BÔNUS
Olá, boa noite.
Voltando aos poucos.
Meu filho já está bem melhor, então a cabeça começa a funcionar de novo 😅
Obrigada pelas mensagens e orações! ❤
Boa leitura!
Já estávamos de volta á cidade, e eu me encaminhava para o escritório. Pensava em tudo que descobri na casa de Samir durante minha estadia. Saber que Samira não era filha de minha mãe, para mim não mudava nada, ela continuava sendo minha irmã. Eu precisava falar com minha mãe e descobrir o que ela tinha a dizer sobre o que me falou. Soube que seria logo, já que ao sai do elevador a vi conversando com Issac.
— Aí está ele. — Issac falou apontando para mim. Senti um aperto no peito no momento que os olhos da minha mãe me fitaram. Eu tinha plena consciência do sofrimento que causei me afastando dela.
— Mãe. — parei ao seu lado.
— Zayn. — sua voz estava baixa. — Eu não quis incomodar...
— Vamos entrar. — cortei o que iria dizer.
— Se você estiver muito ocupado podemos deixar para depois. — ela falou sem jeito, e eu já notava a voz embargando, logo ela iria chorar.
— Venha. — peguei as sacolas de sua mão. — Issac, não me passe nada até segunda ordem.
— Ok. — ele olhou para minha mãe e sorriu. — Muito obrigado pelo presente. — então notei a caixa de embrulho em cima da sua mesa.
— É somente uma lembrancinha. — ela o respondeu.
Segui para minha sala e deixei as sacolas que ela carregava em cima de uma cadeira. Assim que ela entrou fechando a porta, notei que limpava o rosto.
— Queria falar comigo? — perguntei me apoiando na mesa.
— Você sabe que sim, e faz tempo que estou querendo isso. — apontei para os sofás, e segui para lá. — Você vem me evitando.
— Precisei do meu tempo. — falei ao me sentar. — Mas vamos conversar, afinal quero entender algumas coisas. — ela se sentou a minha frente e notei que as mãos estavam trêmulas. — Como o que a senhora me falou naquela noite antes do evento.
— Isso já faz muito tempo, eu não lembro direito como tudo aconteceu. — ela me olhou e as lágrimas caiam por seu rosto. — Guardar isso por esses anos, me fez sofrer, e forcei a mente a apagar, assim eu não me lembrava e não sofria. Mas o que eu poderia fazer? A decisão sempre foi do seu pai. — deu de ombros.
— Não tenha pressa mãe, só quero entender como meu pai foi o responsável pela morte do pai do Almir. — ela vem para perto de mim e segura em minhas mãos.
— Vou te contar o que sei, mas me prometa que não vai contar isso a ninguém, se seu pai descobrir que falei algo, não sei o que ele seria capaz de fazer, comigo. — ela começou a chorar. — Ele vai me odiar. — segurei suas mãos, fazendo ela me encarar.
Eu sabia que meu pai não era uma pessoa fácil de lidar. Quando queria algo a seu jeito ele movia céus e terras para que assim fosse. Mas eu não poderia prometer algo que não iria cumprir. Tudo iria depender do que ela me contaria.
— Só me fale, está bem? Eu preciso entender o que levou a senhora a me chantagear daquela forma. — ela limpou o rosto, respirou fundo.
— Eu comecei a perceber que seu pai estava ficando mais ausente do que de costume, mesmo tendo que fazer aquelas viagens longas, ele estava diferente, eu logo esperei que ele anunciasse que iria se casar novamente. — ela sorriu de forma amarga. — Você sabe como são os costumes, se o homem decidir, só cabe a mulher aceitar, sempre procurei ser suficiente para ele, para que isso não viesse a acontecer. — concordei. — Ele e Fauze estavam discutindo muito, coisa que eles não faziam, sempre tiveram uma amizade bonita. — ela me olha e sorri. — Assim como você e Almir. — ela voltou a abaixar a cabeça. — Ele não falava nada, mas eu sabia que algo estava acontecendo, não sabia o que fazer, eu tentava conversar com seu pai, mas ele não ouvia, parecia até mesmo enfeitiçado.
— Discutiam por causa de alguma mulher? — ela concordou. — Quem era ela?
— Alguém da empresa. Não sei ao certo. Nunca soube na verdade. — permaneci em silêncio e ela continuou. — Teve um dia em que ele não escondeu a raiva que estava sentindo, e ameaçou Fauze por telefone, disse que se ele não parasse de se meter ele seria capaz de matá-lo. — ela engoliu em seco. — Um tempo depois Fauze morreu.
— Mas isso não prova nada, foi um acidente. — falei pensando em tudo. — Ameaçar e fazer são duas coisas diferentes. — ela riu.
— No meio disso tudo, ele trouxe um bebezinho para que eu criasse. — suas palavras eram mero sussurro. — Eu sabia que era filha dele com a tal mulher. — mais lágrimas caíram de seus olhos. — Eu fiz a minha parte, cuidei como sendo minha. Na verdade a partir daquele momento Samira era minha filha, não importa se saiu de dentro de mim ou não, era a mim que ela teria como mãe. — ela me olhou e sorriu, eu não estava surpreso porque já sabia dessa parte.
— E a tal mulher?
— Soube que morreu tempos depois da morte de Fauze, e desde então esse assunto foi enterrado junto com o pai do Almir.
— Eu nem sei o que dizer. — falei respirando fundo. — Mas isso não quer dizer nada, discutir, ameaçar não quer dizer que realmente fez.
— Não era para eu ter falado nada disso, mas naquele dia eu estava com medo do que seu pai poderia fazer a Jasmim e até mesmo a Aysha, eu só queria o melhor para todos.
— Mas chantagear e acusar alguém não são os melhores caminhos mãe. — ela me abraçou. — Sua acusação foi muito séria, e se eu tivesse naquele momento falado a Almir? Imaginou o que poderia ter acontecido?
— Me perdoa meu filho, eu posso viver com qualquer remoço, mas não consigo lidar com sua indiferença. Você é meu único filho. — eu a abracei. — Eu te amo tanto.
— Eu também te amo. — eu pensava em todas as informações, e o que minha mãe disse batia com o que a mãe de Samir me falou, porque ela também não sabia de toda a história. — Samira sabe da verdade?
— Não, foi a única coisa que pedi a seu pai, que isso nunca viesse a tona. — ela se afastou. — Por isso ele não pode nem desconfiar que eu te falei alguma coisa. — concordei com ela.
— Vocês andavam discutindo tempos atrás, era sobre isso?
— A presença de Jasmim, fez ele relembrar dessa época, e acabava despertando nele algo ruim. Talvez lembranças ruins. — ela segurou meu rosto e me beijou varias vezes.
— Mas ela não tem nada haver com isso. — ela deu de ombros.
— Mas eu notei que a presença dela o fez lembrar da tal mulher. — ela voltou a me beijar no rosto.
— Mãe. — falei e tentei me afastar, mas ela não me permitiu.
— Cada beijo, é pelos dias que me deixou sofrendo. — acabei rindo. — Não faça mais isso, ficar sem falar comigo, sou capaz de me matar se souber que você pode me olhar com desprezo de novo. — a afastei e a encarei.
— Chantagem de novo dona Hadassa? — ela riu.
— Eu te amo. — ela se levantou. — Mas agora eu tenho que ir, ainda tenho algumas lembrancinhas para entregar, e depois vou passar a tarde com Jasmim e minha neta. — ela sorriu e foi até as sacolas que deixei na cadeira. — Vou deixar você trabalhar.
— Mãe? — a chamei.
— Sim.
— O que a senhora estava fazendo na empresa dias atrás? — ela me olhou sem entender. — Eu a vi, conversando com a secretária de Almir dias atrás. — ela balançou a cabeça, pegou as sacolas.
— Tenho amigos aqui meu filho, e sempre trago algumas lembranças. — ela se aproximou. — As pessoas as vezes só precisam de um pouco de carinho, e atenção. — ela puxou uma caixinha. — Trago algumas lembranças, as vezes sei que tem alguém passando por algum problema e procuro ajudar como posso. — ela me encarou. — Tem algum problema nisso?
— Não, só nunca tinha reparado. — me levantei.
— Homens não costumam reparar em muitas coisas. — ela pegou tudo e se encaminhou para saída. — Tenha um bom dia, meu filho. Nos vemos mais tarde.
— Tchau mãe. — as últimas palavras dela.
"Homens não costumam reparar em muitas coisas"
Fui até a mesa de Issac.
— Veja se Malga está atendendo hoje.
— A doutora caça dotes? — não liguei para a forma como ele se referiu a ela, apenas confirmei. — Certo, posso fazer uma pergunta?
— Essa já sendo uma, faça duas então. — ele me encarou e riu.
— É muito bom ver você de bom humor. Mas vamos a questão. — ele olhou para os lados. — Porque o súbito interesse nela? Não está pensando em aceitar alguma proposta dela, está?
— Quero saber algo que possa explicar ela ter sido convidada para o casamento de Samira. — ele começou a anotar. — Mande para mim as propostas que ela enviou de sociedade.
— Zayn, Farid estava analisando.
— Eu sei, mas mande para mim.
— Tem certeza... — eu o cortei.
— Só faça isso Issac e me mande, depois confirme se ela estará atendendo e até que horário.
— Quer que eu marque um horário, ou avise? — neguei e ele sorriu.
— A visita será surpresa.
— Ok!
Eu estava para receber minha sogra, ela havia ligado avisando que viria passar a tarde aqui. Mas estava nervosa, não com isso, mas por conta da ligação de Izabel. Ela disse que eu teria uma reunião com a pessoa que está financiando minha linha de perfume. Isso era um assunto que eu não tinha conversado com Zayn ainda, mas faria assim que ele chegasse.
Sabia que ter deixado Izabel cuidando dessa parte poderia me trazer algum problema, mas se Zayn disser que não quer que eu vá, eu não vou, simples assim. Não iria colocar nenhum obstáculo entre nós justamente agora que nós estamos bem. Muito bem para dizer a verdade. Lembrei da nossa noite na casa de Samir.
— Filha? — ouvi a voz de minha mãe, e virei. — Está tudo bem? — ela se aproximou.
Eu estava bem?
Não, eu estava ótima na verdade.
— Você está vermelha. — ela falou olhando em volta. Me, afastei indo até a janela, precisava de espaço e de ar.
— Sim, estou bem. Só estou pensando em algumas coisas, sobre os perfumes. — ela sorriu e olhou a bancada onde eu estava testando duas novas fragrâncias.
— Só vim saber se quer que eu peça para a cozinheira fazer algo diferente, já que vai receber sua sogra. — notei como a última palavra saiu em tom de desagrado.
— Você não gostar do Said, eu até entendo mãe, eu também não gosto dele, mas da senhora Hadassa, ela é um amor de pessoa. — ela se aproximou de onde eu estava e também olhou para o jardim.
— Não se deixe enganar pela beleza das flores minha filha, as vezes temos que estar muito próximo para enxergar o que realmente nos faz mal. — olhei para ela. — Os tais espinhos.
— A senhora falando assim me deixa angustiada. — ela passou a mão em meus cabelos, e beijou minha testa antes de começar a sair.
— Eu só não gosto deles. Somente isso.
Não tive muito tempo para pensar, pois eu logo fui informada da chegada da minha sogra. A tarde foi agradável, ela passou a maior parte do tempo que pode com Aysha no colo, e paparicou a neta o quanto pode.
Gostei de saber que ela e o filho conversaram, não adentrei nenhum assunto relacionado a nada que eu conversei com Zayn. Esse era um assunto entre eles, e eu não iria me intrometer. Ela me perguntou sobre os perfumes, porque Lia havia dito que amou o frasco que dei de presente a ela.
Então prometi fazer um para ela também. E era justamente nesse assunto que eu estava pensando quando notei Zayn entrando no quarto enquanto eu trocava Aysha. Pelo que vi, ele já havia tomado banho.
— Não notei que havia chegado. — falei abotoando o ultimo botão do macacão que coloquei em Aysha.
— Você estava dando banho nela, e empolgada com a música. — sorri envergonhada por ter sido alvo dele, sem perceber. — Notei que gosta de cantar.
— Não muito. — ele sorriu e brincou com o pé de Aysha, que não parava um minuto. — Sua mãe esteve aqui. — falei, e notei o sorriso fraco que ele deu. — Ela estava bem, parecia empolgada com a reconciliação de vocês.
— Eu também estou feliz, mas ainda me sinto estranho com tudo isso. — me aproximei, ficando na ponta do pé e o beijei nos lábios. Notei o momento em que sua atenção se voltou totalmente para mim. Seu olhar se tornou mais intenso.
— Quer conversar sobre isso? — ele negou me puxando pela cintura.
— Não. — ele voltou a mexer com Aysha. — Você está cada dia mais esperta, mocinha. — sorri. Eu amava ouvir a forma carinho com que ele conversava com ela.
— Eu tenho algo para conversar com você. — falei, e notei que ele me olhou de relance ainda tendo a maior atenção a filha. — Notei que você não está muito bem, mas eu tenho que falar com você hoje, porque tenho que resolver o que fazer. — agora ela se virou completamente para minha direção.
— Aconteceu alguma coisa?
— Conversei com Izabel hoje e ela me disse que terei uma reunião com a pessoa que está financiando minha linha de perfume. — ele franziu a testa não entendendo. — Nunca conversamos sobre isso, mas quando eu vim para cá, e imaginei que não ficaríamos juntos, ela me convenceu a lançar e acabei assinando um contrato com ela e Ayla, uma sociedade. — olho para ele que me observa com atenção. — Bom resumindo, era uma forma de eu me manter. — ele se endireitou.
— Você e Aysha nunca passaram necessidade a ponto de você ter que trabalhar. — notei desagrado em sua voz.
— Mas eu não sabia o que estava acontecendo, e é algo que eu gosto de fazer. — ele concordou. — Mas agora se você achar que eu não devo aceitar esse patrocínio, eu recuso. — ele ficou me encarando sem falar nada, e isso estava começando a me deixar inquieta.
— Você está pensando em recusar caso eu não concorde? — concordei.
— Sim. Isso nunca foi algo ao qual eu almejei. — ele concordou.
— Izabel não te falou quem é o tal patrocinador? — neguei. Ele riu e balançou a cabeça, pelo menos ele estava com o semblante mais leve.
— Não, eu estava sem cabeça para pensar nessas coisas aquela época, então ela cuidou de tudo. — eu acabei rindo. — Ela é meio doidinha, mas tem uma cabeça muito boa para toda essa parte.
— Sim, eu sei. — novamente ele me puxou pela cintura. — Não desista de nada. — ele falou beijando minha cabeça. — Quando você tem essa reunião?
— Amanhã. — ele riu. — Porque está rindo?
— Porque isso será interessante.
Próximo capítulo as Mustafestes de plantão irão suspirar... 😅😅
Obs: vão guardando as informações sobre essa família...logo tudo será revelado... 😉
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