CAPÍTULO 9
Eita que tem gente reclamando da demora do casal em se apaixonar e viver os felizes para sempre. Já pararam pra pensar que isso quer dizer final da história?
Pensem, reflitam depois me contem tudo.
HAHAHAHA
Depois daquele incidente com Samira e Mustafá, passei o restante do dia no quarto. Lia trouxe meu almoço e acabei dormindo. Esses últimos meses estavam sendo difíceis, eu me sentia muito cansada e dormia com muita facilidade.
Agora eu estava sentada em uma poltrona que ficava na sacada, e admirava o por do sol, algo que é digno de uma pintura. Pensar em pintura, fez lembrar de Ayla e seu habito de fotografar tudo, e depois tentar pintar. Sorrio com as boas lembranças e da saudade que sinto deles. Também de como eu ria, todas ás vezes em que ela ficava brava com alsyd por ele elogiar algo que ela pintou, sendo que ela mesma achava horrível. Ele ria e dizia que não achava porque o amor era cego, e que tudo que ela fizesse ele acharia lindo.
Sorrio com as lembranças, e limpo uma lágrima que desce por meu rosto. Eu os amo tanto. Sinto tanta saudade.
Eu só queria ter algo assim com o homem que amo.
Pensar em Zayn o ar chegava me faltar, a dor voltava a pressionar meu peito. Eu não conseguia me arrepender de nada. Eu tinha que ter paciência, deixar com que ele absorvesse tudo o que está acontecendo. Mesmo ciente de tudo, eu tive tempo para assimilar e conseguir enxergar o lado bom. Eu espero tanto que ele possa em algum momento enxergar algo bom nisso tudo. Sinto um chute, e coloco minha mão no local.
— Oi meu amor. — falo baixinho começando acariciar minha barriga. — Mamãe estava perdida em lembranças, mas não me esqueci de você. — sinto outro chute e sei que quando ela começa vai demorar a se acalmar. — É impossível mamãe esquecer de você por um segundo que seja, minha riqueza.
Continuo acariciando minha barriga enquanto canto baixinho alguns versos de uma música qualquer somente para acalmá-la e ver se consigo mudar o rumo de meus pensamentos. Mas minutos depois, algumas lágrimas traiçoeiras inundam meus olhos.
Paciência Jasmim, paciência.
Escuto barulho no quarto, e logo ouço a voz de Lia cantarolando. Limpo meu rosto, no momento em que ela chega na sacada. Ela olha meu estado, mas não fala nada, e eu agradeço. Ficamos em silêncio por um tempo, até que ela se aproxima.
— Suas coisas chegaram. — diz baixinho. — Vamos, eu vou te ajudar a organizar tudo.
Fomos para o quarto, e de fato mexer no enxoval que preparei para minha filha, era o que eu precisava para mudar o animo completamente. Eu já tinha tudo que precisava para quando ela nascesse. Passamos as próximas horas arrumando tudo em uma parte do closet.
— Que lindeza, menina. — Lia segurou uma manta que eu mesma fiz. Era em tricô, aprendi vendo vídeos na internet. Foi assim que ocupei minha mente durante os meses.
— Linda mesmo. — procurei o macacão que fiz da mesma cor. — É pra combinar com esse. — lhe entrego. — Agora que sei que é uma menina, posso acrescentar algumas cores, como rosa, ou lilás. Estava pensando em fazer várias pequenas flores.
— Vai ficar lindo, mais lindo do que já está. —sorrio. — Mas pelo que vejo você já tem tudo. — concordo.
— O tempo que fiquei fora, eu só tinha um objetivo, preparar tudo para quando ela chegasse. — sento na beirada da cama, e aliso minha barriga e é inevitável que meu semblante caia, ao pensar que agora meu objetivo é fazer com que seu pai, me aceite.
— Não volte a ficar assim, não faz bem para ela e nem para você. — mesmo eu não falando em voz alta, Lia parece adivinhar meus pensamentos. — Dê tempo ao tempo menina, ele é nosso melhor conselheiro.
— As vezes eu acho que ele me odeia, pela forma que fala. — comento, ela sentasse ao meu lado, acariciando minha mão.
— Meu menino não te odeia, ele não te conhece, como também não pode te amar por não te conhecer. — ela sorri.
— Você também não me conhece, mas me trata bem. — ela sorri e bate em minha mão de leve.
— Bom eu não estou tendo minha vida virada de ponta cabeça, isso ajuda. — alguém bate a porta e logo Samira entra sem ser convidada.
— Lia, meus pais chegaram e minha mãe está a sua procura. — ela olha tudo em volta, com desdém estampado na cara. Segura uma touca observando os detalhes e joga na poltrona. — Não demore, sabe como meu pai é. — sinto meu coração disparar ao escutar ela dizendo que senhor Said está na casa.
— Já estou indo. — Samira sai e Lia se levanta arrumando algumas coisas que estão na mesinha. — Se precisar de qualquer coisa, me chame, mas evite de andar pela casa até Zayn chegar. — ela pede e eu mais que depressa concordo.
— Não pretendo sair daqui. — afirmo.
— Eu volto assim que puder. — com isso ela sai. E eu me levanto indo trancar a porta.
Passar as próximas horas escutando pessoas falarem sobre estatísticas de mercado deixou o restante do meu dia entediante. Sempre gostei de ver e observar como o mundo se move em meio as ações, mas hoje definitivamente não era um bom dia.
Na verdade já tinha algum tempo que minha vida estava estranha. E com a chegada de Jasmim, me deixava pisando em ovos, isso estava consumindo minha mente. Olhei para James que estava representando Almir e pensei no que ele perguntou.
Logo que chegamos a sala de reuniões, ele me perguntou se eu ainda tinha dados de funcionários de mais de vinte anos atrás. Quando o questionei para o que seria, ele disse se tratar de uma investigação particular para Almir, mas que não poderia dar mais detalhe.
Graças a Deus essa merda de reunião termina.
Na próxima faço igual Almir e mando Farid em meu lugar.
James se aproxima de onde estou.
— Realmente você não está num bom dia. — comenta com seu costumeiro sorriso. Se não o conhecesse acharia que está sendo debochado diante da minha situação, mas não, é somente o jeito dele.
— Pode incluir a semana. — retruco. — Sobre o que me pediu, fale com Farid e Issac, eu nunca se quer mexi com isso, nem pretendo. — ele bate em meu ombro deixando uma respiração pesada sair dos pulmões. — Não tenho tempo e nem quero me prender a coisas que aconteceram no passado, meu presente já está bem conturbado.
— Se precisar de alguma coisa, sabe que pode contar comigo. — concordo.
Tratei de mais algumas coisas com Issac antes de deixar a empresa, e avisei que desse a, James qualquer informação que ele precisasse, ele comentou que Farid precisava falar comigo, mas não quis esperar. Eu estava cansado, e algo dentro de mim dizia que meu dia estava longe de acabar.
Essa certeza eu tive assim que coloquei meus pés dentro de casa e olhei para meu pai que conversava com alguém ao telefone. Seu semblante dizia tudo. Ele já sabia. Sem falar nada somente fez sinal para que eu o seguisse para o escritório.
Antes de entrar ele desligou o telefone.
— Sente-se, vou lhe colocar a par do que fiz na viagem. — entrei junto com ele, fechando a porta.
Ele não estava me olhando nos olhos, e isso não era um bom sinal. Ele sentou-se em sua poltrona e começou a falar, e eu dei a ele a mesma atenção que dei a reunião que acabei de sair. Zero. Eu precisaria dormir uma semana seguida para conseguir voltar a pensar e raciocinar como antes. Dado um momento percebo que ele me encara, e não está falando mais.
Merda!
— Você não está prestando atenção. — comenta e sorri logo em seguida jogando na mesa a pasta que segurava. — Mas vai prestar atenção no que eu vou te dizer agora, Zayn. — não adiantaria eu retrucar que mesmo sem o foco de antes, eu entendi sobre sua explicação em relação a importação que pretende fazer. — Não quero saber o que está fazendo, mas não vou aceitar que você desfaça o acordo do casamento. — me endireito na poltrona. — Sua irmã me contou sobre a empregada. — ele ri balançando a cabeça em negativa. — Sempre tem alguém querendo se dar bem.
— Samira não tinha que ter aberto a boca, eu mesmo iria lhe contar.
— E você acha que eu quero saber quem você anda comendo por aí? —a sua voz se altera.
A forma como ele fala me incomoda, não sei por que. Talvez pelo fato de trazer a lembrança que fui enganado?
— Eu não estou nem aí pra isso, só achei que fosse mais esperto do que essas vagabundas que querem se dar bem em cima de trouxas como você. — fecho meus olhos, segurando a vontade de responder. Engulo em seco, levando as palavras que gostaria de proferir.
— Não sou trouxa. — falo baixo.
— Talvez não seja, mas isso vai depender do que vai fazer daqui pra frente. — ele me encara. — Você não vai casar com ela, está me ouvindo? — não respondo. — Você irá manter o compromisso com Hanna, faça o que quiser com essa que você trouxe pra debaixo do nosso teto, mas seu casamento será com Hanna.
— Não pretendo desfazer nada. — falo e vejo como ele se acalma ao ouvir o que digo. Ele volta a se recostar na poltrona e respira fundo.
— E o que pretende fazer? — pergunta me analisando.
— Assumir minhas responsabilidades.
— Que são somente com a criança, se for sua não é mesmo? — não respondo novamente sentindo-me incomodado com seu controle. — É incrível como tudo se repete, por mais que o tempo passe. — fico sem entender o que seria a história se repetir, mas não pergunto, querendo o quanto antes terminar a conversa. — Você puxou sua mãe, e isso me irrita. — ele volta a me olhar. — Você tem tudo para se tornar alguém como eu. — eu sentia que sua intenção me atingir quando falava isso, mas não acontecia. Eu amava minha mãe e a admirava como pessoa, então vinha como elogio quando ele falava isso.
— Não vejo qual o problema ter puxado a ela. — falo me levantando. — Ela é uma ótima pessoa.
— Eu esperava que meu único filho puxasse a mim, seguisse meus passos, se tornasse alguém de respeito, e não que caísse no primeiro golpe que é submetido por qualquer uma a colocando debaixo do mesmo teto, tinha que ter se livrado dela o quanto antes.
— Estamos falando de uma pessoa pai. — argumento, e o máximo que ele faz, é ri e começar a mexer no computador.
— Uma pessoa que não pensou duas vezes em te passar a perna. — balança a cabeça em negativa. — Como eu disse, faça o que quiser com ela isso não me importa, mas não quero ela interferindo no que planejei para você. — concordo e me viro para sair.
— Boa noite.
Saio do escritório e vou em direção a cozinha. Quando chego vejo minha mãe conversando com Lia.
— Filho. — ela vem em minha direção. — Que carinha é essa? — acabo rindo da forma como ela fala.
— Cansaço. — respondo sentando em um dos bancos perto do balcão. — Pelo menos alguém ficou feliz em me ver depois de dias fora. — recebo um beijo e um afago no pescoço.
— Eu imaginei que a conversa de vocês não seria fácil. — ela senta-se ao meu lado. — Quer conversar? — pergunta de forma gentil.
— Pode ser amanhã? — deixei a cabeça cair para frente, sentindo o cansaço do dia, ou dias eu já não sabia diferenciar.
— Claro, suba vá tomar um banho bem quentinho. — eu me levanto com ela ainda me enchendo de carinho. — Quer que eu leve a comida em seu quarto? — olhei para minha mãe notando um brilho diferente em seus olhos. A viagem lhe fez bem pelo que parecia.
— Não precisa, não estou com fome. — olho para Lia enquanto minha mãe se vira mexendo em algo numa vasilha que está no balcão. Lia faz um sinal de que está tudo bem. Isso me deixa mais tranquilo. — Mais tarde eu como qualquer coisa, boa noite para vocês. — beijo a cabeça de minha mãe e sorrio para Lia antes de sair da cozinha.
Subo as escadas e quando chego no corredor ao invés de seguir para meu quarto, vou em direção ao de hospedes onde Jasmim está. Quando chego em frente a porta, me pergunto porque estou fazendo isso?
Tenho que ser cuidadoso com a atenção que dou a ela. Não quero que confunda minha preocupação, com qualquer outra coisa. Pensando nisso dou meia volta e vou para meu quarto. Se qualquer coisa tivesse acontecido, sei que Lia teria me avisado. Entro fechando a porta, só querendo descansar.
Depois que Lia saiu do quarto eu notei uma movimentação na casa, vozes, risadas, mas nem me dei ao trabalho de sair daqui. Terminei de arrumar as coisinhas da minha filha no closet, e acabei descansando depois. Quando acordei estava com tanta fome, e não sei se era a vontade de comer que estava me fazendo delirar, mas eu sentia um cheiro delicioso invadir minhas narinas.
— Ela esta descansando senhora. — quando ouvi a voz de Lia, pensei em abrir os olhos, mas tive medo ao mesmo tempo em que a curiosidade me bateu. A mãe dele estava aqui? — Eu aviso sim, pode deixar. — estranhando essa última parte abri meus olhos, e vi que somente Lia estava no quarto. — Que bom que acordou menina. — respirei fundo e me sentei.
— Dormi muito? — procurei meu celular e não achei. Olhei para a janela. — Já está de noite de novo. — constatei. — Tenho que parar de dormir nesse horário da tarde, depois eu demoro a dormir. — comentei levantando enquanto Lia arrumava algumas coisas na mesa.
— Venha, coma enquanto está quente. Assim não perde o sabor. — me aproximo da mesa ainda bocejando.
— Nunca senti tanto sono. — sento e tomo um pouco de suco.
— É normal, essas ultimas semanas serem assim, você tem que descansar bastante, e dormir o máximo possível. — escuto isso de quase todas as pessoas que converso.
Ela sai do quarto, e eu começo a comer. Aproveito que estou sozinha e gemo a vontade sentindo os sabores da comida. Que está deliciosa. Depois do jantar eu volto a sentar na sacada, a noite está tranquila, e agradeço a allah por meus pensamentos também estarem.
É incrível como me tornei uma chorona, todos dizem ser os hormônios da gravidez, se é mesmo não sei, as vezes eu só sentia uma vontade de chorar. Isso ajudava a tirar a angustia do peito. Depois quando Lia voltou, eu entrei e fui ver se conseguia assistir alguma coisa, um filme talvez para passar o tempo. Mas não consegui, no quarto não havia uma TV, e meu computador não estava ligando. Teria que levar para arrumar.
Peguei algumas coisas para fazer, ainda tinha alguns bordados do enxoval da minha princesa para terminar, foi o que fiz. Não sei quanto tempo depois eu comecei a sentir uma queimação nos ombros, e resolvi parar. Olhei no relógio e vi que já passava da meia noite. E nada do sono. Pensei em tomar mais um comprimido, mas não iria fazer isso, um chá de hortelã já resolveria.
Eu não iria incomodar Lia a essa hora, ela havia me mostrado tudo na cozinha e na dispensa enquanto esperava o doce ficar pronto, então resolvi descer e fazer eu mesma. Agradeci pela casa estar em silêncio, isso indicava que estavam todos dormindo. Segui para a cozinha prestando atenção, em tudo.
Eu sabia que em algum momento eu teria que encontrar com a mãe e pai de Zayn. Mas queria postergar esse momento o quanto eu pudesse. Eu não me sentia confortável nessa casa. Acho que a única coisa boa, é que eu estava mais próxima dele.
Segui distraída até a cozinha, e por isso não percebi que ele estava lá. Zayn estava de cabeça baixa olhando algo no celular, enquanto comia. Senti meu coração disparar, como o bobo que sempre foi, quando se trata dele. Será que algum dia isso mudaria? Eu conseguiria ficar no mesmo espaço que ele sem sentir meu corpo reagir dessa forma?
Respirei fundo guardando as perguntas que talvez eu nunca teria as respostas, e me virei para voltar para o quarto.
— Desistiu do que veio fazer, Jasmim? — senti meus dedos começarem a tremer, quando sua voz atingiu meus ouvidos.
Por allah o que eu faço?
Virei e vi que ele me olhava. Não tinha como fugir. Mas eu não queria fugir, não agora que ele me encarava.
— Eu só queria fazer um chá. — falei forçando a voz.
— Não quer mais? — perguntou levantando a sobrancelha.
— Não quero atrapalhar. — ele sorriu e colocou o talher no balcão.
— Não atrapalha, eu só não sei onde ficam as coisas. — ele falou olhando em volta. — Só sei usar a geladeira e microondas. — acabei rindo do que ele falou.
— Eu sei, Lia me mostrou onde fica tudo. — ele concordou voltando a comer, e eu fui fazer o chá.
Entrei na dispensa peguei algumas ervas, e deixei os potinhos ao lado do fogão enquanto coloquei a água para ferver. Enquanto isso preparei as ervas no infusor do bule. O silêncio foi quebrado pelo barulho da água crepitando quando entrou em ebulição. Fui até a fruteira, peguei uma laranja indo até a pia lavando bem sua casca, cortei duas rodelas e quando coloquei as ervas no infusor coloquei uma rodela junto, joguei o líquido quente e deixei por alguns minutos. A outra fatia, torci e coloquei dentro da xícara.
Foi quando percebi que Zayn estava atento a tudo que eu fazia.
— O cheiro está bom. — comentou, colocando o preto de lado após terminar. Sorri. — O que você colocou aí dentro?
— Hortelã fresca, algumas folhas de mate, açúcar mascavo. — senti meu rosto começar a ficar vermelho sabendo que ele me encarava. — E, eu gosto de colocar laranja junto.
— Se o gosto estiver do mesmo jeito que o aroma, deve estar delicioso. — ele estava elogiando algo que eu fiz?
— Quer experimentar? — ele ficou surpreso com minha pergunta, até eu fiquei com a coragem que crie, e não sabia de onde.
— Claro. — eu só tinha que pegar outra xícara e não deixar cair. Era só isso. Foco.
Fui até o armário e peguei a xícara, não peguei o pire para não correr o risco de demonstrar como eu estava tremendo. Coloquei um pouco do chá na que eu já havia colocado a fatia de laranja, e entreguei a ele. Voltei para perto do fogão e terminei o processo em minha xícara.
— Muito bom. — ele falou, fiquei feliz em ouvir pela primeira vez um elogio dele.
— Vai ajudar na digestão. — comentei já que ele havia acabado de comer. — E a hortelã é calmante, vai ajudar no sono. — virei de frente para ele, e notei que estava de cabeça baixa olhado para o líquido quente.
— As vezes eu tento lembrar de algo mais concreto, mas não consigo. Somente algumas poucas coisas. — sinto meu peito apertar com o que ele fala. Me, sinto de certa forma culpada. — Eu realmente não entendo, já tomei alguns porres na vida, mas de esquecer assim, nunca.
— A culpa pode ter sido minha também. — comento. Ele levanta os olhos e me encara. — Eu fiz um chá aquela noite, sabia que te deixaria relaxado e como você havia bebido. — dei de ombros. — Eu precisava criar coragem para falar tudo que sentia, mas acabei que não consegui. — abaixo a cabeça. — Desculpa por não ter falado nada.
— Você disse que não tinha medo de mim quando saímos da casa de Samir. E, eu confesso que naquele momento eu estava me segurando para não falar o que eu queria. — ele balança a cabeça em negativa e ri. — Acho que ainda estou, na verdade. — ele toma mais um pouco do chá e ficamos os dois em silêncio por alguns segundos. — Se não tem medo hoje, porque não falou nada naquele dia ou no dia seguinte?
— Eu não imaginei que tudo fosse acabar assim.
Eu abaixei a cabeça e fiquei calada não tendo mais o que falar. Ele estava certo, eu havia feito algo muito sério. E agora tanto eu, quanto ele, estávamos em situação complicadas.
Mas mesmo assim eu não conseguia me arrepender.
— Não está acabando Jasmim, e sim começando. — sua voz estava baixa. — A marca já está sumindo. — levantei os olhos e vi que mais uma vez ele me encarava. — Me sinto culpado toda vez que a vejo em seu rosto. — lembro do tapa que levei. Toco com minha mão o local. — Não deveria ter deixado você sair do carro, sozinha. Deveria ao menos ter imaginado a reação do seu pai.
— Nem eu imaginei, não tinha como você saber. Minha esperança era que ele não estivesse em casa. — confessei respirando fundo, sentindo novamente a dor de tudo. — Você não teve culpa. — falei encarando Zayn que mantinha o olhar em mim. — Eu sinto por não ter conseguido falar com minha mãe, tenho saudades dela. — sorri e não consegui segurar as lágrimas, sentia meus olhos encherem delas.
Eu não queria chorar aqui, não na frente dele. Então mudei de assunto.
— Eu queria arrumar meu computador, mas não sei onde. — limpei meu rosto de maneira discreta. — Era sempre meu irmão que fazia isso para mim. Eu fui assistir algo, mas ele não ligou. — peguei os potinhos de ervas e guardei. Queria dissipar os pensamentos.
— Eu posso pedir para alguém do TI na empresa olhar. — ele falou se levantando. — Amanhã eu levo e faço isso.
— Obrigada. — eu sentia que ele queria falar mais alguma coisa, mas eu não queria ouvir mais nada que incluísse não sinto nada por você, ou responsabilidades. Então peguei minha xícara e comecei a sair da cozinha. — Boa noite. — falei já estando de costas para ele.
— Boa noite, Jasmim.
NA SEXTA TEM MAIS...
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