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CAPÍTULO 50

Bom dia, boa tarde ou boa noite!

Hahaha tem algumas pessoas que moram no outro lado do mundo e que estão lendo... assim fica a critério de cada um.

Boa leitura!

Depois de lavar meu rosto, saio do banheiro dando de cara com uma Jasmim pensativa demais para meu gosto. Não quero obrigá-la a fazer que não se sinta a vontade, mas preciso que ela comece a se portar com alguém que ocupa a posição que ela tem.

Agora ela é minha esposa, alguém que todos vão apontar e sei que nem sempre serão em elogios, porque são pessoas, e pessoas são ruins quando querem. Lembro de como meu pai a tratou assim que chegou, sentindo prazer em humilhar.

— Vou buscar algo para fazermos um lanche aqui. — ela concorda sem ao menos prestar atenção.

Saio do quarto e sei exatamente o que fazer para que ela tome uma atitude. Falei que falaria a Izabel, mas foi somente para provocá-la. Acabo rindo quando lembro em como ela fica uma gracinha brava. Desço as escadas e vejo alguns conversando na parte externa da casa, mas não vejo quem estou procurando.

Sigo para os fundos da propriedade, tenho certeza que ali é um bom lugar para encontrá-la. Afinal ela gosta de cavalos. E como imaginei, vejo Melissa as voltas com um dos funcionários. Noto que ela já fala árabe de forma fluente, conseguindo se comunicar com quem precisa.

— Te achei. — falo parando ao lado dela, me apoiando na cerca, e olhando para o belo exemplar de animal.

— Não sabia que estava me procurando. — ela entrega mais um pouco de feno para o animal. — A tia já quer que eu volte? — ela pergunta colocando a mão na testa por conta do sol.

— Não sei para dizer a verdade. — ela fica sem entender. — Quero que não fale nada a sua irmã do que ouviu no quarto. — ela desvia o olhar para o cavalo novamente.

— Não sei do que você está falando. — ela fala desviando o assunto.

— Sabe sim, você é uma garota inteligente, sei que ouviu. — vejo seu sorriso e isso só confirma o que desconfiava. Ela ouviu a conversa entre Jasmim e Jamal. — Eu não quero te tratar como a criancinha que todos tratam, sei que você é inteligente, e é por isso que estou aqui. — ela vira e me encara.

— Você não vai me convencer com meia dúzia de elogios. — ela diz, levantando uma de suas sobrancelhas. — Como você disse, sou inteligente. — diz sorrindo.

— É, vejo que seu tempo ao lado do Mustafá não está sendo de todo perdido. — acabo rindo, e ela também.

— Eu gosto dele, justamente porque ele não me trata como uma bebezinha. — ela revira os olhos. — Meu irmão era um babaca, e minha irmã faz o seu melhor e eu a amo por isso, mas odeio essa proteção dela em cima de mim.

— Entendo.

— Mas porque você não quer que eu conte a minha irmã, que aquelazinha fez? — estou gostando dessa menina, muito objetiva.

— Eu preciso que Jasmim faça isso. — ela franze a testa e isso faz as sardas de seu nariz fiquem em evidência.

— Porque?

— Ela tem que aprender a usar da sua posição, tem que colocar as pessoas em seu devido lugar quando necessário. — ela ri.

— A tia Jasmim fazendo isso? — ela pergunta rindo. — Ela vai pedir uns trocentos desculpas no meio de qualquer frase, vai ser um verdadeiro fracasso. — acabo rindo com o que ela fala, apesar de ser verdade.

— Por isso eu quero que você a ajude. — ela fica séria.

— Eu?

— Sim, você. — ela mexe os olhos de forma como imagino seus pensamentos vagueando por possíveis imagens. — Eu falei que se ela não o fizer, eu falarei para sua irmã, mas não vou fazer isso. — ela ri.

— Que maldade fazer com a tia. — ela bate no meu braço.

— Não quero trazer problemas para sua irmã e o Jamal, eles não merecem isso. — ela pensa e sei que peguei o ponto certo. — Sua irmã ficaria mal com tudo, e claro faria o maior barraco. — ela move a cabeça concordando.

— Seria a terceira guerra, com certeza.

— E tudo isso por causa de que? — completo.

— De uma vagabunda, sem vergonha e sem noção. — ela fala me encarando. — Não me olhe assim, não sou criança, lembra?— eu tento segurar o riso.

— Então ajude a sua tia a fazer o que precisa ser feito, assim eu consigo que Jasmim se imponha e você que aquela mulher seja colocada no lugar dela, sem trazer problemas para Izabel e Jamal.

— Você é bom em convencer as pessoas. — ela se vira de frente para mim. — Tudo bem, eu faço isso. — sorrio e aperto sua mão quando ela me estende. — Eu não iria falar para ela mesmo, mas ia puxar a orelha do tigrão. — dou risada.

— Isso você ainda pode fazer. — então um sorriso surge em seu rosto. — O trato é só não falar para sua irmã.

— Vou ajudar tia Jas. — com isso ela sai correndo em direção a casa.

Me apoio na cerca e olho para o cavalo que está sendo adestrado. A comparação chega ser irônica.

Depois de trocar Aysha e de ter certeza que ela estava bem amamentada, sai do quarto e fui atrás do meu marido que falou algo e nem dei atenção a ele. Encontro com Zayn que está conversando com Almir, perto da entrada. Ele estende a mão para que eu e aproxime de onde estão.

— Jasmim. — Almir fala comigo assim que me aproximo deles. — Tudo bem? — ele pergunta gentil.

— Claro que ela está bem. — Zayn responde. — Ela está comigo, como não estaria bem. — ele fala fazendo meu antigo patrão revirar os olhos e rir.

— Estou bem sim. — respondo me sentindo estranha em estar no meio dos dois assim.

— Fico feliz em saber, mas não encha tanto a bola dele, Zayn já era chato antes, agora está ficando insuportável. — ele e Zayn trocam socos e risadas antes de meu marido estender o braço pegando Aysha.

— Como não ficar insuportável quando se tem uma princesa como essa? — ambos a olham e Almir se afasta.

— Realmente, minha futura nora é linda. — ele bate no ombro de Zayn que fala alguns palavrões enquanto o amigo se afasta rindo, com as mãos no bolso. — Maktub amigo, maktub.

— Ele estava brincando. — falo me aproximando dele, e me apoiando em seu braço.

— Não estava não. — ele fala meio emburrado.

— Tia vamos colocar aquela vagabunda no lugar dela? — Melissa surge ao meu lado com uma euforia que me assusta.

— Que linguajar é esse? — a repreendo, ela revira os olhos.

— Vamos ter uma conversa civilizada com aquela donzela desavisada, desavisada. — ela diz com uma voz mole, não fazendo muito caso. — Melhorou? — olho para Zayn que ri.

— Não ria. — o repreendo, e volto a encarar Melissa. — E como você sabe? — ela olha para Zayn e eu também o olho.

— Eu falei que isso não vai dar certo. — ela fala para ele.

— Você contou a ela?— pergunto a ele que me encara.

— Você realmente acreditou que ela não havia escutado nada?— ele fica surpreso. — Sua inocência ás vezes me assusta, Jasmim. — ele muda a posição que segura Aysha. — Eu só pedi a ela que não falasse nada a irmã, porque você iria resolver. — olho para Melissa, que concorda.

— Vamos logo tia, ela está na cozinha, assim depois já te mostro como eu faço o bolo. — olho para Zayn que dá de ombros.

— Izabel ainda está na piscina, se quiser eu posso falar com ela. — ele diz se virando em direção a área de lazer. Melissa começa a me puxar pela mão e eu encaro Zayn, me sinto esgotada.

— Ok! — eu falo um pouco mais alto. — Mas sou eu quem vai falar com ela, entendeu? — aponto o dedo para Melissa, que concorda rapidamente.

Olho para Zayn que somente pisca para mim. Eu respiro fundo e saio em direção a tarefa que parece ter um peso enorme em minhas mãos. Acompanho uma Melissa serelepe e empolgada ao meu lado, confesso que estou me sentindo mal.

A casa é enorme e encontro diversos funcionários pelo caminho, e assim que entro na cozinha a vejo conversando num canto com outra moça. Ela parece alheia a tudo, e sorri feliz.

— Ali está ela tia. — Melissa fala me cutucando. — Olha só toda feliz, de certo ta pensando no que vai ter do tigrão. Vaca! — ela fala e eu a puxo.

— Olhe as palavras. — volto a repreender.

— Depende, se ela morasse na índia seria um elogio, segundo a Bel. — acabo rindo, mas sei que é de nervoso. E nossa conversa atrai a atenção da tal moça. — Lá a vaca é sagrada, ou algo assim. — ela continua.

— Eu sei. — falo e noto que a moça se aproxima de onde estamos.

— Estão precisando de alguma coisa? — ela pergunta toda solicita, e eu me sinto horrível.

— Sim, ter um particular com vossa senhoria. — puxo a orelha de Melissa. — Aí, eu falei bonitinho.

— Você sente-se aqui, enquanto eu converso com... — olho para a moça que nos encara.

— Shoar.

— Podemos conversar, Shoar? — pergunto e ela confirma.

Sigo ela até a o outro lado da cozinha onde tem uma mesinha com três cadeiras, me sento e ela fica de pé a minha frente.

— Pode se sentar. — ela faz o que peço e olho para Melissa que faz um sinal de dois dedos nos olhos, como se dissesse: eu to de olho.

— Em que posso ajudar você? — a forma como ela se refere a minha pessoa não me incomodou até hoje, mas agora incomoda. Lembro das palavras de Zayn: ela se sente íntima de você, por você ser irmão dele.

— Senhora. — falo pegando fôlego.

— Como? — ela fica sem entender.

— Se refira a mim como senhora. — ela compreende e abaixa a cabeça.

— Sim senhora, me desculpe.

— Eu não gostei da forma como você se portou com meu irmão mais cedo na minha presença, ele é casado se você não sabe.

— Eu sei, mas isso nunca impediu os homens de... — ela não termina. — A senhora sabe. — eu nego.

— Não, eu não sei, mas não quero saber. — respiro fundo. — Como eu disse ele é casado, e a esposa dele está aqui, por isso vou pedir ao seu superior para lhe dar dois dias de folga. — ela fica apreensiva.

— Não há necessidade. Eu...

— Eu decido o que é necessário, e eu pensei bastante, será o melhor. — ela novamente abaixa a cabeça, e eu me sinto mal. — Não estou gostando do que estou fazendo, mas sei que gostaria menos ainda se algo chegasse aos ouvidos da minha cunhada. — penso que seria até mesmo perigoso para ela se Izabel soubesse.

— Eu entendo. Peço desculpas pelo que fiz. — me levanto e ela faz o mesmo.

— Desculpas aceitas, mas pense bem em sua postura na frente de outras pessoas, elas podem não ser tão boazinhas como eu estou sendo. — ela concorda.

— Obrigada pela consideração. — ela respira fundo e sorri. — Ninguém nunca teve isso por mim. Eu agradeço. — meu coração se parte ao ouvir suas palavras.

— Vou falar com seu superior, mas não falarei nada que te prejudique, pode ficar tranquila.

— Eu agradeço mais uma vez. — ela se abaixa um pouco pedindo licença.

— Pode se retirar, mas não chegue mais perto do meu irmão. — ela concorda

Ela sai da cozinha no momento em que vejo Zayn entrar na com Aysha no colo. Ele encara a moça com uma ameaça velada nos olhos. Eu respiro fundo e deixo meu corpo desabar na cadeira.

— Fala sério tia, nenhuma bronca de verdade? — Melissa se senta a minha frente.

— O importante é que sua irmã não vai saber de nada. — ela faz uma careta.

— Mas teria mais emoção com certeza. — ela diz pegando um avental e se levanta amarrando ele no corpo. — Fica aí, já volto. — ela sai andando pela cozinha e Zayn me entrega Aysha.

— Caiu um braço? — ele pergunta com humor na voz.

— Não, mas me sinto estranha. — respondo e ele sorri.

— É porque você está olhando na direção errada. — ele beija minha cabeça antes de se sentar ao meu lado. — Você acaba de fazer bem a duas pessoas, fique feliz Jasmim. Se Izabel fosse resolver com certeza ela cortaria fora a mão da pobre mulher, e ficaria brigada com seu irmão. — ele passa o braço por meu ombro. — Você fez a escolha certa, estou orgulhoso de você.

— Tio, você não deu escolha a ela, é diferente. — Melissa fala ao aparecer na nossa frente. — Faço ele redondo ou retangular? — ela pergunta e eu aponto a redonda. — Certo! — ela volta a procurar algo nos armários. Noto que tem outros empregados na cozinha, agora.

— Foi melhor assim. — ele diz apertando meu ombro.

— Eu sei. — olho para ele e sorrio, porque ele está certo. 

Acho que evitei uma guerra.


Muitas pessoas ficaram decepcionadas por não ter sido a Izabel a resolver.
Calma, ainda vem muita confusão pela frente. 😉

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