CAPÍTULO 19
BOA NOITE...
Olha vcs no final desse capítulo kkkk
Enquanto tomava banho pensei em tudo que Almir havia me falado hoje, durante nossa conversa. O que eu não conseguia entender era a ligação dessa mulher que é a mãe de Zayed com meu pai. Eu iria procurar minha mãe e tentar arrancar qualquer informação dela, por mais que ela fugisse do assunto, eu daria um jeito.
Quando sai do banheiro fiz o que havia prometido a mim mesmo todas ás vezes em que chegasse em casa, deixaria esses assuntos de lado. Depois de me trocar segui para o quarto de Aysha, mas ele estava vazio. A porta de acesso ao quarto de Jasmim estava fechada. Pensei em voltar, mas um chorinho me fez abrir a porta, e assim que entrei vi Aysha deitada ao lado de Jasmim na cama. Jasmim parecia estar dormindo enquanto Aysha começava a se remexer. Dei a volta na cama e antes que ela chorasse de novo eu a peguei no colo.
Eu não tinha a menor pratica em pegar bebês no colo, mas o fato dela estar sempre bem enroladinha, parecendo um pacotinho facilitou. Um pouco desajeitado, mas com firmeza, pequei a colocando da mesma forma como já havia observado Lia fazendo.
- Sua mamãe está dormindo. - falei baixinho ajeitando-a melhor em meu peito e comecei a andar pelo quarto. - Vai ter que se contentar comigo por enquanto. - ela resmungou novamente, e acabei rindo. - Para com isso, sei que podemos ficar alguns minutos sozinhos, não podemos? - fui em direção a uma poltrona no canto do quarto e sentei ajeitando ela em minhas pernas.
Bastou balançar um pouco as pernas para que seus olhinhos curiosos fechassem. Fiquei um bom tempo ali sentado com ela em meu colo, observando Jasmim que dormia tranquilamente. Mesmo que eu havia dito que não pensaria em nada do que soube hoje, foi inevitável quando olhei para ela. Lembrei sobre Zayed ser irmão de Almir. E eu acreditava que ela não sabia disso, já que pelo que Almir falou ninguém, além de Ibrahim e James sabia dessa historia, agora eu.
A cada dia que passava, eu acreditava mais no que Jasmim dizia. Ela é uma pessoa muito fácil de se ler, apesar de ser uma verdadeira ostra quando se trata de seus pensamentos, ela não conseguia esconder as reações. Sobre Aysha ser minha filha eu não tinha dúvidas, conhecendo Jasmim como eu vinha conhecendo, era quase como uma missão impossível ela ter feito tudo isso de caso pensado e ainda mais sendo movida pelo dinheiro, até hoje ela não mexeu em nenhum centavo da conta que abri em seu nome. Ela realmente agiu pela emoção, pelo sentimento que diz sentir por mim.
Ela não reclamava de nada, não questionava nada, tudo estava sempre bom e isso ás vezes me incomodava. Ela se contentava com tão pouco.
O pouco que eu estava dando, para ela estava bom. Eu tinha plena consciência que não estava dando nada além de assistência, que qualquer pessoa poderia estar fazendo por ela. Me, senti mal de certa forma, ao me dar conta de tudo isso.
Desde que ela havia voltado eu não tinha me envolvido com ninguém. Respirei fundo constatando isso agora. Não havia sentido falta. Ficar observando ela enquanto dormia não era justo, nem com ela nem comigo. Eu não era cego, enxergava muito bem sua beleza e sua delicadeza, parecia tão frágil que seria fácil quebrar. Isso me trazia uma velha angustia, eu nem sequer lembrava, de como a tratei. Além de me sentir frustrado, sentia raiva. Sua beleza é natural sem forçar nada.
Quando ela sorria, seu rosto se iluminava com o brilho de um diamante. Era impossível desviar os olhos. Ela deixava transbordar o que sentia em seu íntimo. Ela era assim.
Eu gostava de sua simplicidade, desde que chegou aqui suas roupas eram as mesmas, não ostentava nada, e mesmo sabendo que ela era uma empregada de Almir, eu sabia que seus funcionários, são bem pagos. Ela poderia muito bem ter alguns luxos, se quisesse, mas ela não quer. Ela não é assim. E, foi isso que fez com que minha mãe morresse de amores.
Aysha voltou a se remexer e a resmungar um pouco mais alto, e dessa vez Jasmim acordou e se assustou ao passar a mão ao seu lado e não encontrar a filha.
- Calma. - falei em voz baixa, para não assustar Aysha. - Ela já estava resmungando antes e você não acordou. - ela sorriu e ficou sem graça quando me notou. Isso sempre acontecia.
- Eu não ouvi. - Jasmim justificou sentando-se na cama, arrumou os cabelos. Levantei com cuidado e levei Aysha até ela. - Como mamãe não acordou? - sorri. Eu gostava muito desse carinho que ela tinha pela filha.
- A mamãe dela deveria estar muito cansada. - falei cruzando os braços.
- Um pouco. - Aysha começou a ficar inquieta quando Jasmim a segurou no colo, perto do seio. - Calma meu amor.
Me, afastei dando privacidade a ela para amamentar. Voltei a sentar na poltrona e estiquei meus pés em um puff. Ela conversava com Aysha como se a pequena entendesse tudo. Eu ria quando ela mesma respondia em uma voz mais fina e enrolada.
- Está vendo. - ela falou olhando para Aysha e brincado com sua pequena mãozinha. - Seu papai fica rindo, porque deve estar achando que sou louca, mas eu não sou não é mesmo? Fala pra ele fala. - ela me olhou sorrindo e por mais que fosse engraçado o que ela estava fazendo, e eu estivesse feliz em presenciar a cena, rir não era especificamente a vontade que tive nesse momento. - Seu papai está sério, deve estar pensando em trabalho. - ela abaixou a cabeça, voltando sua atenção a Aysha.
Engoli em seco, afastando as ideias que passaram em minha cabeça. Ela continuou brincando com nossa filha. Nossa filha. Eu sentia meu peito inflar quando me referia a ela como nossa ou minha filha. A porta foi aberta e Lia entrou junto com mais uma serva.
- Fui ao seu quarto e como não estava imaginei que estivesse aqui. - elas colocaram na mesa ao meu lado as duas bandejas de comida. O cheiro delicioso da comida fez minha boca salivar. - Seu pai chegou, vai descer? - tirei minha atenção que até então tinha voltado a Jasmim.
- Não, falo com ele amanhã. - ela concordou. - Ela já mamou? - a outra moça saiu do quarto fechando a porta. Lia se aproximou de Jasmim.
- Sim.
- Então me de ela aqui que eu cuido dessa princesinha, e vá comer enquanto está quentinho. - Jasmim entregou Aysha a Lia, e se levantou indo em direção ao banheiro.
Observei a forma como Lia a colocava em pé apoiada em seu ombro, eu já tinha visto isso, era para a pequena arrotar, e não se engasgar com o leite. Jasmim voltou do banheiro e sentou-se ao meu lado e também ficou olhando para as duas.
- Prontinho. - Lia comentou rindo de algo. - Agora vamos ver essa fralda. - ela se encaminhou para o quarto de Aysha.
Jasmim começou a se servir, eu deveria estar fazendo o mesmo, mas minha fome agora não era de alimento e sim de informação. Ainda sentado da mesma forma que estava peguei um pedaço de pepino da salada com a mão e coloquei na boca.
Conhecendo Jasmim como eu já conhecia, era melhor esperar ela comer ao menos, para depois perguntar o que eu queria saber. Se não era bem possível ela se engasgar com a comida. Uma música conhecida por mim soava baixinho do quarto ao lado.
Ela sorriu ao escutar.
- Lia ama essa música. - comentou olhando de forma discreta para mim.
- É uma que ela cantava para mim quando criança. - comentei reconhecendo a melodia. - Eu gostava bastante, me deixava calmo.
- Que lindo da parte dela. - falou sorrindo, e seu sorriso realmente era algo lindo de se observar. - Talvez essa sua calma hoje seja por conta disso. - ela comentou. Eu dei de ombros.
- Pode ser. - ela terminou de comer e olhou para meu prato intocado.
- Está preocupado? - perguntou com preocupação na voz. - Nem tocou na comida. - olhei para meu prato. Tirei as pernas do puff e sentando direito e de frente para ela pensei no que estava me deixando curioso.
- Não. - neguei. - Curioso talvez seja a palavra certa.
- Com o que? - perguntou pegando o copo de suco.
- Como eu tratei você naquela noite? - fui direto ao ponto da minha súbita curiosidade. Jasmim que tomava suco cuspiu tudo e começou a tossir se engasgando.
Não fiquei surpresa por me deparar com Zayn no quarto, ele estava vindo com frequencia, a surpresa estava em ele estar com Aysha no colo. Não consegui esconder a felicidade em que essa simples cena me causava. Ele continuou no quarto enquanto eu amamentava, eu brincava com Aysha e notava que vez ou outra ele sorria achando graça. Eu gostava de ver ele sorrindo. Seu sorriso era algo que sempre gostei, me passava paz, e desde que cheguei aqui quase não vejo isso. Então não me importo em estar parecendo uma palhaça por estar falando em vozes diferentes.
Mas num certo momento vi que seu semblante mudou. Algo tinha acontecido, talvez algo do trabalho estivesse roubando sua mente. Continuei a brincar com Aysha e quando eu já estava pronta para apoiá-la em meu corpo para que arrotasse, Lia que tinha chegado com a comida se ofereceu.
Entreguei Aysha a Lia e ao levantar notei que Zayn tinha sua atenção em Lia e Aysha, e parecia estar com os pensamentos longe. Suspirei lamentando por ele de certa forma não estar mais aqui. Ele estava, mas era o mesmo que não estar, a uma semana estávamos conversando mais, ele tinha uma verdadeira curiosidade pela filha, e isso me enchia de alegria.
Antes de sair do banheiro resolvi passar só um pouquinho do meu perfume nas mãos e esfreguei nos cabelos que estavam soltos, eu costuma os deixar sempre presos, mas como tinha lavado e não pretendia sair do quarto estavam soltos.
Passei os dedos entre os fios arrumando e notei que precisava cortá-los nas pontas, iria ver isso essa semana. Ao sair do banheiro notei que Zayn não tinha tocado na comida ainda. Eu sabia que tinha algo que o estava deixando assim, só não sabia o que era.
Sentei e comecei a comer, ele pegou somente um pedaço de pepino da salada. Momentos depois uma musica soava do quarto de Aysha. Lia cantarolava junto com a cantora, eu sorri.
- Lia ama essa música. - comentei tentando trazer seus pensamentos de volta entre nós.
- É uma que ela cantava para mim quando criança. - ele comentou olhando para a direção da melodia. - Eu gostava bastante, me deixava calmo.
- Que lindo da parte dela. - sorri ao falar, e ao imaginar o carinho pelo qual ele foi envolvido quando criança. - Talvez essa sua calma hoje seja por conta disso. - conclui observando o fato dele, ser calmo para resolver tudo. Zayn deu de ombros.
- Pode ser. - ele concordou dando de ombros. Olhei para seu prato.
- Está preocupado? - perguntei ficando preocupada com ele. - Nem tocou na comida. - ele olhou para o prato, tirou as pernas de onde as apoiavas, sentando de frente para mim.
- Não. - negou. - Curioso talvez seja a palavra certa. - então foi minha vez de ficar curiosa.
- Com o que? - perguntei tomando um pouco de suco, eu já estava satisfeita.
- Como eu tratei você naquela noite? - quando ouvi sua pergunta, o suco embolou em minha garganta me fazendo engasgar.
Por Allah não acredito!
Comecei a tossir igual uma condenada. Zayn levantou vindo para meu lado, eu queria dizer que não precisava, que eu estava bem, mas nem eu tinha essa certeza. Ele segurou em meu braço, me colocando de pé, se colocou ao meu lado e senti sua mão me dar leves tapas nas costas. Depois de alguns tapas senti o ar voltar as meus pulmões.
Quando consegui levar um pouco de ar para meus pulmões, respirei tão fundo que quando olhei para Zayn, senti minha garganta fechar, mas pela intensidade que via em seus olhos. Minha respiração ficou acelerada.
Eu precisava dizer alguma coisa.
Engoli em seco.
- Obrigada. - falei em apenas um sussurro. Sua mão que ainda estava no meio de minhas costas, subiu até perto da minha nuca, e um arrepio eriçou todo meu corpo ao sentir o toque em minha pele.
- Isso não é justo. - passou a ponta dos dedos por meus cabelos.
- O que? - perguntei.
- Você lembrar e eu não. - eu via furor em seus olhos e não sabia entender se era pela forma como eu estava vendo a situação. Desejo, ou fúria por não lembrar e ainda ter resquício de magoa do que fiz. - Fico confuso com o que sinto em relação a você Jasmim. - virei de frente para ele, sentindo meus braços trêmulos.
- Você foi perfeito. - falei engolindo em seco. Ele expirou profundamente e balançou a cabeça em negativa. Um barulho atrás de nós me fez virar antes que Lia entrasse no quarto.
- Essa princesinha já está trocada e prontinha para... - ela parou de falar quando olhou para nós. - Desculpe. - disse e abaixou a cabeça. Me, afastei dele e fui em direção a ela.
- Venha com a mamãe. - procurei agir naturalmente. - Não se desculpe. - falei baixo e sorri. - A comida estava uma delicia, obrigada. - ela sorriu de forma cúmplice para mim.
- Se me derem licença vou tirar as coisas, e se precisar de mais alguma coisa é só chamar. - ela acariciou os cabelinhos de Aysha e foi fazer o que falou.
Zayn passou por mim e seguiu para seu quarto. Respirei fundo e quando fui até a cama vi que Lia sorria para mim. Eu ri junto sabendo que mesmo que nada tivesse acontecido dava a entender que iria ou era tudo coisa da minha cabeça? Eu sentia meu rosto ardendo de vergonha.
Depois que Lia saiu, eu fiquei com Aysha até que ela dormisse. Andei com ela pelo quarto cantarolando uma música de ninar e com os pensamentos, longe. Não precisava de muito para que eles ganhassem asas, quando o assunto era Zayn.
Algo tinha acontecido eu sentia. Ele estava mais aberto a entender o que me levou a fazer o que fiz. Por um segundo a imagem de Hanna me veio a mente. Lembrei do seu desespero no dia do meu acidente, eu não sabia o que pensar a seu respeito.
Ela sempre esteve ao lado de Samira quando a mesma me humilhava na frente de outras pessoas ou sem platéia, ela nunca falou nada, além de suas perguntas sobre meu envolvimento com Zayn.
Ela tinha ciúmes, e eu a compreendia. Fui para o quarto de Aysha e a coloquei no berço. Olhei para a porta que dava acesso ao quarto dele. Olhei para Aysha que dormia tranquilamente e decidi que não seria o momento de pensar em Hanna e no que ela sentia.
Sai do quarto e fui em direção a cozinha, eu sabia que ele não havia comido nada no jantar, tirando um pedaço de pepino. Na cozinha ainda tinha uma das moças que ajudam Lia nos serviços da casa, conversei algumas poucas palavras com ela enquanto preparava um lanche. E depois de colocar um pouco de suco de lima num copo, pegar o prato do lanche, subi de volta para meu quarto.
Eu tinha um plano na minha cabeça, onde parte era preparar esse lanche, porque sabia que Zayn estaria com fome, e a outra parte se dava em bater na porta do quarto dele e entregar a ele.
A primeira parte foi fácil, mas a segunda não parecia ser. A cada passo que eu dava em direção a porta de seu quarto eu sentia o ar faltar, as batidas do meu coração, acelerar. Apoiei o prato no braço em que eu segurava o copo, e bati duas vezes.
Nada.
Bati novamente e nada.
Ele deveria ter dormido. Voltei e entrei em meu quarto, pensando que eu poderia usar a porta que ligava seu quarto ao de Aysha e deixar o lanche para quando acordasse, e seria isso que eu faria.
E aí quais são as apostas para próximo capítulo?
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