Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Olhe para as Estrelas

As fortes luzes do campo de futebol americano são as únicas que ofuscam o brilho da lua do ângulo em que estou, finalmente chegamos no dia de um dos jogos que são de fato, decisivos. Enfrentaremos o colégio central da cidade de Joliet. Ano passado perdemos feio para eles, mas hoje estamos dispostos a dar o troco. E bem, agora estamos em nossa casa.

Enquanto os jogadores ainda conversam no campo durante o começo da pausa, aguardamos ao lado do gramado. O coração salta no peito com o tempo de espera. Fomos muito bem com a coreografia de apresentação dos times, sendo aplaudidas de pé, o que deixou a rivalidade entre os times ainda maior.

Helena suspira devagar, deixando evidente o ar frio através da pequena nuvem de condensação que escapa de sua boca, que se torna mais visível contra a luz. Por fim, ela ajeita os cabelos presos num rabo de cavalo e encara todas nós com um sorriso confiante.

Desço o olhar para meu próprio uniforme laranja com detalhes em preto, fazendo uma última checagem em sua integridade. Confiro também se tênis brancos estão intactos. Estão.

– Muito bem, meninas – Helena arranha a garganta. – Preparem-se, estamos prestes a fazer a nossa melhor apresentação.

Posso ouvir um murmúrio preocupado de Stefany, uma das componentes do grupo. Outras, assim como eu, apenas se preocupam com o aspecto físico.

Tento localizar, no meio da multidão distribuída pelas arquibancadas coloridas, os meus pais ou mesmo Laura e os seus. Ao invés disso, me deparo com a senhora Taylor. Ela me cumprimenta e eu respondo com um aceno. Ao seu lado, vejo alguém apontando um celular diretamente para mim. Levo um segundo para entender que é Ben, ele afasta o aparelho de sua face e me dá um "tchauzinho". As bochechas queimam como resposta ao rubor, mas devolvo o gesto com o meu melhor sorriso. Ele veio mesmo! E tá me filmando!

– Não estrague tudo, não estrague tudo – repito o mantra quase aos sussurros.

O sinal é dado, e mais uma vez, vamos à apresentação. Os garotos saem, em sua maioria, mandando beijos cordiais para todas nós, outros optam por procurar seus pais e conhecidos na platéia, que berram sem parar. O jogo está bem disputado.

Entramos em campo sob uma chuva de aplausos. A introdução da música Dark House, de Katy Perry toma todos os alto-falantes, o que já é suficiente para arrancar da multidão gritos e mais palmas. Nos posicionamos no centro do gramado, somos treze ao todo, a um braço de distância uma da outra. Apenas Helena está na nossa frente, pois ela conduzirá a maior parte do espetáculo, eu um pedaço na metade da música. Achei muito estranho: se a coreografia é dela, por que me daria destaque? A jararaca quer me ver fora da torcida, então não faz sentido.

No toque correto da canção, todas nos abaixamos de lado, deixando o bumbum em evidência, e quando nos levantamos devagar, é o momento de uma batida, e também é o tempo que temos para tirar o máximo de sensualidade deslizando as mãos em câmera lenta até os cabelos, começando da cintura. No próximo verso, vem as jogadas de perna e de braços, unidos a um belo movimento sincronizado de quadris. Espero mesmo que meus pais não estejam me julgando, ou pior, que Ben não esteja gravando.

É nesse instante que percebo uma silhueta chegando mais perto, Ana se aproxima de um jeito perigoso e por um triz não pisa no meu pé. Mesmo dançando, fito o rosto da garota, que finge que nada aconteceu. Abro a boca para me pronunciar, mas hesito. Sei que não foi um acidente, essa menina ainda está obcecada em me atingir de alguma forma.

Nós nos enfileiramos em torno de Helena, para que ela possa, executar os movimentos, que, em conjunto com nossos braços, dá a ilusão para o espectador que a garota possui múltiplos braços. Metade de nós está virada para a líder do time, a outra metade para Alison na outra extremidade, que faz a mesma apresentação para o outro lado da arquibancada.

Quando nos distanciamos, sinto como se um tijolo tivesse caído no meu pé. A agressora se afasta tão rapidamente quanto pode. Ana. Seguro a dor no meio dos dentes, enquanto todas dão espaço para que eu possa tomar o centro das atenções. Justo no meu momento. Agora entendo, a intenção delas era me humilhar aqui. Vou para a minha posição, tentando não mancar, porém não sei se funciona. O que alivia, um pouco, a tensão gerada é fechar os olhos. É exatamente o que faço e para não dar na cara que estou machucada, sorrio, mesmo sem poder.

Nesse momento, quando arrasto meu pé ofendido, avançando um passo até o local que ensaiamos, escuto a multidão vibrar. Com os olhos ainda fechados, percebo que posso fazer da minha fraqueza a força. Não vejo ninguém, e isso é ótimo, consigo focar melhor na música. É como se as notas musicais se convertessem num oceano melodioso, no qual eu controlo, elas obedecem o meu corpo. Esqueço tudo e todos, o empoderamento me alcança, a mesma sensação que me possui quando estou ensaiando sozinha no meu quarto. Sei que posso ser tudo que quiser, e agora, estou sendo tudo que quero diante de todos. Executo os passos à minha maneira, com o toque sútil e ousado ao mesmo tempo, e recebo em troca, mais aplausos. Abro os olhos apenas no final da minha parte e respiro, me afastando com um sorriso que nem cabe no rosto, enquanto sou ovacionada pelas pessoas.

A música chega na fase final e Helena toma meu lugar. Paro mais uma vez do lado de Ana, ela aperta os lábios e bufa. Eu gostaria muito de dar um belo sorriso e agradecer pelo pisão, que acabou ajudando a me sair melhor, mas não quero provocá-la. Fora que a ardência ainda permanece no meu pé e não estou disposta a receber outro golpe.

Faço um breve estudo da postura que acaba de adotar, e julgando pelo movimento exagerado de perna, a garota vai tentar me prejudicar de novo. Mantenho a pose, espero pacientemente até que ela se sinta confiante o suficiente para me atacar. Na troca de passes, vejo aquele pedaço de carne ambulante se levantar contra mim definitivamente, porém, dessa vez, vem na direção da canela. Posso afastá-la e seguir, mas estou cansada de ficar indiferente. Vou ensinar uma bela lição. No último momento, desvio a minha perna da dela ao mesmo tempo em que executo um passo diferente das demais, porém, combinando com a coreografia. O que não combina com apresentação, por sua vez, é Ana tropeçando em seu próprio pé e pegando impulso contra sua vontade. Ela não consegue parar a queda a tempo e acaba por esbarrar em Helena, que lidera a apresentação. As duas vão para o chão da forma mais ridícula conhecida pelo homem: com as pernas para o alto.

Entre suspiros e murmúrios, a música para. Elas se levantam, Helena esfrega a mão na testa e abaixa a cabeça, enquanto Ana tenta se desculpar, mas leva um empurrão. As outras amigas fazem o possível para acalmá-la, porém tudo que recebem da líder são gritos e acusações de conspiração contra, os braços na altura do rosto fazendo gestos desesperados. É uma surpresa para mim, nunca a vi nesse estado catatônico antes, ela é sempre calma e nunca exalta a voz, dando preferência ao sarcasmo e técnicas mais sutis para seus ataques.

Olho em volta, algumas poucas pessoas maldosas da arquibancada dão risada. Embora eu não tenha provocado e acredite que ambas merecem isso, o coração pesa, principalmente quando me ponho no lugar delas. Helena se afasta de todas e corre para longe sem ousar olhar para a plateia.

– Não me sigam! Suas vadias! – ordena para as amigas, com a voz embargada.

Eu fico estática por algum tempo, sem saber onde enfiar a cara por conta da vergonha alheia. O diretor pega o microfone e se desculpa com todos, alegando um pequeno incidente e pede para que nós continuemos, agora, com uma apresentação mais simplória, apenas para anunciar a volta dos jogadores.

Lanço um olhar para a direção que a garota foi, tentando decidir se devo ou não ir atrás daquela vaca. Mesmo contrariada, resolvo ser melhor do que ela seria para mim. Corro mancando para atrás do pequeno palco montado e saio pelo portão.

Atravesso todo o espaço vazio que separa o campo dos prédios das salas de aula o mais rápido que minhas pernas curtas conseguem. Quando chego no principal, lá está a garota, sentada na escadaria de acesso, com a cabeça mergulhada no meio do corpo. Esfrego uma mão na outra para tentar me aquecer enquanto me aproximo timidamente. Não quero interromper seu choro, mas não tem outro jeito.

– Helena?

Ela ergue o rosto de uma vez, e me encara pelo espaço entre duas mechas. Chega a dar medo.

– Sai daqui! A culpa é toda sua! – funga, apertando os lábios de forma lamentosa.

– Minha? Ana fez isso, não eu – dou mais um passo. – E como te conheço, sei que foi você quem a mandou tentar me atrapalhar.

A garota desliza devagar a mão pelo cabelo, tirando-os do rosto e jogando para trás. A moça parece ter dificuldades em engolir a saliva para falar.

– Não, não pedi para ela fazer nada disso. Na verdade, fui bem clara ao proibi-la de fazer qualquer coisa durante as apresentações justamente para não atrapalhar – a menina fita o vazio da noite, num misto entre chateação e tristeza. Os cotovelos apoiados nos joelhos. – Eu falei pra você, Ana é muito rancorosa, ainda mais quando se trata da Alison.

– E aquele papo sobre eu ter ido longe demais?

– Você foi. Mas, não disse que faria nada, só disse que você mexeu com a pessoa errada e avisei que estava fora do meu controle.

Quando penso em justificar, Helena continua.

– Teve uma vez que um garoto jogou comida na roupa nova dela e Ana prometeu vingança. Ela esperou quase dois anos, mas aconteceu e foi brutal. Então pode esperar, que em algum momento, aquela garota vai se vingar. E já está tentando, até me fez parecer uma...Uma idiota na frente de todos pra isso!

Engulo seco. Quão longe Ana iria por conta de seu ressentimento bobo? Talvez valha a pena tentar conversar e resolver as coisas pacificamente, não quero que ninguém (eu) seja machucado. Por enquanto, tenho que focar em ajudar Helena com seu drama, de alguma forma.

– Bom, não acho que as pessoas vão te achar idiota.

– Mas vão pensar, Beth – nos entreolhamos. Ela desvia o olhar pudico e tenta ensaiar uma pose, secando uma das bochechas com a mão. – Por que eu tô falando com você mesmo? – a voz se esforça para ganhar o mesmo tom depreciativo de sempre.

Meneio a cabeça, com um sorriso desconcertado.

– Não precisa fingir nada agora – conduzo minhas mãos para todas as direções num gesto. – Não tem ninguém aqui, e se eu contar que te vi fragilizada desse jeito é só pedir pra Ana me matar, e seu problema está resolvido.

Helena deixa escapar uma risada, que começa pelo nariz e termina pela boca. A garota ajeita a postura e me chama para sentar ao seu lado dando tapinhas no espaço vazio do degrau. Embora a surpresa se faça presente em mim, tento não demonstrar, apenas obedeço e me aconchego próxima.

– Por que se importa? – a garota limpa mais um pouco do rosto usando a regata do uniforme. – Você era a última pessoa que estava esperando vir.

– Acho que é porque entendo bem como é. Ser humilhada em público é uma droga. A gente passa muito tempo revendo tudo que poderíamos ter feito de diferente pra evitar.

– É. Nunca tinha me sentido assim na escola.

– Pra tudo tem uma primeira vez. Tá tudo bem, não é como se as pessoas fossem passar a te olhar diferente por causa disso. Tenho certeza que na segunda-feira, tudo voltará ao normal.

– Acha mesmo? – me encara com o canto do olho. Noto que acima da sobrancelha tem algumas escoriações, que é resultado da queda.

– Claro – sibilo. – Talvez alguém pergunte a respeito. É só você... Sei lá, sorrir e dizer que foi um erro besta. Vai demonstrar maturidade da sua parte.

– Legal – um sorriso discreto se forma nos lábios suaves.

Mais uma vez, nos encaramos de um jeito constrangedor. As maçãs perfeitas do seu rosto se movimentam enquanto tenta não borrar ainda mais a maquiagem na hora de secar as lágrimas. Agora eu disfarço, fingindo ajeitar a saia na cintura.

– Foi muito bem na sua parte, a plateia foi a loucura – confessa, olhando para o céu entre uma fungada e outra. – Graças a minha coreografia, claro.

– Com certeza foi. Obrigada mesmo assim – concordo, com o coração quentinho. Hoje definitivamente é uma noite de surpresas. – Você é uma dançarina incrível, Helena, não duvide disso.

– Tá, já chega de conversa fiada – ela reúne os cabelos atrás da cabeça e faz um coque improvisado.

– Tudo bem, como quiser – levanto as mãos, me rendendo. É pedir demais ter uma conversa decente com ela, mas ao menos, conseguimos nos entender um pouco que seja.

A garota se ergue, e termina de limpar o muco que escorreu do nariz. Em seguida, lança seu olhar em mim.

– Sabe que essa conversa nunca aconteceu, não é?

– Conversa? Que conversa? Eu só saí para ir ao banheiro – respondo, humorada.

Ela avança dois passos rápidos para voltar ao jogo. Depois para, e me encara por cima do ombro. Por fim, decide voltar-se totalmente para mim.

– Só mais uma coisa: conversar com você hoje me lembrou muito as conversas que Tara e eu já tivemos – articula.

A fincada no peito vem, após a menção do nome que tanto me machuca e arranca meus sonhos à noite. Ainda assim, fico lisonjeada com o elogio.

– Aposto que ela adoraria saber disso – respondo, tentando colocar naturalidade no voz.

– É. Mas aqueles canalhas destruíram a vida dela – o olhar descai.

– Quer dizer que...

– Isso mesmo, pra mim toda aquela história dela é verdadeira e lamento muito que seja. Ela se matou só pra provar que estava certa – diz, deixando sair um curto suspiro. Ao ler a minha expressão confusa e paralisada, ela franze o cenho e continua. – Que foi? Tá certo que eu odiava aquela garota, mas nem tanto. Nunca desejei nada daquilo pra Tara.

– Você é uma pessoa boa, Helena – afirmo. – Acredito em você.

– Obrigada – diz. – Eu... Lembro que uma das nossas conversas foi numa noite parecida com essa.

Olho para o breu que toma o céu e inspiro profundamente. O posicionamento tímido das nuvens é o que mancha parte do tapete escuro acima de nossas cabeças.

– Nem sabia que vocês se falavam.

– Teve uma época em que fomos quase amigas. Ela me falou sobre o quanto a natureza é bela, e sobre como observar as estrelas a ajudavam a se acalmar.

– Tara falou sobre estrelas pra você também? – pergunto, já imaginando a resposta. De fato, a garota comentava bastante a respeito quando era mais nova.

– Disse – a menina faz uma pausa. – "Olhe para as estrelas, Helena, e permita que o infinito se junte a você", algo assim.

– Nossa... Que frase... Linda! – sorrio, emocionada. Tara nunca disse para mim desse jeito.

– É. Ela era legal. Tá fazendo falta – encara o céu com uma expressão contente. – Bem, então eu... Tô voltando pro jogo. Não me siga.

– Pode deixar – respondo.

Quando a garota se afasta o suficiente eu me levanto, sem conseguir conter a alergia que se mistura com a dor da perda. Ao menos sei que de alguma forma, algumas pessoas ainda acreditam em Tara, o que significa que seu nome poderá ser lembrado, e honrado.

Como eu queria que ela estivesse aqui para dizer sobre as declarações de Helena e sobre nosso pequeno diálogo, e para poder confessar que a irredutível Elizabeth Roberts, finalmente se apaixonou por alguém. Talvez eu diga essas coisas diante da sua foto no meu quarto, ou nos meus pesadelos que tenho com seu rosto.

Ou talvez, a partir de agora, eu faça isso olhando para as estrelas.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro