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𓏲 . METANOIA . .៹♡
CAPÍTULO TRINTA
─── O SACRIFÍCIO
O CAOS REAPARECEU NO CASTELO.
A fortaleza que havia sido Hogwarts apenas meia hora atrás havia caído. As proteções adicionais que Maia e McGonagall colocaram no pátio foram reduzidas a cinzas. Os cavaleiros não estavam mais protegendo, os escudos haviam sido penetrados até mesmo pelo mais retardatário dos Comensais da Morte. Hogwarts estava prestes a cair e os minutos estavam se esgotando para consertar a situação.
Foi então que um dos pilares mais próximos explodiu e os alunos rodopiantes perceberam o que estava acontecendo. Eles fugiram aterrorizados, mal cientes do que havia acontecido alguns minutos atrás, independentemente de quem eles tinham ao seu lado ou quem estava lançando feitiços neles de qualquer lugar.
Maia foi a última a voltar à realidade. Um pedaço da escada se soltou e passou bem rente ao corpo dela, atingindo a parede. Ela não teve tempo de ficar em guarda, pois Tonks já a havia segurado pelo braço e a estava conduzindo para o outro lado, junto com Remus e Arthur, que felizmente permaneceram ali.
Malfoy agarrou a varinha, agora instalada em sua mão, de tal forma que quase parecia uma extensão de seu próprio braço. Ela lançou feitiços e maldições para a esquerda e para a direita, mal percebendo com quem eles colidiram, mas rezando para que ela tivesse derrubado um oponente.
Seus sentimentos estavam na superfície, era entendido toda vez que um feitiço saía de sua varinha. Faíscas vermelhas sempre acompanhavam feitiços de ataque, enquanto seus protegos incluíam uma aura especialmente poderosa. Bellatrix tinha acabado de assassinar seu melhor amigo a sangue frio na frente dela, e ela ainda estava furiosa, com desejo de vingança, mas, acima de tudo, embora estivesse ofuscada pela raiva naquele momento, estava profundamente triste.
Ela lutou para não derramar lágrimas quando ela viu um garoto alto com cabelo curto e uma capa preta passar, pois qualquer coisa parecia lembrá-la dele, e ela conseguiu quando uma de suas maldições derrubou o Comensal da Morte que parecia persegui-los.
— Você tem que ir. — Tonks disse agarrando suas bochechas. — O resto da Ordem está lutando perto do Grande Salão, que é de onde os Comensais da Morte devem ter vindo. Você estará segura lá.
Maia balançou a cabeça repetidamente, ainda nas mãos da prima. — Eu não vou deixar você aqui sozinha. Eu vou ficar com você.
— Eu não estou sozinha. Remus está ao meu lado. Nós não vamos deixar nada acontecer um com o outro, eu prometo. — Tonks disse com um pequeno sorriso. Maia ainda duvidava. — Confie em mim, por favor. Quando tudo isso acabar, vamos nos reunir. Teremos todo o tempo que foi roubado de nós. Fique segura.
Contra todas as probabilidades, Maia se jogou nos braços de sua prima, que a apertou com a força que ela sempre quis. E é que Maia era a única coisa que restava em sua família que ainda valia a pena, pela qual ela ainda estava disposta a lutar, a única que ainda merecia um futuro melhor. Tonks limpou a sujeira e um pouco de sangue do rosto, mas não conseguiu evitar o que ainda estava em sua pele e roupas. Os cantos dos lábios de Tonks se contraíram, e Maia só pôde seguir seu olhar para suas roupas, uma tristeza infinita voltando a se instalar em seu coração.
Maia não perdeu um segundo quando se virou, porque conhecia muito bem a sensação de não querer se separar de alguém, e sabia que aconteceria de novo se olhasse para Tonks novamente. Então ela a ouviu e correu, o mais rápido que podia, pelos corredores e pelos escombros, parando de vez em quando para brigar junto com um colega de classe, que lhe deu um olhar inesperado de gratidão quando um Comensal da Morte decidiu deixá-los sozinho.
O caso mais estranho foi o de Seamus Finnigan, que estava literalmente lutando por sua vida, enfrentando um Comensal da Morte que Maia tinha visto uma vez em sua casa, mas cujo nome ela não lembrava. O grifinório estava esparramado no chão, sua têmpora sangrando e sua varinha a alguns metros dele, mas felizmente Maia conseguiu vir em seu socorro.
— Petrificus totalus! — e tão alto quanto ele era, o homem caiu no chão. Maia poderia ter feito mais do que paralisá-lo, mas ela não queria perturbar a calma que Seamus provavelmente ansiava e merecia tanto. Ela jogou a varinha nele quando o alcançou, e o ajudou a ficar de pé. — Você deveria ir verificar isso. Por enquanto, apenas pressione o ferimento para que o sangue pare de fluir.
— Obrigado, Malfoy.
Maia simplesmente assentiu; ela não queria se envolver em mais conversa do que o necessário. Ela caminhou o mais rápido que pôde para fugir da imagem do rosto de Seamus coberto de sangue, mas não pôde deixar de olhar para suas mãos e roupas e vê-las encharcadas de tinta vermelha. Suas entranhas se agitaram, a bile subiu por sua garganta, e seu cérebro continuou culpando-a por ela não ter feito nada para impedir sua tia. Suas mãos tremiam, os soluços lutavam para sair de sua garganta e ela não tinha mais forças para continuar sendo algo que não era.
Ela colidiu com um corpo menor que o dela ao virar a esquina, e a força que cobria seu rosto voltou à posição. Ela apertou as mãos para parar de tremer e respirou fundo para recuperar o controle de seu corpo.
Hermione Granger a observou, atordoada. Por que está sempre coberto de sangue quando a vejo? Maia pensou que a grifinória estava pensando, pois os olhos da morena instantaneamente viajaram para sua barriga. Elas se olharam nos olhos por um momento antes que nenhum das duas pudesse dizer nada.
— Hermione! — Ron a chamou por trás, como se soubesse instantaneamente que ela havia encontrado algo.
— Ela está aqui. — a Grifinória disse em voz baixa. — Nós estivemos procurando por você. Ouvimos o que aconteceu com você. Você está bem?
— Eu só... — quero dormir, a garota queria dizer, mas um tremor em sua mente a deteve. Ela se sentiu estranhamente fraca, como se isso tivesse sido a gota d'água para que suas forças se esgotassem. Ela logo saberia que o pior ainda não havia chegado.
— Houve uma trégua. — a garota da Grifinória queria iluminar o clima, mas todos ao seu redor - até ela mesma - pareciam cansados. — Os Comensais da Morte desapareceram. Todo mundo está no Salão Principal, as enfermeiras estão lá se você quiser checar isso. — Hermione apontou para sua sobrancelha, se perguntando se deveria tocar a ferida com o dedo ou deixar sua privacidade para a garota, ela optou pelo último. — Acho que todo mundo está apenas esperando o fim de tudo.
— Que nobre do Lorde das Trevas, mostrando misericórdia. — a garota loira pronunciou, sua cabeça baixa.
A cena que os esperava do outro lado das portas era avassaladora. Dezenas de corpos deitados em macas, enfermeiras andando daqui para lá com a intenção de acolher mais alguns feridos. Outros não tiveram tanta sorte, tiveram que enfrentar a morte cara a cara e perderam. Maia se sentiu afortunada por não ter que lamentar mais perdas, mas angustiada por não poder lamentar a morte daquelas pessoas que ela simplesmente não conhecia.
De repente, Ron se separou do grupo e avançou sobre vários membros de sua família. O coração de Maia pulou uma batida então, absorvendo a situação: Gina. Puro pânico percorreu seu corpo quando ela viu Ronald agachado em uma maca, seu rosto contorcido e soluços atacando seu peito. O mundo de Maia parou quando ela viu Gina encostada nos ombros de seus irmãos.
Porque a ruiva era tudo o que importava. Gina estava bem, Gina estava segura, era a única coisa que podia fazer sentido agora. Quando seus olhos se encontraram, ela sentiu pena novamente por apenas pensar na Grifinória quando havia outras pessoas mais seriamente afetadas ao seu redor. Foda-se, ela pensou.
Ela abraçou a ruiva com todas as suas forças, sentindo a mais nova chorar novamente, mas desta vez contra seu peito. Se Gina estava bem, mas Ronald chorava daquele jeito, alguém não teve a mesma sorte que eles. Ela afastou o cabelo de Ginny de seu próprio rosto, e ela podia ver como um dos gêmeos estava deitado no chão, seu outro irmão agachado ao lado dele, acariciando seu cabelo e lamentando sua perda.
Maia fechou os olhos com força, a imagem de Éden voltando à sua mente. Ela lutou para afastá-lo; ela queria chorar por ele, ela queria poder dar a ele o fim que ele merecia, mas esse momento era para Gina e apenas para Gina; ela teria tempo para compartilhar suas próprias misérias. Ela beijou ternamente o lado de sua cabeça, inalando o cheiro que o cabelo de sua namorada exalava.
— Eu sinto muito, linda. — Maia continuou repetindo contra o cabelo de Ginny. Ela pensou que essas eram as únicas palavras que ela era digna de dizer.
Gina parecia não querer se separar do corpo da mais velha, que continuava a segurá-la sem colocar nenhum impedimento. Ah, quantas vezes ela quis isso, sentir o coração bater contra o peito, tê-la tão perto, mas não nessas condições. Ela se sentiu culpada só de pensar nisso.
— Pelo menos você está bem. — Ginny conseguiu dizer, soluços afetando o tom de sua voz.
O coração de Maia disparou e seus olhos não foram capazes de encontrar os da ruiva. Ela se sentiu uma covarde, uma mentirosa, por não ter contado a verdade mesmo sabendo que Gina já sabia de todos os detalhes do que aconteceria naquela noite. Só que nenhuma das duas meninas queria acreditar que, para tudo acabar, Maia tinha que morrer.
— Eu sempre estarei aqui.
Então ela percebeu o que tudo isso significava. Não havia futuro com Gina, nem mesmo um presente, se ela pensasse sobre isso. Não haveria mundo onde Maia Malfoy conseguisse viver, crescer, se tornar adulta com a ruiva, ver Teddy crescer, aproveitar a existência de um novo mundo em que Voldemort não estava mais vivendo. Porque ela era a origem, mas também o fim.
Ela abraçou a mais nova mais uma vez para esconder tudo o que passou pela sua cabeça. Os Weasleys ainda estavam de luto pela perda de um de seus membros, e Maia entendia toda a dor que sua mera existência causava e continuaria a causar se ela não agisse agora.
Porque sim, talvez ela sempre estivesse com ela, mas não do jeito que a ruiva queria.
Ela se separou dela mais uma vez e juntou seus lábios com todo o amor que podia depositar naquele beijo. Ela queria, precisava, que Gina ficasse ciente de que o que ela havia despertado naquele coração frio não havia sido alcançado por mais ninguém, ela queria que a ruiva tivesse certeza de que o que ela sentia por ela era real e genuíno, e que esse era o mais puro que ela nunca lhe daria.
— Eu te amo, espero que você saiba disso. E que você entenda o significado e a profundidade disso. Por favor, saiba que não importa o que aconteça esta noite, eu vou procurar por você.
— Mesmo se você não conseguir esta noite?
A voz de Maia falhou. — Mesmo se eu não fizer isso.
A loira enxugou as lágrimas silenciosas que escorriam pelas bochechas da grifinória e se separou dela, dessa vez para sempre. Ela olhou ao redor e não pôde mais suportar a culpa que inundou seu coração. Todos os feridos, todos os mortos, todas as famílias e amigos devastados pela perda, foi culpa dela por não ter se entregado, e ela não estava disposta a deixar mais infortúnios acontecerem. Era o momento.
Ela se virou e, assim que o fez, detectou um par de olhos verdes observando-a à distância. Harry estava longe, cercado pela solidão e provavelmente com o mesmo peso em seu coração que ela agora. Ele estava quase implorando com os olhos que era hora de ir, e mais uma vez, ela não pensou duas vezes quando soltou a mão de Gina para ir com Harry.
Harry Potter, que tinha sido o arqui-inimigo de seu irmão - e, portanto, dela - e agora era sua única companhia para enfrentar a morte.
— Ela entende.
O menino foi o primeiro a quebrar o silêncio. Ele não sabia se deveria ter ficado quieto ou conversado para fazer Maia se sentir melhor, mas preferiu compartilhar suas dúvidas a ficar quieto até enfrentar seu destino.
A sonserina olhou para ele assim que eles saíram do castelo. Uma leve brisa agitou seus cabelos, assim como os do menino, e gelou suas veias com o simples pensamento de que ela nunca mais sentiria isso. Nunca.
— Ela realmente entende, não é? — Harry assentiu e Maia soltou um suspiro. — Estou tão preocupada com ela. Ela acabou de perder o irmão, e eu vou embora em questão de tempo. Eu sabia que não seria capaz de cuidar dela para sempre, mas pensei que tinha mais tempo.
— Ela não estará sozinha. Nenhum deles estará sozinho, eles terão um ao outro. Nós não estaremos lá com eles, mas nós... Nós teríamos ajudado. É a única coisa que eu tenho em mente que me deixa fazer isso. Eu não quero que eles percam mais nada, mesmo que isso signifique que eu vou embora para sempre.
Seus corpos inevitavelmente se aproximaram, e foi Maia quem notou quando seus ombros estavam praticamente unidos. Havia apenas dois filhos, eles não tinham nem dezoito anos, e estavam prestes a sacrificar tudo. Ambos sabiam que não eram culpados, não tinham escolhido esse destino e que, se soubessem, provavelmente teriam preferido não ter magia do que deixar todo o mundo bruxo sofrer por eles.
— Até seu irmão. — seguiu Harry, e o coração de Maia se partiu um pouco. — Se fizermos isso, significa que Draco estará seguro também. Não é por isso que você está fazendo isso?
Maia não sabia o que responder a isso, então ela demorou. Sim, anos atrás ela havia decidido ir até Dumbledore para salvar seu irmão, mas não entendia até que ponto seu irmão já estava perdido, pois a marca pulsava em seu braço como se tivesse vida própria. E sim, manter seu irmão seguro ainda era uma de suas prioridades, mas ela tinha sonhado com este momento por tanto tempo que agora que ela estava vivendo isso parecia que tudo parou de fazer sentido.
Então ela apenas respondeu: — É. — mas, sabendo que ela estava prestes a morrer, ela decidiu que não queria mais ficar calada. — Eu sonhei com essa situação centenas de vezes, talvez até mais. Eu finalmente prestes a derrotar Voldemort de uma vez por todas, Draco estando seguro, eu morrendo, mas agora... Estou com medo de morrer, mesmo que eu queira.
Harry assentiu repetidamente. — Eu sei. Eu me sinto como você. Nós simplesmente não temos que pensar sobre isso. Nós apenas... Mergulhamos nele. Como quando a água está muito fria. Você não precisa pensar sobre isso ou você nunca vai nadar. — Maia ficou em silêncio até ver o grifinório tirar algo do bolso. — Dumbledore me deu isso. É o primeiro pomo que eu peguei, quando joguei meu primeiro jogo. Eu sei que tem algo especial - Dumbledore me deu, afinal - mas só diz 'eu abro no fechamento'. Alguma chance de ele já ter lhe dito o que isso significava?
Sem perceber, eles já estavam na floresta. Apenas as folhas soavam sob seus pés e o silêncio aterrorizante os envolvia.
— Não, mas Harry... Este é o seu fim. Você está a minutos de morrer. É isso. Talvez tente dizer ao delator como você se sente.
Harry levou o pequeno pomo à boca e sussurrou algo tão baixo que nem mesmo Maia, que estava a centímetros dele, conseguiu ouvir. De repente, a mão do menino tremeu e o pomo caiu no chão. Maia rapidamente se abaixou no chão, pronta para pegá-lo, temendo que tivesse quebrado, mas notou algo vermelho dentro do objeto dourado. Ela começou a pegá-lo, mas parou quando Harry engasgou.
— O que?
Ela ficou em silêncio rapidamente quando viu duas pessoas na frente dela. Ela abriu a boca, pálida, mas as palavras não conseguiam sair. Harry engoliu em seco e tentou se aproximar deles, mas Maia o impediu com toda a dor do mundo.
— Eles não estão aqui, Harry. Eu entendo agora: é a pedra da ressurreição. Ela permite que você veja as pessoas... Que se foram.
Maia engoliu em seco como seu parceiro enquanto observava silenciosamente as silhuetas de James e Lily Potter. Nenhum dos dois disse nada, mas também não foi necessário: pais e filho se entreolharam em silêncio, como se tentassem decifrar seus olhares. Do outro lado deles, Sirius Black apareceu em seus campos de visão. Maia segurou um gesto chocado.
— Você tem sido tão corajoso, querido. — Lily Potter meditou.
O sangue nas veias de Maia congelou, ela nunca poderia imaginar que passaria por tal situação.
— Por que vocês estão aqui? Todos vocês?
— Nós nunca saímos. — mais uma vez, a mãe de Harry respondeu.
Lágrimas agiram novamente, desta vez nos olhos dos dois alunos. Harry se dirigiu a Sirius dessa vez. — Dói morrer?
— Mais rápido do que adormecer. — a voz não veio dos lábios de Sirius, mas era uma voz feminina vindo de trás deles.
Maia se virou com o pior sentimento instalado em seu coração. Tonks se apresentou na frente dela, seu cabelo agora rosa e um pequeno sorriso vivendo em seus lábios. O coração de Maia se partiu em mil pedaços naquele momento. Ela caminhou rapidamente até ela, levantou a mão e... Acariciou o ar. Seus lábios tremiam.
— Não, por favor, por favor... Você prometeu! — Maia gritou com raiva, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Você disse que estaria segura com Remus, você disse que nada aconteceria com você. Você mentiu!
Tonks deu-lhe outro sorriso. — Dizemos muitas coisas que não devemos dizer para proteger alguém, não é?
— Mas Teddy? O que vai acontecer com ele agora? Nós o deixamos sozinho.
— Outros lhe dirão por que sua mãe e seu pai morreram. Um dia ele vai entender.
Maia não podia acreditar na situação que estava vivenciando. Ela não sabia disso momentos antes, mas agora ela sabia que suportar tantas perdas ao seu redor seria mais difícil do que perder a si mesma.
— Fiquem perto de nós. — Harry finalmente disse. — Precisamos de vocês agora.
Ele colocou a pedra no chão, e então Tonks e os outros desapareceram da vista dos dois adolescentes, mas não de seus corações.
Na clareira da floresta, Voldemort os esperava. Ele acariciou sua varinha como quem mima um animal de estimação, sabendo que aquela varinha seria aquela que acabaria com os dois adolescentes e, portanto, com a profecia, e então ele poderia exercer o poder máximo que nenhum bruxo jamais teve. Seus capangas estavam atrás dele, aterrorizados com as consequências se os jovens Malfoy e Potter não aparecessem.
Mas eles fizeram.
E os Comensais da Morte suspiraram, aliviados, mas também querendo que aquilo acabasse e Voldemort fosse o bruxo mais poderoso de todos os tempos. Até Bellatrix parecia surpresa ao ver sua sobrinha ali na frente dela, apenas uma versão fraca do que Maia Malfoy já foi sob sua tutela.
A loira não pôde deixar de encontrar o olhar de seus pais, que estavam diante dela, com rostos visivelmente afetados. O gesto de Narcissa era igual ao da filha, os lábios trêmulos, os olhos cheios de lágrimas, sabendo que a filha, a primogênita, enfrentava o pior castigo. Ela estava grata que Draco não estava lá, porque ela sabia que não podia suportar como seu irmão testemunhou sua própria morte. Não depois do que ela havia prometido horas atrás.
— Harry, não! O que você está fazendo aqui? — Hagrid gritou, lutando desesperadamente para se soltar das cordas.
Mas o menino o ignorou.
— Harry Potter. O menino que viveu... Veio para morrer.
O coração de Maia parecia que ia explodir do peito. Estava correndo como nunca antes, sua respiração não estava descansando e a dor de cabeça do estresse estava aumentando. Seus olhos viajaram para os Comensais da Morte, sabendo que estavam em menor número, e pousaram em sua mãe, que estava olhando para ela do mesmo jeito que ela.
Aconteceu tão rápido quanto Tonks havia prometido. — Avada kedavra! — Voldemort gritou, e o corpo de Harry caiu no chão com um baque.
Agora é minha vez.
Não pense.
Não pense.
Ela se virou para ver algum sinal de vida em seu companheiro, mas não havia, e seu coração parou pela milésima vez naquele dia.
— Agora, agora. — o Lorde das Trevas limpou a garganta. — Fiquem quieto. A jovem que temos aqui também merece morrer, acho que todos concordamos. No entanto, em um gesto generoso para seus pais, aqui, e para ela, por ter sido mais alcançável que Harry Potter, vou deixá-la diga suas últimas palavras para nós. — Voldemort deu um sorriso arrepiante. — Algo a dizer, querida?
Vou morrer de qualquer jeito, pensou a garota, então é melhor eu ir em paz.
— Gostaria de transmitir minhas primeiras condolências aos meus pais, que sem saber levantaram o que seria uma traidora. Talvez eu não fosse o que vocês esperavam de mim, talvez eu não fosse a filha perfeita, mas vocês também não são. E a Bellatrix, que me levou a fazer tudo o que fiz e a ser quem sou hoje, mas sei que ela não aceitará falar com uma traidora como eu. Tenho pena do fanatismo você sente por uma causa baseada em obsessão e sonhos que nunca se tornarão realidade. Lamento que você tenha colocado suas idéias antes de sua família, e só por isso você nunca foi minha família. Você falhou em sua missão de me fazer um poderosa bruxa das trevas, e você irá para o túmulo sabendo que, mais uma vez, você não alcançará seus propósitos. E para você, meu senhor, gostaria de lhe dizer que, faça o que fizer, hoje é o seu fim. Você sabe porque? Porque você pensou tanto em algo tão superficial como o poder que nunca considerou sentimentos mais puros como amor ou sacrifício. Então hoje eu vou morrer sim, mas sabendo que você vai morrer comigo.
Não havia mais um pingo de medo em seu corpo. Ela havia sido deixada vazia, desumanizada, à mercê daqueles que a odiavam tanto. Não restava terror nem tristeza, apenas um lamento que cantava dos telhados: ela ia morrer e ela sabia disso, mas os gestos nos rostos de seus oponentes não tinham preço.
Nem mesmo Bellatrix disse nada. Ela olhou para ela como alguém olhando para algo irrelevante, sem importância, ao contrário de Narcissa, que parecia querer fugir do alcance de Lucius na tentativa de salvar a vida de sua amada filha. Mas era tarde; Maia era a mais adulta que vira em sua curta vida e estava disposta a se sacrificar. Por um momento, Narcissa ficou com inveja do que sua filha havia se tornado.
Voldemort queria rir, deixar passar os últimos ataques da garota, mas sabia que seu tempo estava acabando, então não pensou duas vezes.
Maia fechou os olhos.
Mais rápido do que adormecer.
— Avada kedavra!
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