Capítulo 4 A Espera
- Não aconteceu nada que você deva saber, eu pedi para ele me chamar de Nani porque era menos formal, ele me disse que Fernando quer muito reatar o casamento e você chegou, agora vamos porque eu estou cansada?
Sai arrastando Jess para fora da sala, ela parecia zangada com o advogado da concorrência.
- Você tem que tomar cuidado com esse espanhol de araque -Jess olhou bem meu rosto, como a procura de sinais - Fernando o pagou para fazer você mudar de ideia e voltar para ele, a menos que você queira fazer isso, não ouça esse advogado.
- Eu não vou voltar para aquele casamento, assim que concluir esse processo, vou voltar para a faculdade, quero ser advogada também, quero realizar meus sonhos, logo logo, Fernando arruma uma namorada muito mais bonita do que eu e vai dividir seus milhões com ela.
- Então para que esse bilhete? O que tinha nesse bilhete? Nani você não pode tomar medidas com um cara que quer deixar sua vida extremamente difícil só para que voltem.
- Eu sei - pensei nos beijos trocados a poucos minutos, eu estava excitada ainda, por mim voltava lá e o beijava mais um pouco.
- Gostei desse vestido - Jess mudou de assunto - Está certo que eu não usaria, mas ficou maravilhoso no seu corpo, aliás, o que não fica, amiga?
- Chifres, fique tranquila Jess, eu vou até o fim nesse processo de divórcio.
- Esse cara foi um canalha, Nani. Você é linda por dentro e por fora, duvido que ele encontre alguém melhor, não devia ter te tratado como só mais um buraco para o pau dele.
-Jess, eu sofri bastante quando soube, mas acho que foi mais orgulho ferido do que amor traído, nós casamos em uma espécie de conto de fadas, mas eu estava sempre sozinha depois disso, ou então dentro de reuniões chatas, a melhor parte do casamento era estar com vocês, minhas amigas.
- Nani que triste - ela me abraçou.
Eu já não sofria, não podia dizer naquele momento se Javier e eu teríamos algo, mas só o fato de outro homem ocupar minha cabeça sem deixar espaço para Fernando, significava que eu não o amava. E eu não queria estar casada somente por estar.
- Não é triste, é... Pensando bem triste é uma palavra bastante adequada, mas não é desesperador ou qualquer coisa assim.
- Hoje vamos à um jogo de futebol, o namorado da Cris está em um campeonato de várzea você precisa vir com a gente, é muito emocionante, aquela gritaria, aqueles homens correndo, tem uns tão gatos, e depois podemos ir em um food truck e comer um cachorro quente imenso, cheio de purê de batatas e catchup! Bora?
- Não, não quero, quero maratonar uma série, além do mais, amanhã cedo vou ver meus pais.
Não havia série para maratonar, eu queria estar com a bunda pregada no sofá para saber se Javier estava tão louco feito eu, ou se o que me restava era apenas o meu Manolinho.
Comemos uma sopa, em uma padaria do centro, depois seguimos no carro dela para o apartamento onde eu morava.
- Se mudar de ideia e quiser ir, me liga que eu venho te buscar na mesma hora.
- Vá na paz, eu não irei.
Despedi-me de Jess e subi, entrei no apartamento e fechei a porta arfando, estava mais do que mexida, e se ele não viesse? Eu não poderia mais nem ir às audiências, vê-lo seria um tormento, senti meu estômago revirar diante de uma possível rejeição, o e se... Tomou conta de mim.
Tomei um banho apesar de ainda estar limpa, tem sentimentos que só podem ser vividos na intensidade que merecem, com água quente a correr pelas costas, fiquei um bom tempo no banho, vesti uma camisola sexy, queria ser atacada assim que abrisse a porta, sentei no sofá excitada a sua espera, assisti todas as novelas, durante a última eu soube que ele não viria, coloquei uma blusa de frio por cima da camisola e um par de meias confortáveis, não precisava estar sexy para uma noite de filmes sozinha, depois de me arrumar bem quentinha, fui para a cozinha abrir um pote de sorvete e uma garrafa de vinho, quando voltei para a sala havia perdido uma ligação de Jess, provavelmente minha amiga me imaginava deprimida, na realidade, eu estava um pouco, porém não queria sair.
Coloquei no telecine e passava uma comédia romântica, o diário de Bridget Jones, o filme apesar de ter sido o que mais vi na vida, estava prestes a me arrancar lágrimas quando a campainha tocou, só podia ser Jess, afinal não interfonaram avisando que havia alguma "visita" joguei o cobertor no chão e me preparei para atender, tem coisas que só uma amiga entende, tipo camisola, vinho, sorvete, meia, cobertor e cabelo preso sem cuidado tudo junto, qualquer mulher que me visse saberia que bateu a tal "bad", não deixava de ser mentira, porém o motivo só eu sabia.
- Já vai, Jess, deixa eu só ver o beijo.
Bridget Jones beijou Daniel e eu caminhei para a porta.
Abri com cara tristonha, faria um drama para Jess dormir em casa aquela noite, e não era minha amiga, era ele.
Javier de Los Molinos, usava uma camisa da cor exata de seus olhos, os olhos azuis me mediram de cima a baixo e de repente eu percebi que havia mais que atração no que eu sentia.
- No vai me convidar a entrar?
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