Capítulo 6
Boa leitura!♡
﹏LIU﹏
AS pessoas ficam tão estranhas quando estão apaixonadas. Eu sou uma delas, confesso. Às vezes eu me sento na poltrona do nosso quarto quando não consigo dormir e fico olhando a respiração da minha Alice subir e descer por horas. É bastante fascinante para mim, vê-la respirar tranquilamente, debaixo dos lençóis.
Acredito que quando ela faz umas caras engraçadas é porque está sonhando. Sempre fico hipnotizado, tentando adivinhar qual é o sonho. O lençol branco sobre a pele branca dela me fascina. O cheiro do quarto quando ela está nele é gostoso e único. Ela tem um cheiro doce.
Ter Alice na minha vida deixa o meu mundo mais colorido. Ela despertou em mim coisas que eu nunca pensei que existissem dentro de mim.
Somos diferentes, e mesmo assim nos completamos. Não que ela precisasse de mim para ser completa, mas ela se encaixa tão bem que parece literalmente que fomos feitos um para o outro, como encaixe de um quebra-cabeça.
Eu nem sempre acordo bem, com vontade de rir, de conversar. Alice, não, mesmo que ela esteja triste consegue sorrir, conversar. Ela só fica abalada quando é algo muito sério. Isso acaba me confundindo, muitas vezes eu penso que ela está bem, quando na verdade não está.
Seria bom que as pessoas fossem realmente felizes como aparentam e fosse verdadeiramente sincera como dizem ser. A vida é simples quando encontramos o caminho certo.
O mundo me confunde, vivem invertido. Os valores estão invertidos. Dão mais importância à fome e aos maus tratos de um animal do que ao do ser humano. Não é que um animal não seja importante, mas como uma vida humana? Não. Principalmente porque teve um alto preço para hoje estarem onde estão.
— Até quarta, senhor Liu. — fala um rapaz de 17 anos que sempre está com pressa.
pelo menos aparenta está, ele sempre anda apressadamente como se fosse chegar atrasado em algum lugar. Acho engraçado e sempre sorria quando ele vai embora.
Eu nunca o respondo, pois sempre que ergo minha cabeça ele já tá bem distante, e não adiantaria eu responder de todo modo, pois o mesmo não iria me escutar.
Guardei as minhas partituras dentro da minha bolsa e coloquei no meu ombro.
Ao me encontrar fora do prédio, olhei para o meu relógio de ouro branco e percebi que tenho alguns minutos para ir do outro lado da rua comprar um livro na livraria antes que Hugo chegasse.
Comecei a dar o primeiro passo e como de costume inicio a contagem dos mesmos...
— 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...
— Liu! Espera. — Escutei o meu nome sendo chamado por uma voz feminina.
Sinceramente não queria ter sido interrompido.
— Oi. — me cumprimenta ofegante depois de correr até mim. Eu não parei de caminhar, afinal de contas era ela que queria minha companhia, não eu.
— Oi.
— Vou colocar minha mãe no seu ombro, cansei! — coloca logo que me avisa. Senti uma necessidade absurda de desviar um ombro da sua mão, mas me contive.
— Nossa, eu vim depressa para dar tempo de te encontrar ainda aqui.
Fiquei em silêncio observando. Ela coloca a mão no peito tentando recuperar o seu fôlego, enquanto olhei para o meu relógio percebendo que não daria tempo para ir na livraria se continuarmos aqui parados.
— Te atrapalhei? — me perguntou quando percebeu.
— Sim, eu estava indo comprar um livro nesse exato momento.
Ela entrelaçou nossos braços e me levou para faixa de pedestre me arrastando para o outro lado da rua.
Já fiquei bastante incomodado por ser impedido na contagem dos meus passos e agora sou praticamente arrastado por ela.
Cada vez que a encontro eu percebo como nós nunca daríamos certo. Ela invade bastante o meu espaço. Nunca entendo a necessidade das pessoas de está tocando no corpo de outra. Isso é algo tão desnecessário e inconveniente. Será que não percebem?
Ao entrarmos na livraria comecei a procurar o livro que desejava comprar. Natasha fica ao meu lado falando o quanto queria me ver.
Eu sinceramente não me importava.
— Diz logo o que você quer, Natasha. — me pronunciei, depois de bastante tempo calado.
Ela falava bastante, meu Deus!
— Eu fiz alguma coisa com você, Li? — Natasha usa o nome que costumava me chamar quando estávamos namorando. Será que isso queria dizer alguma coisa?
Eu abri a boca e depois desisto do que eu iria falar. Não posso falar sempre o que eu pensava, para não magoar a outra pessoa. Mamãe sempre me falou que as pessoas muitas vezes não estão preparadas para ouvir a verdade completa, mesmo quando perguntavam. É algo bem contraditório. Se as pessoas não querem escutar a verdade, é só não perguntar. Eu não pergunto, na verdade, fugir delas quando necessário.
— Não. — digo sumariamente.
Vou para o balcão depois de pegar o livro que procurava na prateleira.
— Eu tenho impressão de que você tem me evitado, principalmente depois de ter casado com aquela garota. Ela proibiu você de ser meu amigo?
— Mas a gente nunca foi amigo, Natasha, por que eu irei começar uma amizade com você agora que estou casado? — eu não olhei para o seu rosto quando falei, estava lendo as frases da capa do livro enquanto esperava na pequena fila a minha vez de ser atendido.
— Eu falo da amizade da igreja. A gente sempre conversava após o culto.
— Você conversava. — tirei o meu cartão da carteira quando percebi que estava prestes a ser atendido.
— Eu sei, mas agora você me parece tão distante. E teve também aquela outra vez que a gente saiu para fazer o projeto de decoração do seu apartamento e de repente sua mãe me liga dizendo que não iria precisar mais dos meus serviços de decoradora.
A atendente encara a minha mão e depois olha para Natasha.
— Obrigada! — Ela agradeceu me entregando o livro em uma bolsa de blástica amarela.
Coloquei o livro na minha bolsa, conferi as horas mais uma vez.
Passo as mãos nos cabelos quando percebo que demorei tempo demais aqui dentro.
— Alice não gosta de ver a gente juntos, por isso acabei desistindo de decorar o apartamento com você, assim não precisávamos nos ver frequentemente.
— Por quê? Ela se sente ameaçada, Li? — um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.
— Eu não sei responder a sua pergunta — ela se avançou para mim sem me dar uma chance de reagir, e de repente percebi os seus lábios encostados nos meus.
Sem saber o que fazer fiquei parado. O que eu deveria fazer?
— Senhor, Lincoln! — escutei uma voz distante do outro lado da rua me chamando.
Tudo começou a aparecer sufocante para mim, eu respirava, mas tinha a impressão de que o ar não ia para os meus pulmões como deveria.
Para me livrar daquela sensação eu empurrei um pouco Natasha pelos ombros. Ela cambaleou para trás, talvez eu tenha sido agressivo. Não me importava, afinal de contas foi ela que invadiu o meu espaço, me tirando do conforto.
— Por quê?... fez isso? — perguntei com dificuldade por causa da falta de ar.
— Eu ainda gosto de você, Li. Eu sei que você é um homem casado, mas os meus sentimentos não mudaram.
Quando você terminou comigo eu achei que depois de um tempo você voltaria para mim, mas agora... não sei. Então eu te beijei para demonstrar que eu ainda gosto de você.
— Você não deveria ter feito isso, você não deveria. Pouco me importa o que você sente ou deixa de sentir por mim — gritei irado com ela.
— Senhor, Lincoln? Tudo bem? — Hugo falou já ao meu lado.
Estava tudo tão confuso para mim que eu nem percebi que ele estava ali.
— Me leva para casa. — pedi indo em direção ao carro. Chacoalhar as minhas mãos um pouco à frente do meu corpo para tentar me acalmar.
Natasha me chamou, mas eu não dei atenção, continuei indo na direção do automóvel..
Dentro do carro tenho dificuldade de respirar, luto para me acalmar. As batidas do meu coração estavam muito aceleradas.
Comecei a passar a mão no cabelo várias vezes. Me sentia tão sufocado ali dentro. Abri a janela para que o ar entrasse e eu pudesse levá-los para os meus pulmões.
— Hugo! Dirigir rápido.
— Está tudo bem, senhor? — perguntou ele, talvez por estar preocupado com meu comportamento.
— Ficará se você chegar em casa o mais rápido possível.
— Sim, Senhor.
ASSIM QUE o carro para em frente ao prédio eu me jogo praticamente para fora dele. Parecia que meu coração ia sair pela boca a qualquer momento.
Eu queria falar com Alice.
Não entendi o motivo de Natasha ter feito aquilo. Porque ela me beijou?
Eu aperto o botão do elevador e me apoio um pouco na parede enquanto respirava profundamente, levando todo ar possível para dentro de mim.
— QUE DROGA! — gritei quando o elevador não abriu , apertei repetidas vezes o botão e quando percebi que ele não iria abrir, decidi subir as escadas.
A sensação que estava sentindo era perturbadora, eu preciso encontrar Alice, eu preciso saber qual será a sua reação. Não foi culpa minha, eu tinha que deixar isso explicado para ela.
Coloca o meu pé de 2 em 2 degraus até chegar no meu andar, com o suor escorrendo por todo meu corpo.
Abri a porta numa velocidade surpreendente, quando entrei comecei a chamar por ela.
— Alice! Alice!
— Liu! Já estou indo. — ela gritou enquanto veio ao meu encontro.
— Liu, porque você está gritando... Ai meu Deus! — Minha esposa se assustou quando viu o meu estado deplorável.
Estava com muita dificuldade de respirar, usei todo o meu fôlego para subir as escadas o mais rápido possível.
— Liu, você está ensopado. O que aconteceu ? — ela chegou perto de mim, colocou as mãos de cada lado do meu rosto, preocupada. O toque daquelas mãos me fazia sentir mais seguro agora.
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