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Capitulo 5

Essa era minha chance. Procurei pela cozinha algum objeto que pudesse me ajudar, porém não havia facas ou qualquer outro objeto cortante. Eu saí da cozinha e me dirigi até onde parecia ser a sala. O cômodo estava meio escuro, mas parecia bem arrumado e era amplo, no canto havia uma estante com muitos livros e um piano. Olhei tudo oque podia e nada achei a não ser uma garrafa de vidro vazia. Eu fui até a cozinha e a quebrei com ajuda de um pano, peguei o maior caco e o embrulhei no pano, logo joguei o resto do vidro fora.
Não era bem uma arma, mas como não havia nada que eu pudesse me defender aquilo serviria. Ainda sim resolvi continuar, subi para o andar de cima e havia um corredor com três portas de cada lado. Corri pra tentar abrir alguma, mas todas estavam trancadas exceto a do meu quarto. 
— Sem sucesso. — Suspirei.
Continuei a olhar a casa e todas as janelas estavam fechadas e todas tinham grades, eu me encontrava num cativeiro.
Eu estava no meu limite, meu corpo e mente cansada pedia um intervalo. Segui para "meu" quarto e me deitei.

...

Acordei com um som de piano, não sei quanto tempo dormi, mas não deve ter sido muito. Desci e o encontrei tocando piano, era uma melodia suave porém não me agradou. Fiquei no pé da escada ouvindo e pensando que tipo de pessoa ele seria. Alguém normal com certeza não era, mas queria saber o motivo para tal ato, oque lhe aconteceu de tão perturbador que o fez agir assim.
Ele teria família? E por que vivia sozinho numa casa escura e isolada? Ele já foi algum dia um rapaz normal? Por que estou aqui? Eu sairia viva ou ficaria presa e ele causaria meu fim?
— A quanto tempo está aí? — Meus pensamentos foram levados quando ele me interrompeu. — Gosta de piano?
Eu assenti, eu não me interessava muito, mas admito que acho bonito ver alguém tocar.
Alguns segundos de silêncio se passaram e minha ansiedade começou a me torturar.
Ele se levantou e veio até mim, não pude deixar de temer oque ele faria, porém tentei agir o mais normal possível e parecer dócil. Ele me levou até o piano e me sentou no banco.
— Minha mãe ensinou-me a tocar um pouco, o resto eu aprendi por mim mesmo, depois. — Ele sentou ao meu lado. — Quando menor eu passava horas tocando.
— Onde está sua mãe? — Perguntei com certo receio.
Ele ignorou minha pergunta e começou a tocar uma melodia mais alegre, isso me encorajou a fazer mais perguntas.
— Onde estamos? 
— Em minha casa. — Ele sorriu num tom brincalhão. Eu não iria descobrir onde estava tão facilmente.
— Me refiro ao local. — Perguntei como que sem interesse.
— Em um bairro. — Dessa vez ele respondeu de forma rude e então resolvi mudar de assunto.
— Você tem familiares? — Ele fez uma careta.
— Todos temos, ninguém nasce do nada. — Seu olhar mudou tornando- se sombrio.
— Por que estou aqui? — Perguntei com medo já esperando uma resposta rude, porém ele sorriu parando de tocar.
— Minha querida Sally. — Paralisei, como ele sabia meu nome? — Eu a trouxe aqui para cuidar de você já lhe disse, você estava tão só naquela noite.
— Quero voltar para casa. — Ele fechou a cara e me agarrou pelos ombros.
— Está é sua casa agora e você só terá a mim. — Seu aperto tornou-se mais forte. — Eu já disse que vou cuidar de você.
Eu não aguentava mais segurar as lágrimas, comecei a chorar e me encolher. Por que aquilo tinha de acontecer comigo?
— Não chore Sally. — Ele me abraçou. — Posso te contar um segredo?

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