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Capt Bônus: Um doce sonho num mar de pesadelo.

Esse capítulo bônus (Que prometi) vai ser diferente do final trágico que a história de Adam e Sally teve. É como se fosse um final de um universo paralelo onde Adam não fez mal a Sally. Dito isso, espero que gostem e por favor (se quiserem) peço que deixem um comentário sobre o que acharam. Boas festas! 🎄✨

— Quer que eu te acompanhe? — Perguntei enquanto Adam se vestia para ir a sua consulta semanal.
— Não paixão, pode descansar — Encolhi os ombros — Hoje vou voltar assim que terminar.
— Certo. Não se atrase.
Adam sorriu, o deixei só para que terminasse de se arrumar e fui até a cozinha. Ele tem consultas com psicólogo toda semana, devido a sua crescente melhora nesses meses ele parou de tomar alguns remédios indicados pelo doutor. No início, posso dizer que foi bastante difícil, mas apesar de algumas recaídas eu não desisti. Construímos nossa atual relação com alguns erros, mas muito esforço, dedicação e carinho. Assim como ele se compadeceu por mim, uma completa estranha, senti compaixão por ele e assim desenvolvemos carinho um pelo outro. Claro que foi estranho no início, eu senti receio, mas ao vê-lo de perto e conhecer um pouco seu interior quebrado e solitário, eu não retrocedi.
Eu tinha escolhas, mas preferi continuar com isso. Eu estava tão absorta em meus pensamentos que quase me assustei ao ser abraçada por Adam.
— Desculpe — Ele beijou minha nuca —  Te assustei?
— Não, eu só estava distraída — Toquei suas mãos ao redor de mim.
— Está ansiosa por hoje a noite? 
Assenti, me virei para olhar Adam. Seu semblante sereno me fez sentir calma, seu toque sempre me traz calor e segurança. Toquei seu rosto o acariciando.
— Você está bem vestido demais para uma consulta, também está cheiroso — Adam riu me vendo fazer uma careta — Hum, estou com ciúmes.
— Não fique, eu sou unicamente seu — Ele deu um selinho em meus lábios — Descanse.
Adam saiu, fiquei sozinha em casa. Tinha pedido dois dias de folga para descansar um pouco, claro que depois disso teria de me matar fazendo horas extras para compensar, mas valeria a pena. Adam e eu já tínhamos tudo planejado para hoje a noite e amanhã, escolhi até meu vestido com antecedência porque não queria contratempo. Apesar de passar por maus momentos, não deixei isso me abalar, foquei em reconstruir minha vida e posso dizer que tudo está indo melhor do que planejei.
Não contatei minha "família" durante os meses que estive com Adam e muito menos Dani. Cortei qualquer contato que ele pudesse fazer comigo e notei que foi melhor assim, não sei por qual motivo ele não apareceu na noite que decidimos "fugir", mas eu já não me importava mais. Por que que deveria me importar, com mais um que me abandonou? Em meio a toda dor, solidão e desespero que senti, algo de bom surgiu. Adam.
Ele sofre com alguns problemas, referente ao seu passado conturbado com a família, mas está aos poucos se curando. Posso dizer que vejo o esforço diário dele em querer melhorar. Comecei a preparar um lanche rápido, já passava do meio dia. Cortei algumas frutas, coloquei aveia, granola e leite condensado. Satisfeita, fui até a sala para comer enquanto assistia. Por volta das 16h Adam deve estar voltando, então ele teria algum tempo para descansar antes de sairmos. 

(...)

Atrasado. Adam estava duas horas atrasado, claro que isso não seria motivo de preocupação, afinal, atrasos acontecem. O trânsito pode estar engarrafado, a consulta pode ter demorado mais ou o profissional se atrasado. O consultório fica a uma distância considerável também, mas não leva tanto tempo para ir e voltar usando o carro.
Paciência. Adam deve ter um bom motivo, eu pedi que ele não se atrasasse hoje. Se passaram mais alguns minutos e como se ouvisse minhas reclamações, Adam chegou.
— Oi paixão — Eu estava no sofá, ele se aproximou com as mãos escondidas atrás das costas — Desculpe o atraso, tive de passar em um lugar e o trânsito não me ajudou. 
Assenti. Com sorte, ele chegou uma hora antes de sairmos.
— Como foi a consulta? — Perguntei — E a doutora Roberta?
— Foi normal, as vezes ainda me sinto um pouco desconfortável em falar sobre certos assuntos, mas sigo tentando mudar isso. Preciso superar o passado e meus erros — Meu coração disparou de alegria — E ela me parabenizou também, tanto por meu progresso, quanto por hoje.
Antes que eu pudesse me aproximar mais, ele tirou o buquê de flores das costas. Lhe abracei, toda preocupação que senti se esvaiu.
— Obrigado amor — Ele me deu um olhar carinhoso e gentilmente me beijou.
— Eu lhe trouxe um presente — Disse ao se afastar — Além das flores, é claro.
— O que? — Peguei o buquê sentindo o aroma — Que lindo.
— Esse você vai esperar só um pouco mais, antes da gente sair eu te dou — Assenti — Melhor a gente se arrumar logo, senão vamos chegar atrasados.
Comecei a me preparar, fui para o banho e como um ritual, fiz uso dos meus produtos preferidos, queria estar incrível. Subi para o quarto, me sequei. Vesti minha roupa e enquanto me admirava no espelho, pensava no penteado que faria em meu cabelo. Queria algo simples, mas bonito. Assim que terminei, passei para a maquiagem. Apesar de saber me maquiar, eu não o fazia com frequência já que não via muita necessidade, mas hoje eu quero impressionar. Queria que Adam me olhasse como se visse a própria deusa Afrodite, exagero? Talvez, mas que mulher não deseja que seu homem a veja como deusa?
Ao terminar, borrifei o perfume e peguei minha bolsa. Antes de sair, me encarei no espelho mais uma vez.

Eu estava perfeita. Saí do quarto, encontrei Adam na sala, ele mexia em seu celular.
— Vamos? — Adam com certeza se arrumou mais rápido que eu — Estou pronta.
Seu olhar se deteve em mim, ele sorriu, isso por si só já dizia o quanto eu estava bonita.
— Eu não sei se deveria deixar você sair — Disse — Amor eu não quero que te roubem de mim, além do mais, como vou explicar que namoro a mulher mais linda do mundo? Vão dizer que eu te sequestrei. 
Ele brincou, era impossível não rir. Adam se aproximou.
— Obrigado. Você está muito bonito também, meu amor — Ele estava vestido de forma social, seu cabelo estava arrumado e preso. Diferente de seu estilo habitual, onde ele veste moletons folgados e seu cabelo rebelde está geralmente solto.

— Qualquer um que te olhar, vai dizer que o próprio Deus criou um anjo que anda sobre a terra. Eu sei que parece Clichê, mas Sally, você é meu anjo. 
Não pude evitar lhe beijar, ele era tão doce e gentil.
— Não sabia que minha beleza era tão estonteante assim — Ele pegou minha mão.
— Não é só por sua beleza, mas por seu coração. Você é tão especial para mim — Eu não tive palavras pra responder — Se torna difícil explicar o quanto você me curou, o quanto me dá forças. Você me aceitou com todos meus espinhos.
Adam deixou um leve beijo em minha testa.
— Se um dia o destino te tirar de mim, jamais vou esquecer o que fez por mim, o tempo que estivemos juntos e o quanto te amo.
Eu neguei. Peguei suas mãos e as apertei com força. 
— Eu não vou te deixar, nós fazemos nosso próprio destino — O abracei — Não me diga coisas assim, vou ficar emocionada. 
Ele riu. Nós nos afastamos. 
— Claro, e como eu disse — Ele pegou uma caixa de veludo preta no sofá — Meu presente. 
Eu a peguei, toquei a caixa com uma crescente ansiedade. Eu a abri. Havia um lindo colar dourado dentro. Eu sorri sem palavras. Adam retirou o colar da caixa e o colocou em meu pescoço. 
— Ficou lindo em você — Concluiu.
Eu o agradeci. Acho que o colar era o que faltava em meu look. Nós saímos de casa e fomos até o carro. Ele já tinha feito uma reserva num ótimo restaurante e após jantar, passaríamos a noite fora. Eu estava um pouco ansiosa ainda, era uma noite especial já que estamos completando um ano de namoro. Um ano e nove meses morando juntos, se conhecendo, compartilhando problemas e conquistas.
Passamos nove meses juntos e isso foi o suficiente para nos apaixonarmos. 
— Eu te amo — Falei.
— Eu também, meu amor. Muito — Respondeu com um sorriso, mas atento a direção.  
Acho que eu sinto pela primeira vez em minha vida que estou completamente feliz, por mais que eu saiba que a vida não é só feita de alegrias, algo me insiste em dizer.
"Você pode se permitir ser feliz agora, o passado existe, mas ele é passado e não o presente."
Eu não vou deixar o passado me atormentar mais e agora sei que o presente é mais importante. Fechei os olhos sentindo a brisa noturna entrar pela fresta da janela que deixei aberta. Eu agradeço ao destino, por ter conhecido Adam naquela noite chuvosa, permitindo assim, que eu e ele, possamos viver juntos.

(As estações mudam, os anos se passam…)

Sally saiu do banho, havia entrado com Adam, mas como tinha terminado antes, resolveu sair e esperar. Ela andou até a sala, ainda enrolada na toalha. Seu olhar vagou até o piano, Adam o tocava de vez em quando para ela. Sally sentou-se no banco e apertou algumas teclas, ela obviamente não sabia tocar, mas ainda sim, insistia em pressioná-las.
Ao sair do banho, Adam se aproximou de Sally. Ela parecia estar pensando em algo.
— Interrompo? —  Ele brincou.
— Não — Sally riu — Eu gostaria de saber tocar alguma música.
— Sério? Eu posso te ensinar — Ele a abraçou por trás — Aprendi com minha mãe quando eu ainda era pequeno. Pena que não pude crescer com ela ao meu lado.— completou um pouco triste.
— Sinto muito, mas acredito que onde ela esteja, ainda te ama muito. — Adam assentiu.

Ambos ficaram em silêncio. Sally então, se aproveitando do assunto, perguntou com receio, se ele gostaria de ter um filho para que pudesse ensiná-lo, assim como sua mãe o ensinou.

Claro que sim, vou adorar — Respondeu animado — Assim teríamos uma família completa. 
Sally devagar, pôs as mãos de Adam em sua barriga.
— Eu não queria contar antes, mas… — Sally baixou o olhar — Se minhas suspeitas se confirmarem, acho que isso pode acontecer em breve.
Adam sentiu um misto de surpresa e alegria. Ele virou seu rosto e sorriu antes de lhe beijar. Eles se beijam ansiosos para que isso realmente aconteça.

Obrigado!

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