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A Festa

Os garotos pulando na água, a música alta, as pessoas dançando e tentando conversar aos berros umas com as outras tornam praticamente impossível a comunicação entre Laura e eu, temos que nos afastar da piscina, entramos por uma porta de vidro, um grupo de quatro pessoas passa por nós com cervejas nas mãos, não era bem o que esperávamos, mas ainda assim, a festa está divertida, achei que aconteceria uma briga a qualquer momento e alguém sairia sangrando, mas felizmente, isso só ocorreu em um romance que li recentemente.

Quando passamos pela sala de estar, vejo o famoso trio se divertindo no meio das pessoas, Jerry, Ben e Sam pararam de jogar videogame, agora estão ouvindo as histórias que Samuel conta, acompanhados de pelo menos dez pessoas que apenas assistem sem comentar nada relevante, é impressionante como tudo que eles fazem todo mundo quer ver, chega a dar inveja. Conheço uma pessoa que causa essa mesma impressão, e bem, ela está no nosso grupo.

No exato instante, o clima é modificado pelo som da campainha, Jerry prontamente pega seu celular na mão e verifica uma notificação. Em seguida, faz um gesto para Benjamin parar, já que está quase se sufocando de tanto rir de Sam.

– É ela, todo mundo quieto – Jerry fala, passando pelo meio das pessoas e vai devagar até a porta. – Peguem as câmeras!

Logo, surgem pelo menos quinze aparelhos fotográficos nas mãos das pessoas, Laura e eu nos entreolhamos, confusas, não fazemos ideia do que está acontecendo.

Quando o dono da casa abre, nos deparamos com Tara, e num instante, ela é bombardeada por tantos flashes diferentes que se sente obrigada a recuar um passo com as mãos abertas na frente do rosto, totalmente desnorteada. Mas Jerry não permite que a moça se afaste e a puxa para dentro com um sorriso no rosto, o garoto a segura para receber todas as luzes possíveis e depois ambos se abraçam de lado.

Consigo sentir o ar quente da respiração de Laura aumentar na mesma hora, ela deve estar morrendo de ciúmes. Os flashes finalmente param, e todos aplaudem a menina, que parece não saber o que dizer. Seus dentes retos e brancos não se escondem nem por um segundo.

– Isso é por todas as fotos horríveis que tira de nós – o garoto finge estar bravo, mesmo que a sua expressão alegre o entregue.

– Vocês não gostam das minhas fotos? – Tara emoldura no rosto uma falsa tristeza, arqueando os lábios.

– Adoramos suas fotos ridículas nos momentos mais inapropriados – Sam surge no meio da multidão, tirando risada de algumas pessoas, inclusive a minha. – Agora que a festa vai começar! Vamo animar! – Ele vai até a mesa e muda a música no celular, trocando para um ritmo ainda mais acelerado.

Uma parte da multidão gritar com euforia e voltam para suas atividades, no canto da sala vejo Helena e seu grupinho, a líder está com os lábios apertados, ela joga seus sedosos cabelos para o alto e cruza os braços, chateada com toda a atenção que nossa amiga recebe. Já suas companheiras nem se importam, elas só se preocupam em devorar todas as guloseimas atrás delas. Aquela cara de limão azedo é impagável, tenho vontade de pegar meu celular e tirar uma foto.

– A Tara é tão popular – Laura resmunga, olhando para todos os garotos que agora papeiam com a recém-chegada, tentando ao máximo obter a atenção dela para si. – Queria ter um terço da sua popularidade.

Realmente não ligo para isso de ser popular, quer dizer, seria legal se todos aqui quisessem saber sobre a obra maravilhosa que estou lendo atualmente, mas acho que estou bem tendo alguns poucos amigos.

– Ao menos ela consegue fazer raiva na Helena – dou de ombros.

– Ninguém liga pra Helena, Beth, foco nos garotos – diz.

Reviro os olhos.

– Você só pensa nisso – reclamo. – Que tal irmos nos divertir?

– Nós vamos, com os garotos – pisca para mim e me conduz por uma estreita passagem no meio das pessoas, até chegarmos perto da estrela da festa.

Quando Tara finalmente nos vê, ela praticamente pula em nossa direção e nos abraça ao mesmo tempo com todo carinho possível, ela está maravilhosa, mesmo vestida de uma maneira simples, um short jeans godê, e uma blusa de manga comprida rosa, seus cabelos estilo chanel estão assimétricos propositalmente, curto na nuca e longo na frente, o que combina perfeitamente com seu rosto oval.

– Você está linda, Laura! – A moça diz, evidenciando seu vestido vermelho com um gesto. – O que acha, Jerry?

O garoto vira um pouco da sua lata de cerveja na boca antes de falar.

– Tá um pitelzinho – roça a ponta do dedo no que ele acredita ser costeletas.

Sam também dá uma olhada no look da moça de cima embaixo, porém de uma maneira bem mais respeitosa. No fim, também concorda.

Minha amiga fica tão constrangida que nem consegue dizer nada, apenas sorri e agradece com um aceno de cabeça.

– Se me derem licença, preciso falar com elas.

– Claro, vamos brincar de mímica, vem com a gente assim que puder, todas vocês – Ben diz, olhando em seus olhos. A moça faz um "OK" com a mão.

Em seguida, seu olhar muda dela para mim, ele me cumprimenta levantando a mão, eu faço o mesmo, embora o garoto esteja bastante contente por estar com seus amigos, algo em sua expressão me diz que ele se sente extremamente incomodado, talvez seja seu amigo enchendo a cara de álcool.

– Eu vou te matar! – Laura junta os punhos fechados na frente do rosto, soltando um grunhido preso nos dentes. – Você me fez passar vergonha na frente do Jerry!

– Vai me matar por tirar um elogio dele pra você? Você sabe mesmo o que significa gostar de alguém?

– Claro que eu sei! Mas elogios são coisas ditas em particular, agora metade da classe sabe que eu fiquei parecendo uma tonta – ela esfrega as mãos na testa.

Eu a abraço de lado e acaricio seu braço.

– Você é muito dramática – digo, sorrindo. – A gente vai te ajudar até ele ser todinho seu, não é? – Olho para Tara.

– Até o último pedacinho – a morena sorri. – Então, o que estamos esperando? – Tara para na nossa frente e faz um gesto com as mãos – Vamos dançar! – ela tenta nos animar, fazendo alguns passos e nos chamando. – Vamos dançar – sua voz agora sai fina e suave.

Laura e eu nos entreolhamos, meneio a cabeça devagar com os lábios comprimidos. As pessoas ao redor observam a moça ser ignorada por nós, literalmente. Eu não quero chamar a atenção de ninguém dançando, não somos como ela, não temos essa vibe.

– Tá bem, vamos brincar com os garotos – cruza os braços torcendo o nariz, se rendendo a nós.

– Assim é melhor – rio.

A garota nos conduz para perto do sofá, onde os meninos ainda brincam de adivinhações. Sam faz uma careta com as bochechas infladas e vai descendo o corpo devagar enquanto balança os braços, desesperado.

– É alguém tentando voar? – Ben junta os lábios rapidamente, deixando escapar uma expressão pensativa, e noto que boa parte das pessoas concordam com seu palpite, o que é bem estranho, não tem nada a ver, parece uma pessoa se afogando, mas não me atrevo a falar.

O ator diz que não com a cabeça e continua seu espetáculo, nesse momento, noto uma coisa, Jerry está virando uma garrafa de cerveja na boca, e não parece ter dificuldades, assim como também não foi a primeira. Nós somos muito jovens para beber. Seus pais não estão em casa, então ele trouxe aqueles garotos do último ano para sua festa.

– O que é, Sam? – Jerry praticamente cospe para falar.

– É Jack Dawson – ele se rende, suspirando.

– Quem?

– O cara que morreu em Titanic – Samuel gesticula, abrindo os braços, fingindo estar na proa de um navio. – Ah, desisto, vocês são horríveis pra adivinhar. Vou ao banheiro – o menino se afasta do grupo.

– Pelas suas caras eu achei que era alguém sendo atropelado! – Jerry grita de volta, arrancando de vez as risada das pessoas.

– Então vamo continuar – ele dá mais uma golada na sua cerveja e caminha torto até Tara. – Você faz as mímicas agora.

A moça franze a testa antes de falar.

– Jerry, você tá bem? – ela faz uma pausa, engolindo seco. – Não quero ser chata, mas acho que não deveria beber.

– Eu tô ótimo! Olha pra mim! – O cara ergue os braços sorrindo, seus novos amigos do último ano aparecem no meio da roda, são dois brutamontes, assim como ele. – Vai!

A garota deixa um sorriso sem graça, mas decide ceder. Tara pega um dos papéis na mesa e anota o que pensou. Depois o guarda no bolso, para só então começar.

A moça tenta divertir as pessoas ao redor, sempre com seu bom ânimo, porém a maioria aqui já está se incomodando com a gritaria dos três bêbados no sofá, que agora mandam cantadas para nossa amiga. Até Benjamin, o escudeiro fiel do Jerry, se levanta, dando espaço para os novos membros. Ele dá uma boa olhada em seu amigo, e o reprova com um movimento de cabeça e se afasta o mais rápido que pode.

– Eu nunca vi o Jerry assim – digo, quase lamentando vê-lo dar um soco num garoto que acabou de esbarrar nele e chamá-lo para luta. Obviamente é de brincadeira, mas o golpe parece ter realmente machucado o pobrezinho, que evita o grupo, pedindo desculpas.

Tara para as adivinhações para ver se o menino realmente tá bem, indo atrás dele. Jerry grita por nossa amiga, que o ignora completamente.

– É o álcool – Laura justifica. – Ele só precisa se controlar um pouquinho.

– Não estou gostando nada disso. Talvez devêssemos ir embora. A minha mãe vai me matar se souber que eu estive numa festa com bebida.

– Não! – A loura me segura pelo braço, me obrigando a olhar em seus olhos. – Por favor. A gente não vai se encrencar, nós não vamos beber. Sua mãe nunca vai saber.

– Oi, Beth – Helena surge do nosso lado como num passe de mágica. – A mamãe deixou a criança sair de casa?

– O que você quer? – Vou direto ao ponto.

– Só vim te cumprimentar, credo – diz, arregalando os olhos e afastando a cabeça. – O que é? É crime ser educada agora?

– Você não me cumprimentou – Laura levanta a mão e a balança, para chamar a atenção dela.

– Sabe que eu nem tinha te visto? – Ela provoca, lançando um olhar para sua amiga no canto da sala e rindo previamente. – Achei que fosse a sombra da Beth – sai desfilando bem na nossa cara antes de podermos falar algo.

– Odeio essa garota! – Laura vocifera.

– Helena é só uma distração, vamos procurar a Tara – digo, erguendo as sobrancelhas para esse showzinho ridículo que acabei de ver.

Quando faço uma varredura com os olhos, vejo a garota aos pés da escada, conversando com Ben, Jerry e seus novos amigos, eles parecem estar melhores, mais comportados, talvez tenham se desculpado pelas palavras inadequadas, e pelo garoto que socou.

Consigo vislumbrar daqui Sam, está jogado numa cadeira sozinho na cozinha, encarando fixamente seu copo de refrigerante.

– Eu já volto – aviso Laura e caminho até o garoto, tendo que desviar de vários alunos no meio do trajeto.

Dois meninos passam por mim apressados, trazendo consigo a maior pizza que já vi, é enorme. Eles a exibem e gritam para todos que estão na sala que já podemos comê-la na cozinha. Leva algum tempo até que as pessoas venham, mas elas vem. Não dá pra escutar quase nada com essa música tocando, tenho que me aproximar mais para ouvir.

– Oi – sorrio. – Não vai ficar com seus amigos?

– Ah, oi, Beth – diz, desanimado. – Prefiro quando o Jerry tá sóbrio. Fora que eu não lido bem com substituições – completa, se referindo aos dois do último ano com a cabeça.

Olho para a sala agora vazia, eles ainda estão conversando com Tara aos pés da escada, e ela está até mesmo abraçada de lado com o dono da casa, devem ter feito as pazes. Antes de desviar o olhar, percebo um rápido movimento de mãos de um dos desconhecidos, ele passa a mão na perna da minha amiga e se aproxima ainda mais, a moça parece levar um susto e fala algo com o atrevido. Espero que esteja tudo bem.

Volto a focar em Sam, seus cabelos castanhos escuros estão completamente bagunçados e encharcados, diferentes de antes, a cena que automaticamente construo na mente é ele mergulhando a cabeça na pia do banheiro.

– Você mergulhou a cabeça na pia do banheiro?

O garoto parece levar um susto, porém se recompõe rápido, desviando o olhar.

– Por que eu faria isso?

Suas bochechas redondas ficam vermelhas, quase rosadas em sua pele empolada. Tento segurar a risada com a mão na boca, mas simplesmente não consigo.

– Tá bom, eu faço isso quando tô chateado – confessa, se levantando. – Mas isso fica entre a gente.

– Prometo não contar pra ninguém – falo, deixando-o aliviado. Quando ele se vira em direção à porta de vidro eu completo. – Só pra Laura.

– Escuta aqui, sua baixinha...

– Tô brincando, Sam – faço um gesto com a mão para ele ver que é só uma brincadeira, mas não é e talvez até pra Tara eu conte.

O garoto resmunga e sai pela porta da cozinha, acompanho-o com olhar até que ele faça de fato.

Escuto uma voz familiar gritar mais alto no meio da bagunça, ao longe, e ao olhar para a escada na sala, Jerry está subindo os degraus, carregando Tara nos ombros e os dois brutamontes o estão seguindo logo atrás. Por um segundo, penso ser uma brincadeira, mas toda a minha teoria vai por água abaixo quando observo a expressão desesperada da minha amiga, que se debate para sair. Por último, vejo Ben indo também, correndo atrasado.

O que eles vão fazer com ela? Julgando pelos seus olhos saltados, e pela sua expressão corporal, e seus berros, não foi nada consentido. Tudo se encaixa num segundo, quatro garotos, pelo menos três alcoolizados, levando para o segundo andar a moça mais popular e com certeza uma das mais belas da escola. O meu coração dispara, sinto uma onda de coragem momentânea me invadir enquanto tento passar o mais rápido possível pelos móveis e ir atrás. Percebo que algumas pessoas na cozinha notam também, mas ou estão rindo achando que é mais uma pegadinha talvez, ou não querem se meter, a outra metade está bêbada. Olho ao redor e não vejo Laura, vou ter que ir sozinha.

Taylor! Eu achei que você era diferente! Eu achei mesmo que você era um cara bom! Mamãe estava certa, os garotos só pensam em sexo.

Subo os degraus o mais rápido que meus pés pequenos me permitem, e avanço até a fonte dos gritos, uma porta entreaberta. Ao passo em que me aproximo, os berros de minha amiga e dos garotos tiram toda a minha coragem, assim como os baques secos, não sei o que está acontecendo, mas tenho medo de me envolver e acabar sendo violada, assim como acredito que estão tentando fazer.

Os meus olhos começam a ficar úmidos involuntariamente, as mãos tremem, e sinto que estou hiperventilando. Os muitos "Parem!" de Tara me fazem congelar na porta. Tudo que consigo fazer é espiar, os garotos já rasgaram a blusa da moça, deixando à mostra seu sutiã. Porém, tenho uma surpresa, Ben está se colocando entre eles e Tara.

– Me escutem! Vocês não estão raciocinando! Não podem fazer isso! – Ele grita.

O mais alto de todos desdenha do menino com seu parceiro e o empurra para trás.

– Você tá atrapalhando, garoto! A gente só quer se divertir! E ela também quer!

– Ela parece querer? – Ben aponta para a menina que agora se recompõe atrás dele, mas com os braços cobrindo o máximo que pode do seu corpo.

– Fala pra ele! – Jerry ordena com a voz arranhada, seu corpo balança um pouco para o lado, mostrando claramente sua embriaguez. – Você disse que queria sua primeira vez! E vai ser comigo!

– Eu não quero nada! Só quero ir embora, por favor! – A moça praticamente implora, mas é ignorada pelos sorrisos maldosos deles.

– Fica aqui, princesa, nós vamos te ensinar tudinho sobre o sexo, você vai adorar – um dos caras afirma, largando a garrafa de cerveja no chão depois de tomar o último gole.

Tara tenta passar correndo por eles, mas o mais parrudo dos caras a agarra pelo braço, e leva um tapa na cara como resposta. Nesse instante, vejo a expressão dele se enfurecer, o garoto fecha a mão e devolve um soco no rosto de Tara, me tirando um suspiro da boca.

– Vagabunda! – Esfrega a mão na bochecha esbofeteada. – Você implorou pra transar e agora me bate?

Nessa hora, Ben parte com tudo para cima do agressor, conseguindo apenas acertar um soco em seu peito antes de ser parado por Jerry. Os dois então começam a trocar socos e chutes mal pensados, enquanto os desconhecidos agarram a menina novamente, um puxa seu short para baixo, e o outro abre o zíper da calça, ela luta para afastá-los, tentando se soltar, chorando e gritando para que parem.

O Taylor não tem a menor chance contra o capitão do time de basquete, que o trava com as pernas contra o piso e desfere golpes no seu rosto sem parar, porém ele aproveita da confiança excessiva de seu amigo, e mesmo apanhando muito, alcança a garrafa de cerveja ali próxima e o atinge na cabeça, derrubando-o na hora.

Do outro lado, um dos caras empurram seu seu órgão sexual de uma só vez na garota, enquanto o outro a mantém numa posição humilhante, que também é favorável para seu amigo, a vítima encolhe as nádegas como pode e geme de dor a cada estocada, nesse mesmo instante fecho os olhos com tanta força que parece que vou esmagá-los, apenas para tentar acordar desse pesadelo sem fim. Tento fazer alguma coisa útil, mas meu corpo não obedece nenhum comando que a mente pede.

Quando observo a cena novamente, o estrago já está feito, Ben se ergue com muita dificuldade, cambaleante, o seu nariz está sangrando horrores e o olho já dá sinais de que vai ficar roxo. Os dois caras percebem o que aconteceu com Jerry e a garrafa e desistem continuar abusando de Tara, recolhendo suas coisas para dentro da calça, para se concentrar em derrubar o garoto. Leva apenas um segundo para que aconteça, com um único soco. Como se não bastasse, eles ainda o chutam no chão várias vezes ao mesmo tempo em que disparam ofensas pesadas à sua mãe, e para o próprio. O menino só tenta proteger a cabeça com os braços, o restante está à mercê deles. A minha amiga também está congelada, ela só consegue se afastar arrastando as pernas pelo chão e pregar as mãos em um abajur, para sua própria defesa, ao mesmo tempo em que sua voz chorosa pronuncia palavras incompletas e lamentosas.

Eles só param depois que percebem que ele não se move, os dois se encaram assustados, estão com medo do que fizeram.

– A gente matou ele? – O mais alto pergunta, encarando a fileira de sangue que escorre da boca do agredido.

– Vão bora – o outro se recusa a constatar e ajuda Jerry a se levantar.

Eles andam bem mais rápido do que eu esperava, e abrem a porta de uma vez me assustando ainda mais, afasto um passo, completamente horrorizada. Estar diante deles é ainda mais intimidador, a respiração de um vem até mim, juntamente com o odor de álcool. Encaro os três boquiaberta, tento falar alguma coisa, mas não sai nada, é como se eu tivesse engasgado. Eles estão tão perto que sinto um frio no estômago, uma sensação de completo apavoramento que percorre toda a minha espinha.

– Cai fora daqui! – Um deles grita.

Não penso duas vezes, estou tão tomada pelo pânico, e pelo choque das cenas que vi que corro, desço os degraus e vou embora sem olhar para trás. Enquanto fujo pelas ruas sem rumo, chorando sem parar, não sei para onde estou indo, atravesso uma avenida, totalmente confusa, é como se nada do que meus olhos veem fosse real, tudo que vejo é apenas aquelas cenas, dois garotos estuprando a minha amiga, ao mesmo tempo em que Ben era espancado, ouço apenas uma buzina incessante logo depois da travessia, uma voz masculina me chama de louca e manda eu prestar atenção na rua, mas não consigo me orientar direito.

As lágrimas fazem as minhas vistas ficarem embaçadas, além de fazer a minha cabeça doer, a vida não é mágica como em um livro, não tem como só pular as partes ruins, ou se distrair fazendo outra coisa. A realidade é cruel, os monstros não vão embora, a mocinha não é salva pelo príncipe, o lobo mau devora os porquinhos. Eles estupraram a Tara e eu nem me atrevi a tentar ajudar, fui uma covarde, enquanto isso mataram o pobre Ben de pancadas.

Tropeço no meio fio e caio no passeio, porém nem me dou ao trabalho de me levantar, ignoro a ardência no braço e nos joelhos, apenas me arrasto para um poste e me sento embaixo dele.

Eu... Eu tenho que fazer alguma coisa, tenho que chamar a polícia! Ainda estou fora de mim, e tenho que parar de tentar limpar os meus olhos para respirar. Só então pego o telefone no bolso e ligo para as autoridades, explicando parte do que aconteceu e dando o endereço. Não consigo me atrever a falar sobre o que vi naquele quarto com detalhes. Apenas falo que um garoto foi espancado na festa.

Depois, ligo para o meu pai, porém é a minha mãe quem atende. Nessa hora, não me importo com as consequências, nem com o falatório posterior, só quero ir pra casa.

– Mãe... – Faço uma pausa para fungar. – Por favor, vem me buscar!

– Você tá chorando? O que foi que aconteceu, filha?

– Só venha, por favor, eu tô implorando! – Olho ao redor, não faço ideia de onde estou, só tenho a lua como companhia nessa noite.

Ela balbucia alguma coisa, mas ao invés de me xingar, pela primeira vez, a escuto suspirar calmamente.

– Já estou indo. Fique onde está.

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