Capítulo 3 - GIOVANNA ROZZI
Nem todas as mulheres vão considerar minha vida um sonho, mas eu não tenho do que reclamar.
Casar-me com o homem que é meu amigo, parceiro, confidente, protetor desde meus primeiros passinhos é algo para agradecer e muito.
Não somos perfeitos, lógico, temos muitos defeitos, mas também temos muito em comum e um completa o outro. Discutimos algumas vezes, mas nunca brigamos.
O fato de nossas famílias se conhecerem e serem amigas há tanto tempo é mais um ponto positivo. Somos realmente tratados como filhos por nossos sogros, sem ciúme e nem desconfianças.
Ele ter sido o único homem a conhecer meu corpo? Não vejo problema, visto que nossas noites são completamente satisfatórias e nossa intimidade ultrapassa o físico e chega na alma. Há uma profundidade incrível na nossa relação e não estou falando em sentido dúbio. O amor que nos une intensifica a energia do clímax. É coração conectado com coração.
Antes de viajarmos, batizamos a casa inteira com nossos fluidos. Foi bom aguardar até o quarto mês de gestação para o casamento, pois sumiram os mal-estares como ânsias e sonolência e a libido retornou com força total.
Nossa filhota está sendo aguardada com muito amor.
Nossa semana de relax — bem, nem tanto descanso assim — está sendo bem marcante. Nada de Paris, Miami, Cancun, Ilhas Maldivas. Estamos pertinho de casa, bem no interiorzão do Estado, na melhor forma caipira de ser: praia de lagoa, pousadinha simples, petiscando nos quiosques e visitando barzinho com música ao vivo. Sem música não dá, né? Eu adoro cantar e, como permitiram, dou uma palhinha nesse local onde estamos hoje. É comum cruzarmos com os amigos cantores. Sabe como é? Tudo em casa.
Toda noite, antes de dormir, eu e Lucca cantamos alguma música da Shania Twain para nossa princesinha. Estamos querendo influenciá-la com nosso gosto musical? Imagina! Só queremos que ela entenda a razão de seu nome.
A volta à rotina não está sendo fácil. Meus pais querem que eu me afaste da empresa e fique dedicada somente aos estudos e à gravidez. Mas não concordo. Enquanto for possível, eu quero trabalhar. Isso valerá como meu estágio também. Eu terei que interromper pelo menos um semestre da faculdade quando Shay nascer, então farei um esforço para aguentar a carga toda até a barriga não me permitir mais.
Desde pequena, gosto de ouvir meu pai e meu sogro conversarem sobre as obras que eles constroem e sempre tive facilidade para cálculo. Eu vejo poesia nas Ciências Exatas. Os números são capazes de sair do papel e realizar grandes obras. Nas aulas de literatura no colégio, descobri que o escritor e jornalista Euclides da Cunha chegou a cursar engenharia na Escola Politécnica, mas não concluiu o curso por motivos financeiros. Em uma das páginas da sua obra mais conhecida, Os Sertões: Campanha de Canudos, ele define de forma poética o que a engenharia significa para mim.
"Pelas vigas metálicas de nossas pontes, friamente calculadas, estiram-se
as curvas dos momentos, que nos embridam as fragilidades traiçoeiras do ferro.E ninguém as vê, porque são ideais. Calculamo-las;medimo-las; desenhamo-las e não existem...E assim por diante, indefinidamente, em tudo o que fazemos e em tudo o quepensamos, ainda quando lançados na trilha heroica da profissão,vamos pulsar no deserto as dificuldades e os perigos...Porque quando nós vamos pelos sertões em fora, num reconhecimento penoso,verificamos, encantados, que só podemos caminhar naterra com os sonhadores e os iluminados: olhos postos nos céus, contrafazendoa lira, que eles já não usam, com o sextante, que nos transmite a harmoniasilenciosa das esferas, e seguindo no deserto como os poetas seguem naexistência... a ouvir estrelas!" (Euclides da Cunha, escritor, jornalista e engenheiro praticante)
Os arquitetos são considerados os artistas, diminuindo a arte dos engenheiros, que, na realidade, são os transformadores dos projetos arquitetônicos. Eu tenho orgulho de cada pedacinho de parede erguido. Sim, eu nasci para construir. Esse será o meu legado. Quero que minha filha se orgulhe de mim. E do pai também, claro!
E no meio de tantos afazeres, a barriga foi crescendo e o tempo passou... nove meses!!! Será que eu fiz o cálculo certo? Como passou tão rápido?
Engordei muito pouco. Na verdade, é só barriga. Mesmo assim, meus pés incharam e minha coluna doí se eu ficar muitas horas em pé. Por um bem maior e tranquilidade geral da nação Rozzi&Castellari, rendi-me a ficar em casa aguardando a hora H.
E, como a Lei de Murphy funciona, Shay resolve chegar em uma noite, véspera de feriadão. Meu médico viajara para um congresso e eu estou sendo atendida por outra obstetra que ele indicou. Isso deixou a família toda em polvorosa, mas eu estou tranquila. Sinto que tudo correrá bem. E assim está sendo.
Shay Rozzi Castellari chega berrando a plenos pulmões, mostrando o talento da sua voz. Adivinhe quem ela puxou? A mãe, lógico. Uma bonequinha de quarenta e oito centímetros e três quilos. Virginiana, tal como a Shania Twain.
* * * * *
MAIS CAPÍTULO BRINDE de lançamento!!!
Agora a família Rozzi Castellari está completa. Será que a Shay vai ser cantora como a mãe?
Deixem estrelinha e comentários. Divulguem!
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