CAPÍTULO 3
BOA TARDE...
Dois meses depois...
Limpando uma das muitas lágrimas que descem livremente pelo meu rosto olho mais uma vez para meu quarto e sinto uma dor no peito ao imaginar em que estou prestes a fazer.
— Espero que um dia possam me perdoar. — falo olhando para foto de Jamal com minha mãe.
Dois meses atrás quando tive a noite mais importante da minha vida, eu jamais poderia imaginar que hoje estaria indo embora as escondidas. Passo a mão em minha barriga, gesto que se tornou frequente desde que descobri que estou grávida. Sempre que sinto medo de tudo que possa acontecer a mim e meu bebê, acaricio minha barriga, num gesto em querer passar confiança e ele de que tudo vai ficar bem.
— Nunca irei deixar nada de mal acontecer a você!
Pelo menos é nisso que quero acreditar. Olho mais uma vez no relógio vendo que pela hora todos estão dormindo e sei que meu irmão irá demorar 2 horas para levantar, e como sei que ele vai sair e ficará boa parte da manhã fora. Pego somente uma pequena bolsa com algumas roupas, documentos e todo dinheiro que consegui juntar nesse tempo sem levantar suspeitas.
Eu poderia contar a verdade a alguém, mas não tenho coragem de admitir o que fiz, e em pensar em meus pais, e toda a vergonha que isso lhes trará, eu prefiro fugir. Seguro a carta que escrevi para Ayla e saio do quarto.
Sei que o que vou fazer poderia me custar o emprego, mas como estou indo embora, não faz muita diferença. Com todo o cuidado entro no quarto de alsyd e pelo silêncio estão dormindo. Evito olhar para a cama onde eles estão, e vou até um móvel perto da janela, que sei que Ayla gosta de observar a vista pela manhã, e a deixo ali.
Sentindo meu peito afundar, saio do quarto da mesma forma que entrei, sem ser notada. Respirando fundo sigo até a porta dos fundos da casa grande e vou em direção ao portão lateral, mas me assusto ao escutar uma risada. Meu coração dispara. Respiro fundo olhando para os lados e não vejo ninguém. Então continuo meu caminho. Sei que não é meu irmão e qualquer outro segurança que apareça, eu posso enrolar com qualquer desculpa. Pego a chave do portão individual e quando a coloco na fechadura percebo como minha mão treme, antes de fechar olho mais uma vez tudo, e sinto uma paz dentro de mim. Sei que o que estou fazendo é covarde, mas sei que é o melhor a ser feito no momento.
Quando viro me deparo com Zayed me encarando. Parado a minha frente com as mãos nos bolsos ele me observa.
— Está tarde para você estar aqui fora, não acha? — me pergunta abaixando a cabeça tentando me encarar.
— Eu... — as palavras me fogem e sinto minhas pernas fraquejarem. — E, o que você está fazendo aqui? — devolvo outra pergunta.
— O que eu estou fazendo aqui não é o problema Jasmim, mas encontrar você desse jeito a essa hora com uma mochila e saindo sorrateiramente dessa forma poderia dizer que você está fugindo. — ele diz sorrindo, e eu o encaro, assustada. Ele recolhe o sorriso no momento em que se dá conta. — Não, oh merda você não vai fazer isso. — sem dizer nada eu tento passar por ele de qualquer forma, mas Zayed me segura pelo braço.
— Me solta Zayed. — tento soltar meu braço. — Eu preciso ir.
— O que está acontecendo? — ele me puxa mais para perto e me esconde com seu corpo quando um carro passa na rua. — Precisa ir aonde á essa hora, e sozinha?
— Nada está acontecendo, só me deixe, por favor. — peço a ele e sem que eu consiga evitar eu começo a chorar.
— Jasmim... O que aconteceu?
— Eu preciso ir. — falo entre as lágrimas, e mais uma vez eu abraço minha barriga. — Eu só tenho que ir. — ele balança a cabeça e olha para minha barriga soltando meu braço e levando as mãos até a nuca.
— Puta que pariu. Eu não acredito nisso. — ele se afasta um passo para trás. — Ele sabe? — me pergunta num sussurro, nego com a cabeça. — Filho da puta. — ele chuta algo na calçada o que me assusta e eu aproveito para começar a caminhar até onde eu combinei com o taxi. — Jasmim volta aqui? Você tem que contar para Jamal.
— Não! — falo apertando o passo. — Eu só tenho que ir Zayed.
— E, vai para onde sua louca? Você tem para onde ir por um acaso? Ou você acha que assim que o sol raiar ninguém vai sentir sua falta? — ele volta a puxar meu braço. — Eu não vou deixar você cometer essa burrada. Já não basta ter se deitado com aquele babaca.
— Você não tem que deixar, é a minha vida nem você nem meu irmão tem que deixar alguma coisa, se bem que assim que ele souber o que fiz, não sei se ele vai se preocupar com o que vai acontecer comigo. — ele balança a cabeça negando.
— Se está falando assim é porque não conhece seu irmão. E, tem o Almir ele não deixaria nada te acontecer, nem Ayla, Izabel e eu. — olho para ele e sorrio ao pensar em todos.
— Mas não é comigo que estou preocupada. — e novamente passo as mãos em volta da minha barriga tentando proteger o que tenho de mais precioso. — Você talvez nunca entenda, talvez ninguém vá entender, mas tem algo mais importante do que eu agora, e se algo acontecer a ele eu jamais iria me perdoar.
— Mas você não precisa fazer isso, todos irão sofrer sem saber onde você está.
— Eu sei, eu também vou. Mas tenho medo que tudo isso possa causar algo ao meu bebê. Eu só quero ter meu filho em paz, e depois eu volto, mas não quero correr o risco de perder meu bebê. — ele esfrega o rosto e anda de um lado para o outro.
— Isso é loucura!
— Eu não posso ficar, meu pai arrumou um pretendente, a vergonha será pior do que, o que eu e qualquer um possa sentir com minha falta, será somente até ele nascer.
— É só até a criança nascer? — ele me pergunta pegando o celular.
— Sim, eu pretendo voltar depois disso. — ele levanta o dedo para que eu pare de falar e liga para alguém.
— Samir? É Zayed. — ele me olha e balança a cabeça em negativa. — Sabe um daqueles favores que você está me devendo? Vou precisar de um deles agora.
Vinte minutos depois eu estou entrando em um carro com Zayed, mas com um endereço totalmente diferente do que eu imaginava.
— Você sabe que seu irmão vai me matar quando souber, não sabe? — sorrio ao ouvir o que ele fala. Seguro sua mão quando ele coloca minha bolsa no banco ao meu lado.
— Eu não tenho como te agradecer. — ele sorri de maneira fraca.
— Eu não poderia deixar algo assim acontecer de novo. — fico um tempo olhando para ele sem entender o porque dele falar de "algo assim de novo" — Bom, mas vamos logo não temos muito tempo.
— Eu posso pegar um taxi. — ele fecha a porta dando a volta e assim que toma a direção e nega com a cabeça.
— Seria uma testemunha, um aperto do teu irmão, e ele falaria tudo. Seria uma questão de horas para saberem seu paradeiro. — ele me olha e liga o carro.
— Obrigada.
— Só se cuide.
Foi a única coisa que Zayed me pediu antes de eu trocar de carro junto com Samir e ele voltar para a mansão. Não posso negar que ainda na companhia dele tudo parecia ser mais fácil. Agora não sei ao certo o que fazer.
— Não vou perguntar nada, como o que te fez tomar essa atitude. — Samir fala ao pararmos em frente a um enorme portão. — Estou somente fazendo um favor a um amigo. Mas quero que saiba que aqui você pode ficar a vontade. — olho para ele e sorrio em forma de agradecimento.
— Obrigada.
— Você vai ficar com minha mãe, ela sempre ajuda quem precisa e você ficará mais a vontade, e sem levantar muitas suspeitas.
Algumas horas depois...
— Só faltam esses documentos serem analisados e assinados e posso enviar para Istambul. — olho para a pasta que meu assessor coloca em cima da mesa.
— Esses são Almir que tem que analisar. — falo colocando ela de lado.
— Eu sei, mas ele não veio a empresa hoje e sua secretária não consegue falar com ele. — ele explica dando de ombros. — Só falta a assinatura dele.
— Vou ligar para ele e te falo. — ele concorda e sai. Pego meu telefone e ligo para Almir que pede para que eu leve até ele alegando não poder vir. Almir não explica os motivos, mas como o negócio é importante fico de levar a ele.
Quando saio da minha sala aviso que ficarei ausente pela parte da manhã, pretendo discutir alguns pontos com Almir sobre essa transação. No caminho até a sua casa recebo uma ligação de Samira que espera ansiosa para nosso jantar. Bom seria melhor destacar jantar dela, já que eu sou somente seu passaporte.
Assim que chego a casa de Almir noto uma grande movimentação de seguranças, o que me deixa apreensivo. Mas assim que entro o vejo na sala conversando com algumas pessoas. O clima entre todos está tenso, vou até Almir.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto ao ver meu amigo com um semblante preocupado.
— Pelo que parece, Jasmim fugiu.
— A irmã de seu segurança? — ele concorda. — Não quero tomar seu tempo, mas se pudermos resolver isso logo eu resolvo tudo na empresa hoje.
— Claro. — vamos até um canto e começamos a conversar.
Entre nossa conversa, recebo uma ligação de um dos acionistas e Almir vai ver o que Ayla quer com ele, e quando menos espero estou no meio de uma conversa sem pé nem cabeça, sobre eu ter alguma coisa haver com a fuga da moça. Já estou começando a rir de tudo quando recebo um soco inesperado de Jamal.
— Mas que merda é essa? – falo ao sentir sangue no canto da minha boca.
— O que você fez com minha irmã? – Jamal pergunta enquanto Almir e Zayed o seguram para que não venha para cima de mim novamente. – Eu mato você, se você encostou um dedo nela.
— Vocês só podem estar loucos. – respondo sem entender nada do que está acontecendo. – Eu nunca nem sequer olhei para sua irmã, isso só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto. – me abaixo para pegar as folhas dos documentos que estavam em minhas mãos e que agora estão espalhadas no chão. – De onde vocês tiraram essa ideia maluca?
— Izabel disse que ela possa ter ido até seu quarto para conversarem no aniversário em Milão. – Almir fala nitidamente nervoso. – Não adianta ficar assim temos que resolver a situação.
— Resolver a situação? – Jamal cospe as palavras. — Eu quero quebrar a cara desse safado, se você se aproveitou da minha irmã, pode se considerar um homem morto. — olho para ele.
— Eu nunca sequer conversei com sua irmã Jamal, quem dirá ter tocado nela. – esfrego meu rosto sem saber o que dizer. – Tem como alguém me explicar o que realmente está acontecendo? Se sua irmã fugiu por algo assim, eu não tenho nada haver com isso. – vou até a janela tentando lembrar de alguma coisa. – E outra mesmo que ela tivesse ido ao meu quarto para conversar sei lá o que, eu não receberia sua irmã lá. E, eu não tenho o que conversar com sua irmã.
— Você não, mas ela tinha, ou tem vai saber. – escuto Izabel retrucar. – Você nunca a enxergou, ela vivia suspirando pelos cantos quando você estava por aqui, ela sonhava acordada só em ouvir seu nome ser pronunciado, e você cego como sempre nunca a notou. – a encaro.
— Bel. – Ayla a chama. – Talvez não seja um bom momento.
— Ayla momento melhor que esse, pro cegueta ali saber, não existirá. – ela fala cruzando os braços. Cego, eu? – E porque estão todos me olhando assim?
— Mesmo assim existe uma distância muito grande em ela sentir qualquer coisa por mim, a eu ter tido algo com ela, isso é ridículo. – falo ficando nervoso com o rumo dessa conversa. – Tenho uma honra a zelar, não sou o tipo de homem que ilude ninguém muito menos para obter sexo! – acabo falando exaltado. – E como você tem tanta certeza que ela foi ao meu quarto? Ela não teria como entrar. – procuro lembrar da tal noite em questão.
— Usando a chave. – Izabel responde, e a sensação que tenho é que se eu pudesse matar ela agora eu faria.
— Eu não dei uma chave a ela. – respondo lembrando que dei a chave a dançarina.
— Não, mas deu aquela dançarina peituda de Milão.
— E o que uma coisa tem haver com a outra? – Jamal pergunta encarando Izabel.
— Eu peguei da dançarina e dei a... – ela começa a responder normalmente, mas se cala antes de terminar a frase. – Dei a Jasmim.
Ela deu a chave a Jasmim?
Todos ficam em silêncio ao ouvir o que Izabel fala. Inclusive, eu.
— Salaam aleikum. – Mustafá entra na sala, mas estou tentando lembrar de alguma coisa daquela noite, o que parece ser algo impossível.
— IZABEEELL... – Jamal acha outra vitima para seu surto. – Eu te mato.
— Vai com calma, tigrão.
Eles começam a discutir o que não ajuda em nada, fico nervoso comigo mesmo pela falta de memória. Mas que merda! Bato a mão na mesa. Pela confusão entre Izabel e Jamal todos parecem ter esquecido de mim, até meu olhar encontrar com de Ayla. Um olhar aflito, e pelo seu gesto de passar a mão na barriga, não parece estar bem. Tenho que manter a calma, tudo isso só pode ser um engano.
— Zayn afinal ela esteve em seu quarto aquele noite? – Ayla me pergunta, e vejo a esperança refletida em seu olhar.
— Eu não sei, não tenho lembranças daquela noite. – por fim admito.
— Muito conveniente para você não é mesmo? – Jamal fala voltando sua raiva para mim novamente, mas não vou ser humilhado por ele sem saber ao certo o que aconteceu. – Como não pode lembrar?
— Escuta aqui. – dou dois passos em sua direção, mostrando que não tenho medo. – Eu estou sendo atacado e insultado desde que aqui cheguei, nunca olhei para sua irmã com segundas intenções ou dei algo a entender a ela, estou tendo minha honra jogada no chão e para mim chega! — olho para todos. — Sim esteve naquela noite uma mulher na minha cama, se era sua irmã, que entrou no meu quarto sem eu saber? Não tenho ideia só ela vai poder tirar essa dúvida, eu não estava esperando ela, e sim a dançarina que eu mesmo havia dado uma chave do meu quarto.
— Que por sinal era horrorosa! – Izabel volta a falar com desdém.
— Bel! – Ayla a repreende.
— Só estou falando a verdade, a puritana é mil vezes mais bonita, mas como nosso amigo ali é cego nunca viu. – eu me aproximo dela a, observando.
— Se eu nunca reparei nela como você faz tanta questão em destacar, primeiro era por saber para quem ela trabalhava e de quem ela era irmã. – respondo calmo. – Temos alguns princípios diferentes dos seus, mocinha. – ela revira os olhos. – Mas isso deve ser algo muito difícil para você entender não é mesmo?
— Blá bla bla o mesmo bla bla bla de sempre. – ela fica de pé me encarando. – Sabe qual é o problemas de vocês? Julgam, mas não gostam de serem julgados. Você está todo nervoso porque teve sua honra arranhada por uma suposta situação, porque na verdade certeza ninguém tem, já que você não se lembra de nada, não é mesmo?
— Alguém tem que achar essa moça e desfazer essa confusão. – Mustafá fala sentando ao lado da irmã.
— O que você está fazendo aqui afinal? – Jamal pergunta como se só agora se desse, conta da sua presença.
— Eu o chamei. – Ayla explica. – Quando eu fui seqüestrada foi graças a ele que chegaram até mim, e toda ajuda é bem vinda, quero que achem logo a Jasmim. – ela novamente esfrega a barriga.
— Você está bem? – Mustafá pergunta chamando a atenção de Almir que se aproxima.
— Você não deveria estar aqui, vamos subir.
— Primeiro quero saber como tudo vai ficar. – ela responde se negando a sair da sala. – Eu estou bem, somente ansiosa com tudo, e tensa, não gosto de saber que ela está sozinha e indefesa por aí.
— Pelo que vejo, ela não é tão indefesa assim. – comento chamando a atenção de Izabel.
— Não ouse falar um nada dela, de mim pode falar não ligo mesmo e não me preocupo com a opinião de gente como você, mas dela não admito, você não é digno dela sabia? Não sei o que ela viu em você até hoje. — mais uma vez recebo acusações e ofensas.
— Já chega! – Almir fala alto. – Vamos parar de fazer suposições em cima do que não sabemos, Jamal faça o que tiver que fazer para encontrar Jasmim, você tem carta branca. – falando isso ele me olha. – Zayn deixe que cuidarei das reuniões, tire o tempo que precisar, coloque a cabeça em ordem. — acabo rindo com o que escuto.
— Não tenho nada para colocar em ordem. – respondo sem conseguir esconder o desagrado de ter passado por isso. – Que achem logo ela, e desfaçam esse mal entendido. – nesse momento tenho uma vaga lembrança da mulher pedir para a luz ficar apagada, a mancha de sangue, a mudança de comportamento entre a dançarina e a moça que esteve no meu quarto. Eu não acredito. Balanço a cabeça em negativa. Isso não pode ser verdade. Olho para Almir e os outros que me encaram. – Estarei na empresa. — falo ao pegar as pastas em cima da mesa e sair de lá o mais rápido possível.
Não fui para a empresa como disse que faria, e também não me importei com isso. Sem saber o que pensar e fazer evitei todos os lugares que eu poderia encontrar com alguém, e fiquei por horas rodando de carro pela cidade até que no fim da tarde, segui para o deserto. Soube por mensagem que o filho de Almir havia nascido, nem com isso consegui mudar meu humor.
Ainda dentro do carro parado em frente ao lugar que sempre foi meu ponto de refugio quando criança eu penso na ultima conversa que tive com meu pai dias atrás.
— Zayn eu sei que esse casamento te fará muito feliz. — encaro meu pai que está sentado a minha frente, e vejo como ele está feliz com a situação. Esse casamento é valioso para ele, e seus negócios. — Não se engane com essas bobagens de sentimentos, o que importa para a felicidade de um homem é ter o poder em suas mãos, e não quem está em sua cama.
— É assim que o senhor pensa em todas as vezes que olha para minha mãe? — pergunto enquanto encaro a folha com todos os dados da moça ao qual ele quer que eu case.
— Eu amo sua mãe se é o que quer saber, mas nem sempre foi assim. Com esse casamento iremos juntar as duas famílias mais promissoras da cidade nos tornando uma só. — tudo para ele sempre está relacionado a poder e conquistas. — E, eu fiz um trato com você, lhe dei tempo para encontrar alguém, mas você não fez. Então eu decido. — coloco a folha na mesa me lembrando do nosso acordo.
— Está certo, por mim tudo bem.
Meu celular não para de tocar, então resolvo desligar e o deixar no banco, saio e vou até o alto da duna. Sentado olhando o deserto penso em tudo que Izabel falou.
"Você nunca a enxergou, ela vivia suspirando pelos cantos quando você estava por aqui, ela sonhava acordada só em ouvir seu nome ser pronunciado, e você cego como sempre nunca a notou"
Procuro lembrar das vezes que estive com ela, mas não consigo me lembrar de uma única vez em que eu tenha passado algo para que ela pudesse entender errado, e muito menos que ela possa ter me dado a entender, que sentia algo por mim.
Sempre a tratei com o maior respeito possível, sabendo que ela era irmã de Jamal e como eu poderia ter estragado seu futuro caso tivesse feito algo como Izabel questiona. No entanto agora minha vida vira de cabeça para baixo, com isso sendo jogado em cima de mim, e nem ao menos certeza do que aconteceu eu tenho.
Escuto o barulho de carro se aproximando e ao olhar para o lado vejo que se trata de Almir.
— Faz tempo que não nos encontramos aqui. – ele diz, e eu continuo olhando o por do sol.
— E como está seu filho? – depois de um tempo em silencio pergunto sobre seu filho. – Deveria estar com eles.
— Ele e Ayla estão bem. – sinto seu aperto em meu ombro, o que me trás uma angustia. – Agora estou onde preciso estar. – viro olhando em seus olhos, e não consigo falar nada. – Vamos desfazer esse mal entendido, logo ela aparece. — diz confiante, mas eu sei que não é tudo tão fácil assim.
— Eu sei que era ela. – vejo que ele se surpreende com minha afirmação. – Na hora da discussão eu não compreendi, estava nervoso com as acusações, mas agora relembrando algumas coisas como ela querer a luz apagada, a mancha de sangue o fato dela não estar quando acordei. – esfrego meu rosto me dando conta que fui enganado por uma menina. – Mas que merda! Eu não acredito que isso está acontecendo justo agora.
— Justo agora? – Almir me pergunta sem entender minha colocação, mas não vou falar nada por enquanto.
— Esqueça isso. – falo virando para frente e voltando a olhar o horizonte. – Cadê sua sombra? — pergunto de Jamal, já que não o vi quando chegou.
— Está procurando a irmã. – movo a cabeça em concordância.
— Porque você acha que ela fugiu? — pergunto tentado entender o que levaria ela a ter fugido, já que poderia ter ficado naquela manhã e eu seria obrigado a assumir.
— Fui pego tão de surpresa quanto você, mas se tudo isso que foi falado for verdade, que vocês... – ele se cala ao notar meu olhar. – Eu creio que seja porque a família dela havia me pedido dispensa, para que ela se casasse. – continuo impassível com o que escuto. – Na carta mesmo ela diz que não teria coragem de olhar para a família.
— Deveria ter pensado antes. – falo me levantando e indo em direção ao carro.
— Eu prometi a Ayla que faria de tudo para encontrá-la. – paro ao ouvir suas palavras. – E que nada aconteceria a ela quando voltar. – o encaro sem entender o porque disso agora.
— Porque está me dizendo isso? É alguma indireta? – destravo o carro querendo mais uma vez ficar sozinho.
— Você me conhece, não sou de mandar indiretas Zayn, sei que está confuso e angustiado por estar sendo acusado de algo que não sabe e muito menos planejou.
— Não sou homem de fugir de minhas responsabilidades Almir, e você sabe disso, nem quando sou obrigado a isso! – mas uma vez ele se aproxima apertando meu ombro.
— Eu sei disso, só falei o que vou fazer, não estou te acusando de nada, sou seu amigo. — quando ele fala amigo, a angustia cresce em meu peito e não sei porque então resolvo entrar no carro e baixo o vidro.
— Me mantenha informado. – digo antes de ligar o carro e sair dali querendo ficar sozinho.
[***]
— Você está longe hoje. — olho para minha irmã quando escuto seu comentário pela terceira vez.
— Hoje não estou sendo boa companhia nem para mim. — olho para o prato de comida que nem sequer me lembro de ter pedido.
— Tudo isso só porque papai está negociando seu casamento? — ela sorri. — Você sabia que isso iria acontecer, não sei porque ficar jururu assim.
— Não é por isso. — falo pegando o celular e olhando as mensagens se já descobriram alguma coisa.
— E, é o que então? Já perdi as contas de quantas vezes você olhou esse celular desde que chegamos aqui. Nem no seu preto de comida você tocou. — encaro minha irmã.
— Você consegue manter segredo? — ela larga os talheres de forma dramática, e com uma falsa ofensa estampada em seu rosto olha para os lados. Me arrependo de ter feito a pergunta.
— Eu nem vou me dar ao trabalho de te responder. — ela apóia a cabeça nas mãos e me encara. — Deixe-me ver, você conheceu alguém e está arrependido de ter aceitado o compromisso com Hanna?
— Fui acusado de algo hoje e isso está me tirando a paz.
— Mas afinal você fez o que estão te acusando? — não respondo porque da mesma maneira como mais cedo, eu não tinha certeza. — Não importa o que falam ou acusam, tem que ter provas que você fez.
— Eu não lembro, mas tudo indica que sim. — ela me encara pensativa.
— Estamos falando de um negocio mal feito ou de mulher? — não respondo somente encaro a taça com água a minha frente. — Ok! Estamos falando de mulher. Temos alguns pontos a resolver, isso vai atrapalhar seu futuro casamento?
— Eu não sei, a moça em questão fugiu. — ela abre a boca espantada com o que falo.
— Quem é a louca que tem nas mãos uma oportunidade com você e foge? — ela fala rindo. — Irmãozinho achava que você escolhesse melhor quem coloca em sua cama. — ela continua rindo, mas logo para ao ver que eu não estou rindo. — Mas se ela fugiu, não sei porque você está preocupado. Você deveria ficar se isso fizesse você desfazer o acordo, porque ai sim você teria um enorme problema, um do tamanho do mau humor do nosso pai.
Não falo para Samira o que está me incomodando nessa história, porque até agora nem eu mesmo consegui entender, mas com toda certeza ter sido enganado por ela é o que mais me deixa com raiva quando pensava nisso.
Aqui encerramos os tempos passado.... No próximo começamos com o reencontro e seguimos em dias atuais.... mesmo assim vale lembrar que segue os acontecimentos do outro livro, então estaremos no último capítulo de UACOD..... A ligação da Jasmim que aconteceu no epílogo, vai demorar um pouquinho a aparecer aqui, já que tivemos uma passagem de 2 meses lá.... Mas confiem em mim.... é babado dos fortes kkkk
Mas tudo ao seu tempo....
Tem gente me pedindo encarecidamente que deixe Izabel dar uma surra na Samira. Não vai rolar, infelizmente.... Vc se sentiria com a alma lavada se a surra viesse da Bel?
Eu?
NÃO.... então aguardem e preparem a pipoca para quando isso acontecer, como disse tudo ao seu tempo. Minha florzinha, é uma pessoa maravilhosa e amorosa ao extremo, como EU!! (NÃO VALE DAR RISADA)
Mas não mexam com meus filhos!
Dica dada com sucesso.... bjos até mais....
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