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𓏲 . METANOIA . .៹♡
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
─── O SEGREDO DE ÉDEN
— HARRY POTTER.
Com aquele sussurro penetrando no fundo de sua mente, Maia sentiu-se desmaiar. Era uma sensação ainda mais estranha do que praticar Legilimência - aquelas mãos invisíveis que brincavam com seu cérebro como uma marionete eram algumas das piores sensações que alguém poderia conhecer - uma sensação que Maia nunca havia experimentado, mas por algum motivo lhe parecia familiar demais.
Ela sentiu seu corpo cair em um buraco negro profundo que não tinha fim. Sua mente estava viajando na velocidade da luz, mas a garota não sabia por que nem como. De repente, tudo parou. Ela olhou para as mãos apenas para descobrir, angustiada, que não podia vê-las. Nem suas pernas, nem seus pés; como se fosse apenas sua mente que se moveu de um lugar para outro.
Ela não sabia reconhecer onde estava; era uma floresta, disso ela tinha certeza, mas não a tinha visitado antes. Não reconheceu aquele lago quase congelado na esplanada, nem o número de árvores que subiam ao céu, nem a tenda de onde saiu naquele momento um rapaz de cabelo desgrenhado e suéter preto.
— Harry Potter. — lá estava o sussurro novamente.
Com o coração acelerado, ela percebeu que era ela quem havia sussurrado. Essa não era a voz dela, mas ela sentiu as palavras saírem dela. O que estava acontecendo?
— Quem está aí? — o menino queria saber, varinha na mão. Ele se movia de um lado para o outro, ansioso, como se esperasse que seu oponente viesse de qualquer lugar. — Mostre-se.
A sonserina se aproximou dele. Harry engasgou como se tivesse notado uma presença. — Potter. — Maia disse desta vez conscientemente. — Você não pode me ver?
Harry franziu a testa. — Maia? É você?
— Sou eu. Não sei o que diabos está acontecendo, mas acho que não temos muito tempo. — a voz de Maia mal foi ouvida em um sussurro. O Grifinório olhou para onde a voz veio e Maia se sentiu descoberta.
— Espere, eu posso te ver agora. Mas você não está aqui. Você está em Hogwarts. Você está em seu quarto, eu acho. Dormindo. — Harry interrompeu. Então ele gaguejou. — Como... Como isso está acontecendo? Como você me encontrou?
— Eu tenho uma teoria, e acredite, você prefere não ouvir. Ele pode estar nos usando para encontrá-lo. — a aparição de Maia esquadrinhou seus arredores com uma carranca, então sorriu levemente. — Mas ele não pode. Você é invisível aos olhos de todos que andam por aqui, eu posso sentir esse tipo de magia. Granger, hein?
Harry sorriu amplamente pela primeira vez no que pareceu uma eternidade. — Ela é brilhante.
— Você tem que ser rápido, Potter. O tempo está se esgotando e ainda há partes dele que não destruímos. O medalhão se foi, o diário se foi, o anel, assim como o diadema de Corvinal...
— Espere, como? Como você o encontrou?
— Eu conversei com Helena Ravenclaw e o encontrei na Sala de Requisitos. Gina se livrou dele.
Harry ergueu as sobrancelhas. — Gina? Como você...
— É uma longa história, tonto. — Maia bufou quando Harry revirou os olhos; aquele apelido não parecia mais incomodá-lo. — Você tem que ter cuidado. Encontre a taça da Lufa-Lufa e estaremos mais perto do fim. — a imagem de Harry ficou cada vez mais borrada, e Maia sabia que ela tinha segundos restantes com o menino quando a paisagem começou a evaporar. — Eu vou explicar tudo quando eu ver você.
— Espere, não vá!
— Não se atreva a morrer, Potter.
Como se estivesse se afogando em um grande mar, Maia engasgou ao recuperar a consciência. Como Harry havia previsto, ela estava deitada em sua cama – as cores prata e verde denunciavam – seu coração batendo rápido e uma camada de suor adornando sua testa. O que diabos tinha acabado de acontecer?
— Você está bem aí? — uma voz ao lado dela a fez virar a cabeça rapidamente. Pansy olhou para ela como se ela fosse louca. — Daphne disse que você não estava se sentindo bem.
— Nunca estive melhor. — Maia engoliu. Ela respirou fundo e tentou acalmar seu coração: ela se preocuparia com isso mais tarde. Pansy deu de ombros e continuou cuidando de seus negócios. — O que você está fazendo?
Pansy olhou para ela novamente. — Arrumando minhas coisas. Amanhã é o início das férias de Páscoa e todo mundo está indo para casa. Honestamente, você está bem?
— Yeah, yeah. — afastou-se da garota loira.
De repente, algo começou a se mover em seu bolso. Ela estendeu a mão e vibrou pelas ondas emitidas pelo galeão de ouro que Neville insistiu que ela guardasse. Sua mandíbula se apertou de exasperação quando ela leu a inscrição: Sala Precisa, 23h.
De todos os cenários que ela imaginou estando em uma sala cheia de Grifinórios, nenhum correspondia ao que ela tinha em mente agora. Ela sabia que ir para a reunião poderia ser uma boa ideia - Neville teve o cuidado de sublinhar as coisas positivas - ou um desastre completo. Afinal, ela era uma Sonserina, uma Malfoy e a irmã de um Comensal da Morte declarado; o que poderia dar errado? Ela estava ciente de todo o barulho que poderia ser criado por sua mera presença naquela noite.
Mas, novamente, ela foi estranhamente atraída pela ideia de fazer parte desse grupo. Longbottom insistiu tanto que até parecia a ela que a Grifinória a queria na Armada de Dumbledore.
Ela achou que seria uma boa desculpa para se distrair do encontro com Potter que acabara de acontecer.
— Eu tenho que ir. — ela se comunicou com Pansy e se repreendeu mentalmente: não precisava dar nenhuma explicação à garota, e com certeza agora ela estaria perguntando.
— Agora? São quase 11.
Mas Maia já havia saído do quarto. Ela parou por um momento contra a madeira da porta, indecisa sobre alguns assuntos, mas com coisas muito claras sobre outros.
Ela deixou o Salão Comunal da Sonserina o mais furtivamente que pôde; ela não precisava que ninguém a perseguisse e pedisse explicações àquela hora da noite. Achou estranho não ter acordado com Daphne no quarto, e também não ter esbarrado em Eden o dia todo, mas decidiu que descobriria o paradeiro de seus amigos mais tarde.
Precisava saber o que acabara de acontecer - suas tentativas de esvaziar a mente eram muito fracas e sua ânsia de descobrir muito forte - precisava saber se acabara de cometer o maior erro de sua vida ou se, ao contrário, tudo ainda estava seguro. Ela nunca havia falado mentalmente antes e dessa forma com outra pessoa, por que aconteceu com Harry Potter? Tinha sido realmente Voldemort quem uniu suas mentes para descobrir a localização do Grifinório?
Se isso fosse verdade, eles estavam com sérios problemas. Os ladrões provavelmente acabariam com o trio de amigos, já tendo descoberto o paradeiro deles, e Maia se depararia com o maior problema no dia seguinte assim que pisasse na Mansão Malfoy. Se realmente fosse tudo coisa de Voldemort, ela poderia estar se despedindo de cumprir sua missão.
Só havia uma pessoa que poderia confirmar ou deter seus piores pesadelos: Snape.
Ela caminhou rapidamente pelos corredores, seus sapatos o único som ouvido contra as paredes do castelo. Ela olhou para o relógio com pressa, descobrindo que já passava das onze, então se apressou para seu destino.
Severus Snape a cumprimentou com um olhar profundo e surpreso - embora Maia pudesse ver que ele estava tentando evitar - notando que era tarde demais para consultas e que no dia seguinte eles poderiam falar com calma. Mas a garota impediu o professor, agora diretor, de fechar a porta, colocando o braço dela.
— Eu preciso falar com você.
— O que a traz aqui agora, Malfoy?
Snape olhou lentamente para os dois lados antes de fixar seu olhar na loira quando ela falou. — Eu preciso saber se ele sabe.
— O que é que você fez? — Snape rosnou arrastando suas palavras.
— Eu não sei o que aconteceu. — Maia falou rápido. — Eu não sei quando adormeci, mas no momento seguinte estou bem acordada - minha mente está - e estou vendo Potter. Não tenho ideia de como nossas mentes estão conectadas, mas suspeito que o Lorde das Trevas esteja quem o fez.
— Você tem que ficar calma, Malfoy. — o professor repreendeu. — Você não pode deixar nada chegar até você, eu fui claro? — Maia assentiu lentamente. — O Lorde das Trevas não sabe. Nenhum de nós estaria aqui se eu tivesse encontrado este... Conhecimento.
— Então o que isso significa? Como posso falar com Potter estando longe e sem ele nos usar?
— Você será a primeira a saber se eu descobrir. — Severus Snape murmurou e finalmente fechou a porta no rosto da garota.
Maia xingou alto, mas se Snape a ouviu, ele não saiu do quarto para encará-la. Ela olhou para o relógio novamente para perceber o tempo que havia perdido. Bem, não inteiramente. Pelo menos ela sabia que estava segura e que seu plano estava indo em frente.
No entanto, sua mente não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. Se não foi Voldemort quem os uniu, então o quê? Sua mente tinha sido poderosa o suficiente para tentar entrar na mente de Potter, que estava a centenas de quilômetros de distância dela? Se sim, por quê? E por que essa foi a primeira vez que aconteceu com ela? Tantas perguntas e nenhuma resposta para eles.
Ela se apressou para chegar à Sala Precisa, pois sabia que as reuniões da AD geralmente não duravam muito, e menos desta vez, já que amanhã a maioria dos alunos iriam para suas casas, talvez com o pensamento de não voltar para Hogwarts até que tudo ficou mais calmo.
Desde o primeiro momento em que abriu a porta - quando todas as vozes cessaram e se transformaram em profundo silêncio - ela sabia que todos os olhos estavam voltados para ela. Alguns reclamaram timidamente, outros nem tanto, outros simplesmente decidiram não participar da batalha de insultos e desprezo.
Gina olhou para ela, e Maia pensou que o quarto inteiro estava iluminado pelo sorriso dela. — Você veio. — então ele olhou para Neville. — Veja, eu disse que ela viria.
— Você está louca? — Seamus Finnigan falou por trás de ambos. — O que ela está fazendo aqui? Ela vai delatar!
— Seamus está certo. Ela não deveria estar aqui. Isso não é para Sonserinos.
— Gente, gente! Calma! — Neville gritou, fazendo-se ouvir acima de tudo. — Como vocês acham que ela nos encontrou? Dei-lhe o galeão porque queria que ela estivesse aqui. Pensem em todas as vezes que poderíamos ter sido descobertos por causa dela. Ela não disse uma palavra e aqui estamos. Maia está do nosso lado. — os murmúrios diminuíram e Neville falou novamente, muito mais firme: — Eu confio nela.
— Como sabemos que ela não está nos espionando? — Finnigan disse novamente.
Maia bufou e se levantou para Neville, que, com os olhos, a advertiu para não provocar muito as pessoas. — Quem quer ser o primeiro a tentar usar Legilimência em mim? Isso mesmo, nenhum de vocês, porque nem todo mundo vai saber o que é isso e porque eu sou um especialista em Oclumência. Eu não vim aqui para lutar com você ou para convencê-lo de que estou do seu lado. Estou aqui porque Neville está preocupado com o seu bem-estar, e por acaso ele é meu amigo, então vim ajudar. Então, quem não quiser aprender, tudo bem, você pode sair daqui. Mas quem quiser ficar, prepare-se, porque eu não sou de pegar leve com ninguém.
Por alguns segundos ninguém disse nada, e tanto Neville quanto Ginny e Maia tomaram isso como um bom sinal. — Ok, nós vamos ficar. Se Neville confia em você, podemos te dar uma chance. O que você pode fazer?
— Você já ouviu o ditado 'A melhor defesa é um bom ataque'? — Maia andava pela sala como se fosse uma professora. Vários assentiram e alguns até falaram com ela. — Bem, está errado. Pelo menos com os Comensais da Morte. Eles são brutais, eles usarão qualquer coisa para sua própria vantagem se for útil para eles. Você pode dominar o melhor feitiço impressionante que você conhece, mas se eles atacarem você e você não se você não sabe se defender, então isso é um envoltório para você. Eu diria que o melhor para começar é dominar o protego, ainda melhor se você souber lançar um protego maxima. Estou ciente de que não é tão emocionante quanto um patrono, mas pode salvar sua vida. — Com a varinha na mão e encarando, ela perguntou: — Bem, alguém pode lançar um protego?
Acontece que durante a noite, Maia foi capaz de descobrir que eles não eram tão desajeitados quanto ela pensava desde o início. Embora fosse verdade que alguns - ouso dizer a maioria deles - tinham as habilidades básicas para se defender e atacar, até certo ponto - havia três ou quatro alunos que, pensou a sonserina, seriam capazes de manter uma batalha equilibrada com algum Comensal da Morte.
Ela tentou incutir neles em pouco tempo tudo o que sabia, desde os detalhes que poderiam parecer mais tolos até as fraquezas de cada um dos Comensais da Morte mais conhecidos. Os alunos a ouviram com interesse, cientes de que essa fala poderia ser útil em determinada situação. Parecia que deixaram de lado seus preconceitos - depois de ver tudo o que Maia podia fazer, era mais do que óbvio que precisavam de sua ajuda para poder vencer no campo de batalha - porque compartilhavam o sorriso estranho quando os feitiços saíam como Maia fingia.
— Não hesite em distrair sua atenção, se possível. Lumos maxima. — um enorme halo de luz branca saiu da varinha da garota, e ela ouviu grunhidos da intensidade da luz. — Eles ficarão cegos por um momento e então você poderá surpreendê-los. Não pense que é maldade ou falta de cavalheirismo atacar quando eles não podem vê-lo; eles aproveitariam qualquer oportunidade para acabar com você.
Neville bateu palmas ruidosamente. — Tudo bem pessoal, eu acho que isso é o suficiente. É quase meia-noite. Por favor, cuidem desses dias e fiquem alertas.
— Você também, Neville.
— Sim, cuidado, cara.
Maia sentiu um par de braços enrolar em sua cintura quando todos se foram. — Isso foi incrível. Você viu o olhar em seus rostos? — Gina sorriu. — Você calou completamente a boca deles.
— Eu fiz? E qual era exatamente o olhar em seu rosto? — provocou Maia, ciente do rubor rastejando no rosto de Ginny.
A ruiva tentou jogar com calma. — Eu estava simplesmente hipnotizada por suas habilidades. Não, realmente. Obrigada por vir. Tenho certeza que todos aprendem algo novo esta noite.
Maia não pôde deixar de se sentir impotente nos braços de Ginny. Havia algo na ruiva que a atraía perigosamente, a fazia baixar a guarda e a tornava completamente vulnerável. As sardas e cicatrizes no rosto apaixonado de Gina mostravam fogo e rebeldia, duas coisas desconhecidas para a loira, mas pelas quais ela havia aprendido que caminharia sobre o vidro só para tê-las por mais tempo. A Weasley a puxou pela gravata e Maia se inclinou em seus lábios só para sentir aquela pura rebeldia.
— Eu ainda estou aqui, vocês sabem. — Neville limpou a garganta enquanto um leve rubor apareceu nas bochechas das duas garotas.
Gina riu levemente e agarrou a mão de Maia, puxando-a para fora da sala. — Você é linda. — disse Gina. Ela estava encostada na parede, Maia perto dela. — Seu cabelo e seus olhos parecem quase brancos ao luar. Seus cílios são realmente loiros. Sua pele é suave e brilha intensamente nesta luz. Eu posso até ver uma leve covinha em sua bochecha. — Gina fechou os olhos e suspirou, sorrindo. — Você é mesmo real, Maia?
Justo quando Maia estava prestes a roçar seus lábios com os de Ginny, uma voz os interrompeu. — Maia? É você?
Ginny revirou os olhos quando viu que era Daphne Greengrass quem estava se aproximando das duas. Ela parecia estar andando distraída, sua visão não estava bem fixada, e quando ela alcançou as meninas ela se apoiou em Maia como se não conseguisse manter o equilíbrio. — Daphne, você está bêbada?
— Eu com certeza estou, mas você deveria ver Eden. — ela rachou. — Ele está chamando seu nome.
Todos os alarmes de Maia dispararam quando ela ouviu o nome da amiga. — Por quê? O que aconteceu com ele?
— Ele está louco, bebeu uma garrafa de uísque de fogo sozinho. — a outra sonserina gaguejou. — Eu acho que seria melhor se você viesse sozinha.
Ginny revirou os olhos novamente e não pôde deixar de ter sentimentos contraditórios. Ela entendia que Maia estava preocupada com o amigo, mas será que todo mundo poderia parar de passar um tempo com a sua namorada ou pelo menos parar de fingir que estava apaixonado por ela?
— Vá com eles. — murmurou Gina. — Vejo você mais tarde, sim?
Maia deu um beijo de despedida em sua bochecha e saiu com Daphne. Merlin, poderia ser um dia tranquilo hoje? Potter primeiro e agora Éden.
— O que aconteceu com ele, Daphne? Onde ele está?
— Eu estava na biblioteca esta noite terminando minha redação de Poções quando ele veio. Estávamos conversando, mas do nada ele diz que queria ficar bêbado. Eu rir porque achei que ele estava brincando, mas a próxima coisa que eu sei que fofos na cozinha. — Daphne parecia melhor, mas Maia teve que ajudá-la a descer as escadas. — Eu disse a ele que era a hora de parar, que foi divertido, mas era hora do jantar e deveríamos ir. Ele não foi agressivo, mas algo em seus olhos me disse que era melhor não mexer com ele. Então ele começa a chamar seu nome. Não sei se ele estava consciente o suficiente para saber que era eu quem estava com ele, mas ele falava alto 'é hora de dizer a ela'.
— Ele está ferido?
— Não, ele estava sentado contra a parede. Eu peguei a varinha dele caso ele quisesse tentar algo mental. — Daphne mostrou a varinha para ela, e Maia assentiu. — O que está acontecendo com ele, Maia?
— É hora de descobrirmos. — disse Maia assim que viu a figura de seu amigo encostado na parede, os olhos fechados, mas a boca balbuciando. — Éden, ei.
— Maia?
— Sou eu. Você pode me ouvir? — Maia afastou o cabelo do rosto e segurou suas bochechas. — O que aconteceu? Daphne, você pode pegar um copo de água?
A outra loira assentiu e se levantou um pouco menos atordoada, e desapareceu nas cozinhas.
— Eu tentei, sabe? — gaguejou o menino, sua voz já trêmula. — Eu tentei pra caralho. Eu tenho me contido por tanto tempo... Mas eu estraguei tudo. Eu estou tão chateado e não há como voltar atrás.
— Beba isso, Eden. Vá em frente, me diga. Estou ouvindo.
— Eu tenho que te dizer uma coisa. Mas me prometa que você não vai ficar brava ou você não vai se afastar, porque eu não suportaria isso.
— Eu não vou ficar brava, eu prometo. Nada que você me disser poderia me deixar com raiva de você.
— É difícil ver a pessoa que você ama amando outra pessoa. E eu juro, eu tentei. Eu tentei desde que me senti assim porque sabia que isso não daria certo. Eu sabia que haveria casamentos arranjados, diabos, até pessoas por quem você pode se apaixonar mesmo sabendo que não vai a lugar nenhum. Mas está ficando mais difícil com o passar do tempo, e desta vez eu não posso me conter, Maia. Olhava de longe esse sorriso por eras, esperando que às vezes fosse eu quem o criasse - mas não, não fui eu. É ela agora. É sempre ela agora. Era mais fácil antes, porque eu sabia que não havia ninguém especificamente, mas agora ela apareceu, e de repente ela se importa? Agora é sempre ela antes de mim. E eu não aguento, Maia.
O menino começou a soluçar desde as primeiras palavras que disse. Partia o coração de Maia ver seu melhor amigo desse jeito - ela sabia o que era sofrer por amor - mas Eden precisava dizer em voz alta ou acabaria consumindo-o.
— É difícil estar apaixonado pelo seu melhor amigo.
Daphne engasgou, totalmente ciente do que as palavras do garoto significavam. Maia, por sua vez, fechou os olhos com força. — Ele está apaixonado por você?
Maia balançou a cabeça. — Não sou eu. Diga, Éden.
Lágrimas caíram pelas bochechas do menino como cachoeiras. — Eu amo Draco. Eu tentei fazer isso ir embora, mas não consigo. Eu sei que ele nem sempre é gentil, ou um grande amigo, mas ele é verdadeiro. Ele é privado e ainda assim ele me mostrou cada parte dele. Eu me apaixonei com quem ele é, não com quem ele pensa que é. — o menino enxugou as lágrimas com força. — Eu o beijei, é por isso que ele não fala mais comigo. Ele ficou lá, paralisado, enquanto eu estava entregando meu coração a ele. Ele saiu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Isso partiu meu coração, mas eu tive que fingir que nada tinha acontecido ou qualquer um de vocês suspeitaria. Então eu tentei, mais uma vez, esconder como eu estava realmente me sentindo.
A outra Malfoy colocou a mão em seu ombro e apertou carinhosamente. — Eu acho que eu sabia. Quando eu te contei sobre ele e Pansy, você não foi exatamente sutil. — o menino deu uma pequena risada entre as lágrimas, sabendo-se descoberto. — Por que você não me contou antes? Eu teria escutado.
— Porque você é irmã dele e minha outra melhor amiga. Eu pensei que talvez você desaprovasse quem eu era, ou não achasse que eu era digna dele.
— Acredite em mim, se alguém não é digno de alguém, esse é ele. Você quer o mundo e ele é um idiota. Eu sei que isso não vai fazer você se sentir melhor, porque eu sei que você não quer o melhor, você o quer. Mas eu realmente acho que você merece mais do que meu irmão. Se ele não sabe como dar a você, não se preocupe, haverá muitos outros que vão querer.
— Você estar com Gina na verdade me encorajou a te contar. Você sempre sabe como ajudar. — Eden arrastou suas palavras, mas sorriu mesmo assim. — Eu queria te contar desde sempre, mas eu sabia que tinha que te contar, porque eu sabia que você entenderia melhor agora.
— Você se sente melhor? Vamos, temos que colocá-lo na cama. Vamos para casa amanhã e eu não gostaria de ver sua mãe toda brava com isso.
— Na verdade, estou desejando um bife.
— Nah, um pouco de frango vai servir. — Maia fez um gesto para Daphne pegar um pouco de comida nas prateleiras. Então ela colocou as mãos nos ombros do menino, que parecia estar um pouco mais sóbrio. — Ouça-me. Eu te amei desde que tínhamos onze anos. Eu vi você através de seus altos e baixos e ainda estou aqui. Estarei aqui não importa o que aconteça, não importa quem você ame. Encontraremos uma maneira para passar por isso juntos, hein? Você merece ser feliz e é exatamente isso que você vai conseguir.
★
Quando ela acordou na manhã seguinte, ela não estava onde gostaria de estar. Em vez de estar cercada pelo calor que a ruiva emanava, ela estava deitada em sua cama da Sonserina. As duas camas ao lado dela já estavam arrumadas, enquanto a dela estava mal arrumada. Como uma mola, ela levantou a cabeça: ainda tinha que fazer as malas e se despedir de Gina.
— Bom dia, dorminhoca. — uma voz sussurrou ao lado dela.
— Deus, Daphne. Que horas são? Eu ainda tenho que...
— Uh, uh. — retrucou a outra garota. — Já arrumei suas coisas para você. São 10:30, vá buscar sua garota. Mas você realmente deveria considerar um banho quando chegar em casa.
— Anotado!
O trem costumava sair às onze horas, então ela tentou ir o mais rápido possível para chegar ao Salão Comunal da Grifinória. No entanto, Neville foi encontrado nas escadas, prestes a subir.
— Você viu Gina?
Neville franziu a testa. — Eu não a vi. Eu estava esperando que ela estivesse com você. Ela não estava na Sala Comunal, então eu assumi que você iria correr para algum lugar.
— Eu a vi mais cedo. — Seamus Finnigan contribuiu. — Ela estava indo para a estação. Eu tive que subir aqui porque esqueci meu caldeirão, que bobagem isso?
Maia seguiu o gesto de Neville, seus olhos se estreitando. — Estranho. Eu tenho que pegar minha rã, mas você vá em frente e a encontre. Eu te encontro mais tarde.
A loira escutou o menino, que subiu o rio para alcançar seu sapo esquecido. Cenários inimagináveis ocorreram a Maia para que Gina não quisesse esperar por Neville ou ela mesma, mas desceu rapidamente para a estação.
Ela vislumbrou os cabelos ruivos e empurrou para o lado todas as crianças que cruzaram seu caminho e a impediram de encontrar Gina, que ela pegou pelo braço assim que a alcançou.
— Eu estava esperando que você dissesse adeus. — Maia sorriu, confusa.
Gina olhou para ela atentamente. — Você com certeza não estava esperando isso na noite passada.
— O que você quer dizer?
— Onde você estava? Eu esperei por você até as duas da manhã e você nunca veio.
— Eu sei, me desculpe. Eu tive que lidar com alguma coisa e depois adormeci no meu dormitório. Eu nem percebi quando adormeci.
Gina franziu a testa, suas orelhas vermelhas. — Que tipo de coisa? Você desaparece à meia-noite com Greengrass? Você até cheira a álcool.
Maia balançou a cabeça. — Não, não é isso. Eden estava muito bêbado e nós o levamos para a cama. Claro que estou cheirando a álcool, estive com ele a noite toda e nem tive tempo de trocar de roupa. não consegui te dizer boa noite, mas o que você pensa não foi o que aconteceu, Gina.
— Não seria a primeira vez que você fica bêbada e beija, não é?
Maia aguentou forte como um golpe. — Eu estava tentando ser honesta com você, não para você esfregar isso na minha cara agora. Não há nada entre Daphne e eu. Eu estou com você, Gina.
A ruiva olhou para ela com os olhos molhados. As pessoas ao redor estavam começando a suspeitar; O que uma Malfoy e uma Weasley estavam fazendo conversando? Eles começaram a girar em torno delas de uma maneira sorrateira.
— Eu me senti tão substituível durante toda a minha vida, estou com medo de que isso aconteça novamente.
— Não comigo, Gin. Estou com você.
— Você está?
Nesse momento Gina teve total certeza dos sentimentos de Maia por ela, pois esqueceu tudo o que estava acontecendo ao seu redor e se inclinou em sua direção, beijando-a com determinação. Naquela época não havia pessoas olhando para eles de boca aberta, ou sussurrando, nem mesmo o que eles diriam por serem duas garotas, uma Sonserina e uma Grifinória, uma Weasley e uma Malfoy.
Para Maia havia apenas Gina.
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