CAPÍTULO 14
Eu falei que não falaria muito nesse livro e que não ligaria muito sobre o que falassem.. eu tento, juro que tento, mas é difícil... eu respeito as diferentes opiniões sobre tudo, mas há algumas coisas que eu vejo e me deixam sei lá, nem sei como denominar...
As histórias são diferentes, primeiro ponto... Almir tinha um jeito de lidar com tudo, ele era o dono da porra toda como vcs mesmo falam, mas vale lembrar que estamos falando de uma cultura onde existe uma submissão arraigada em origens milenares, a mulher ela é submissa ao homem, o homem é submisso aos mais velhos de sua família, a palavra deles vira lei... Almir era a lei de sua casa, ou seja família, Zayn não, ele deve obediência ao pai vcs gostando ou não, porque é assim que deve ser. Ele vai ter seu momento de libertação, tudo ao seu tempo, desde o início eu falo que as histórias são diferentes, a forma como Almir e Ayla se envolveram era primeiramente o desejo e atração seja física, sexual seja o que for, o que aqui já não é.
Ah porque a Jasmim é trouxa de aguentar tudo isso, deveria ir morar com o irmão ou as amigas, certo é o que vocês gostariam, mas já se colocaram no lugar dela para tentar entender suas ações? vale também lembrar que não é o amor que ela tem ao Zayn que a está fazendo aguentar o que ela está passando, que nem é tanto no meu ver, não para a cultura abordada, e sim o amor pela filha que a está fazendo agir assim, se ela optar por sair daquela casa é ciente que perde a filha, porque lá o direito é do pai e isso nem entra em discussão. E um outro fator tbm, a fé, pela sua fé, pela sua crença ela deve ser submissa.
Temos dois personagens que vivem seus dilemas e dramas, e vão achar entre tudo isso o que mais anseiam e necessitam, proteção, libertação e amor, o mais puro e sincero amor.
Nós estamos falando de ficção, mas os personagens tem que ter atitudes e pensamentos que condizem com o contexto apresentado. Se vocês esperam que Jasmim vire uma Izabel, vcs vão se decepcionar, ela vai alcançar tudo o que sempre sonhou e desejou, mas do jeitinho dela.
✌
Mal coloquei os pés dentro de casa, e meu pai me chamou no escritório. Ele havia feito a viagem que tinha arrumado para mim e eu não fui, e isso tinha deixado o clima entre nós bem pesado. Se é que era possível ficar pior do que já estava.
Sentei e escutei tudo o que ele falou, alertei sobre o que achava que não daria certo. Nossa conversa, não era como de um pai e filho. Lembro das conversas que Almir tinha com seu pai, havia um sentimento envolvido, por mais que decisões difíceis fossem tomadas, era diferente. Aqui era como um chefe falando com seu funcionário.
Não tinha percebido isso até o momento. A frieza com que ele trata de tudo, não é somente de um homem de pulso forte tomando decisões para seus negócios. Eu tomava decisões assim muitas vezes, mas isso não me impedia de sentir pelo que aconteceria. Mas meu pai pareia não se importar com nada além dele mesmo.
Talvez nunca tivesse notado isso antes, porque eu nunca estive no olho do furacão como agora, porque eu sabia que em algum momento ele iria se voltar para meu lado. Minha mãe havia me dito de como ele está inconformado em relação a Jasmim.
Eu já tinha percebido que ela era de certa forma um assunto delicado para ele, para não dizer atormentador. Mas por quê? O que ela fazia com que ele lembrasse?
Eu tinha que descobrir.
— Então ficamos assim. — me levanto encerrando a conversa, já que por milagre conseguimos conversar e não discutir.
— O que você decidiu sobre a moça? — sua pergunta me fez parar no lugar.
Eu não queria falar sobre isso com ele, mas me mostrar arredio e até mesmo contrário ao que ele queria, não me ajudaria a entender o que de fato acontecia. Eu tinha que jogar seu jogo. E para isso dar certo, eu teria que pelo menos em teoria realizar suas vontades.
— Como eu disse antes pai, vou esperar a criança nascer, e fazer um teste de DNA. — ele concordou. — Depois eu vejo, agora estou mais envolvido com noivado. — menti e pelo seu sorriso ele acreditou. Era assim que eu iria descobrir as coisas, quando eu era "obediente" ele se sentia a vontade.
— Isso mesmo meu filho, esqueça essas coisas que sentimentos, que só levam o homem a destruição. — seu sorriso sumiu e a voz ficou mais amarga que o de costume. Seus olhos perderam o foco, talvez em lembranças.
— Porque destruição? — ele me encarou e balançou a cabeça como se dissipasse os pensamentos. — O senhor parece muito feliz com tudo que conquistou no decorrer da vida. — fui sincero no que disse, se algo aconteceu foi no passado.
— Porque soube tomar as decisões certas, isso fez toda a diferença. Mas não se engane achando que no inicio foi fácil. Eu quase caí. — lembro de como minha mãe fica sempre que o passado deles é mencionado.
— Isso tem haver com minha mãe? — ele riu e fechou seu computador.
— Sua mãe foi minha salvação, assim como Hanna está sendo a sua. — o passado deles tinha muito mais a revelar do que eu sequer pude imaginar, achando que seriam coisas banais de casais. — Assim que essa criança nascer eu quero ela fora dessa casa, entendeu? — o mesmo incomodo que senti quando vi a foto de Jasmim na tela do computador de Issac voltou. Respirei fundo engolindo em seco o nó que se formou em minha garganta, caso contrário não conseguiria responder o que ele queria ouvir e precisava ouvir da minha boca.
— Sim eu entendi, irei fazer isso. — dizer isso não só trouxe a ele uma satisfação notória, mas de repulsa da minha parte.
Senti nojo de mim mesmo quando essas palavras saíram da minha boca.
Ele falou mais algumas coisas relacionadas a trabalho e eu nem sequer ouvi, e tão logo eu pude sai do escritório, indo para o meu quarto. Precisava falar com Jasmim, mas antes eu precisava de um banho e tirar essa coisa ruim que toda essa conversa trouxe sobre mim.
Lia sentiu minha falta, e veio me ver. Eu não disse nada a ela do que acabei ouvindo sem querer, e não diria nada a ninguém. Em uma coisa Zayn tinha razão, a culpa era minha. Eu criei tudo isso em minha cabeça, e vivi sonhando por uma coisa que jamais deveria ter acontecido.
Senti um chute na barriga e ri. Ela era o único motivo de eu conseguir rir. Olhei para a mesa, onde Lia havia deixado a comida. Eu não iria chorar mais, isso já estava decidido. Toda a dor e sofrimento que senti até aqui era culpa minha por ter sonhado com algo impossível todos esses anos. Ninguém tinha culpa pelo que estava acontecendo, além de mim mesma.
Mas também não iria ficar me martirizando por isso, eu só tinha que saber me proteger desse sentimento que me fazia sofrer. Ouvir Zayn concordando com o pai fez algo se quebrar dentro de mim, qualquer expectativa que senti achando que um dia eu poderia de fato viver o que sempre sonhei.
Eu tinha que esquecer e enterrar isso o quanto antes. Ele estava noivo e seguia tudo como tinha que ser. Seria somente eu e minha filha. Eu precisava pensar direito no que fazer e, agora faltando duas semanas para ela nascer, seria loucura pensar em fugir. Mas depois quando menos esperassem todos se veriam livres de mim.
Batidas na porta me fizeram olhar em direção da mesma, sentindo uma preguiça de levantar.
— Entre. — falei me sentando na cama.
Zayn entrou, e parece que meu coração ainda não tinha recebido a informação que acabei de processar no cérebro, em esquecer o que sentia. Porque ele começou a bater mais forte.
— Boa noite. — falou fechando a porta.
— Boa noite. — respondi tendo que forçar a voz, porque quando as palavras saíram de minha boca, a vontade que eu tinha era de chorar vendo ele aqui depois de ouvir o que ele disse ao pai. Mas engoli essa vontade.
— Não desceu para jantar. — comentou indo até a mesa e olhando a comida que estava intocada. — Aconteceu alguma coisa, Jasmim? — perguntou pegando a cadeira que sempre costumava se sentar quando vinha aqui conversar sobre alguma coisa. — Não comeu nada.
— Acho que é indisposição comum da gravidez. — falei sem muito interesse em prolongar a conversa. Ele sentou e me olhou por tempo demais sem falar nada. — Depois eu como, quando tiver vontade. — justifiquei querendo quebrar o silêncio.
— Eu te trouxe isso. — abriu a mão e mostrou um pen drive. — Aqui estão os arquivos que foram salvos do seu antigo computador.
— Nem precisava se preocupar, eu não tinha muita coisa, além de fotos e alguns filmes.
— Bom mais agora tem algo que talvez você vá querer olhar. — fiquei sem entender.
Ele sorriu. Aquele bendito sorriso que me fazia aquecer até nos dias mais frios. Acabei sorrindo junto, já curiosa em saber o que ele queria dizer. Eu era mesmo uma boba.
— Como assim? — perguntei.
— Onde está seu computador? — apontei para o sofá onde eu o tinha deixado da última vez que usei para bisbilhotar a internet.
Zayn se levantou e quando pegou o notebook fez algo que me deixou surpresa e apreensiva ao mesmo tempo, sentou-se ao meu lado na cama. Ele conseguia agir de forma tão natural, enquanto eu era um verdadeiro desastre ambulante quando se tratava dele.
Sentado ao meu lado, eu senti mais uma vez seu cheiro e fechei os olhos apreciando.
— Seria interessante você ficar de olhos abertos, já que a intenção é que veja o que tem aqui. — não consegui segurar o riso. E quando olhei para ele vi que também ria. — Você é engraçada as vezes Jasmim.
— Devo parecer uma boba eu sei. — falei gostando de estar assim com ele, deixei de lado o que estava pensando antes dele entrar, não que tivesse mudado de ideia, mas eu poderia aproveitar até lá.
— Boba não, eu só tenho que me esforçar para adivinhar o que se passa com você, já que você não fala. — sorri e não falei nada. Ele mostrou a tela para que eu colocasse a senha. Foi o que fiz.
Ele voltou sua atenção para o computador e eu me aproximei mais na intenção de ver seja lá o que fosse. E quando ele abriu o ícone de reproduzir vídeo meu coração disparou mais do que já estava.
Logo a tela foi invadida pela imagem mais linda que eu poderia imaginar. Um vídeo com imagens 3D de um bebê se movendo dentro da barriga, fez tudo o que eu estava guardando dentro de mim explodir pelo simples fato de imaginar ser dela.
— É ela? — perguntei mesmo sabendo a resposta, algo me dizia que era minha filha.
— Sim. A médica havia me enviado, e eu tinha esquecido de lhe mostrar.
Não dei mais atenção a ele, nem me importei em me debruçar sobre ele para poder passar a ponta do dedo sobre a imagem dos dedinhos da mão onde ela tentava sugar. Já não conseguia enxergar mais nada, as lágrimas eram tantas que turvaram meus olhos, impedindo de enxergar qualquer coisa a minha frente.
Não me importei em chorar na frente dele, não o motivo sendo ela. Minha filha era tudo o que eu tinha de mais precioso. Então deixei o choro sair livremente, até que a imagem foi afastada quando ele tirou o computador de cima das pernas, coloquei as mãos no meu rosto tampando, e senti seus braços me envolvendo.
Eu só queria tirar de dentro do mim tudo de ruim que eu estava sentindo. Zayn não falou nada, só me evolveu em seus braços, me apoiando em seu peito, afagando minhas costas.
Eu não sabia o que sentir. Eu estava uma verdadeira bagunça. Então fiquei ali, chorando enquanto tinha lágrimas, depois de um tempo já não tinha mais, só sentia um cansaço profundo.
Nunca imaginei que essa seria a reação dela ao ver as imagens. Agora me sentia até mesmo culpado por ter feito ela chorar. Jasmim tinha um sério problema em comunicação, ela guardava as coisas mais para si, e isso me preocupava. Achei que hoje ela estaria mais leve já que teve a visita de Ayla.
Eu não fazia ideia o tempo que já tinha passado, mas ela estava ressonando baixinho em meu peito. Acho que eu só não dormi também, porque estava com a cabeça cheia, pensando em coisas que meu pai falou. O engraçado era que aqui com ela, eu conseguia pensar na vida, coisa que não conseguia fazer se não estivesse trancado no quarto. Na empresa eu agia como um robô.
E aqui enquanto acariciava suas costas, senti o perfume em seus cabelos. Era o mesmo perfume que ainda tinha no véu, só que mais forte. Fechei os olhos por um momento buscando alguma lembrança, mas nada além do cheiro e algumas poucas palavras.
Me, movi devagar a ajeitando melhor, e assim podendo olhar para ela. E o rosto que eu achava bonito estava novamente borrado de maquiagem. Talvez eu não devesse me aproveitar de ficar olhando para ela enquanto dormia, mas acordada era difícil ela me encarar. Na maior parte das vezes só quando estava muito brava.
Ri de forma maldosa, eu gostava de deixar ela brava ás vezes. Como quando eu insistia para que ela usasse as palavras invés de gestos. Aí ela falava até demais, literalmente soltava os cachorros, mas era necessário.
Também gostava de ver quando ela ficava com vergonha, o que era muito comum de acontecer, bastava ela notar que era alvo do meu olhar que o rubor começava a surgir colorindo seu rosto. Desci meus olhos para sua barriga, e me veio a lembrança de algo que Almir havia perguntado.
— Já sentiu ela, mexer?
Bom não seria nada demais, não é mesmo?
Estiquei a mão e de leve encostei, em sua barriga. Deixei ali por um tempo e nada. Talvez eu devesse fazer isso quando ela estivesse acordada. Ouvi a porta sendo aberta.
Lia entrou e se surpreendeu com a cena. Eu ri ao ver sua cara de assustada, provavelmente não esperava me encontrar aqui, ainda mais deitado com ela na cama.
— Pegue mais dois travesseiros. — pedi quando ela se aproximou, então ela foi ao closet voltando com eles.
— O que aconteceu? — ela perguntou preocupada, enquanto eu saia de baixo de Jasmim e encaixava um dos travesseiros para ela não acordar. Quando estava de pé ao seu lado, senti meu braço queimar, amortecido.
— A culpa dessa vez foi minha. — falei esfregando o braço. Lia já me encarava com cara de brava. — Calma. — levantei as mãos em defesa. — Mostrei a ela o vídeo do ultrassom que a médica enviou. Não imaginei que a reação dela fosse essa. — tentava entender o porque de todo choro.
— Ah meu menino! Ela anda muito ansiosa pelo nascimento, só fala nisso o dia todo, tadinha. — Lia a cobriu com uma manta, enquanto eu observava como ela estava dormindo, serena. — Mas tenho certeza que ela amou, ver a filhinha de vocês.
— Mulheres são complicadas demais. — respondi bocejando e coçando a nuca. Sentindo o sono chegar. Mais um pouco eu teria dormido aqui mesmo.
— Pode até ser, mas que vocês homens não ajudam em nada isso não ajudam. — ri de seu comentário e a abracei pelos ombros quando saiamos do quarto.
— Você não pode fala isso, não casou. — ela me abraça pela cintura e ri.
— E, você acha que não quis casar porque? — ela bateu em minha barriga e eu ri. — Vá descansar, eu vou guardar umas coisas e depois volto para ver como ela está. — beijei sua cabeça.
— Obrigado Lia. Vou mesmo, estou precisando.
— Ainda bem que jantou, já que sua cozinheira particular não vai dar o ar da graça. — sorri ao lembrar, dos meus encontros quase trágicos com Jasmim na cozinha.
— Sem nenhuma tragédia por hoje. — falei virando e seguindo para meu quarto. — Boa noite Lia.
— Boa noite meu menino.
Entrei em meu quarto sentindo uma paz interior que a tempos não sentia.
Paz que durou uma noite. Porque na manhã seguinte, a discussão não era entre mim e meu pai, era entre ele e minha mãe. Ta aí uma coisa que eu ainda não tinha visto.
Vocês mulheres são muito complicadas
Era o que eu tinha escutado ele falar para Lia antes de saírem do quarto. Sim, eu estava acordada. Acordei quando senti Zayn passar a mão em minha barriga. Respirei fundo e virei para o outro lado quando escutei a porta fechar.
Eu quase acreditei que ele realmente estava pensando em mim, mas o que ele falou para o pai, ainda martelava em minha cabeça. Eu não sabia mais em quem acreditar e confiar. Deixei o sono vir e procurei descansar, tinha que pensar no que fazer.
Na manha seguinte soube por Lia que os pais de Zayn haviam discutido, nem procurei saber de nada, não queria mais me envolver com nada sobre eles, eu estava cansada. Olhei para a bolsa que eu tinha arrumado com a ajuda de Lia, para levar para a maternidade quando chegasse a hora. Eu estava focada em ter minha filha.
Eu me sentia estranha, e não entendia o porque. Não era somente pelo que ouvi Zayn falando para o pai, doeu ouvir aquilo, mas eu estava cansada demais de tudo. Então fiquei os dias seguintes na minha pequena bolha que se resumia no quarto que eu ocupava. Zayn veio algumas vezes até aqui, perguntava desconfiado se estava tudo bem. Ele notou que algo tinha acontecido, mas eu não falei nada.
Já haviam se passado três dias desde o dia em que ele tinha me mostrado o vídeo do ultrassom, e, eu já tinha perdido as contas de quantas vezes eu tinha visto aquelas imagens, já tinha cada pequeno detalhe gravado na mente.
A ansiedade estava cada vez maior, e a cada dia que passava o dia de ter ela em meus braços estava mais perto. Mas essa manhã tinha algo errado, eu só tinha vontade de chorar, eu tinha tido um sonho conturbado, um pesadelo na verdade. O que me deixou pior do que já estava.
Sonhei que alguém a tirava de mim.
Sai do quarto para andar um pouco pelo jardim, isso ajudaria a me distrair. Estar em meio as flores e sentir seus perfumes me acalmavam. Mas eu deveria ter prestado mais atenção quando encontrei com elas. Eu só me dei conta do erro quando senti o tranco faltando quatro degraus da escada para descer.
O pânico tomou conta do meu ser ao sentir a dor da queda.
Eu tentava entender o que havia acontecido, mas a dor era insuportável demais para eu conseguir sequer pensar.
O que aconteceu?
Lágrimas desciam por meu rosto sem controle algum, sentia minhas mãos e pernas dormentes, não conseguia me mover direito. Tudo doía.
Por allah a dor era tão intensa que eu não conseguia distinguir as vozes ao meu redor. De repente minha consciência foi voltando, e o pânico junto com o desespero foi me dominando.
Essa dor.
Meu bebê.
Não!
Mesmo com a vista embaçada eu tentava olhar tudo a minha volta, lembrando que eu estava com minha bolsa nas mãos quando desci as escadas. Eu preciso do meu celular era a única coisa que conseguia pensar. Abri e fechei meus olhos por diversas vezes, mas nada mudava. Tudo estava embaçado, turvo.
— O que você fez com ela? — não conseguia identificar de quem era essa voz, mas o que me deixou mais alarmada era o pânico contido nela. — Alguém chama uma ambulância! — a pessoa gritou.
— Eu preciso do meu telefone. — falei em meio a dor que eu sentia me rasgar, e nesse momento senti um liquido quente molhar minhas penas e costas. Eu estava no chão e não conseguia me mexer.
Eu precisava falar com Zayn.
— Calma, procura não se mexer. — sentia alguém segurando minha mão. — Liga para o Zayn, ele precisa saber.
Agora eu chorava desesperadamente, não pela dor e sim por medo. Meu bebê estava correndo risco de vida? Eu sentia minha barriga ficar dura, e nem respirar eu estava conseguindo.
— Meu Deus tem muito sangue.
Nem mesmo o barulho de vozes ao meu redor era suficiente para abafar a meus pensamentos, e desespero. Eu tentei levantar a cabeça, para ver se via alguma coisa, mas a dor aumentou, e um gemido doloroso escapou da minha boca.
— Ai!
— Minha menina o que aconteceu? — olhei para o lado de onde ouvi a voz de Lia, logo em seguida senti o calor de sua mão segurar a minha, e deixei minha cabeça cair para trás, sendo apoiada por ela.
— Onde ele está? — minha voz era um mero sussurro. — Eu preciso dele, Lia. — falei, gemendo e logo em seguida comecei a sentir uma contração forte.
— Samira está tentando falar com ele, mantenha a calma vai ficar tudo bem. — fechei meus olhos, e tentava controlar o desespero.
Não demorou, para que a ambulância chegasse. Foi uma grande correria, e quem me acompanhou foi Samira, já que Lia não saberia o que teria que fazer quando chegasse ao hospital, mas ela havia pego todos meus documentos e as bolsas que estavam no meu quarto.
O enfermeiro fazia os procedimentos necessários dentro da ambulância, mas meus olhos estavam nela, que me olhava com pena. Eu senti a dor de suas próximas palavras antes mesmo de saber a resposta da minha pergunta.
— Falou com ele? — perguntei, e Samira balançou a cabeça.
— Ele está em uma reunião importante. — ela falou com uma voz pesarosa, mas com um sorriso nos lábios. Eu senti a lágrima descer pelo canto do meu olho e se esconder entre meus cabelos. Um buraco abriu em meu peito.
Ele não vinha.
Isso doeu mais que qualquer outra dor que eu tivesse sentindo nesse momento. Não era por mim, era sim por nosso bebê.
— Eu sinto muito. — ela teve a cara de pau em dizer. Eu sei que ela não sentia nada, além de prazer em me dar a notícia de que Zayn não vinha.
Ele não se importava.
O aperto no peito causado pela dor me causou falta de ar, saber que nem mesmo nosso bebê, escapava de sua mágoa pelo que fiz, me fez virar a cabeça para o outro lado querendo maior distância possível de qualquer pessoa dessa família. Fiquei o restante do caminho encarando os aparelhos da ambulância. Eu só tinha que ser forte o suficiente, para aguentar mais um pouco, ela precisava de mim.
Seria por ela.
Logo seriamos somente, eu e meu bebê.
Hoje pela primeira vez eu desejei que ele nunca tivesse nos encontrado.
Metaaaaa.. eu nunca fiz, e não sei se farei novamente kkk mas isso é para postar 3 capítulos essa semana. Então se até quarta bater a meta, posto o 15 e na sexta o 16, se não na sexta o 15.
Combinado?
Boa sorte 🥰
Visualização: 1,5 k
Estrelas : 500
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