Parte IV
Sinto a água invadir meu corpo e me puxar cada vez mais para a escuridão. Então está realmente feito? Era assim que acabava? Havia dor, e um desejo por lutar até o último suspiro.
Algo gelado envolve meu corpo. Não consigo abrir meus olhos, mas sei que a criatura me puxa com força.
Havia escamas grossas, então não era um tubarão.
Era tão gelado, e sua estrutura corporal não se assemelhava a um peixe.
Um selkien em sua pele talvez?
Ou, uma sirena?
Tentava distinguir as partes do corpo que me puxava. Tinhas garras, escamas e braços estranhos.
Ao finalmente abrir meus olhos dou de cara com o dorso da criatura que me segurava. As escamas azuis brilhavam entre as águas. O rabo longo o ajudava a nadar em um habitat que achei ser impossível para tal ser.
No fundo do mar havia vários monstros e também seres que se mantinham em segurança desde que não visitassem a superfície. Entretanto, aquela criatura mística estava extinta. Não havia mais nenhuma de sua espécie.
O líquido sai quando começo a tossir. Tento sentar e não consigo. Algo estava cravado em minha barriga. Minha perna esquerda não se mexia completamente. O peito doía a cada respirada.
Viro de lado, tentando evitar a luz que me segava. Onde raios vim parar?
Minha cabeça irá explodir de dor.
Me retorço no chão até que consigo finalmente levantar. Lembrava de ter caído do navio e ser tragada para o fundo e depois... o que aconteceu depois?
Tento me situar com a praia ao meu redor.
Estou fraca demais para conseguir pensar corretamente. Os ferimentos ainda consumem parte de minhas energias.
Quanto tempo irei demorar para me recuperar e seguir meu caminho?
Um arrepio percorre minha espinha ao escutar passos entre a mata. A melodia invade meus pensamentos me atordoando. Não é possível que voltei para o mesmo lugar que tentei escapar?
Meu peito apertava, não conseguia respirar. Tento correr e minhas pernas não me obedecem. Maldita hora que deixei a espada rasgar minha panturrilha.
A canção se aproximava. As imagens dançavam como antes, não tão embaralhadas, mais nítidas.
Não havia fugido, apenas me fizeram acreditar que sim. Por isso ainda estava viva, elas não permitirão minha morte, não quando sabem que sou tão importante para a conclusão de suas façanhas.
Corria arrastada pela mata, folhas batiam em minha face.
Desejei tanto a liberdade e quando a conquistei, tudo foi novamente tirado. Como aconteceu tantas outras vezes.
— Me deixem em paz, por favor! — suplico, não aguentando mais correr. Meu corpo mole desfalece ao chão, e antes de apagar, observo as árvores ao redor e além do que elas guardavam. Será que é possível? Ou é mais uma peça pregada em meu subconsciente.
— Durma, criança — a voz murmura ao fundo. O brilho azulado das escamas é minha última visão.
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— Durma para que a Metamorfose comece a despertar no horizonte — as garras que acariciam seus cabelos se transformando em mãos.
O ferimento profundo não a atormentava tanto quanto aquele em seu consciente.
Alguns seres seguem suas vidas, e outros fazem de tudo para mudar o mundo em que vivem. A história está apenas começando. Batalhas vão surgir pelo caminho, escolhas devem ser tomada, e sacrifícios serão feitos.
Cada um escolhe seu caminho, mas todos vão chegar ao mesmo lugar.
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E aí, o que acharam desse conto? Alguma teoria pipocando em seu cérebro?
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