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𓏲 . METANOIA . .៹♡
CAPÍTULO VINTE E CINCO
─── A FACADA DE BELLATRIX
NO MOMENTO EM que seus pés voltaram ao contato com o chão, aquela sensação. Ela engoliu em seco para evitar a bile que subiu até sua garganta, e cobriu os olhos com a mão com a grande quantidade de luz que batia em seus olhos.
Cheirava a mar. Ela não tinha ido muitas vezes à praia, mas era capaz de reconhecer o cheiro salgado que penetrou em suas narinas, o punhado de areia que foi soprado em sua boca pela brisa do mar. Ela também ouviu gaivotas. Ela não tinha ideia de onde estava - ou de quem era a casa a poucos metros de onde eles estavam - mas sentiu uma paz que nunca sentira antes.
— Foda-me. — ela ouviu um sussurro ao lado dela. Ela estava prestes a se virar para repreender Ronald, mas encontrou apenas um par de olhos azuis arregalados a observando. — Você está sangrando.
Então ela estava sagrando. Ela estava ciente do ferimento em seu ombro, que a princípio não parecia nada sério - apesar de ser uma maldição da varinha de um Comensal da Morte - mas ela não havia notado a enorme mancha vermelha que se espalhava por seu suéter bege, ou as pequenas gotas da mesma cor em seu peito. Levando as mãos ao rosto, ela descobriu que era seu próprio sangue, derramando pelos lábios entreabertos.
— Meu top está arruinado. — foi a única coisa que saiu de seus lábios. Um punhal em seu estômago previu isso. Ela cuspiu o sangue da boca para o lado, a areia assumindo um tom avermelhado, e levou as mãos ao lado do corpo. — O que eu faço?
Sua voz lembrava uma menininha, assustada e indefesa, que parecia ter perdido o rastro de seus pais e que agora estava perdida. Ela estava tremendo, quase tanto quanto suas mãos, tanto que parecia que seus joelhos não aguentavam mais seu peso a qualquer momento.
— Nós temos que levar você para dentro. — Ron disse, firme. — Bill e Fleur saberão o que fazer. — o ruivo passou um braço atrás dos joelhos e o outro nas costas com esforço. — O que diabos você está esperando?
Harry reagiu tão rápido quanto as palavras de seu amigo chegaram aos seus ouvidos. Ele ajudou Ron a carregar Maia para trás, tentando não tropeçar em nada que pudesse fazê-lo cair. Hermione estava soluçando atrás deles, suas mãos subindo para suas bochechas a cada dois segundos para enxugar as lágrimas. Ninguém sabia se ela estava chorando por causa do estresse e pânico que havia sofrido - e continuava a sentir - ou se era uma preocupação genuína com a saúde de Maia.
Ela mesma parecia manter a calma nos braços de Ron, que gritava desesperadamente os nomes de seu irmão e cunhada em um pedido de ajuda. Tudo passou muito rápido diante dos olhos de Maia: Bill soltou muitos palavrões quando ele estava na frente dela, e Fleur levou as mãos à testa em desespero. Então algo prateado saiu da varinha de Bill e se perdeu entre as dunas de areia daquele lugar.
— Eu estou bem. — a sonserina repetiu várias vezes. — Estou bem.
— Enviei um patrono para mamãe e papai, e para Remus e Tonks. — disse Bill. — Mamãe tem experiência em lidar com feridas, e talvez Tonks possa ajudar também. Afinal, ela é uma auror.
— Merlin, se isso vai ser um funeral, eu não pedi para tantas pessoas! — rosnou Maia, a dor em seu abdômen crescendo enquanto ela falava.
— Seu humor é horrível, Malfoy. — cuspiu Ron, deixando o corpo dela na cama de Gui e Fleur com tanto cuidado quanto podia. — Nem mesmo Fred e George teriam rido disso.
— Temos que esperar que todos venham antes de tentar tirar a faca. De quem é, a propósito?
— Eu acho que é da minha tia. — Maia parou. — Sempre tão adorável, não é?
— Você acha que tem magia negra? — Fleur perguntou, seu sotaque francês se tornando menos perceptível.
— Provavelmente tem? — a garota da Sonserina choramingou, suas mãos ainda tremendo. — Pare de chorar tanto, Granger, foi uma piada.
Hermione assentiu rapidamente, tentando manter a calma pelo bem da garota, que parecia muito mais apaziguada por fora do que o que estava acontecendo em sua mente. Ela tirou a jaqueta e a enrolou no torso e no braço esquerdo da garota. — Levante seu braço. — ordenou a nascida trouxa. — É para parar o sangramento do seu ombro. Vai doer um pouco.
— O q...
Sua voz foi interrompida por seu próprio grito de dor, que gelou o sangue nas veias de Hermione, e ela instantaneamente fechou os olhos novamente, sentindo-se culpada pelo infortúnio de Malfoy.
— Você poderia ter me avisado pelo menos!
— Você não teria me deixado fazer isso! — Hermione mordeu de volta, sua voz tão nervosa quanto ela.
— Parem de brigar! — a voz de Harry se elevou acima das meninas. — Existe alguma coisa que possamos fazer para ajudar?
Bill falou. — Conte-nos o que aconteceu. Temos que mantê-la acordada e conosco, ou ela perderá a consciência.
— Eu estava em casa quando Dobby apareceu no meu quarto. Ele disse algo sobre Dumbledore querer minha ajuda se algo acontecesse, e então disse que Harry Potter e seus amigos estavam lá embaixo. Eu não entendi uma palavra. — Maia falou baixinho por entre os dentes. — Então minha tia me chamou, disse que Potter e companhia foram capturados por nossos sequestradores, e que se fôssemos os únicos a entregá-los ao Lorde das Trevas, seríamos altamente recompensados.
— Ela sabia que éramos nós, eu vi em seu rosto. No momento em que ela nos viu, ela soube. — seguiu Ron, engolindo em seco e imediatamente recriando a cena em sua cabeça. — Mas ela não nos entregou. Nem Malfoy - o outro - e ele também nos reconheceu.
— Meu irmão não é ruim. Ele simplesmente não tinha escolha. E agora ele provavelmente me odeia. Ele sabe que estou do seu lado. Deus, você é tão estúpido! Eu quase consegui foder tudo e você arruinou tudo!
Sua voz quebrou em um soluço cheio de dor. O trio da Grifinória compartilhou um olhar que ninguém mais conseguiu decifrar, mas provavelmente poderia traduzir em culpa e angústia. A Malfoy, que estava diante deles completamente coberta de sangue, havia arriscado tudo para que os três pudessem escapar da Mansão. Ela estava certa: agora Bellatrix, Narcissa e Draco Malfoy saberiam que ela estava trabalhando com a Ordem da Fênix e que, portanto, era uma traidora.
E Maia sabia o que acontecia com os traidores. Eles eram deserdados, não estariam mais ancorados na família - eram apagados da tapeçaria negra, se pertenciam a essa linhagem. Eram postos de lado, odiados, seguidos até que acabassem com todas as razões para viver. E esse era o destino que aguardava a jovem Malfoy – se ela saísse viva.
— Potter. — Maia chamou a atenção de Harry. — Você não tem a espada, não é? Porque não está em lugar nenhum. Ela só aparece para um verdadeiro grifinório. Deixe Bellatrix pensar que ela tem a original, quando na verdade ela não tem, porque quem colocou a falsa em seu cofre, deve conhecer os poderes da espada verdadeira. Então, se ela não está guardando a espada verdadeira, ela pode ter algo de que precisamos.
— Copo da Lufa-Lufa. — Harry arriscou em um sussurro. — É a única coisa que está em nossa lista que pode ser capturada e mantida em segurança longe dele. — Embora não tivesse medo de seu nome, não se atreveu a repeti-lo por causa das consequências que trouxe pela primeira vez.
— E então podemos encontrar todo o resto? — Ron se intrometeu.
— Eu já contei ao Potter alguns dias atrás. — Maia respondeu, seu rosto pálido como nunca antes. — O anel, o diário, o diadema da Corvinal, o medalhão da Sonserina, todos se foram. Eu acho que é Nagini, sua cobra. Lá onde você encontra o Lorde das Trevas, você encontrará a maldita cobra. vai encontrar mais cedo...
— Nós. — Harry interrompeu, seus olhos ferozes.
— O que você disser, tonto. — seu rosto continuou empalidecendo como se ela estivesse se transformando em um fantasma. Então, ela deu uma olhada em sua ferida, a mancha sangrenta se expandindo em sua camisa. — Olha, se eu não conseguir esta noite...
— Você vai!
— Escute-me, Potter! — a garota o pegou pela gola do pescoço. — Escreva para Eden Whitaker. Ele sabe tudo o que precisa ser feito...
— Dumbledore disse que só confiava em nós!
— Você confiou em Granger e Weasley, não é? — Harry fechou a boca. — Foi o que eu pensei. Agora, ALGUÉM está interessado em tirar essa porra dessa coisa?!
Como num passe de mágica, houve uma batida na porta. Maia olhou para o teto, exasperada, mas aliviada que os reforços finalmente chegaram. Acabou sendo Remus e Tonks, que entraram na sala com uma velocidade incomum - Maia ficou feliz em vê-los, mas ela teria preferido a matriarca Weasley e seus famosos dons de cura.
— Meu Deus. — Tonks respirou, colocando as mãos na cabeça. — Não era isso que eu tinha em mente quando você disse emergência! Por que ninguém a ajudou?
Ela rapidamente veio em auxílio de sua prima. Ela pegou sua mão e apertou como se fosse a Malfoy cuja água iria estourar em breve e não a dela. Remus também se aproximou da mesa, admirando horrorizado a cena protagonizada pela garotinha que ele tanto afeiçoou anos antes. — Não se preocupe, Maia, você estará em boas mãos.
— Por que Molly está demorando tanto?! — Tonks queria saber, que parecia estar fora de si. Afinal de contas, ela era sua prima - a única normal dos Black ainda viva. — Como você está se sentindo, querida?
Maia choramingou em um sussurro mais uma vez. — Essa coisa está me matando, Tonks. Eu não sei quanto tempo mais vou resistir à dor.
— Maldição, uma mulher notoriamente grávida tem que fazer todo o trabalho? — a jovem levantou-se da cadeira e vasculhou as estantes da sala, aproximando-se de Maia assim que encontrou o que procurava. — Beba isso. Vai entorpecer a dor até que Molly chegue.
Maia parecia perder a esperança às vezes. Ela bebeu da poção que Tonks lhe dera – e era verdade que a ferida parecia doer menos – mas detectou o que parecia ser efeitos colaterais. Sua visão ficou um pouco embaçada, ela não estava ouvindo tão bem quanto antes e tudo parecia se desenvolver em uma velocidade mais lenta do que o normal. Uma fina camada de suor começou a crescer em sua testa e na nuca, e ela começou a ficar mais consciente dos ferimentos que tinha.
O interior de sua boca ainda tinha o gosto metálico que caracterizava o sangue. Ela olhou para seu braço lentamente, onde o sangue que tinha viajado por ele antes de Hermione fazer o torniquete tinha chegado ao seu pulso. Ela limpou o sangue do rosto com a outra mão, mas isso só conseguiu espalhá-lo pelas bochechas.
— Estamos aqui, estamos aqui! — Molly Weasley anunciou depois de ter superado o encantamento de fidelio que mantinha a casa do filho. — Qual é o problema, qu- bom senhor. — ela sussurrou.
— Como podemos ajudar, mãe? — perguntou Fred - ou George, Maia não estava em sua melhor condição para distingui-los.
— Fique com as crianças - Harry, Ron, Hermione, por favor, fiquem calmos lá fora com Luna e Gina.
— Doce Jesus. — assobiou Maia. — Ginny está aqui? Não deixe ela me ver assim! — falou a garota, a poção já a afetando.
— Por que? — queria saber o outro gêmeo, os braços cruzados sobre o peito, mas um leve sorriso nos lábios.
— Porque eu sou a grande malvada Malfoy! Eu deveria ser duro e frio, não queijo suíço!
Ninguém tinha corpo para rir da piada de uma – claramente – que se foi Maia, mas os gêmeos reconheceram que era algo que eles poderiam usar a partir de agora.
— Deixe-nos ficar, Molly. — interferiu Hermione, horrorizada com a piada. — Nós podemos mantê-la acordada.
Molly trocou um olhar com Fleur e Tonks, que também se entreolharam. — Ok, você pode ficar. Tente entretê-la enquanto tentamos.
O trio da Grifinória se aproximou do lado da cama onde estavam as articulações saudáveis do Malfoy, que abriu a boca para respirar mais confortavelmente. — Granger, você assiste TV, não é? Recentemente descobri um programa de TV chamado Friends e nunca tive a chance de terminar a primeira temporada. Você acha que vale a pena?
Hermione abriu a boca em dúvida. — Bem, eu só vi alguns capítulos, mas acho divertido.
— É, não é? Eu tenho uma grande queda por Rachel. Ela é tão sonhadora.
— Você realmente quer falar conosco sobre um programa de TV trouxa? — Ron perguntou, seu nariz enrugado.
— Você está certo, Ronald. Prefiro não desperdiçar minhas últimas palavras com...
Um grito agudo veio dos lábios da garota quando Fleur puxou o metal que estava afundando na carne da garota. O sangue começou a jorrar do ferimento, e apesar do número de panos com que Molly cobriu o ferimento, nada conseguiu parar o fluxo carmesim. A poção parecia ter parado de funcionar, porque a sonserina estava chorando como uma criança e as lágrimas escorriam por suas bochechas sem parar.
Isso causou um duro golpe de volta à realidade para Hermione e Ron, mas especialmente Harry, cuja respiração engatou quando viu os lençóis brancos da cama tingidos daquele vermelho odioso. Tonks afastou o cabelo do rosto de sua prima, que ainda não havia se recuperado da dor que a extração lhe causara. Fleur continuou a se desculpar constantemente, sabendo que foi ela quem causou tanta dor, com os olhos cheios de lágrimas.
— Por favor, faça ela parar de se mexer. — ordenou Molly, sua voz tão firme quanto podia. — Eu preciso cuidar da ferida e depois costurá-la. Se ela não parar, ela vai sangrar.
O mundo de Maia começou a girar. Ela nem se sentia forte o suficiente para continuar se movendo, então ela parou. Ela olhou para cima, a lâmpada logo acima dela embaçada, ou parecia se mover, ou o que quer que fosse, pois Maia nunca tinha certeza. Ela estava quente, muito quente, como se estivesse com febre, ou como se uma certa ruiva estivesse ao lado dela.
— Ei, ei. — Tonks disse, batendo em suas bochechas bem perto de seu rosto. — Ela está com febre. Rapazes, peguem algo molhado e frio, sim? Como está o trabalho, Molly?
A matriarca Weasley mordeu o lábio. — O sangue continua saindo, Tonks. Ela está perdendo muito. Só precisamos de um pouco de sorte.
— Você tem que ficar acordada, prima.
— Diga-me algo que eu não sei. — a garota murmurou, seu olhar vazio.
— Bem, eu odeio te dar a notícia desse jeito, mas logo você será madrinha. Se você disser sim, é claro.
Maia olhou para ela atentamente, seus olhos se abrindo, sua voz quase um sussurro. — Que diabos?
— Remus e eu estávamos pensando, bem, que você seria a madrinha de Teddy.
— O bebê precisa de alguém que possa cuidar dele. E eu nem consegui cuidar de mim mesma, não é? — Maia soltou uma risada sem humor. — Eu não sou boa para o bebê.
Tonks franziu os lábios. — Você é corajosa, Maia, e leal. E a esperança da família. Exatamente o que eu quero que ele seja. Seja você mesma e Teddy estará em boas mãos.
— Ok. — a garota sussurrou, seus olhos quase se foram. — Eu não estou trocando fraldas, no entanto.
A sala inteira compartilha uma risada muito necessária. Tinha que correr bem, Maia tinha que sobreviver.
— Seus idiotas! — gritou uma voz da porta. Gina Weasley entrou na sala, as pontas de suas orelhas vermelhas como seu cabelo. — Por que ninguém me disse que era ela?!
— Ah, como eu senti falta da sua voz calmante, Gin.
— Acalme-se, Gina...
— Ela é minha maldita namorada, seu idiota! — Ginny virou-se para seu irmão, cuja mandíbula tocou o chão.
— Oh, merda, você não fez isso. — a voz de Maia soou fraca. — Não fale assim com sua família.
— E você. — a ruiva apontou para sua namorada. — O que você estava pensando? Matar-se? Como você se atreve? Não se atreva a me deixar sozinha.
— Eu não vou fazer isso, Gina. — Maia apontou para seu rosto, ombro e estômago. — Eu estou bem. A propósito, você sabia que eu vou ser madrinha? — seu rosto se iluminou um pouco quando ela disse isso.
Ginny conseguiu dar um leve sorriso em meio às lágrimas. — Isso é ótimo. Você pode levar Teddy para uma praia exótica, então.
Maia soltou uma risada. — Ou para o parque de diversões.
Ginny não resistiu ao beijo que deu nos lábios de Maia, que, apesar de tudo, tentou retribuir. Molly e Tonks se entreolharam por alguns segundos, seus corações derretendo com a imagem. — Você é o mais quente que você já esteve.
— Isso é porque você está aqui, querida.
Gina não teve tempo de responder ao elogio, suas bochechas se iluminando, porque sua mãe falava por ela. — A barriga dela está pronta. Nós temos que trabalhar no ombro dela agora - bom trabalho aí, Hermione, querida. — a menina sorriu um pouco e assentiu. — Maia, você pode me ouvir, querida? Seu ombro está deslocado, então Tonks e eu vamos preparar para você. Vai doer muito, mas só vai levar um momento, então pegue a mão de Ginny e aperte com força. como você quiser, ok?
— Me desculpe se eu quebrar sua mão, Gin.
Gina fungou e sua voz falhou. — Está tudo bem, desde que você não parta meu coração.
De fato, doeu. O rosto de Maia se contorceu em uma terrível careta de dor, refletida por um novo grito alarmante. Maia apertou sua mão, transmitindo toda a dor que estava sentindo, mas nada machucou Gina mais do que a cena diante dela. Ela tinha visto Maia Malfoy vulnerável dezenas de noites, ela tinha visto seus olhos se estreitarem de tristeza, ela tinha visto o vermelhidão em suas bochechas, ela tinha sentido a frieza da pele da garota – mas nada havia tocado seu coração mais do que a faceta mais ferida da jovem. Ela nunca poderia esquecer como lágrimas de dor rolaram por suas bochechas, combinando com as dela.
De repente, ela parou de se mover. Tonks e Molly aproveitaram esses momentos para colocar a tipóia em seu ombro, mas algo dentro delas se acendeu quando viram os olhos fechados da garota. Ginny percebeu o que estava acontecendo, e rapidamente deu um tapinha nas bochechas da namorada - de novo fria. — Ei, ei! Não feche os olhos, está me ouvindo? Maia, MAIA.
Ron agarrou sua irmã pela cintura, puxando-a para longe da cama. — Gina, calma!
— Por favor, não, não! Coloque-me no chão, deixe-me segurá-la! Por favor, não. — Gina gritou alto.
— Ouça-me, querida. — sua mãe a pegou pelas bochechas, o sangue de Maia manchando-as. — Ela perdeu muito sangue, faremos tudo o que pudermos, ok?
— Eu te amo, não me deixe, por favor. — a ruiva soluçou.
Harry saiu da sala, sentindo-se mais derrotado do que nunca. Ele se sentiu confuso, tonto, perdido, culpado. Muitas emoções que se misturavam em sua cabeça e que não lhe davam um segundo de descanso. Não se atreveu a olhar uma última vez para a garota que poderia acabar dando a vida por ele, não se sentia forte o suficiente para isso.
Ele se sentou no sofá, cobrindo o rosto com as mãos ensanguentadas. Ron sentou ao lado dela, tão triste quanto ele. — Eu sei, companheiro. Isso vai acabar com todos nós.
— Vai ficar tudo bem, Harry. — Hermione tentou estabelecer um olhar. — Eu entendo como você deve estar se sentindo, vamos apenas esperar o melhor.
— Não! Você não entende nada! — o menino gritou. — Você viu o quão perversos os Comensais da Morte, especialmente Bellatrix, são, você experimentou isso. E fui eu quem a colocou nesta posição, fui eu quem decidiu dizer o nome dela e eu estraguei tudo. Estou preocupado porque eu me importo! Só ela pode entender o que acontece comigo.
Remus olhou para os membros da Ordem antes de falar. — O que você quer dizer, Harry?
O Grifinório engoliu em seco, derrotada. — Não sei como isso pode fazer sentido, mas estamos conectados. Dias antes de sermos capturados, nos vimos. Ela estava em Hogwarts, eu estava na floresta, fora da tenda, mas nos comunicamos. Eu a ouvi sussurrar perto de mim, como se ela fosse... Você-Sabe-Quem. Todas aquelas vezes que ela esteve na Ala Hospitalar - não pode ser coincidência, certo? Ela pode falar a língua das cobras. Ela tem que estar conectada a Você-Sabe-Quem também.
— Mas ela não tem uma cicatriz como você, Harry. — explicou Hermione.
— Ela tem, na verdade. — disse Fleur, seu rosto caindo. — Ela tem uma cicatriz no peito, eu vi quando estávamos costurando sua barriga.
— Por que o Lorde das Trevas tentaria matá-la?
— Eu não sei, talvez algum castigo para os Malfoys? — Ron arriscou, dando de ombros.
— E ela também não foi marcada como uma Comensal da Morte. — seguiu Tonks. — Talvez ele esteja tentando protegê-la?
— Não. — Ginny disse aparecendo de repente, seu nariz vermelho, seus olhos inchados. — Ela me disse. Você-Sabe-Quem estava tentando fazer dela sua mão direita, alguém em quem ele pudesse confiar para ajudá-lo a realizar seu objetivo: tornar-se imortal. Mas algo deu errado, ele matou alguém quando estava dando parte de seu poderes para ela, e ela tem sido uma parte dele desde então. Ela sofre de pesadelos, dores de cabeça, ela desmaiou na minha frente quando eu destruí a horcrux.
Remo suspirou profundamente. — Você sabe o que isso significa, certo?
Harry assentiu. — Quando chegar a hora, sou eu e ela que podemos destruí-lo.
★
Já passava da meia-noite quando Maia abriu os olhos. A janela estava aberta desde que ela entrou no quarto, e a familiar brisa suave que a acolheu naquela mesma manhã. Ela ouviu as ondas do mar ao fundo, e teve que se lembrar de que grande parte de seu corpo estava enfaixada e ela precisava se deitar.
Ela fechou os olhos enquanto se acomodava na cama e se acostumou a ter um braço imobilizado. Apesar de sua letargia, ela se sentia mais acordada do que nunca. Parecia estúpido, mas ela sentiu como se tivesse acabado de renascer, adrenalina correndo em suas veias, como se nada pudesse detê-la agora. Ela abriu os olhos novamente e viu os olhos pretos de Bellatrix, os azuis de sua mãe, os cinzas de seu irmão, chamando por ela. E agora estava tudo acabado – ou agora estava tudo começando – eles já sabiam que Maia estava do lado da Ordem da Fênix e não havia como voltar atrás.
Pouco ela se importava com a traição que isso poderia significar para Lucius ou Bellatrix, ela se importava mais com as opiniões de sua mãe e Draco. Eles tentaram protegê-la dos Comensais da Morte, ou eles se juntaram a eles em sua luta incansável para descobrir onde ela estava e acabar com ela? Eles se sentiriam traídos, confusos, tristes? Eles sabiam do dano que Bellatrix havia causado a ela?
No entanto, ela não se arrependeu. Harry Potter ainda estava vivo e esse era o principal alvo de sua lista na época. Ela estava repetindo as palavras de Dumbledore em sua cabeça: Potter e ela tinham que permanecer vivos até o fim, caso contrário Voldemort tomaria o poder e reinaria no mundo bruxo.
Ah, mas Maia sabia muito bem qual era o destino deles. Ela sabia que Voldemort iria querer protegê-la a todo custo e matar o garoto, mas isso ela não podia permitir. Porque Voldemort sabia dos poderes que havia no corpo dela, mas não sabia da cicatriz que havia no peito dela, competindo com a de Harry. O que Voldemort não sabia era que não só ela era igual a ele, mas que, graças ao seu desejo, ela agora era uma parte dele, e que quando fosse destruído, Lord Voldemort não existiria mais.
— Você está acordada. — Fleur a cumprimentou da porta, sua boca formando um 'O'. — Nós não sabíamos com certeza se você iria sobreviver.
— Bem, aqui estou eu. — Maia riu, vacilando depois.
— Não se machuque. Nós estávamos nos revezando para ver se você precisava de alguma coisa. Eu realmente preciso trocar suas bandagens antes que a ferida infeccione.
Maia assentiu e puxou o lençol. Ela torceu o nariz ao ver o pano cobrindo a maior parte de seu abdômen, com um pouco de sangue, embora nada comparável ao que estava inicialmente. Ela suspirou quando Fleur removeu o curativo velho e escovou sua pele.
— Oh, como eu de quatorze anos teria gostado disso. — Maia riu nervosamente. Fleur olhou para ela. — Estou brincando. Me desculpe se eu fiz você se sentir desconforta...
— Está bem.
— Você fez um ótimo trabalho. Não sinto tanta dor quanto antes. Obrigada, de verdade.
Fleur sorriu um pouco. — Eu não pude salvá-la na segunda tarefa, poderia? Eu poderia fazer certo desta vez.
Maia riu genuinamente desta vez. — Você é uma bruxa talentosa mesmo assim. Você sabe, toda a minha vida eu estive cercada por garotos. Mas quando você veio para Hogwarts você acabou sendo uma companhia muito boa. Eu não era apenas um de seus muitos admiradores, mas eu senti como se você fosse um amigo também. Eu gostava de estar com você.
Fleur balançou a cabeça. — Você não mudou nem um pouco desde então. Eu gostava de você, sabia? Você era muito jovem, eu não conseguia ficar com você. Se você fosse mais velho, seríamos um casal poderoso. — as duas garotas riram novamente. — Tudo feito aqui.
— Nós duas estamos felizes agora, então eu não me arrependo. Parabéns pelo seu casamento, a propósito. Eu nunca tive a chance de dizer a você.
— Obrigada, Maia. Eu não te convidei, bem, eu não achei que você pudesse vir. Viktor veio. Ele perguntou sobre você. Claro, ele não sabia nada sobre nós. Ele apenas disse que esperava que você estivesse bem com toda a situação que provavelmente estaria vivendo. — Fleur estava pensativa enquanto olhava para as prateleiras da sala. — Acho que posso lhe mostrar algumas fotos.
— Eu adoraria isso. — folheou o álbum de fotos, dezenas de pessoas posando para a câmera, seus vestidos se movendo, pessoas dançando em todos os lugares. Seu olhar captou especialmente uma das fotos. Gina estava na frente do fotógrafo, ainda sem decidir que pose queria, mas estava sorrindo largamente quando Ron apareceu atrás dela e a levantou do chão. — Você acha que eu posso ficar com este?
— Claro.
— Maia. — disse um suspiro suave atrás de Fleur. Gina estava olhando para ela com a boca entreaberta. — Você está bem.
Fleur piscou para a jovem sonserina antes de sair da sala, enquanto mantinha a foto secretamente para si mesma. — Dói você até duvidar de mim. — Maia tentou se livrar das coisas, mas os olhos da grifinória ficaram molhados mais uma vez. — Ei, venha aqui. Não chore.
— Eles... Eles disseram que você poderia não conseguir. Não consegui dormir nem um pouco. — Gina soluçou.
— Eu sou tão durona quanto você, amor. Pronto, não chore. Eu estou bem. — Maia estendeu a mão para tirar o cabelo da testa de Gina, que se inclinou para o toque do sonserino. — Como você está?
— Assustada. Preocupada. Cansada. Eu não quero que isso seja um sonho, eu quero ter certeza de que isso é real. — a ruiva sussurrou, seus olhos fechados. — Posso beijar você?
— Por favor, faça.
Gina foi rápida em se inclinar e juntar os lábios. Ela não queria machucar a jovem sonserina, mas estava tão preocupada com sua vida que não podia se contentar em simplesmente roçar os lábios com os dela, ela precisava de mais, precisava ter certeza de que estava bem. Por isso, quando Maia abriu a boca para emitir um gemido suave, a ruiva enfiou a língua dentro dela.
Isso pegou Maia de surpresa, que mesmo assim decidiu jogar junto. Esqueceu-se por um momento de todos os seus problemas para se entregar de corpo e alma a Gina, que continuava exigindo dela um ritmo que Maia estava disposta a satisfazer. Certamente não foi a primeira vez que a Weasley foi mais ousada do que ela esperava – afinal, ela tinha visto absolutamente todos os cantos de seu corpo – mas ela não estava acostumada a ser tão publicamente – pelo menos agora, que qualquer um poderia entrar a sala.
— Sinto muito pelo que aconteceu em Hogwarts. — Ginny começou assim que seus lábios se separaram, para desgosto de Maia. — Eu não deveria ter reagido daquela forma, muito menos duvidar de seu compromisso comigo. Espero que ninguém tenha lhe incomodado com isso.
— Nada que eu não possa lidar. O que eu fiz foi imprudente de minha parte, mas eu queria provar a mim mesma. Espero que agora você esteja segura o suficiente.
Gina sorriu timidamente contra seus lábios. — Eu te amo.
— Eu também te amo. Agora venha deitar comigo. Há espaço para nós duas.
A ruiva obedeceu com um sorriso nos lábios. Ela se deitou ao lado dela, sempre tomando cuidado para não machucar a sonserina. Ela descansou a cabeça no peito, a mão de Maia protegendo suas costas. A menina mais nova suspirou.
— Boa noite, Gin. Estarei aqui quando você acordar.
Nenhum outro lugar para ir, realmente, não é?
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