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CAPÍTULO 57 [ÚLTIMOS CAPÍTULOS]

Cheguei.... dia complicado!

Para quem acha a personagem Jasmim desnecessária... um capítulo todinho dela.

Boa leitura!

😊

Eu não sabia dizer em que momento eu havia parado de respirar, mas notei que não estava respirando quando senti o aperto que Zayn deu em minha mão. Olhei para sua mãe sem acreditar que ela tenha feito tudo o que estavam dizendo.

— Já que chegou o momento de saberem a verdade, que seja por mim então. — ela falou de um jeito diferente ao qual imaginei que ela estava. 

Quando ela foi levada para cima, eu ouvi seu choro e senti um aperto no peito, imaginando o sofrimento não só dela, mas de todos que estavam aqui. Mas agora ela parecia outra pessoa, ela olhava todos nos olhos, e pela primeira vez, eu vi uma frieza em seu olhar como nunca tinha visto antes em alguém.

— E porque você fez isso? — Ibrahim perguntou, ainda abraçado a mãe.

— Ele iria descobrir a verdade. — Hadassa respondeu. Depois olhou para o marido que a encarava. — Eu menti para você quando disse que Miray estava tentando te chantagear com sua filha, mas para cortar qualquer relação que pudesse ter entre vocês no futuro, eu precisei tirar a criança dela. E só consegui quando disse que Fauze estava atrás dela para dar um fim em tudo. — ela olhou para todos. — Pela amizade dos dois.

Eu olhava na direção do meu sogro que não falou nada ao ouvir a confissão da esposa, mas notei quando ele apertou com força o braço da poltrona onde estava sentado. Os nós de seus dedos chegaram a ficar brancos, pela força com que ele estava fazendo.

— E porque você acusou meu pai, e não seu marido? — Almir perguntou.

— Porque Miray sabia que eu seria incapaz de fazer algo assim. — pronunciando as palavras meu sogro se fez presente na conversa.

— Fauze também não. — Malika falou limpando os olhos e voltando a se sentar.

— Mas ela não sabia, ela não o conhecia. — Said se levantou e começou a andar até a janela.

— Após Hadassa levar a menina, eu fui visitá-la. — Soraia começou a falar. — Eu me preocupava com ela. Ela estava desolada por não poder ficar com a filha e começou a nutrir raiva do seu pai. — ela falava olhando para Almir. — Alguns meses depois quando voltei para lhe fazer uma visita, eu me deparei com um menino nos braços dela. — ela olha para Zayed, que ainda permanece de cabeça baixa, estralando os dedos.

Eu o conheço, e sei que isso é como um tique nervoso, ele só faz isso quando está se segurando.

— Eu fiquei assustada porque eu sabia que não era filho dela, então comecei a perguntar, insistir que ela me falasse como conseguiu aquela criança. Demorou, não foi algo que ela me falou logo. Miray cuidava e tratava como sendo filho dela, insisti por meses. Até que em uma das visitas eu notei que ela estava angustiada e não parava de chorar, dizendo que havia se arrependido que ela não fez por mal, mas ela queria que ele sentisse na pele o que ela sentiu quando teve sua filha arrancada dela.

— Ele era meu pai? — Almir perguntou. Soraia confirmou.

— Depois que a criança havia sido levada, ela soube que a esposa de Fauze estava grávida e que o parto se aproximava. — olhei para Malika que colocou a mão na boca. — Não sei como ela conseguiu, mas ela esteve na sua casa na noite em que seus filhos nasceram, ela disse que lhe deu algo para tomar e induziu o parto. Quando as crianças nasceram Miray saiu com um em deles dentro de uma bolsa. — a sala voltou a ficar em silêncio.

— Meus filhos? — a pergunta de Malika soou tão baixa.

— Eu não sabia o que fazer, mas isso não era para ter acontecido então eu procurei Fauze e contei a ele tudo que sabia. — Soraia fala olhando para Hadassa. — Fui eu que contei a ele. — ela riu sem vontade. — No dia em que ele estava indo buscar o filho o acidente aconteceu.

— Ele nunca falou nada. — eu não conseguia enxergar os traços de Malika, porque meus olhos estavam turvos pelas lágrimas que eu derramava ao imaginar a dor que ela estava sentido pelo que estava sendo revelado.

— Acho que ele não queria criar falsas ilusões, afinal nem eu nem ele tínhamos certeza que isso tudo era verdade, ele tinha que fazer um teste de DNA. — Soraia completou, e limpou o rosto. — Eu só sabia que o filho não era de Miray, e ela estava cada vez mais fora de si, e depois do acidente do Fauze, quando ela soube que ele morreu, ela enlouqueceu de vez, começou a se culpar pela morte dele.

— Não foi culpa dela. — a voz de Zayed foi ouvida pela primeira vez. Todos estavam abalados com tudo que era revelado, e por isso ninguém se deu conta do momento em que ele partiu para cima de Hadassa. — A culpa é sua.

— Zayed! — alguém gritou, mas eu não sei dizer quem foi.

O impacto dele contra a cadeira onde minha sogra estava sentada foi tão grande que ambos voaram por cima da mesa de centro. Tentaram segurar meu amigo para que ele não conseguisse enforcar a mulher a qual eu cheguei a admirar.

— Sua cadela desgraçada! — ele segurava o pescoço dela com tanta força e batia sua cabeça no chão, que eu ouvia o som. Desviei o olhar não querendo presenciar aquilo, e foi aí que notei que Almir, Ibrahim e Jamal nem haviam se movido.

Ibrahim estava de pé ao lado da poltrona onde Malika estava sentada, olhando a cena. Almir continuava sentado com as mãos apoiado a cabeça, e meu irmão estava de pé ao lado da porta da sala, olhando tudo com uma tranqüilidade que eu não sabia de onde ele tirava.

— Zayed. — foi a voz de Zayn que me fez olhar na direção da confusão e notei que foi ele que tirou meu amigo de cima da mãe.

— Desgraçada! — Zayed ainda tentou chutá-la, mas Zayn já tinha o puxado para longe. — Você tem noção do que você fez? — ele estava transtornado. — Por sua culpa eu nutri raiva do meu próprio sangue, sua vagabunda! — ele se debatia nos braços de Zayn. — Eu odiei meu pai por anos achando que ele não prestava por ter feito minha mãe sofrer. — ele parou de se debater e encarou Zayn. — Me solta porra! — Zayn o soltou, mas se manteve perto.

Said levantou de onde estava sentado e ajudou Hadassa a se levantar. Ele a colocou sentada na cadeira novamente, e se afastou sem falar nada.

— Eu não queria que isso tivesse acontecido. — Hadassa falou entre uma tossida e outra, ainda recuperando o ar.

— Você é louca! — Zayed voltou a se exaltar e tentou vir para cima dela. Mas agora os irmãos o impediram. — Eu quis me vingar da minha família por sua causa. — ele esfregava a cabeça e chorava, e eu chorava junto sentindo sua dor. — E se eu tivesse feito algo?

Queria ir até ele, o abraçar e dizer que iria ficar tudo bem, mas não conseguia me mover. Eu estava sem forças para levantar. Olhei para Zayn e vi que ele também estava destruído.

— Mas você não fez. — Almir falou batendo no rosto de Zayed, como se estivesse querendo trazê-lo a razão novamente depois desse ataque de fúria. — Nosso sangue falou mais alto, mesmo você não sabendo de nada. — Almir tentou o abraçar, mas Zayed o afastou dando dois passos para trás. — Zayed... — Almir tentou mais uma vez se aproximar, mas foi em vão.

— Eu vou matar você sua cadela desgraçada. — ele berrou apontando o dedo em direção a Hadassa. — Se ninguém aqui fizer, eu faço! — o choro de Malika foi ouvido e ele desviou o olhar para onde ela estava, e a expressão de dor nos olhos do meu amigo se intensificou.

Eu não conseguia imaginar o que ele estava sentindo. Eu não conseguia imaginar o que Malika estava sentindo, eu só conseguia chorar por eles. A reação de Zayed foi uma surpresa para todos. Ele simplesmente virou as costas e saiu da casa batendo a porta. Ibrahim fez menção de ir atrás dele, mas Malika o segurou.

— De tempo a ele. — ela falou limpando as lágrimas do rosto. — Ele vai voltar, eu sei que vai. — falando isso ela baixou a cabeça e voltou a chorar. Ibrahim sentou ao seu lado e a abraçou.

— E onde você entra nessa história? — Almir perguntou para Nagibe.

— Eu acabei descobrindo tudo por acaso, quando Hadassa foi fazer o pagamento do cara que sabotou o veículo do seu pai. — ele deu de ombros. — Só estava no lugar certo na hora certa.

— E como você estava com raiva dele por causa do que aconteceu com Mirit não falou nada. — Almir concluiu, o que fez Nagibe sorrir.

— Eu queria ter matado seu pai Almir, com minhas próprias mãos. Mas ela chegou primeiro e como Hadassa não poderia fazer grandes retiradas de dinheiro sem dar explicações, ela achou a solução perfeita, me passando informações privilegiadas. Assim ela me mantinha de boca fechada e eu tirava de vocês o que seu pai me devia. — Almir se aproximou dele.

— Nem meu pai, e nem eu te devemos alguma coisa. — Almir esfregava os cabelos, nitidamente nervoso, mas então sorriu. — Tudo o que você tirou da minha família porque achou que tinha algum direito, vai voltar para minhas mãos.

— Você não tem como fazer isso. — Nagibe riu.

— Vou entrar com pedido de reconhecimento de paternidade de Ayla. — o sorriso de Nagibe sumiu. — Sua filha vai me dar o que você tem roubado das minhas mãos, todos esses anos. Não é pelo dinheiro, porque vou dar para qualquer pessoa, mas somente para ter a satisfação de ver todo seu trabalho sujo ir pelo ralo.

— Eu não vou falar nada agora em respeito ao meu filho que está em cima de uma cama de hospital e como seu amigo falou a culpa é minha por ter mantido isso escondido. — ele olhou para Hadassa. — Meu filho nunca teve nada haver com isso, e você sabia disso.

— Eu não sei do que você está falando. — ela respondeu. — Eu não fiz nada contra seu filho.

— Mentirosa! — ele falou dando as costas a ela, e notei uma troca de olhares entre Zayn e Almir. — Vocês sabem onde me encontrarem caso queiram. — ele saiu e ninguém falou nada. Acho que ninguém mais agüentava a presença dele aqui.

— Eu quero ir embora daqui. — Malika falou ao se levantar. — Quero ir para minha casa, ficar longe de tudo isso. — ela abraçou Ibrahim.

— Mas mãe... — ela negou com a cabeça.

— Eu não quero saber de mais nada filho. — ela beijou o rosto dele e depois abraçou Almir voltando a chorar. Quando se afastou olhou na direção da Hadassa. — Eu não conheço essa mulher, não é a mesma que freqüentou minha casa. Não é a mesma que chorou comigo a minha dor. Então eu não me importo com o que vai acontecer com ela, eu não a conheço. — ela voltou a olhar para o filho. — O que vocês decidirem está decidido.

Falando isso ela saiu acompanhada de um dos seguranças de Ibrahim. Todos os olhares se voltaram para Said que derrubou algo da estante. Ele olhou o que havia feito, e encarou Soraia.

— E porque você não contou o que sabia para outra pessoa depois do que aconteceu com Fauze? — Said perguntou a ela.

— Eu fiquei com medo, e não sabia o que fazer. Parecia que ela manipulava tudo e a todos a sua volta. — ela olhou para todos. — Eu temi por minha vida, foi onde eu me ofereci para me aproximar de Nagibe, eu precisava me manter útil, ou no momento que fosse uma ameaça a família dela, seria minha vez. — Said passou a mão nos portas - retratos que estavam em cima de um móvel, e todos se espatifaram no chão. Ele se apoiou ali abaixando a cabeça.

— Eu quero ter uma conversa com minha esposa, a sós. — ele falou sem olhar para ela. ninguém se moveu. — A casa está cercada de seguranças, o que vocês acham que eu vou fazer? Enfiar ela em uma mala.

— Eu vou até a cozinha fazer um chá. — falei me levantando, e indo até Zayn. — Você vem? — ele negou.

— Também quero falar com ela. — ele não tirava os olhos da mãe. Almir e Ibrahim passaram por nós indo em direção a cozinha. — Eu ainda não consigo acreditar. — ele falou baixo e se afastou me dando as costas, fui até ele e o abracei. Não me importei com quem estava aqui. Minha preocupação estava toda nele.

— Você não tem culpa de nada do que aconteceu. — eu fiquei na sua frente. — Está me ouvindo Zayn? — eu sabia que ele estava se culpando por algo. Meu coração sofreu um baque quando olhei em seus olhos e vi que ele chorava. — Não fica assim, por favor. — pedi segurando seu rosto e o puxando para mim. — Não se culpe. — limpei seu rosto.

— Jasmim. — ouvi a voz de Hadassa e olhei em sua direção. Tanto ela, quanto meu sogro nos olhava. — Sei que não posso te pedir nada, mas eu gostaria de uma xícara de chá. — ela falou e baixou a cabeça mexendo em um de seus anéis. Concordei, e voltei a olhar para Zayn.

— Você vai ficar bem? — ele concordou sem falar nada. — Eu já volto. — passei a mão em seu rosto e segui para cozinha.

Ao entrar na cozinha eu só conseguia ouvir o choro de Lia, que estava amparada por outra moça que trabalha na casa. O clima estava pesado demais para iniciar uma conversa, e eu nem sabia o que falar. Ibrahim e Almir estavam em um canto conversando com meu irmão. Falavam tão baixo que mal se ouvia algo.

Eu só precisava fazer um chá. Um bendito chá.

A tal Soraia estava sentada em uma cadeira e um segurança estava ao seu lado. Fiz tudo no automático. Peguei um caneco coloquei água para ferver, e fui separar as ervas para usar. Era fácil, eu só tinha que fazer um chá. Enquanto eu fazia tudo o mais depressa possível, minha mente vagava no que eles estariam conversando na sala.

O que aconteceria com Hadassa?

Como ficaria a relação entre Zayn e Almir depois de tudo isso?

Onde será que Zayed estava?

Eram tantas coisas incertas no momento, que eu só pedia a Allah que o pior já tivesse passado. E eu esperava que ele estivesse me ouvindo. Mas comecei a duvidar, porque comecei a ouvir os gritos vindos da sala. 

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