Capítulo 4 - TESSA LOUISE TYLAN
Houston, Texas -Estados Unidos
— Sinto muito ser o portador de más notícias, mas fizemos todos os tratamentos possíveis com você, Tessa, desde que descobrimos seu problema cardíaco quando você ainda era criança. Só nos resta a opção do transplante.
— Dr. Dodson, onde podemos conseguir doadores? Sabe que disporei de qualquer quantia que for necessária para que esse transplante se realize.
— Pai, eu ainda nem assimilei a informação. Preciso pensar sobre o assunto para poder decidir o que quero fazer.
— Tessa, não há o que pensar. É a única opção, você não ouviu o que Dr. Dodson falou?
— Calma, Sr. Tylan. A Tessa tem razão. Um transplante envolve vários riscos, inclusive o de rejeição ao órgão transplantado, se bem que essa opção é bem minimizada com uso de medicamentos imunossupressores, que adequam o sistema imunológico e evitam a rejeição do órgão. Além disso, não há órgãos disponíveis para compra, mesmo o senhor tendo recursos para isso. A doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação, como é o caso da sua filha. No entanto, é preciso que a população se conscientize da importância do ato de doar um órgão. As pessoas se esquecem que hoje o necessitado é um desconhecido, mas amanhã poderá ser algum amigo, parente próximo ou até elas próprias. Doar órgãos é doar vida. Podemos e devemos registrar nosso desejo de doar nossos órgãos e avisar nossos familiares dessa decisão, pois ninguém sabe o dia de amanhã.
—Então como podemos fazer para ela encontrar um doador?
— Sr. Tylan, a Tessa terá que entrar numa fila de espera para doadores compatíveis. Quanto mais rápido o paciente se inscreve na lista de espera, mais chances ele tem. Nessa lista são respeitadas a ordem de inscrição, a compatibilidade e a gravidade de cada caso. A situação da Tessa não é considerada de gravidade. A lista é única e monitorada por um sistema nacional de transplantes e por órgãos de controle federais. Isso impossibilita que uma pessoa conste em mais de uma lista e permite que a ordem legal seja obedecida. Se existe um doador elegível (com morte encefálica confirmada), após autorização da família para que ocorra a retirada dos órgãos, a Central de Transplantes emite a lista dos potenciais receptores e informa as respectivas equipes de transplante que os atende.
— E quanto tempo de espera, Dr. Dodson?
— Tessa, o tempo de espera por um transplante de coração depende de diversos fatores, como das características genéticas do potencial receptor e do seu estado de saúde, entre outros. Um dos critérios é que o doador não pode ter mais que cinquenta e cinco anos, portanto idosos não são considerados. Esse é um órgão que também só pode ser doado quando se constata que a pessoa teve morte encefálica. Essa constatação deverá ser feita por médicos com capacitação específica, observando o protocolo estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são utilizados critérios precisos, padronizados e passiveis de serem realizados em todo o país. Essa medida criteriosa dá segurança à equipe médica para o diagnóstico e possibilita a imediata conversa com a família sobre a doação de órgãos. Os doadores são pessoas com morte encefálica, geralmente vítimas de acidentes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Ainda existe o tempo de isquemia que é o período entre a retirada do órgão do corpo do doador e o transplante deste no receptor. No caso do coração, o tempo de isquemia aceitável para o transplante é de quatro horas apenas. A função do coração é bombear o sangue oxigenado (arterial) proveniente dos pulmões para todo o corpo e direcionar o sangue desoxigenado (venoso), que retornou ao coração, até os pulmões, onde deve ser enriquecido com oxigênio novamente. Com a falência do cérebro, uma pessoa é declarada clinicamente morta, embora outros órgãos possam continuar funcionando com a ajuda de equipamentos. Se o coração para, no entanto, nada mais funciona no organismo.
— Pai, acho que o doutor já esclareceu todos os pontos. Vamos para casa, pois estou cansada e quero analisar bem todos os prós e contras antes de tomar uma decisão. Depois podemos ver o assunto do cadastro na lista de espera. Dr. Dodson, agradeço sua atenção e esclarecimentos.
— Não há de que Tessa. Até que haja um transplante, as orientações e medicações permanecem as mesmas. Se houver qualquer alteração, não hesite em me contatar a qualquer dia ou hora, combinado? Caso resolva fazer seu cadastro na lista de espera, converse com minha assistente que poderá lhe oferecer todas as informações.
— Sim, senhor. Até mais.
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Nota de rodapé: As informações médicas relatadas neste capítulo tiveram como fonte de referência o site do Ministério da Saúde do Brasil, na área referente a doações de órgãos.
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Queridos leitores,
Liberei mais capítulos hoje, pois o livro foi inscrito em dois concursos e faz parte dos regulamentos ter pelo menos cinco capítulos postados.
Vocês tiveram a oportunidade de conhecer a Tessa Louise. Que situação difícil ela terá que enfrentar? Vocês conhecem alguém que tenha feito transplante?
Deixem estrelinha e comentários. Divulguem!
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