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𓏲 . METANOIA . .៹♡
CAPÍTULO ONZE
─── MINHA MEMÓRIA
31 DE AGOSTO DE 1993
— MAS, MÃE, EU não quero ir lá. Cheira forte, e todo mundo das lojas de Hogwarts lá. Eu não gostaria de ver nenhum sangue-ruim. — Draco gemeu.
Narcisa Malfoy deu a ele um olhar breve, mas intenso. — Fique quieto, Draco. Eu não vi sua irmã reclamar tanto. Talvez você faria bem se aprendesse com ela.
Draco bufou e cruzou os braços. A verdade era que Maia nem estava prestando atenção, então teria sido difícil para ela reclamar de algo que ela nem tinha ouvido. Ela não se importava de fazer compras, na verdade, ela gostava - lembrava sua infância com sua mãe - e ela achava que precisava de capas novas. Ela mal tinha feito treze anos, mas já havia crescido alguns centímetros.
Narcisa pegou as mãos de ambas as crianças - até mesmo Draco com relutância - e desapareceu da Mansão Malfoy, para aparecer no Beco Diagonal. Várias pessoas ao redor rapidamente perceberam a presença de três da família Malfoy, sussurraram sobre eles, mas deixaram uma brecha para eles passarem. Ninguém queira irritar Narcisa Malfoy, porque se olhares pudessem matar, muitos já estariam mortos. Fora isso, os gêmeos Malfoy eram intimidantes. Com apenas treze anos, mas seus olhares altivos e caretas contínua em seus lábios, além de mais altos do que a maioria das crianças de sua idade, poderiam fazer qualquer um estremecer.
A matriarca andava na frente, abrindo caminho para eles, e Maia e Draco andavam um pouco atrás, sempre fascinados com a quantidade de coisas que viviam e aconteciam naquele Beco. Eles alcançaram Madame Malkin em um piscar de olhos.
— Draco, você vai primeiro. Seja educado. — disse Narcisa. Em seguida, virou-se para a filha. — Acho que vamos demorar um pouco, você pode dar um passeio se quiser, Maia. Eu me certifiquei de ter galeões em sua bolsa, então fique à vontade para comprar seus livros para o terceiro ano. — ela sorriu.
Maia assentiu e ouviu a voz fraca do irmão e da mãe quando as portas se fecharam. — Não é justo, Maia sempre fica com as coisas divertidas!
— Maia não teve um ataque quando lhe disseram que viríamos aqui.
A garota revirou os olhos, mas sorriu levemente. Draco podia ser infantil, chorão e um tanto ciumento, mas ele era seu irmão, afinal, e embora não parecesse tão na cara dos outros, ele era carinhoso, sorridente e alegre.
De repente, ela sentiu um puxão em sua capa. Ela franziu a testa e olhou para onde a força vinha. Uma enorme bola de pelo laranja miou com raiva, como se procurasse algo que a garota estava escondendo. Maia lançou-lhe um olhar de nojo e tentou chutar o gato para longe - ela também não queria machucá-lo - mas o gato ainda estava grudado em seu vestido.
— Bichento! — ela ouviu a garota gritar ao longe.
Ela olhou de onde a voz estava vindo, e Hermione Granger desceu as escadas do pub do Beco Diagonal, seguida, é claro, por Potter e Weasley. A Grifinória lançou-lhe um olhar fulminante quando percebeu para quem seu gato recém-adquirido tinha ido.
— Eu nunca vi algo tão feio quanto este gato. — Maia disse, não em voz baixa.
Ron Weasley riu, ainda atrás de Granger, e virou-se para Potter. — Acho que é a primeira vez que Malfoy e eu concordamos em alguma coisa.
Maia o ouviu. — Não é coincidência que tenha a cor do seu cabelo, Weasley.
— Da próxima vez eu vou ficar de boca fechada, sim. — Ronald murmurou mais uma vez.
— Achei que você tivesse um gosto melhor, Granger. O que posso dizer? Decepcionada, mas não surpresa. — Maia disse, olhando para as unhas. Então, ela sorriu para Harry Potter. — Potter, é sempre um prazer vê-lo. Mas eu não esperava vê-lo aqui. Agora que Sirius Black está livre, de novo. — Maia sorriu maliciosamente ao ver os olhares questionadores do trio. — Oh, você não sabe? Não se preocupe, eu tenho certeza que você vai descobrir em breve. Você não descobre sempre?
HOJE
— Vamos, deixe-me ver. — Maia exigiu.
Os olhos de Gina se arregalaram enquanto ela procurava o que precisava. Ela ficou na ponta dos pés e tentou pegar um livro, mas Maia estendeu a mão antes que a ruiva pudesse pegá-lo. Gina estendeu a mão para pegá-lo da Malfoy, mas a Malfoy o colocou sobre sua cabeça, tornando-o inalcançável para a Weasley.
— Eu vou dar a você se eu puder vir e ver.
Insuportável foi a única palavra que veio à cabeça da ruiva naqueles momentos, embora ela se surpreendesse ao pensar isso não porque a Malfoy estava brincando com ela, mas porque, aparentemente, elas faziam brincadeiras. Isso surpreendeu e agradou Gina igualmente.
Ela tinha que admitir que se sentia terrivelmente sozinha em Hogwarts, mas desde que ela e Maia começaram aquela estranha amizade, o sentimento diminuiu consideravelmente. Seus dias foram melhorados apenas por ver a Malfoy - algo que ela teria pensado inimaginável anos atrás - de quem ela aprendeu muitas coisas que ela nunca teria esperado. Ela era uma boa companhia, e parecia que elas estavam submersos em silêncios confortáveis ou conversas que não levavam a lugar nenhum, mas ficavam em sua mente.
Desde que Maia descobriu que a Armada de Dumbledore havia retornado, ela pressionou Ginny a deixá-la observar o que eles estavam fazendo. Embora fosse verdade que dois anos atrás ela pertencera àquele grupo liderado por Umbridge para desmantelá-lo, agora ela estava mais curiosa. Parecia a Gina que seus olhos não tinham mais a maldade daquele momento, mas agora brilhavam com curiosidade.
Mas Gina havia dito a ela muitas vezes que isso não poderia acontecer. A ruiva pode ter começado a abrir sua confiança, mas os outros alunos provavelmente repreenderiam a presença da Sonserina e se recusariam a deixá-la dividir um quarto com eles. Gina estava chateada porque para Neville, Luna e para os outros, Maia poderia ser um incômodo, porque se eles a conhecessem como ela...
Ela olhou para ela, mas Maia não estava olhando para ela, mas estava folheando o livro de Poções que Gina estava procurando, olhando distraidamente para os desenhos. Com ela, Maia era uma pessoa diferente daquela que se mostrava diante dos demais. Ela não sabia por que, mas parecia que este ano uma pessoa completamente diferente estava despertando daquela que ela conhecera anos atrás. Ela não sabia se era solidão, ou talvez ela só quisesse ser rebelde, mas sua recente amizade com a garota a fez se sentir bem. A Malfoy que ela conhecia era cínica, sempre com um sorriso malicioso nos lábios; mas o que estava à sua frente parecia genuína: ela franzia a testa toda vez que via algo de que não conseguia se lembrar, umedecia as pontas dos dedos para percorrer as páginas. Ela não a tratou como os outros que eram como ela, e isso a fez se sentir terrivelmente curiosa.
— Eu te disse mil vezes que não é uma boa ideia. Eles podem não estar tão abertos a isso quanto eu poderia estar.
— Mas eu não vou contar a ninguém. Você sabe disso.
Gina se virou novamente, revirando os olhos. — Eu sei, mas eles não. Eles não vão confiar em você e, honestamente, você não pode culpá-los.
— O que você está insinuando, Weasley? Que eu não posso ter meu próprio arco de redenção? — Maia parecia divertida, mas no fundo, suas próprias palavras a machucavam.
A verdade era que ela nunca seria capaz de deixar o passado para trás. Ela mal tinha dezessete anos e seria julgada por toda a vida por suas ações passadas ou, até mesmo, por ações que ela mesma não havia cometido. E se ela não pudesse mudar a opinião dos adolescentes... Ninguém jamais a veria com bons olhos.
Gina pareceu entender a piada, mas ela também viu Maia desviar o olhar depois daquelas palavras, e pareceu entender o que a Malfoy estava pensando. Gina pensou em todas as vezes em que Maia estava implicando com seu irmão, com Harry, com Hermione... Mas ela nunca encontrou palavras além de pequenas desqualificações. Ela sabia que não deveria justificar sua atitude, mas Ginny também sabia que as pessoas mereciam uma segunda chance, e a garota na frente dela parecia estar clamando por isso.
— Não há sonserinos na AD, Maia. Todo mundo vai te julgar. Talvez te enfeitiçar também.
— Você acha que eu não posso levá-los todos de uma vez? — Maia riu baixinho, pois estavam na biblioteca. — Eu lutei contra coisas maiores, qualquer um de vocês idiotas.
— Você realmente acha que ao nos aproximar, há uma pequena melhora nas chances de eu deixar você vir? Você está errado.
— Ok. Vamos apenas dizer que você está certo. A verdade é que eu não dou a mínima para o que eles podem tazer. Mostre-me o que você pode fazer, Weasley.
— Oh, estamos de volta com base no sobrenome? — Ginny disse, divertida em sua voz.
Não havia como negar que ela gostava da companhia da Malfoy. Ela finalmente havia dado o livro a ela, já que ela havia perdido completamente o interesse por Gina não tê-lo. Maia sorriu.
— Slughorn disse que você era bom fazendo Merlin sabe o que eu nem prestei atenção nele no sexto ano, coitado, e se você foi escolhido por Slughorn, isso significa que você é bom.
— Não é como se você fosse aprender alguma coisa comigo. Aposto que você pode lançar qualquer feitiço. — Maia olhou para ela com expectativa. Gina desistiu. — Ok, ok, pare de me olhar assim. Encontre-me na Sala Precisa às dez. — Ginny piscou sutilmente para ela, e de repente Maia sentiu seu corpo esquentar.
Quando ela viu Ginny sair da biblioteca, não sem antes dar-lhe um olhar conhecedor, ela se recostou na estante mais próxima. Era no final da sala, então ninguém costumava ir lá, muito menos agora com os Carrows - as pessoas preferiam ficar em suas salas comunais. Era difícil para ela assimilar o quanto ela gostava de estar com a Weasley, muito mais do que ela gostaria. Mas era ainda mais difícil para ela ficar longe dela. Ela não sabia de onde tantos sentimentos mistos vieram de repente, mas ela não conseguia evitar que seu coração pulasse toda vez que a via se aproximar.
Ela se sentiu estúpida, porque ela sabia que Gina nunca sentiria essas coisas por ela. Ela estava apaixonada por Harry Potter desde o primeiro ano da Weasley, e provavelmente era do seu interesse: era muito mais fácil estar do lado de Potter do que do lado dela. Com Potter ela teve a chance de sair viva daquela guerra; por outro lado, se ela ficasse do lado de Maia, as chances de ela ser morta seriam muito altas, e Maia não achava a ideia atraente.
Ela não queria arruinar a primeira amizade genuína com uma garota que ela teve, então ela decidiu que o melhor seria engolir aqueles sentimentos incipientes e continuar como se nada tivesse acontecido.
Ela seguiu os passos da ruiva até a Sala Precisa. Ela encontrou Pansy no caminho, que lhe deu uma piscadela maliciosa, e ela respondeu revirando os olhos. Ela não sabia se gostava da confiança que ela e Parkinson estavam começando a ter, ou se era tudo apenas por causa de Draco. Pansy provavelmente não sabia que ela e Draco não se falavam há mais de uma semana, o que a estava destruindo por dentro, mas ela não podia se desculpar como se nada tivesse acontecido. Não depois de perceber que a postura de Draco nunca mudaria, e que a dela já havia mudado há muito tempo.
Maia sabia que seu irmão não gostava de ser assim. Ele não gostava de ser frio, arrogante e malvado, mas ela se perguntou se o Draco que ela conhecia era o real ou se era apenas uma das facetas que o garoto criou. Ela sabia que ele estava completamente assustado no momento de sua marcação, assim como no momento em que ele sabia que teria que consertar o armário de Borgin e Burkes, ou então toda a sua família morreria. Ela sabia que ele não queria ser um Comensal da Morte, nem queria machucar ninguém. Mas então por que era tão difícil para ele entender as palavras de Maia?
Ele era seu irmão, e tudo o que ela estava fazendo era para seu próprio bem, e se ela tivesse que se afastar dele para salvá-lo, ela o faria sem hesitação.
— Onde você estava? Você demorou, Malfoy. — Ginny disse sorrindo, encostada na parede e observando que ninguém se aproximava da área.
— Eu sou muito popular, e sabe? Você não é o único ansioso para me ver.
Ginny balançou a cabeça enquanto fechava os olhos e andava três vezes de um lado para o outro. Alguns segundos depois, uma porta apareceu na frente deles. Maia já havia entrado na Sala Precisa, mas não se lembrava dela assim. Quando ela o imaginou, estava cheio de coisas inúteis, como se fosse uma espécie de ferro-velho - ela achava que era porque não tinha pedido o que queria - mas dessa vez foi totalmente diferente. De repente, figuras de metal como aquelas que de vez em quando eram usadas nas aulas de DADA apareceram. Havia grandes janelas, como se fosse uma Sala Comunal, mas a luz azul que iluminava a sala era artificial.
— Eu não me lembrava assim. — Maia sussurrou, admirando a sala.
— Você já veio aqui antes?
— Sim. Foi mais confuso do que isso, no entanto. Tudo o que você quer aparece, certo? Isso explicaria muitas coisas.
— Você não parece uma garota que precisa se esconder. O que você veio fazer?
— Foi depois do Baile de Inverno, no meu quarto ano. — Maia sentiu suas bochechas esquentarem. Era uma memória que ela nunca tinha compartilhado com ninguém.
Gina sorriu. — Ah, entendo. Você veio com alguém. Quem era?
Maia puxou sua varinha e a girou entre os dedos. — Se eu te contasse, eu teria que te matar.
A ruiva jogou a cabeça para trás e riu. — Vamos lá, não pode ser tão ruim. Foi... Theodore Nott? Ouvi dizer que ele vomitou no vestido de sua parceira. — Maia balançou a cabeça. — Hum. Por favor, não me diga que foi Crabbe ou Goyle.
— Foi Fleur Delacour. — Maia disse rapidamente.
Maia estava um pouco desconfortável com a reação de Ginny - basicamente porque ela tinha acabado de confessar um de seus maiores segredos em voz alta - mas ela abriu a boca.
— Fleur?! Eu não entendo o que vocês veem nela! Ela é tão... Oca! Ela seduziu você com aquele sotaque francês dela. Além disso, ela é casada, você sabia disso? Eu tive o privilégio de ficar ao lado dela no casamento porque ela é casada com meu maldito irmão.
Maia não pôde evitar a risada que saiu de seus lábios. — Oh Merlin. Eu definitivamente não sabia disso. Nós paramos de conversar há muito tempo, quando tudo ficou feio. Era perigoso para nós continuarmos falando, eu não queria que ela corresse perigo por minha causa.
Malfoy sentiu o silêncio que reinava na Sala Precisa. Gina havia se afastado dela para arrumar os utensílios da sala, e Maia se perguntou se a reação inicial da ruiva não ofuscou a real. Ela confessou sua orientação sexual quase pela primeira vez, e desde então Gina não disse nada. Maia pigarreou, um tanto desconfortável na presença de Gina pela primeira vez.
— Bem, me mostre...
— Estupefaça! — Gina gritou.
Nem precisou que Maia abrisse a boca para um protego se formar ao seu redor. Ela estava com a varinha na mão, mas ainda estava em sua posição original. O feitiço de Gina ricocheteou no escudo protetor da Malfoy, o que levantou uma sobrancelha com o ataque inesperado. Uma nevasca de ar da força do feitiço despenteou o cabelo da Weasley.
— Você nem me deu a chance de me preparar! — Maia a repreendeu.
— Ninguém vai. Além disso, não é como se você precisasse. Você até sabe se defender e atordoar não verbalmente. Você é brilhante.
— Eu vou te mostrar. Venha aqui.
Gina obedeceu. As duas prostraram-se diante do boneco de metal que aparecera a princípio. Maia se posicionou atrás de Ginny, e ela estremeceu quando as mãos delicadas da garota mais velha permaneceram em sua cintura.
— Você tem que adaptar sua postura. Cabeça erguida. — ela disse, e tocou o queixo para levantar o rosto. Suas mãos se moveram para as de Ginny. — Não levante sua varinha. Você tem que se concentrar e pensar muito sobre qual feitiço você quer praticar. Comece com expelliarmus, sim? É o mais fácil. Não desanime, porém, é improvável que você tenha o nível necessário para praticar magia não-verbal. Você ainda não teve a chance de começar bem o seu sexto ano.
No entanto, as palavras da loira não fizeram Gina desistir. Ela seguiu seu conselho e ficou parada, olhando para um ponto indeterminado do boneco de metal - que mesmo que não tivesse armas para se defender, ainda seria útil usar o feitiço - e concentrou-se em expelliarmus. Ela imaginou em sua cabeça que movimento teria que fazer com a mão se fosse um feitiço verbal, e a marionete se moveu levemente.
Maia não escondeu sua expressão de surpresa. — Impressionante. Mudou, pelo menos. Nada mal para sua primeira vez.
— Você fez certo na primeira vez? — Ginny perguntou, seus olhos ainda concentrados no boneco.
— Claro que não. Mas eu acertei na segunda vez. — Maia sorriu. Gina revirou os olhos. — Eu tive um professor muito bom, o que posso dizer.
— Quem era? — Ginny disse pela segunda vez naquela noite.
— Porra, Bellatrix. Ela é mental, mas ela é muito boa. Minha mãe não queria que eu aprendesse porque eu tinha acabado de fazer quinze anos, e ela achava que eu era jovem para aprender, ainda. Mas minha tia parecia pensar o contrário. para acertar, ou eu sofreria as consequências.
A ruiva se virou para ela, horrorizada. Ela imaginou Bellatrix Lestrange na frente de uma Maia mais jovem algo mais inocente, Gina gostava de pensar - gritando com ela para que tudo ficasse perfeito, e então ela imaginou o tipo de feitiço que cairia sobre a jovem Malfoy nas vezes em que ela fracassasse. Ela estremeceu.
— Ela machucou você?
— Não mais. — Maia sorriu um pouco. Desconfortável, ela foi em direção a Ginny, querendo mudar o assunto da conversa. — Agora, vamos ser realistas. Mostre-me a coisa mais impressionante que você já aprendeu com Potter. Vamos ver se realmente corresponde às expectativas.
Maia achou engraçado. Não era sua intenção se gabar de todos os feitiços que conhecia, ou de como os fazia, mas gostava de desafios e aprender coisas novas. Ela sabia que Potter era o filho mimado de Dumbledore, e que Dumbledore devia ter ensinado a ele coisas que ela talvez não soubesse. Ela ergueu as sobrancelhas quando viu Gina erguer a varinha no ar e gritar: — Expecto patronum!
Um enorme cavalo esbranquiçado saltou da ponta de sua varinha, e Maia recuou. Estava totalmente formado quando prostrou as pernas no chão, relinchando e balançando levemente a cabeça, como se esperasse ordens de seu criador. Maia olhou para o animal como se fosse ouro: nunca tinha visto ninguém emitir um patrono.
— Parece que você viu um fantasma. Qual é o seu?
Maia achou que não adiantava mentir para ela. Ela poderia tentar executar um patrono, mas ela sabia que nada sairia de sua varinha. Ela não tinha memórias boas o suficiente para conjurar uma, e isso nunca lhe deu tantos problemas como agora.
— Eu não sei, eu nunca fui capaz de lançar um.
As palavras da Malfoy chocaram Gina um pouco. Seu patrono estava tão internalizado que ela não tinha parado para pensar que possivelmente havia pessoas que não poderiam conjurá-lo. E, claro, ela sabia que não era sobre a falta de habilidade da garota, mas sobre a parte dos sentimentos.
— Eu posso te mostrar, se você quiser.
— Não adianta, Gina. Eu nunca fui feliz o suficiente para lançar um patrono, o que te faz pensar que eu vou ser capaz agora? Ser eu é exaustivo. O mal sempre supera o bem. Eu vi pessoas serem torturadas, serem assassinados, na minha frente. Minha tia me forçou a ser a torturadora uma vez. Ela disse que queria que essas pessoas ficassem tão doentes quanto os Longbottoms. — Gina olhou para ela com simpatia. — Fiquei horrorizada, mas ela não precisava ver, então fingi que gostei. Foi horrível. Ainda tenho pesadelos às vezes.
— O que aconteceu? Você...
— Minha mãe parou. Acho que é uma das poucas vezes que lembro que eles brigaram. Às vezes eu acho que minha mãe não é como meu pai, que ela realmente se importa conosco e faria qualquer coisa por nós, mas ela está tão presa isso como Draco e eu somos. Ela não é ruim.
A ruiva a observou enquanto ela lançava feitiços no boneco, aparentemente liberando toda a raiva que sentia. Gina estava totalmente ciente do poder dentro dessa garota, tão duro por fora, mas tão frágil por dentro.
— Sabe, quando tudo isso acabar, você deve fazer tudo o que te faz feliz. Você merece. Qual é a primeira coisa que você vai fazer quando sair daqui? — Gina perguntou.
— Já vi muitos filmes trouxas. Acho que gostaria de ir a uma ilha paradisíaca, aproveitar o clima e o álcool, nadar na praia. Estive em Londres minha vida inteira, gostaria para ver o mundo. O que você vai fazer? — Maia perguntou, sorrindo para Gina, que estava sentada no chão.
— Ir ao parque de diversões. O quê? Não me olhe assim! Eu sempre quis ir a um, mas meus pais achavam que era perigoso porque não funciona com magia e talvez não seja tão seguro.
— É nisso que você pensa quando lança um patrono? Sua família?
— Normalmente, mas não necessariamente. Eu penso em quando meus irmãos e eu costumávamos jogar Quadribol no jardim, quando minha mãe me fez meu prato favorito, quando eu rio tanto que choro... Se escolhida para a Grifinória, foi um dos momentos mais especiais da minha vida. Eles podem parecer coisas estúpidas.
— Eu não acho que eles sejam. Eles são poderosos o suficiente para você lançar um patrono, então eles devem ser importantes para você. Toda vez que eu tento pensar em momentos bons e felizes, algo ruim parece arruiná-los. É triste que essa é a minha vida, não é? — Maia riu sem humor. — Você viria?
— Onde? — Gina perguntou.
— Para a ilha paradisíaca. — Maia sorriu sem dentes. — Talvez essa seja a minha memória.
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