CAPÍTULO 29
BOA NOITE!
Dica do dia: há males que vem para o bem...
BOA LEITURA!
Eu sentia meu peito rasgando por ver Jasmim assim. Fechei meus olhos e a abracei, queria que ela pudesse sentir através dele tudo o que eu não poderia colocar em palavras, além de não saber quando faria isso novamente. Só em pensar no que viria no dia seguinte, no que ela iria sentir, eu queria voltar atrás, mas não podia.
— Você vai ter que confiar em mim Jasmim, independente do que aconteça, do que falem. — o que falei fez ela se afastar e me olhar com os olhos cheios de lágrimas.
— Porque você está falando isso? — me perguntou e eu não poderia falar.
— Porque as pessoas podem ser cruéis quando querem. — ela ficou me olhando sem entender, mas meu telefone voltou a tocar e tirou minha atenção. Eu precisava atender.
— Desculpa pelo que fiz, eu só não queria trazer mais problema para você. — falou passando as mãos no rosto.
— Você não me trás problemas Jasmim. — falei passando a mão na cabeça. Meu telefone que tinha parado voltou a tocar. — Eu preciso resolver... — ela olhou para telefone.
— Eu vou tomar banho. — disse rápido. — Se precisar estarei em meu quarto. — concordei e ela saiu. Peguei o telefone e enquanto atendia, fui até a porta e a tranquei. Se eu olhasse para ela mais uma vez, perderia a coragem.
— Pronto.
Pela manhã quando levantei ainda estava escuro, e enquanto eu me trocava vi a caixa de veludo onde estava o restante das jóias que havia comprado para Jasmim. Quando as encomendei não tinha a ideia que iria levá-la ao evento de ontem.
Mas ela estava linda e deslumbrante. Do jeito que eu precisava que ela estivesse. Peguei a caixa e antes de sair fui até seu quarto. Elas estavam dormindo. Tirei mais uma foto e deixei a caixa na mesinha. Recebi uma mensagem e sabia que chegou a hora de ir.
Assim que entrei no carro que me esperava, senti uma pontada de dor e arrependimento de ter concordado com tudo isso.
— Bom dia. — ela falou toda feliz, e eu nem sequer consegui olhar para ela. — Está se sentindo mal pelo que está fazendo?
— Não quero conversar. — fui ríspido.
— As vezes ajuda. — ela falou e eu a encarei.
— Estou fazendo o que me pediu, então vê se cala a boca, porque conversar é a última coisa que quero fazer. — Hanna ficou assustada pela forma como falei com ela. Foda-se também. Não iria pedir desculpas. Fechei os olhos, e pedi a allah que esses dias passassem o mais rápido possível.
Por mais que eu quisesse me convencer que estava tudo bem, eu não conseguia sentir isso dentro de mim. Eu estava aliviada que Zayn não iria me afastar de Aysha e acreditava que independente do que estivesse por vir, eu agüentaria.
Eu agüentaria qualquer coisa que não fosse ficar sem minha filha, nem a frieza com que ele estava me tratando. Ele passou a noite distante, mas eu continuei acreditando que seria por causa do trabalho. Quando sai do seu quarto fechando a porta, fui até o berço, somente para conferir como Aysha estava e segui para o closet, quando voltei a me olhar no espelho eu fiquei mais uma vez admirada comigo mesma. Tirando a maquiagem que estava borrada, eu estava linda de verdade.
Tomei um banho, Lia me trouxe um lanche para comer antes de dormir, e conversamos um pouco sobre o evento. E depois que ela saiu, eu ainda sentia dentro de mim uma inquietude, e não sabia dizer o motivo.
Eu queria acreditar que seria somente a ansiedade pela mudança. Para onde nós iríamos? Mas assim que acordei vi que eu estava pior. Sentia uma angustia grande. Cuidei de Aysha no automático, e quando eu desci para falar com Lia, foi que meu coração parou.
Eu não sabia como seria a mudança, mas ao encontrar meu irmão a minha espera eu comecei a entender tudo. Lia abaixou a cabeça quando cheguei na sala, e ela não conseguiu disfarçar o choro.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei não querendo acreditar no que realmente era.
— Jasmim. — ele se aproximou e me abraçou.
— Não, não pode ser. — falei sentindo meu peito apertar. — Eu...
— Vá pegar suas coisas. — ele falou ao meu ouvido. — Leve somente o necessário. Eu mando buscar tudo depois. — eu já estava chorando. — Não chore, vai ficar tudo bem, eu estou aqui. — ele falou tentando me segurar, mas eu me afastei.
— Porque ele está fazendo isso? — perguntei sem entender. Meu irmão balançou a cabeça, mas não disse nada.
Olhei para Lia que chorava baixinho, olhei em volta e agradeci que não tinha mais ninguém para presenciar essa humilhação em estar sendo devolvida a minha família. Enxuguei o rosto, e subi para buscar minha filha. Agora que sabia o que estava de fato acontecendo, peguei o que realmente iria precisar e dali não queria nada. Olhei mais uma vez para o vestido pendurado no closet e saí deixando a caixinha com as jóias em cima da cama dele.
Quando cheguei a sala novamente com Aysha em meus braços e a serva que me ajudava com as malas que fiz, Samira apareceu, e por incrível que pareça, ela olhava sem acreditar no que estava acontecendo.
— Eu não acredito. — ela olhou as malas, para Jamal que estava ao telefone e quando olhou para mim novamente sorriu. — Meu irmão voltou a ter juízo. — ela bateu palmas. — Já não era hora de colocar você para fora dessa casa. O exame de DNA saiu, foi isso não foi? Eu sabia. — ela ria com vontade, e eu não tive tempo de falar nada, Jamal passou por mim e a agarrou pelo pescoço a encostando na parede.
— Cala a sua boca. — Samira começou a gritar, Lia pedia para que ele a soltasse. E, eu? Bom, eu dei a volta pela confusão e sai com minha filha nos braços no momento em o pai de Zayn apareceu. Deveria ser por causa dos gritos de Samira. Mas antes de chegar a porta da rua, pude ouvir quando Jamal disse a Samira:
"Eu sei o que você fez"
Ouvir isso me fez parar por um momento pensando em como Zayn poderia ter descoberto que Samira havia me empurrado se eu não falei, e tenho certeza que Samira não faria essa burrada. Imagens do acidente pairavam em minha cabeça, e a única pessoa que poderia saber da verdade, seria Hanna.
Ela estava com Samira no dia em que tudo aconteceu, e ver seu desespero me deixou confusa. Até cheguei a pensar que ela pudesse gostar de mim, mas pela forma como me tratou algumas vezes, era difícil saber. As vozes alteradas na sala me trouxeram de volta ao momento atual e sai daquela casa.
Ao chegar lado de fora, senti a mão de Jamal em meu ombro ele me ajudou a entrar no carro e quando olhei mais uma vez para a casa não senti nada além de um vazio no peito. Jamal entrou no carro e abaixou a cabeça por um momento.
— Para onde nós vamos? — perguntei e ele respirou fundo me olhando.
— Para casa. — ele olhou para o outro carro onde estavam os outros seguranças que guardavam as malas. — Vamos sair logo daqui.
Abracei Aysha que dormia tranquilamente em meus braços, e fechei os olhos. Não queria chorar, não queria ficar pensando no que estava acontecendo. Ele iria conversar comigo, eu sei. Não sabia o motivo para que ele pudesse estar fazendo isso comigo, e com Aysha, mas não queria acreditar que ele queria nós duas foras de sua vida.
Eu não sei quanto tempo fiquei assim, mas quando levantei a cabeça estávamos em uma região que eu não conhecia. Era bem afastado da cidade. Jamal parou o carro em frente a um enorme portão, e apertou um controle e quando o portão se abriu lentamente eu vi uma das casas mais lindas.
O jardim que rodeava a mansão era enorme, e haviam muitas pessoas trabalhando nele. Jamal parou o carro na porta de entrada, e eu o olhei.
— Quem mora aqui? — ele me olhou e sorriu.
— A partir de agora você. — eu fiquei sem palavras. Voltei a olhar tudo enquanto ele descia e abria minha porta. — Me de ela, assim fica melhor. — ele pegou Aysha e eu desci. Assim que coloquei os pés fora do carro a porta da frente foi aberta e a pessoa que eu menos esperava, apareceu.
— Mãe? — olhei para Jamal sem entender nada, e vi que ele estava sorrindo.
— Filha! — minha mãe veio ao meu encontro e eu corri até seus braços. Eu não consegui mais conter as lágrimas, quando ela me abraçou.
Ficamos assim por alguns minutos, então entramos. Sentada no sofá e ainda abraçada a minha mãe, vi um homem que não conhecia se aproximar. Ele não me era estranho, mas não lembrava dele. Ele ficou me analisando por um tempo antes de falar.
— Eu preciso que você assine alguns documentos. — falou diretamente comigo. — Sou Farid, advogado de Zayn. — ele apontou para um corredor e Jamal me acompanhou enquanto minha mãe ficou com Aysha.
— Que documentos são esses? — perguntei olhando as várias folhas, que estavam em cima da mesa da sala de jantar. Eu estava tão nervosa com tudo que não conseguia me concentrar em nada, mas o luxo de toda a casa não passava desapercebido por meus olhos.
— Esse é o da casa. — ele mostrou uma pasta. — A casa está em seu nome, como algumas outras coisas. — voltei a olhar para o ambiente.
— A casa é minha então? — o advogado concordou.
— Esses são para dar entrada na documentação de Aysha. — ele me empurrou outra pasta, e eu tentava ler e entender qualquer coisa. Ele empurrou outro. — Este é um contrato de casamento. — olhei para ele, e então para Jamal que estava com a mandíbula travada.
— Contrato de casamento? — perguntei sem entender.
— Sim, eu preciso dar entrada nos documentos de Aysha e para isso preciso de um contrato de casamento onde Zayn reconhece você como esposa e Aysha como filha. — eu continuei parada sem entender o porque de tudo aquilo.
— E ele não vai assinar? — olhei a parte dele estava em branco.
— Irei pegar a assinatura dele depois, ele precisou viajar. — olhei para o papel e notei como minhas mãos tremiam.
— Jasmim. — Jamal veio até meu lado, e respirando fundo me entregou a caneta.
— Porque de tudo isso? — Jamal me abraçou.
- Esse contrato te faz tecnicamente esposa dele. - olhei para o advogado que me encarava.
— Porque eu sinto que isso seja uma despedida? - perguntei a meu irmão.
— Porque talvez eu ainda esteja cogitando a possibilidade em deixar você tecnicamente viúva antes mesmo de estar casada. — acabei rindo com o que ele falou, mas então ele me afastou e olhou em meus olhos. — Você não precisa assinar se não quiser.
— Ela precisa assinar. —o advogado falou e meu irmão encarou.
— Se ela não quiser quem vai obrigá-la? Você? — meu irmão engrossou a voz. Ele estava com raiva e não conseguia esconder. O advogado esfregou o a nuca e me olhou.
— Nesse contrato de casamento Zayn reconhece você como primeira esposa e lhe concede a guarda total de Aysha. — quando ele falou essa segunda parte, eu peguei a caneta e assinei.
Eu teria a guarda total da minha filha, e era o que me importava.
E enquanto eu assinava todas as outras folhas eu lembrei do que ele havia me falado no quarto.
"Você vai ter que confiar em mim"
Só não assinei o contrato da casa, esse eu entreguei as folhas em branco. O advogado me olhou, mas não questionou. Jamal sorriu, e eu voltei para sala onde estava minha filha. Depois que o tal advogado foi embora, minha mãe foi para cozinha preparar alguma coisa para comer, e eu fui conhecer a casa com Aysha. Ela estava no carrinho. Comecei a circular pelo andar de baixo, e os ambientes eram espaçosos.
Mas eu parei quando encontrei uma sala, mais reservada onde não havia tantos moveis e nem tantos objetos decorativos, mas para mim era o mais lindo. Uma das paredes era toda de vidro, dando uma visão do jardim dos fundos.
— É lindo! — falei.
— A casa toda é linda minha filha, parece um verdadeiro palácio. — minha mãe apareceu ao meu lado com uma xícara. — Tome um chá, estou terminando a comida.
— Obrigada. — tomei um pouco e senti aquele sabor que só as mães sabem deixar. — Como está o papai? — ela olhou Aysha, e balançou a cabeça em negativa.
— Ele está bem. — falou por fim.
— Mas não quer saber de mim? — perguntei esperançosa. Ela negou. — Para mim foi uma surpresa encontrar a senhora aqui, achei que ele não deixaria a senhora vir.
— Mas ele não deixou. — olhei para ela espantada. — Alsyd Zayn o procurou alguns dias atrás, mas ele nem o quis receber, então alsyd Almir apareceu com seu irmão e o convenceram de me deixar a trabalhar nessa casa.
— Trabalhar?
— Sim, seu pai acha que eu estou trabalhando para alsyd Almir. — ela abaixou a cabeça. — Ele também acha que essa casa é dele, e não sua. — eu sabia que era possível que ele nunca me perdoasse.
— Eu não sei nem o que pensar. — ela me abraçou pelo ombro.
— Ele queria alguém de confiança cuidando de você. — sorri ao ouvir isso, mas não foi um sorriso que chegou aos olhos. — Agora venha, você vai me contar tudo e eu vou cuidar de você e da minha netinha. — a alegria contida em sua voz sim me fez sorrir de verdade. — Ela é tão linda, mas não se parece nem um pouco com você.
— Se parece sim. — falei sabendo que não era verdade.
Eu sei da ansiedade e voltarei assim que possível... bjos
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro