podemos chamar atenção demais, uma surra está de bom tamanho. – respondi – Mas garanta que cada um fique com uma bela recordação.
– Entendido! – o ouvi confirmar, enquanto destacava a página com os nomes – Pode deixar comigo, senhor.
Apenas assenti dessa vez, antes de me virar seguindo para dentro da casa de novo. Na cozinha, sobre a mesa, o bebê se remexia num choro agudo em seu berço portátil, enquanto a Amélia tentava gritar por socorro mesmo com uma mordaça presa em sua boca. Não dei a menor atenção para a cena caótica que ocorria ali, me encaminhando apressado para a sala onde larguei a Eleonora sobre o sofá, como peso morto.
"A minha filha vai descobrir o que você fez... A El vai vir atrás de você, Jason!", a voz do Oliver ecoou em minhas lembranças, e sacudi a cabeça a fim de espantar aquele maldito para longe outra vez. Não era para ser assim, mas se aquela vadia insistisse mesmo em descobrir qual fim levou o seu papai de merda, eu não hesitaria em lhe mandar para a vala também. Após checar o seu pulso, me sentei na poltrona a sua frente, onde fiquei em silêncio por alguns minutos, até ela finalmente acordar num sobressalto.
– Calminha aí, eu não vou te machucar hoje. – me inclinei para frente, pousando meus cotovelos em meus joelhos – Aquilo lá atrás foi só uma pequena amostra do que vai acontecer se me desobedecer de novo.
– Você é um monstro! – Eleonora tentava se sentar, ainda sem forças – Eu te odeio!
– Fala como se eu me importasse em saber. – sorri diabólico, antes de me levantar – Fica esperta, estaremos de olho em você daqui pra frente, então vê se não faz merda de novo.
– Sai da minha casa agora! – berrou ela, com a voz esganiçada.
– Pode deixar, eu já estava mesmo de saída, não suporto esse choro infernal de criança. – me virei em direção a porta – É melhor você fazer alguma coisa para essa pirralha calar a boca, ou seus vizinhos podem se incomodar.
Olhei breve para trás, e Eleonora se encolheu assustada contra o encosto do sofá, mas bastou me ver alcançar a maçaneta, para ela tomar coragem de saltar de pé e correr apressada em direção a cozinha. Suponho que acabou por entender que eu estava mesmo de partida, afinal não tinha a menor intenção de lhe machucar hoje, não achava necessário pegar tão pesado dessa vez. Bastava um susto por ora, e talvez já fosse o bastante para lhe espantar de novo, principalmente agora que ela tinha a irmã menor nas costas.
Meneei a cabeça para os lados, ao passar para fora, me adiantando em guardar a minha arma entre o cós da calça, enquanto caminhava até o carro estacionado no fim da rua. À medida que passava em frente as casas vizinhas, notei algumas portas e janelas serem trancadas, temendo também receberem a minha adorável visita. Aquilo me arrancou um riso fraco, não vou mentir que não gostava de causar essa reação nas pessoas, a certo ponto chegava até ser cômodo para mim, pois assim ninguém em sã consciência enchia o meu saco.
Antes de adentrar o meu carro, percebi que a minha moto não estava mais ali, indicando que o Joel também havia partido. Ele era bastante eficiente, e suponho que não descansaria até encontrar e dar uma boa lição em cada infeliz daquela maldita lista de apostas. Juro que eu mesmo faria isso, se já não tivesse planos em mente para os próximos dias. Depois de todo esse tempo fora, eu só queria aproveitar o máximo que desse ao lado da minha mulher. Ela era a única que me fazia esquecer essa merda toda, bastava mergulhar naquelas duas esmeraldas que nada mais importava.
Sei que já estava tarde, mas havia combinado de rever a Lizzie quando acabasse o trabalho hoje, e estava ansioso para ficar junto dela de novo. Dirigia para a sua casa agora, mesmo imaginando que a essa altura ela já devia estar dormindo, pois apenas me deitar ao seu lado seria mais do que o suficiente. Ao parar em um sinal vermelho, aproveitei pra mandar uma mensagem para a Allana dizendo que já estava tudo resolvido, depois voltei a prestar atenção no caminho, sempre me certificando de que não estava sendo seguido.
Após finalmente estacionar no fim da rua onde ficava a casa da Lizzie, só precisei caminhar por uns três minutos até avistar a janela do seu quarto aberta. Aquilo me arrancou um riso anasalado, ela havia mesmo feito o que eu pedi, apesar de ter ficado um tanto chateada comigo. Não tiro a sua razão, eu também não me agradei nada em ter que ir embora daquele jeito, mas não menti quando lhe disse que esse era o meu trabalho. Em vista de que as luzes estavam apagadas, tentei não fazer muito barulho enquanto escalava o cercado preso a parede.
– Jason, é você? – sua voz soou sonolenta, quando passei uma perna para dentro da janela.
– Desculpa, eu não queria te acordar. – pedi em tom baixo, e a vi sentar na cama, coçando os olhos com os nós dos dedos.
– Que horas são? – perguntou Lizzie, assim que saltei para dentro do seu quarto – Eu acabei cochilando...
– Não se preocupe, além do mais, já é bem tarde. – me aproximei em passos largos – Eu achei mesmo que você estaria dormindo a essa altura.
– Aonde você estava? – seus lindos olhos verdes mergulharam nos meus, assim que me sentei ao seu lado na cama – Por que está fedendo a fumaça?
– Eu tive que queimar uns documentos, nada demais, não encana com isso. – pousei a minha destra sobre a sua coxa, aproximando o meu rosto do seu – Senti a sua falta, pequena.
– Tira a roupa! – ela se esquivou rápido do meu beijo.
– Mas já? – arqueei as sobrancelhas, com um sorriso sacana desenhado nos lábios – Eu acabei de chegar, e você...
– Não vamos transar, seu engraçadinho! – Lizzie me interrompeu, saltando para fora da cama.
– Mas então...
– Se quiser ficar e dormir comigo, precisa tomar um banho. – completou – Enquanto isso, eu aproveito e coloco essas roupas impregnadas na lava e seca.
– Está tão ruim assim? – ergui um dos braços, a fim de sentir o meu próprio cheiro.
– Ainda pergunta? – a vi cruzar os braços – Anda logo, tira essa roupa agora!
– Tá legal, você que manda. – levantei da cama, me apressando em se livrar da jaqueta – Mas eu sei que no fundo você só quer me ver pelado.
– Ha-ha-ha! Muito engraçado... – ela rolou os olhos, me arrancando uma leve risada sincera...
[...]
🦋. Essa Eleonora... Aiaiai! Será que o Jason pegou pesado? Bom, já deu pra ver que ele não brinca em serviço, e é melhor não passar por cima da sua ordem, mas com a Liz ele perde a pose facinho, né? 🤭
🦋. Feliz ano novo, meus amores!!! 🥳🎉🎉2️⃣0️⃣2️⃣4️⃣🎉🎉🥳
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